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Sob o Mesmo Sol
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E-book251 páginas3 horas

Sob o Mesmo Sol

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Sobre este e-book

Três irmãos, João Filho, Francisco e Benedito, vivendo num Brasil colônia do início do século XIX, têm seus destinos selados pelos seus pais. Uma família que vive sob o regime morgado, em que o filho mais velho herda tudo e os mais novos são mandados para o mundo para serem o que seus pais decidiram que eles seriam. Benedito, o caçula, não aceita sua condição. Quando seu pai decide por ele que será ordenado padre, sai em busca de seu próprio caminho, fazendo valer sua voz. Essa relação complicada e complexa que vive com seus pais e irmãos é um fator preponderante, em que suas escolhas impactam diretamente a todos à sua volta e os rumos que toma sua vida.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de jul. de 2023
ISBN9786525047157
Sob o Mesmo Sol

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    Sob o Mesmo Sol - Diego Moreira da Silva Ribeiro

    CAPÍTULO 1

    Com um aperto de mãos, João Andrades e Luiz Carvalho, patriarcas de suas famílias, selam o futuro de seus filhos por meio do casamento. Conforme acordado, João Andrades Filho se uniria em matrimônio com Rebeca Carvalho dentro de alguns meses, estreitando ainda mais os laços entre as famílias e perpetuando suas riquezas.

    O pobre rapaz transpirava satisfação e alegria, finalmente sua petição fora atendida. A moça, ao contrário, não esboçava sentimento algum, mantinha-se calada com o olhar fixo e distante, vagando num mundo só seu, fazendo-se presente apenas de corpo.

    Os convidados, as famílias mais abastadas da região, exprimiam-se para parabenizar os noivos e cumprimentar seus pais. A casa dos Andrades estava muito bem limpa e decorada para a ocasião. Adelaide, esposa de João Andrades, mais cedo, escolheu a dedo os negros que adentrariam, circulariam pela sala e serviriam seus convidados, inclusive ordenou que todos tomassem banho — a desobediência era punível com dez chicotadas — e até arrumou algumas roupas pra melhor se vestirem para a ocasião. A música tocava alta. Todos comiam e se divertiam.

    — Antigamente, festas como esta eram mais agradáveis — disse Benedito Andrades. Não concorda irmão?

    — Nunca me agradaram — respondeu Francisco secamente.

    — Você é que tem sorte — continuou Benedito —, dentro de pouco tempo irá embora desse lugar para estudar em Portugal... E eu ainda estarei aqui.

    Encostado na parede no fundo da sala, Francisco nem se deu ao trabalho de mudar de posição, fitou o irmão de soslaio e disse:

    — Todos estamos fadados ao nosso próprio mal.

    Juntaram os noivos no meio do salão, entre urros e vivas, já ensaiavam um brinde para o casal. Um negro aproximou-se dos dois irmãos no canto da sala com uma garrafa de champanhe nas mãos. Benedito encheu a sua taça. Francisco continuava inerte.

    — A única coisa que vale a pena nessas festas — comentou Benedito —, beber como se não houvesse amanhã. Beber para esquecer.

    Num só gole o rapaz tomou sua bebida e já erguia a mão chamando o vassalo mais próximo. Os patriarcas já se posicionavam junto aos noivos para o grande brinde. Duas moças sorriam e cochichavam encarando os irmãos. Francisco acenou com um balanço de cabeça e perguntou:

    — O que você quer tanto esquecer?

    — Ainda pergunta? Esquecer essa festa, essa noite, essa família... motivos não me faltam. Esquecer principalmente que nossa querida mãe nos trocou por uma negrinha que ela trata como se fosse filha aos olhos da nossa sociedade, mas quando estão sós a desgraçada apanha feito um cão. Pura hipocrisia.

    — Não entendo essa sua mágoa...

    — Mágoa? Por que eu teria mágoa? Ouvi a vida inteira de nossa mãe que queria ter uma menina ao invés de mim. E que o meu nascimento quase a matou. Isso não é motivo para mágoas? Por isso bebo para esquecer. Vai me dizer que não tem nada que queira esquecer?

    — Por mais que eu queira — informou Francisco —, a dor faz parte do processo.

    A dor faz parte do processo — satirizou Benedito. Você está um chato hoje, irmão.

    A música parou e todos se voltaram para o centro da sala. Luiz Carvalho ergueu seu cálice e disse umas breves palavras. Benedito deu mais uma golada em seu copo e afirmou:

    — Você é quem devia estar casando com ela.

    — Por que diz isso?

    — Não se faça de desentendido. Sei que você é apaixonado por ela e ela por você, e essa paixão já vem de longa data.

    — Não imaginava que você tivesse conhecimento. Alguém mais sabe?

