O Mistério Da Face Oculta
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O Mistério Da Face Oculta - Gilberto Feliciano De Oliveira
GILBERTO FELICIANO DE OLIVEIRA
O MISTÉRIO DA FACE OCULTA 20/05/2019
1
Dedico esse livro ao meu
amigo e exemplo de
cidadão Araguarino,
professor Josias Maia, que emprega grande parte do seu tempo a auxiliar o próximo com o intuito de ajudá-lo a conquistar os seus objetivos. A ele, a minha admiração e os
meus sinceros
agradecimentos.
2
Esta é uma obra de ficção qualquer semelhança com pessoas, acontecimentos e fatos, não passa de mera coincidência.
O autor
3
CAPITULO I
Quinta - feira - 02/05/2019 - 7h30
Antonella preparava-se para tomar seu banho matinal. Foi até a banheira de hidromassagem, regulou, calmamente, a temperatura da água, colocou os sais perfumados; em seguida, tirou o pijama deixando exposto o corpo bem definido, com suas longas coxas e os seios firmes. Mergulhou uma perna na água quente e, delicadamente, foi deixando se afundar no mar de aromas. Encostou a cabeça na borda da banheira, fechou os olhos e concentrou-se nos pensamentos sobre as atividades do dia que se iniciava. Teria que se apresentar na 4ª DRPC para assumir o cargo de delegada. Substituiria a anterior que fora transferida para outro estado. Sentia certa insegurança; não sabia como seria recebida pela equipe de detetives, contudo, sua personalidade era forte o suficiente para encarar qualquer situação boa ou ruim. Graças aos seus esforços conseguiu chegar ao posto de Delegada Regional da Polícia Civil. Era muito conceituada pelos chefes e esperava continuar sendo. Terminou o banho, enxugou o corpo, foi até o closet e escolheu uma lingerie branca, um terninho cinza riscadinho, um casaco que fazia par com o terno, uma echarpe — estava bastante frio. E o tradicional par de sapatos scarpin da Vizzano. Colocou seu perfume predileto Good Girl, penteou os cabelos negros, tamanho médio. Usava um corte repicado, que a deixava mais jovem e valorizava o seu rosto. Ao observar-se no espelho sorriu.
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Sabia que era dona de uma beleza exótica. Há cerca de dois anos, fez plástica no nariz fino, um pouquinho adunco e, o resultado foi genial; ele ficou ligeiramente arrebitado e muito bonito. Olhou sua boca de tamanho médio com lábios grossos, tingindo-os de batom vermelho o que os tornou mais tentadores ainda. Antonella possuía um rosto triangular com queixo redondo, olhos rasgados, imensos, onde um castanho escuro dava lhe um aspecto de rigor e sobriedade. Duas sobrancelhas pretas, grossas, cobrindo toda extensão dos olhos contribuíam para o encanto do seu rosto, determinado e delicado ao mesmo tempo. Apanhou a bolsa sobre a penteadeira e saiu para o trânsito, calmo àquela hora, da pacata cidade de Araguari situada no Triângulo Mineiro. Enquanto dirigia rumo à 4ª DRPC localizada na Avenida Mato Grosso, ensaiava mentalmente a sua chegada e recepção. Não poderia nervosismo nem submissão. Os inspetores, geralmente, tinham restrições quanto à autoridade feminina. Se pretendesse manter o respeito e conduzir seus trabalhos com eficiência, teria que demonstrar controle absoluto de suas emoções e garra em suas atividades. Não era feminista, contudo colocava-se no mesmo patamar do sexo oposto. Lutou muito para chegar a essa posição que ora ocupava.
Entrou pelo portão fronteiriço da delegacia e conduziu o automóvel até a vaga destinada às autoridades. Desceu, retirou os óculos tartaruga e seguiu até a recepção. Apresentou-se e solicitou à secretária que lhe conduzisse sua sala. A moça caminhou a passos ligeiros. Aparentava ser uma funcionária competente e diligente. Chegaram
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frente a uma porta, onde constava em uma placa o nome: Antonella Priscila Fontes – delegada. A secretária então perguntou à Antonella se precisava de algo mais. Esta, disse-lhe para convocar todos os agentes que estivessem fora de serviço para ter com ela em sua sala. Precisava e conhecê-los. Silvia com cabeça e foi cumprir a ordem. Dali a pouco, todos os inspetores adentraram a sala da delegada e ficaram em pé. Após as apresentações, ela pediu-lhes que procurassem cadeiras e se acomodassem. Os agentes, Mota e George foram até a sala ao lado e pegaram algumas cadeiras. Em seguida, Antonella deu início à reunião.
