Uma história que não tem fim
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Sobre este e-book
Seu Chico, por livre adaptação do autor, toma parte em diversos contos e lendas, algumas de conhecimento público. Ora como protagonista, ora como contador de "causos".
A localização do personagem é no interior de Minas Gerais. Sua história é atemporal e sua cronologia é tão surreal quanto muitos de seus contos. Seu Chico é uma ficção, mas por certo existiu e ainda existe em muitos de nós, mineiros, brasileiros, pessoas, independente de sexo, cor, religião ou time de futebol.
Provavelmente o leitor vai se identificar com Seu Chico, em alguma ou várias passagens protagonizadas pelo personagem. Possivelmente também reconhecerá nele alguém conhecido. E certamente terá vontade de incluir Seu Chico em suas próprias histórias. Sem problemas! pode ficar à vontade. Afinal, esta é Uma História Que Não Tem Fim!
Boa leitura.
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Uma história que não tem fim - André Luiz Guimarães
Conteúdo © André Luiz Guimarães
Edição © Viseu
Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo ainda o uso da internet, sem a permissão expressa da Editora Viseu, na pessoa de seu editor (Lei nº 9.610, de 19.2.98).
Editor: Thiago Domingues Regina
Projeto gráfico: BookPro
e-ISBN 978-65-254-4773-5
Todos os direitos reservados por
Editora Viseu Ltda.
www.editoraviseu.com
Dedicatória
Dedico esta obra aos meus quatro filhos e respectivas esposas, filhas amadas também. Aos meus netos, aos que já tenho e aos que ainda estão por vir, sequência de minha linhagem, nos quais me realizo a cada vitória suas, a cada formação, a cada conquista.
Que por estas linhas possam se contaminar pelo gosto da leitura e pelo desenvolvimento da escrita, mesmo que este não seja lá o melhor exemplo.
Agradecimentos
Ao casal Irma e Sebastião, meus pais. A Ela, principalmente, por ter me alfabetizado antes da escola e a Ele, por sempre exigir de mim uma leitura fluida e constante, me incentivando com o seu exemplo.
À Jackeline, minha companheira e estimuladora, que me acompanha, apoia e me eleva nas horas difíceis, fazendo com que eu nunca perca a esperança de dias melhores.
E também a uma plêiade de bons espíritos, que por certo sempre estiveram por perto, guiando minha mente e amparando minha mão na escrita e na criação.
E por fim, meu maior agradecimento a você, que neste momento me honra com a sua leitura e merece todo o meu respeito.
Sejam bem vindos.
Prefácio
Dir-se-ia que escrever um livro é gerar um filho, no sentido figurado. Ter um filho é preencher uma lacuna – o vácuo da existência breve que nos atinge, com maior ou menor intensidade. Filhos são elos da corrente existencial, em quem nos espelhamos; e nos projetam no tempo e no espaço, até o limite da nossa imaginação. Eles podem reeditar os pais nessa permanente evolução mantenedora do ciclo vital.
Para os pais, os filhos não crescem; estão sempre carentes, necessitados de amparo do poncho máter-paternal.
Escrever um livro é uma sensação de potencialidade quase que reservada a um filho. Se, com o filho tem-se o cuidado com a saúde, alimentação, escola, entre outros, com o livro ocorre algo semelhante. Para o autor ele nunca atinge a finalização plena. Cada vez que o lê descobre a necessidade de alterações: suprimir, trocar ou aumentar frases, palavras, sinais gráficos, parágrafos e, assim como o filho, o livro também pode transportar o autor através do tempo, rumo a posteridade.
Tenho em mãos o livro de André Luís Guimarães: Uma História que não tem Fim
, com a incumbência de fazer o prefácio.
André, a quem conheço de longa data, é pessoa de boa índole, despretensiosa como afirma no próprio livro, e de boas maneiras, que fascinam as pessoas de seu cotidiano.
A figura de SEU CHICO, (enraizada no livro) é um adendo a escrita enraizada no próprio autor. Escrita simples e de abrangência singular que envolve o leitor como num passe de mágica. Chico, personagem mor é tão forte que não morreu, mudou de mundo... permanecendo integrado aos personagens e ao ambiente, nos quais atua como patrono.
É como relata o autor: o que interessa é o enredo
, e aqui faz lembrar o que ele diz do bom torresmo no botequim da esquina cuja delicia parece ser marca patente do Estado e da Cidade em que nasceu autor.
O menino Chico, pobre, esmirrado e emperrado que após muitas interpretações foi registrado como Francisco Vicente do Nascimento teve uma vida adulta abundante. Teve também muita influência na vida e na obra do autor, e por ser o personagem principal, o autor sente-se enlevado quando se depara com ele, mesmo em imaginação, ao derredor de seus meandros. O menino Chico segue como uma síntese da mineiridade e da inocência do homem simples do campo, porém cheio de sabedoria e espertezas.
Inúmeros personagens atuam no contexto. Não os citaremos aqui porque isso seria como fazer do prefácio um livro paralelo; assim, fica o Chico como representante dos demais.
O autor, com sua pena mágica soube induzir o fascínio em todo o contexto, onde a realidade e ficção encontram-se no mesmo patamar, e, numa linguagem simples e direta, prende o leitor a ponto desse, entusiasmado, querer degustar o livro num fôlego só, isto é, começar a leitura e só parar quando terminar. Esta condição é benéfica para o autor e leitor, e como está em linguagem simples, mesmo contendo, nas entrelinhas, leve humor, pode ser destinado a qualquer faixa etária. O público alvo torna-se amplo, porém mais consistente.