    — Acho que só eu mesmo. E pensar que esse cara vai herdar tudo... uma lástima.

    Francisco não aguentou e esboçou um sorriso no canto da boca.

    — E quem devia herdar tudo? Você?

    — Eu não levo jeito pra isso aqui não, e outra, já me conformei em ser o terceiro filho — fitando o irmão prosseguiu: você quem devia herdar todas as terras e escravos. E deveria estar casando com Rebeca no lugar dele.

    — Obrigado!

    — Fuja com ela!

    — Não fale bobagens. Fugir para onde? Para viver do quê? Jamais faria algo do tipo com ela. Dar uma vida pior da que ela tem hoje, ainda por cima sendo fugitivo do pai dela e do nosso. Prefiro sofrer eu a fazê-la sofrer.

    — Logo vejo que somos bem diferentes, irmão.

    Terminadas as palavras do pai da moça, todos ergueram seus cálices e beberam em homenagem aos noivos. Benedito aproveitou a ocasião para dar mais um bom trago em sua bebida. Tomou então a palavra o pai do noivo:

    — Vai devagar, irmão.

    — Sabe, iremos então nós dois atravessar o oceano e desbravar as terras europeias, longe de tudo e todos e, se Deus quiser, jamais voltar.

    — Não é o que desejo, mas é o que já me foi destinado.

    — Vamos juntos estudar em Coimbra e esquecer essa vida medíocre daqui.

    João Andrades ergueu seu copo e brindou ao casal. Benedito deu uma só golada e comemorou. O patriarca, ainda fazendo uso da palavra, informou:

    — Hoje é um dia de muita alegria, meu filho mais velho se prepara para se casar com a filha de um grande amigo e assumir os negócios da família. Meu segundo filho, Francisco, em breve estará indo para faculdade em Coimbra onde se tornará doutor e meu caçula, Benedito, seguirá para um seminário para ser ordenado padre.

    — Quê? — Indagou Benedito.

    Um frio, então, cortou seu corpo. Será o frio da morte? Não, desespero talvez. O certo é que esse caminho não foi o planejado. O que fazer? O que fazer?

    Todos então brindavam e bebiam em comemoração. Benedito estava inerte. Francisco fitou o irmão e comentou:

    — Parece que o destino nos pregou uma peça. Pelo menos você conseguirá sair daqui como sempre quis.

    — Ora, não me atormente — esbravejou Benedito. Ir para um seminário é o pior dos meus pesadelos...

    — O que pensa em fazer a respeito?

    — O que farei? Você verá.

    Consumido pela ira e pela bebida, Benedito jogou seu copo no chão, espatifando-o em mil pedaços, inflou o peito e foi na direção de seu pai.

    — Quem você pensa que é...

    Francisco de imediato tapou a boca do rapaz e a contragosto puxou-o para fora da sala. Arrastou o irmão até a parte externa da casa, longe das vistas de tudo e todos.

    — Me solta. Me solta.

    — Calma. Pronto, já soltei.

    Parados os dois na varanda, Francisco fixou-se na porta impedindo que o rapaz voltasse e criasse o mal que ele intentava em sua mente.

    — Qual é o seu problema? Por que me segurou? Não vou aceitar que ele dite meu destino, como fez com você, e baixar a cabeça... Estamos em 1807 e não nos tempos das cavernas.

    — Eu que te pergunto, qual é o seu problema? Está tão bêbado que em nenhum momento pensou nas consequências dos seus atos, pensou?

    — Sai da minha frente que eu vou voltar lá.

    Benedito tentou furar o bloqueio mesmo em seu estado deplorável. Francisco empurrou o rapaz e foi incisivo.

    — Você quer voltar lá, eu deixo, mas antes você vai me ouvir. Você não parou para pensar que, se tivesse feito todo aquele estardalhaço, na frente de todos os convidados, nosso pai jamais te perdoaria. Com certeza te daria uma surra na frente de todos e no dia seguinte te mandaria para um monastério mais longe possível onde ficaria enclausurado por um bom tempo. É isso que você quer? Então vá lá que eu te dou todo o apoio.

    Francisco saiu da frente da porta abrindo passagem para o rapaz. Benedito, escorando-se na mureta da varanda, fitava o irmão de rabo de olho. Sem dizer mais nada, virou as costas e deixou seu irmão só.

    — Aonde você vai?

    — Não te interessa. Mas uma coisa eu te digo: não ficarei de braços cruzados como você.

    Francisco ficou ali parado vendo o irmão sumir na escuridão, então quando sentiu que não havia mais perigo, voltou para a festa.

    A ira consumia Benedito de tal maneira que deixou o recinto e foi caminhar pelos jardins da casa. Andou, andou e andou e, quando já não se fazia audível a música e as risadas pararam, sentou-se num tronco em forma de banco.

