João: Uma História
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Sobre este e-book
Maria do Carmo S. Soares
Professora, escritora e poeta
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João - Ruggeri Souza
I
VINTE E CINCO ANOS DEPOIS
Vinte cinco anos se passaram, talvez um pouco mais, estou estacionando numa praça em frente a uma pequena igreja. O calor ainda não era sentido, porque o ar-condicionado do carro estava quase no máximo. Olhei pelas janelas do carro e reconheci aquele lugar, já totalmente modificado pelo tempo e pelo abandono.
Meu coração apertou, numa espécie de angústia, ou lembranças que começaram a se tornar mais claras, quando um grupo de crianças, sem ter muito o que fazer, resolveu brincar de pega-pega, enquanto os adultos se preparavam para adentrar na capela. Vejo uma senhora de meia-idade, numa banca ao lado da porta principal, que distribui as senhas e também recebe os recursos que mantêm aquele lugar funcionando.
Reconheço de imediato a porta principal da igreja, rústica, com fechaduras de ferro batido, dobradiças que rangiam e chamavam atenção sempre que Padre Chico, diariamente, nos mesmos horários, a abria e a fechava. Gostava de estar junto participando desse ritual que se estendia ano após ano, como se fosse um mantra, um canto gregoriano que durava de cinco a dez segundos.
As paredes externas foram pintadas de cal, provavelmente há muito tempo, pois estão um pouco manchadas, adornadas em azul, fazendo uma moldura interessante, que chama atenção de quem chega ao lugar.
Fico alguns minutos dentro do carro, observando uma grande figueira no centro da pequena praça, talvez o único lugar de sombra, que era distribuída aos visitantes que se aventuravam por aquelas bandas. Desligo o carro e o ar-condicionado, reluto a entrar naquele lugar que foi o início de toda minha história. Abro a porta e uma brisa quente e empoeirada quase me agride, mas a reconheço, me é íntima, me ajuda a sentir fisicamente aquele lugar.
O lugar é Apiruí. Um vilarejo do Agreste Nordestino, como dezenas de tantos outros lugares parecidos que se espalham por esse Brasil afora. Apiruí, como todos esses lugares, também nunca fez parte do Brasil, nunca teve referência, não esteve incluída no mapa. Na verdade, parece que não existem dentro do País que os abriga. Simplesmente é um lugar, que se um dia acabar, simplesmente acabou... ninguém vai dar conta disso.
Hoje, aqui de volta, tenho a sensação de que acabou. De pé, percebo que meus sapatos pretos estão com uma leve poeira fina e branca, coisa que até então já tinha até esquecido. Vislumbro as duas ruas paralelas que começam na praça da igreja e terminam em lugar nenhum.
Fecho um pouco os olhos por trás dos óculos escuros e tento enxergar a pedreira, mas percebo que a natureza já cumpriu sua tarefa de disfarçá-la em um monte recortado, revestido de vegetação caducifólia, com seus cactos, bromélias e leguminosas. Muitos galhos secos e retorcidos completam a pintura de sequidão característica daquele lugar.
Minha atenção então se volta a reconhecer alguma coisa que fizera parte do meu cotidiano, como as travessas, o lixão e as casas, mas foi em vão.
Algumas casas, as mais simples, nem existem mais. Algumas, em péssimo estado, estão ali ainda como testemunhas fiéis de alguma coisa que teve, num certo momento, a sua