Que os leitores deste livro saibam usufruir e aproveitar da mensagem que ele transmite e pelo carinho que brota de seus inúmeros personagens, inclusive o autor.
Recife, 17 de setembro de 2022
José Camilo Lélis é pernambucano,
escritor, poeta e cordelista.
Prólogo
Eu sou André Luiz Guimarães, mineiro de Juiz de Fora desde 1955, quando ousei pôr a cara nesse mundão de meu Deus, mas ando desgarrado pelo mundo, sem parada certa. Sem limbo. Ora no sul, ora no norte, ora no estrangeiro.
E vou por aí juntando histórias e causos os mais diversos. Desprovido de vaidade, rico em sinceridade, vou escutando de tudo. E anotando. Daí ponho meus aumentos, pois quem conta um conto aumenta um ponto, e procuro um jeito de ajuntar tudo.
Seu Chico foi minha criatura e meu mestre. Não tem nada de biográfico nestas histórias, apenas a imaginação, certamente abençoada e direcionada por amigos espirituais de boa índole.
Espero que tenham uma leitura agradável e caso alguém conheça um Seu Chico
por aí com mais histórias e queira incluí-las aqui, fique muito à vontade. Pode me mandar. Afinal, esta é uma história que não tem fim!
Por enquanto, muitíssimo obrigado.
Inté.
A Apresentação
Quem conta um conto, aumenta um ponto. É desta forma que o mundo vai girando e dando voltas por aí, com histórias e mais histórias. E não falta quem as conte, nem quem as aumente. É da criatividade que as histórias nascem e tomam vida. E também da livre adaptação despretensiosa, aproveitando situações já conhecidas do dia-a-dia. E assim vamos.
Esta é uma história que não acaba e que não tem fim, pois pode ser a ela incorporada outras tantas histórias de nosso povo, de nossos costumes e de nossas crenças. É uma obra singular, sem muitas pretensões, que pretende ser um conto da vida de contos, encontros e encantos de Seu Chico, nascido sem nome, sem eira nem beira, crescido pouco, posto que fosse miúdo, mas muito honrado e respeitado. Foi uma vida que poderia não ter sido, mas que vingou.
Seja por sorte ou vontade de Deus, como queiram, o certo é que, por muitas histórias, viveu Seu Chico.
Assim como não me coube pôr um fim, tão pouco me coube situá-la com exatidão no tempo e no espaço. É uma história que aconteceu por aí, pelos nossos tempos, sem medição, nem relógio. Muito provavelmente pelas bandas da zona da mata mineira.
Um sociólogo não individualizaria Chico, mas estudaria e relataria suas relações estabelecidas com a sociedade, a realidade social do ambiente, as oportunidades e desenvolvimentos econômicos e sociais da comunidade e a participação coletiva. No fundo, tem um pouco disso, sem a pretensão de ter.
A antropologia certamente daria mais atenção aos aspectos evolutivos da comunidade e suas famílias, seu desenvolvimento material, físico e cultural, características raciais, fisiológicas, psicológicas, costumes sociais e crenças. Pode ser que tenha um pouco disso também, mas sem querer ter.
Neste caso, este despretensioso manuscrito, ausente das capacidades sociológicas e antropológicas, tenta uma base biográfica de um personagem, entremeando sua realidade fictícia com contos catados ao acaso, alguns talvez até já conhecidos. Atrelando à figura mítica de um certo Seu Chico
, que incorpora um tanto de lenda, com ideário de indivíduo, esses contos contam uma vida simples e rica. Complicado? Nem tanto. Conhecendo, fica fácil entender, talvez até admirar.
Seu Chico, muito embora não seja um indivíduo real, é um arquétipo, uma síntese do que sonhamos por pessoa, por família. É um ícone sem ter sido celebridade, tendo um quê de cada um, formando sua individualidade na visão ampla de um coletivo utópico. Imaginá-lo humano não é difícil. Ele certamente se parece com alguém que você, leitor, conhece ou conheceu por aí. Não no todo, mas nas partes, nas particularidades.
O idioma muito usado é o puro minerês coloquial, fugindo da rigidez da linguagem de norma culta. Não se espante quem não o conhece. O minerês não tem erros ortográficos nem de concordância, pois não se fala errado em Minas Gerais! Fala-se como se fala, como mineiro.
Os personagens são as pessoas do nosso dia a dia, sem nomes de destaques e ou até mesmo sem nomes, sem situações privilegiadas, sem plaquinhas na porta. Pessoas. Apenas pessoas.
São as nossas pessoas, somos nós.
Deles nem sempre o importante é o ser, mas o existir, se é que entendem a diferença.
E lá vai história!!
O Começo
Seu Chico viveu sua vida assim, contando histórias uma parte, vivendo histórias outra parte. Não havia um caso que se contasse que ele também não soubesse outro, mais encantado ou mais tenebroso, principalmente no que tangia a pesca, a caça e a assombração. Mula sem cabeça, lobisomem e outros mais eram personagens constantes em seus causos de vida a fora, havidos pelas redondezas da vila onde morava ou por onde nunca tinha nem ido. Tinha até criação de Saci-Pererê! Fora que ainda foi abduzido.
Encantava a todos com seu jeito meticuloso e detalhista, cheio de trejeitos e até um tanto quanto marmota, para contar suas histórias. Nunca contou uma mentira. Uma! Suas histórias eram adaptadas ao seu mundo, à sua realidade, buscando nos ambientes de seu domínio, um certo quê de realidade. E era convincente.
Deixou herdeiros, mas não