    — Jamais farei isso... oras, logo eu virar padre. Não admito e não aceito. Terei uma longa conversa com ele sobre isso. Ir estudar fora eu vou com todo prazer, mas virar padre, nunca.

    — O senhor está bem?

    — O que quer aqui, Ofélia, veio zombar de mim?

    — Não, vim ver se precisa de algo.

    — Preciso sim, preciso que me deixe só.

    — Mas...

    — Nada de mas, negrinha, deixe-me cá com meus botões. E volte lá para sua senhora.

    A moça baixou a cabeça e, sem dizer mais nada, caminhou até desaparecer na escuridão. A festa correu noite adentro e Benedito acabou por adormecer lá fora. Logo pela manhã, acordou com uma terrível dor de cabeça. Ainda sentindo os efeitos da noite anterior, voltou para a casa grande. Os negros da senzala, que já saíam para os campos para colherem os cafés, sempre acompanhados de perto pelo feitor, impediam sua passagem.

    — Saiam da minha frente, cambada de imprestáveis.

    Entre empurrões e ponta pés, venceu a barreira negra e, ainda impelido pelo ódio da noite anterior, berrou a plenos pulmões:

    — Que raça desgraçada essa! Bando de inúteis!

    Nos dias que se seguiram, não comentou o assunto, tampouco deu margem para que falassem sobre o caso. O casamento tomou de tal maneira todos os familiares e envolvidos dessa casa que o rapaz passou quase despercebido por eles. Apenas Ofélia vez ou outra ainda se mostrava preocupada, no entanto, sempre era enxotada por Benedito.

    CAPÍTULO 2

    O clima temperado e ameno da serra da Tijuca propiciava uma noite fresca e sem nuvens, um convite para bebericar, fumar um belo charuto e prosear sob a luz do luar. João Andrades, recostado em sua cadeira de balanço, apreciava a bela noite ao lado de seu primogênito, sua esposa e alguns negrinhos que se encontravam pelo chão.

    Nesse dia, mais cedo, Francisco tentou convencer o irmão a acompanhá-lo até a cidade, mas Benedito estava irredutível, não queria sair da fazenda.

    — Vá você, irmão.

    Em sua mente já tinha uma ideia bem clara e fixa que, ao longo dos dias anteriores, foi ganhando forma até se tornar real.

    Ofélia deu pela falta do rapaz junto de todos no terraço, levantou-se e saiu a procurá-lo. Bateu uma, duas, três vezes na porta e aguardou. Não houve resposta. Abriu a porta devagar anunciando-se:

    — Senhor Benedito, boa noite. O senhor não gostaria de nos acompanhar no terraço...

    O quarto estava vazio, caminhou até a cama, sentou-se, cheirou e abraçou uma blusa que estava junto ao baú. Levantou-se e foi na direção do armário para guardar a vestimenta. Abriu a porta do armário e percebeu que estava vazio. Olhou pelo quarto e deu falta de outros pertences do rapaz. A janela do quarto estava aberta. Um ladrão talvez? Ao olhar pela janela, viu quando um vulto sumia na escuridão da noite. Sua visão limitada pela noite não foi o suficiente para enganar o modo como o vulto se movia. De imediato sabia que Benedito fugia de sua casa. Mas por que ele estava fugindo? Sem pestanejar, pulou a janela e correu atrás do rapaz.

    O mato alto e fechado impedia uma visão clara por onde Ofélia pisava. A lua, em sua imponência, não surtia o menor efeito na densa floresta. Ofegante e cansada, não se deu por vencida e continuava a afastar o mato com os braços, abrindo uma trilha em meio à escuridão sem ao menos saber para onde ia e onde sequer estava. Desesperada, gritou e gritou sem sucesso.

    — Benedito! Benedito!

    O silêncio quase mórbido engolia os gritos de Ofélia. O terror começou a tomar conta de seu ser. Queria voltar, mas voltar como? E para onde? No impulso de socorrer seu senhor, não mensurou os riscos de sua empreitada. Agora sozinha, em meio à escuridão e aos perigos da noite, Ofélia se agacha e se comprime junto de uma árvore, ansiando passar despercebida pela noite e seus males.

    — Socorro!

    Mais uma vez, seu grito é sufocado pela escuridão. Com a cabeça enfiada nas pernas, chora descontrolada enquanto sussurra algumas palavras.

    — Onde você tá. Onde você tá...

