Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Coisa de Preto: Brevidades Poéticas
Coisa de Preto: Brevidades Poéticas
Coisa de Preto: Brevidades Poéticas
E-book112 páginas26 minutos

Coisa de Preto: Brevidades Poéticas

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Coisa de Preto é um livro de poesia cuja temática, negrocentrada, rompe com a definição da branquitude de "poesia marginal". Marginal é a tentativa de isolar a expressão da subjetividade artística da maioria da população brasileira.
Neste livro, Diogo de Andrade, percorrendo uma trilha filosófico-religiosa, demonstra seu contínuo entre-lugar de ser e estar, mas não em uma perspectiva apenas individualista. Seus versos ganham caráter universal ao tratar de feridas ainda abertas pela sociedade e nunca devidamente tratadas, reparadas ou, sequer, humanizadas.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento18 de ago. de 2023
ISBN9786525456997
Coisa de Preto: Brevidades Poéticas

Relacionado a Coisa de Preto

Ebooks relacionados

Poesia para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Coisa de Preto

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Coisa de Preto - Diogo de Andrade

    Prefácio

    Recebi do professor, militante do quilombismo urbano e poeta, Diogo de Andrade, o honroso e sagrado convite para prefaciar o seu maravilhoso e potente livro de poesia intitulado Coisa de preto: brevidades poéticas. Sem dúvida, a referida obra, nos termos de Conceição Evaristo, situa-se no marco literário da escrevivência e, por essa razão, traz consigo vozes coletivas da gente preta, que a colonialidade racista e genocida não conseguiu silenciar. 

    Cada poema de Diogo, gestado no passado do mundo, chega até nós mediante os poros abertos da pele preta do autor. Escrever, nesse horizonte, é, sim, um ato de fidelidade ao corpo aberto, corpo pensante, corpo falante, corpo dançante, corpo-terreiro. O escrito é o incorporado!

    A poética preta de Diogo de Andrade segue enraizada em memórias que atravessaram o atlântico em corpos-arquivos.

    A potência da palavra (falada, escrita ou cantada) traz o encante decolonial do verbo.

    A boca preta de Diogo, tal como a boca coletiva do Orixá Exu, em insubmissos dizeres poéticos, reinventa mundos em liberdade cognitiva.

    Matrizes africanas se entrecruzam ao catolicismo aberto, inclusivo e crítico do autor. 

    No poema Pretencostal, por exemplo, o poeta interroga a Mãe Preta: Ave Maria, gratia plena, porque, em tantas aparições, a preocupação sempre foi o branco europeu, "Mas nunca um olhar

    Uma palavra

    Um alento

    Contra os horrores cometidos

    Pela branquitude eclesiástica

    Pelos reis de cara larga

    Aliados dos aliados

    Amigos dos amigos

    Pelo comando branco

    Que deixava vermelho o chão a nossa volta".

    Tudo em Diogo é para ser lido, inclusive o não dito.

    Os poemas do autor são pensamentos. Estamos, pois, falando de Letras inteligentes, sutis e abusadas que, poeticamente, arrebatam os grilhões da colonialidade do saber. 

    Na companhia do poeta Diogo de Andrade, nas letras pretas que fervilham, como as larvas de Xangô, em seu corpo-texto-navalha, acessamos e reencontramos a potência atualíssima de nosso falar antigo. 

    Numa brevíssima confissão pessoal, os poemas de Diogo atingiram as encruzilhadas mais empretecidas do meu ser – Coisa de preto!

    Deixo, com uma espécie de amostra grátis da agência poética afrocentrada do autor, suas próprias palavras extraídas do poema Lugar de fala, contido na presente e recomendada obra:

    "(...) Existe lugar-de-poetizar?

    Se sim ou não

    Deixo minhas impressões digitais

    Como vestígio de um crime

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1