***
Eram vinte horas quando o carro do inspetor André Márius Weber estacionou frente à casa do professor Jonas Maia. Desceu carregando uma garrafa de vinho tinto suave, parou em frente ao portão, virou a cabeça e observou o Palácio dos Ferroviários iluminado em toda a sua extensão, por lâmpadas de cor azul, como lembrete aos homens, sobre o exame anual da próstata. O inspetor sorriu ao se dar conta que ele também se incluía nessa lista. Tocou a campanhia e dali a pouco, um senhor idoso, magro e usando óculos, apareceu no alpendre e se dirigiu até onde o ex-aluno de piano se encontrava. Caminhava lentamente, apoiando o corpo em uma bengala de madeira, coxeando da perna direita. Sorriu ao se deparar com Márius.
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— Boa noite professor! Quando é que vai abandonar essa bengala, que usa como desculpa para furar a fila do banco?
— Boa noite Márius! Você está mesmo desatualizado amigo. Não tem conhecimento da lei do idoso que nos permite acesso prioritário em todas as instituições. Afinal, o que faz um inspetor se alienar de coisas tão banais? — retrucou fingindo irritação.
— Ora, o senhor está muito jovem professor! Ainda não está fazendo xixi nas calças. — gargalhou divertindo com a reação do amigo.
—Um dia, você terá a minha idade. Só espero que um balaço não impeça esse prazer que terei de assistir, lá de outra vida, você ouvindo essas piadinhas sem um mínimo de criatividade. E por falar nisso, vejo que trouxe a garrafa do mesmo vinho de sempre. Por acaso, o seu salário não lhe permite comprar algum champanhe de qualidade de vez em quando?
—Não ganho tão bem assim, professor! Além do mais, o professor não é nenhuma jovem de coxas grossas, para justificar a compra desse champanhe.
—Vamos, entre! E deixa de ser um chato.
Márius entrou após abraçar o amigo. Já estava acostumado com o local, tanto é que se dirigiu à cozinha, apanhou duas taças brilhantes onde verteu uma quantidade generosa do vinho. Os dois sentaram-se em poltronas
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antigas, confortáveis e macias, de onde saía o cheiro do couro restaurado há pouco.
— Então, o que te trás aqui hoje? Há muito que não o vejo.
O inspetor colocou a taça na mesinha de centro, olhou o ambiente fixando a vista no velho piano. Pediu permissão ao professor e se acomodando na banqueta, dedilhou o instrumento com maestria ao tocar partes da quinta sinfonia de Beethoven. Interrompeu o concerto e olhando o amigo comentou,
— Você me conhece mesmo, não mestre? Apesar de vir aqui ocasionalmente, percebe se estou aborrecido, empolgado ou feliz.
— Digamos que Deus me dotou com uma percepção pouco comum a muitos leigos em psicologia.
—Também não precisa ficar convencido!
— O que está lhe afligindo Márius? Vamos, desembucha logo!
— Acontece que hoje chegou a nova delegada, senhorita Antonella Priscila Fontes — Márius fez questão de destacar o nome todo da delegada — e, já no primeiro caso, fez questão de mostrar a que veio. É autoritária, arrogante. Mas, para mim, ela não passa de uma recalcada.
—É bonita?
— Como?!
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— Ora, Márius! Pra você ficar assim, todo cheio de restrições e preconceitos, ela só pode ser muito bonita, gostosa e, não ter lhe dado bola. — ironizou.
— Digamos que ela tem lá seus predicados. Não chegam a ser excepcionais, mas causam algum rebuliço. É alta, morena clara, dona de um par de olhos negros, rasgados, iguais aos das mulheres árabes, brilhantes e de uma boca carnuda e sensual. Enfim, uma loba como muitas aqui da cidade.
—E que lhe causou certo transtorno, não é verdade? —Creio que me causou foi antipatia.
—Mas conta o que a musa aprontou?
— Você conhece as normas da policia. Não podemos passar informações sobre o caso. Portanto, serei conciso e o mais discreto possível.
— Eu conheço essa sua ladainha Márius, não precisa ficá-la recitando a cada vez que quer dizer-me algo sobre o seu serviço.
— Pela sua vivência, você deve ter alguma noção do comportamento de alguém ao assumir uma vaga em local de trabalho, onde não conhece ninguém. Geralmente, a maioria das pessoas sente-se apreensiva; até um pouco intimidadas. Essa nova delegada é exceção às regras. Chegou com passos firmes, a cabeça erguida. Apareceu bem vestida, perfumada, mostrando confiança, como se já estivesse familiarizada com todos. Deu um aperto de mão forte, mirando, nos olhos, cada um dos agentes, fazendo um pequeno gesto com a
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cabeça. Fez o discurso de praxe como, da sua satisfação em trabalhar nessa delegacia, quais eram os seus objetivos. Depois, seguiu rumo a sua sala e passou a dependurar uma enorme quantia de quadros que portavam diplomas em várias áreas relacionadas a exigências do cargo de delegado