    Minutos, ou horas depois, não se sabe ao certo, Ofélia, ouve barulhos na mata. O que será? O que será? Seu coração se acelera, suas mãos suam, seu corpo se arrepia. Tenta pensar na casa grande, em sua senhorinha, no patriarca. O barulho se aproxima em sua direção. O pavor é tão grande que fecha os olhos e enfia novamente a cabeça entre as pernas. Arrepende-se de ter vindo atrás do rapaz. Sabe-se lá onde ele está, e eu aqui sozinha. Não há tempo para arrependimentos. O som fica cada vez mais e mais próximo. Algo lhe toca, Ofélia grita e então desmaia.

    Benedito adentrou a mata e se refugiou numa cabana improvisada montada por ele mesmo dias antes de sua fuga. Praticamente tudo de que precisava estava lá, só esperava pela noite certa para abrigar-se e, logo pela manhã, tomaria seu rumo. Tudo corria perfeitamente aos seus olhos se não fosse por uma única coisa. Ouviu seu nome ecoar por entre as árvores e pensou que estava ficando doido. Novamente ouviu, só que agora atento, teve a certeza que realmente alguém o chamava. Aguardou por mais um pouco de tempo e mais uma vez seu nome ecoou.

    — Não acredito! — Pensou alto o rapaz. — Aquela idiota me seguiu.

    Ficou ainda ali parado, ouvindo seu nome se repetir por mais um tempo sem esboçar qualquer tipo de reação. Uma hora ela cansa e para de me procurar. Como previsto, seu nome não mais se fez audível. Finalmente ela deu paz. Agora posso voltar a fazer minhas coisas aqui. Seu plano corria bem novamente, até que se ouviu um pedido de socorro. Benedito se levantou de imediato e na mesma velocidade que se levantou também se irou:

    — Mas que raios de menina, viu. Tomara que morra de uma vez.

    Aguardou e esperou e mais nada se ouviu. Não vou atrás dela. Bem feito. Isso que dá querer vir atrás de mim. Uma briga interna se fez presente em sua mente. Discutiu consigo mesmo por um bom tempo. Vencido pelo cansaço, levantou-se e saiu a procurar a moça. Não demorou muito e a encontrou sã e salva enrolada em seu próprio corpo. Agora livre da culpa, ficou a olhar aquele pobre diabo no chão tremendo de frio numa mistura de amor e ódio, pena e asco. Caminhou até a moça e, ao tocá-la, a pobre desmaiou.

    — Ofélia, acorda. Acorda, Ofélia.

    Cutucou a moça, bateu em seu rosto, mas nada dela acordar. Desgraça de vida. Agora vou ter que carregar essa negra idiota.

    O sol começava a despontar no horizonte e Benedito já se preparava para partir. Cutucou a moça com o pé, dizendo:

    — Acorda!

    Ofélia, ainda desorientada, abriu seus olhos e por uns poucos segundos ficou a fitar o rapaz.

    — Levanta, que eu tô indo embora e você precisa voltar pra fazenda, tá me ouvindo?

    — Sim, quer dizer, não, eu vou com o senhor.

    Benedito ergueu a pobre pelo braço e a chacoalhou:

    — Escuta aqui, você vai fazer o que eu tô dizendo. Vai voltar pra fazenda e, se alguém perguntar de mim, você não me viu, entendeu?

    — Não, senhor Benedito, eu vou com o senhor.

    Benedito começou a coçar a cabeça de raiva, segurando-se para não dar uma coça bem merecida na menina. Respirou fundo e falou num tom ríspido e pausado.

    — Faça o que eu disse e não teremos problema, tá bom?

    — Mas senhor Benedito...

    — Mas o quê, Ofélia?

    — É que com certeza a essa hora já deram pelo seu sumiço. Se eu chegar agora na fazenda, vão me bater porque eu também sumi e vão me bater ainda mais até que eu diga onde o senhor tá.

    Ofélia, apesar da pouca instrução, era bem entendida quanto ao que acontecia aos escravos que não obedeciam aos seus senhores. Sua senhora Adelaide sempre que estava irritada descontava toda sua raiva na menina. Seu corpo ainda guardava as marcas que a memória queria esquecer. Benedito fitou, pensou, ponderou e por fim determinou.

    — Arrume-se que a caminhada vai ser longa.

    CAPÍTULO 3

    Na fazenda Ouro Preto, o sol se levanta sublime, acariciando as folhas das árvores e flores, trazendo novo fôlego de vida, iluminando o casarão em toda sua imponência e majestade e refletindo na pele lustrosa daquela enorme maré negra que se arrasta sem vida, numa sincronia silenciosa, como se fosse uma dança ou uma marcha fúnebre.

    Adelaide foi a primeira a sentir falta de sua mucama.

    — Ofélia — gritava Adelaide — Ofélia, apareça sua praga.

    Pôs toda a casa a procurar a moça sem sucesso. A coisa só mudou de figura quando uma escrava veio informá-la.

    — Sinhá, seu fio Benedito também tá sumido.

    Não demorou muito

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