Vagalume

De Jen Minkman

Conforme decretado pelo Estado, os cidadãos de Ebrus não tem permissão para: 

 

Visitar o oceano que cerca a Cidade Murada.
Ignorar o toque de recolher e ficar fora de casa depois das sete.
Faltar no trabalho mais de três vezes por ano.
Cantar.

 

Um história pequena e distópica sobre o espírito natalino.

• Idioma: Português
• Editora: Dutch Venture Publishing
• Data de lançamento: 3 de ago. de 2023
• ISBN: 9798223744573

Jen Minkman

Jen Minkman (1978) was born in the Netherlands and lived in Austria, Belgium and the UK during her studies. She learned how to read at the age of three and has never stopped reading since. Her favourite books to read are (YA) paranormal/fantasy, sci-fi, dystopian and romance, and this is reflected in the stories she writes. In her home country, she is a trade-published author of paranormal romance and chicklit. Across the border, she is a self-published author of poetry, paranormal romance and dystopian fiction. So far, her books are available in English, Dutch, Chinese, German, French, Spanish, Italian, Portuguese and Afrikaans. She currently resides in The Hague where she works and lives with her husband and two noisy zebra finches.

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1.

A primeira vez que ela ouviu aquele som peculiar, Zlata estava voltando de um longo dia de trabalho no Escritório Nacional do Trabalhador.

Curiosa, ela deu uma olhada no beco estreito e escuro da Avenida Noé. Era um som que ela nunca tinha ouvido em sua vida – reminiscente do miado de um gato, porém mais atraente e muito mais belo. O som fez com que ela se sentisse triste e contente ao mesmo tempo.

Alô? a voz ruidosa de sua mãe zumbiu do celular que ela estava segurando em sua mão. Zlata? Você ainda está aí?

Sim distraída, ela olhou para o beco envolto em sombras. Ninguém estava lá. Ou pelo menos ela não conseguia enxergar ninguém. Estou indo pra casa.

Tudo bem, será que você pode comprar água engarrafada? Nós estamos sem. O Vasily está com sede.

Zlata murmurou. Seu irmãozinho estúpido sempre estava com sede, assim como com preguiça de ir até a loja ele mesmo. Ele com certeza ficaria muito assustado quando fizesse dezesseis anos e tivesse que ir trabalhar seis dias da semana ao invés de ir para a escola cinco dias. Infelizmente para ele, vagabundear não era um emprego reconhecido pelo Estado na Cidade de Ebrus.

Tá bom ela disse. Daqui a pouco eu estou aí. Desligando, ela virou em direção à rua estreita mais uma vez. Era tão fascinante, aquele som – agora fazia com que ela lembrasse daquelas aves marinhas que voavam acima da muralha para procurar comida aqui. Estrangeira, aguda e errática. Mas não, ela não podia se desviar de seu caminho padrão para explorar. Que tipo de garota com bom senso se aventuraria sozinha no meio da escuridão depois de seu expediente ter acabado? O toque de recolher era em uma hora, e ela ainda precisava comprar a porcaria da água para o Vasily.

Sem se desviar, Zlata colocou o celular em sua bolsa de ombro e seguiu para a Torre Comercial, onde todas as lojas em Ebrus estavam localizadas. A sua esquerda e a sua direita, blocos de apartamentos altos e escuros se erguiam em ambos os lados da Avenida, parecia que eles estavam tocando as estrelas cintilantes acima. Sua família