Espectros: A Plateia Da Vida

De Thales Do Nascimento

Uma história de alto tom criativo. Procura entreter os seus leitores, em uma temática reflexiva. Porém, não se desatina de uma história bem elaborada. Neste viés reflexivo procura aguçar, este campo, emitindo uma opinião. Uma obra realizada com carinho e com fidelidade ao exposto.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 25 de jan. de 2023

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Espectros: A plateia da vida

Thales do Nascimento

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João ........................................................................................ 8

A passagem de João ........................................................ 21

O espectro João ................................................................ 28

Maria .................................................................................... 39

A passagem de Maria ...................................................... 51

O espectro Maria .............................................................. 58

Jorge .................................................................................... 69

A passagem de Jorge ...................................................... 81

O espectro Jorge ............................................................... 88

Reflexão .............................................................................. 97

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[Espectros: A plateia da vida], por [Thales do Nascimento]

Aos meus pais, pela nobreza de dedicação em meu detrimento.

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[Espectros: A plateia da vida], por [Thales do Nascimento]

João

Num súbito revés, o plantonista iniciava a reanimação cardiopulmonar, em João. O quadro do paciente era estável. Mas houve esta ocorrência, desestabilizando o homem de 48 anos. É certo que o rapaz era jovem para incidir em uma parada cardíaca, porém o destino quis assim, como o seu ponto final.

Aliás, ninguém sabe ao certo qual é o ponto final da vida.

Se existe vida depois daquilo que designamos morte. O

médico tentou várias vezes, contudo o seu paciente veio a óbito. Numas explicações mais confusas que a medicina pode fornecer. Ninguém sabia exatamente a causa da morte de João.

Antes de adentrar ao hospital e a sua ida para a unidade de terapia intensiva, todos os profissionais da saúde jamais pensavam em morte e que uma recuperação normal aconteceria. A vida parecia ser injusta acerca do homem, pai de família e exímio advogado.

O rapaz era um profissional muito famoso, possuía um poder aquisitivo muito bom. Além disso, deixava duas filhas que lhe amavam muito e uma esposa apaixonada.

Triste fim, não só para João, mas se existem pessoas que sofrem muito, são aquelas que perdem um ente querido.

O advogado encontrava-se no ápice da carreira, tanto na fama quanto financeiramente. Não haviam dúvidas sobre o talento dele, já estava elencado na honraria do Tribunal de Justiça, no qual militava. Foi um duro golpe, também,

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[Espectros: A plateia da vida], por [Thales do Nascimento]

para os seus amigos, colegas de trabalho e a nobreza da profissão.

Percebe-se que não era qualquer advogado, e sim nota-se o quanto vocacionado era este homem. Ao sustentar razões orais era extremamente admirado, por todo o meio. Entre os clientes era o mais cobiçado, não deixando de mencionar o seu imenso currículo, muito invejado por todo o pessoal do Direito.

João se formou em Direito pela Universidade Federal da Bahia, obtinha pós-graduação e mestrado pela USP e para coroar possuía especialização na Universidade de Harvard.

Um profissional talentoso, bem guiado só poderia resultar num profissional bem-sucedido. João nasceu para aquilo, e ficava mais evidente quanto mais exercia a sua profissão.

O rapaz era um advogado criminalista, daqueles que conseguiam êxitos com muita facilidade, sempre mostrando aos seus clientes as melhores teses de defesa.

Tantos tribunais do Júri em que João logrou êxito perante aos jurados, demonstrando um poder argumentativo único e peculiar. Quanto nas varas criminais em que militou, só haviam vestígios de alto profissionalismo e muita técnica.

João era um rapaz de beleza comum, mas muito cobiçado pelas mulheres. Ocorre que ele só tinha olhos para a sua esposa, a Joana, era invejável o amor dos dois. Casados há vinte anos, sem deixar de se amar intensamente neste lapso temporal. A verdade é que era um casal quase perfeito, não havia traição e a relação era de um afeto enorme. Não havia como negar que eram feitos um para o outro.

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[Espectros: A plateia da vida], por [Thales do Nascimento]

A sua mulher era psicóloga, e há de ressaltar que em um conhecimento de senso comum, estas pessoas designadas a este ramo, tem uma estrutura emocional mais preparada para ocasiões difíceis, talvez por lidar com acontecimentos de alta carga emocional. Porém, não foi assim na perda do seu marido. Quando o amor fala mais alto, pode arrasar a mais forte estrutura da mente, isso nós já sabemos.

A mulher de João, chorava todos os dias no hospital, ao lado dele, um sofrimento de uma carga que parecia de um peso desumano, na jovem de quarenta e três anos de idade. Ressalto novamente ser um dos maiores sofrimentos da vida, e para alguém que amava muito o enfermo, era um agravante sem precedentes. O

sofrimento de Joana, reitero que foi desumano.

O cotidiano do casal, apesar de serem excelentes profissionais, sempre restava um tempo para os dois. A noite quando chegavam dos seus respectivos trabalhos, procuravam alimentar a amorosidade da melhor forma possível. Os finais de semana eram exauridos com muito amor e tempo de sobra para os dois. Um exemplo de união.

Não haviam dúvidas de quanto João e Joana se amavam intensamente. Os dois não deixavam de fortificar a relação quando estavam desocupados durante o trabalho.

E combinavam, além do final de semana, planejar as suas férias para destinar o tempo em detrimento deles e da sua prole.

No tocante as suas filhas, Lívia de oito anos e Marcela de doze anos, tinham a atenção do pai, também pela noite e pelos finais de semana. Além de todas as qualidades

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[Espectros: A plateia da vida], por [Thales do Nascimento]

mencionadas, o homem era um pai muito atencioso, amoroso e tantas outras qualificações que guiavam as suas filhas, para um caminho de sucesso e realizações, tanto na esfera pessoal e no profissional.

Auxiliava suas filhas no estudo, sempre incentivando e colocando como prioridade a educação. Ele deixava claro para as suas pequenas que não havia outro caminho, senão a educação. Foi assim que se tornou bem-sucedido e o mesmo desejava para as suas filhas. E nesta linha, as meninas seguiam com rigor e bom proveito, a educação que seus pais lhe ofereciam.

Havia um talento que o pai admirava na sua filha, a Marcela, era tocar guitarra. Não era uma habilidade qualquer, a garota tinha um extremo talento. Daqueles excepcionais não só para sua idade, mas para todo o universo da música.

Isto não passava em branco para João que incentivava a garota, no tempo certo, cada vez mais aprimorar o seu talento. E levava a menina para show dos seus artistas prediletos, se tem algo peculiar em Marcela era o gosto pelo Rock. Como já ressaltado os incentivos não faltavam e assim Marcela disputava festivais de Rock, sempre que possível, aos olhos do pai.

Marcela era uma menina mais retraída do que Lívia, ela gostava de se distrair com a sua guitarra e o seu círculo social contava apenas com quatro colegas, da mesma afinidade, o rock. Não gostava de fazer mais amigos no colégio e no meio da música. Bastava o amor dos seus pais, da sua irmã que também tinha uma boa relação, e esses colegas que juntos passavam boa parte do tempo tocando guitarra

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[Espectros: A plateia da vida], por [Thales do Nascimento]

Atinente a sua filha de oito anos, a Lívia, ela tinha uma personalidade muito dócil e extremamente amorosa. O pai tinha os carinhos dela, quando chegava do trabalho, a recepção calorosa se consolidava. Ele adorava aquilo, uma qualidade que quase todos os pais querem dos seus descendentes. Afinal, um genitor que se preze adora os mimos das filhas, na incidência da sua maioria.

Lívia agradava o seu pai espontaneamente, só por ser aquela garota amorosa que cumpria com os seus estudos e tinha uma personalidade afetiva, capaz de lhe gerar amizades e profundos admiradores. Mesmo com pouca idade, a menina possuía essas características.

O mesmo carisma do pai que lhe rendia muitos amigos e clientes no trabalho, se encontrava na sua descendente mais nova. Ela tinha o perfil psicológico e comportamental que lhe gerava amigos no colégio e nos meios em que transitava. A capacidade de cativar era muito grande.

No tocante a Joana, tinha um perfil de muito equilíbrio, mas quando se tratava do seu marido, o amor era sem limites. A moça chegava do trabalho mais cedo do que ele, e fazia questão de criar uma atmosfera prazerosa no âmbito familiar. Isso variava de uma recepção calorosa, um bom jantar com a reunião de toda a família e uma relação mais picante ao final da noite.

A esposa era perfeccionista, ou seja, ela queria tudo nos mínimos detalhes, com extremo cuidado. Desde a roupa que iria se deitar com o marido, até a boa educação das crianças girando em torno das refeições, do respeito aos pais, e da disciplina relativa à escola.

Além de todas as qualidades demonstradas, a mulher era extremamente bela, também quanto as características

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[Espectros: A plateia da vida], por [Thales do Nascimento]

físicas. Causava inveja daqueles que conheciam João. Um corpo com curvas acentuadas, a pele morena clara, o cabelo liso que lembrava uma índia, um olhar profundo que parecia penetrante no seu campo de atenção, uma boca carnuda e bem desenhada, um bumbum empinado e um corpo do tipo magro. O marido foi um rapaz de sorte.

A mulher se consolidava em um verdadeiro avião.

O cotidiano do casal de acordo com o mencionado, não faltava tempo. Vale reiterar a intensidade desse amor, geralmente como último a chegar em casa, o homem recebia um beijo apaixonado da sua esposa e em seguida perguntas de bom trato, tais como: Como foi seu dia hoje? Está muito cansado? Vamos ficar juntos? Viu como as nossas crianças estão felizes? Eu te amo muito, você me ama?

As trocas de carícias eram recíprocas, acerca dos dois eternos apaixonados, isso não faltava um dia sequer. O

amor imperava de um modo sublime nesta relação que assim invejada, porém muito admirada por todos que queriam bem a João e a Joana.

Com vinte anos de casados, nada parecia mudar, senão à chegada dos filhos. A inércia diminutiva se refere ao amor entre os dois. Obviamente que com a vinda dos