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Em Solo Vermelho
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E-book258 páginas3 horas

Em Solo Vermelho

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Sobre este e-book

Sarah é uma sobrevivente das terras vermelhas. Vendida ainda criança à Casa Céu azul, destinada à realização de desejos, foi obrigada desde muito cedo a se defender. Ela e todos aqueles a quem conhece, vivem em uma reserva de terras conhecida como Antúrio II, no qual estão confinados os sobreviventes do fim do mundo. Sarah descobre muitas coisas sobre este lugar, enquanto é obrigada a lutar por sua sobrevivência e traçar seu destino, onde regras e leis são únicas. E a moeda de troca é o acordo. Neste lugar, a palavra vale tudo. E acima de tudo, não há espaço para o medo.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento23 de out. de 2023
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    Em Solo Vermelho - Lígia Barbosa

    EM SOLO VERMELHO

    A fortaleza dos malditos

    LÍGIA BARBOSA

    SETE MEMÓRIAS SOBRE UM MESMO FATO. ............... 8

    ANTÚRIO II ........................................................................ 17

    UM PULO NO TEMPO ....................................................... 23

    EGO FERIDO ....................................................................... 35

    A CHEGADA DA NOITE SOTURNA ................................ 64

    O RELATO DA AMIGA RESSURGIDA ......................... 126

    UM PEDIDO IRRECUSÁVEL ........................................... 151

    ESCOLHA SUAS ARMAS .................................................. 191

    NOVAS ALIANÇAS........................................................... 203

    O CÍRCULO DO SOLITÁRIO ......................................... 209

    ESQUADRÃO DE RECONHECIMENTO EXTERNO .... 231

    CUMPRA BEM SUA MISSÃO ......................................... 237

    PÉS VERMELHOS ............................................................. 254

    O SEGREDO DE AURO .................................................... 275

    VISITA E ESTRATÉGIA .................................................. 288

    ANTES DE MAIS NADA .................................................. 292

    A MUDANÇA DE PERCURSO ......................................... 300

    ACERTO DE CONTAS ...................................................... 314

    ANTÚRIO I ........................................................................ 327

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa Dedico este livro a todos aqueles que acreditaram em mim e no processo do livro. Obrigada à minha mãe, Tânia. Ao meu pai, Francisco. Agradeço às minhas irmãs, a quem escolheria novamente como tais, se possível.

    Dedico este livro também à minha esposa, Bianca.

    Existem mais pessoas, mas espero que quem me acompanhou nesta jornada, compreenda a minha gratidão, independentemente das palavras.

    [ 7 ]

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa SETE MEMÓRIAS SOBRE UM MESMO

    FATO.

    Ela levantou sua cabeça, enquanto o corpo inteiro tremia sem parar. Mal conseguia sustentar o peso do corpo sobre as próprias pernas. Era uma caminhada longa e árdua, sob o estalar do chicote de Astur. As mãos pequenas, agora amarradas com uma corda áspera, começavam a pulsar, enquanto as pontas dos dedos formigavam violentamente.

    Foi assim por muito tempo, até que a pele começou a ficar em carne viva e arroxeada, exatamente onde a corda roçava dolorosamente. Dentro da boca, tinha sido introduzida uma esfera maciça e emborrachada, que a impedia de falar, enquanto a saliva escorria pelo queixo.

    Seu primeiro castigo, por ter gritado muito.

    Estava atada a outras quinze pessoas e todos caminhavam na mesma velocidade para que o chicote não marcasse suas peles já sensíveis pelo sol. Quando um vacilava, todos oravam para que o mesmo não caísse, pois nem conseguiam imaginar as consequências disso

    [ 8 ]

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa para o grupo. Todos eram punidos pela unidade. Para que, temerosos, começassem a vigiar uns aos outros.

    As lágrimas desciam por seu rosto, muito quente, não apenas pelo choro, mas também pelo calor do sol. A maior dor não vinha daquele instrumento de couro, que dilacerava suas carnes. O chicote. Mas pela dor da decepção. A decepção de ter sido vendida por seus próprios pais, como se fosse uma mercadoria.

    Ela escondeu um soluço dentro do peito, temendo que Astur a repreendesse. Embora soubesse que ele estava muito satisfeito consigo mesmo pelas conquistas

    que tinha feito. Não era difícil compreender o que se passava em seu raciocínio, pois ele levava consigo um sorriso largo e presunçoso. O homem jamais se daria conta que uma menina de 10 anos chorava pela dor e humilhação causada pela família, que a tinha vendido em nome de uma dívida conquistada pelo pai na noite anterior.

    Ele tinha bebido muito mais do que tinha condição de pagar. A mãe não olhara para ela enquanto era levada, porque estava atrasada para ir ao comércio e o infortúnio

    [ 9 ]

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa causado pelo marido tinha atrasado sua partida naquela manhã abafada.

    A caminhada era longa, com muitas paradas porque Astur fazia questão de que todos vissem os novos jovens de Céu Azul. Mesmo sujos, vestindo trapos, chorosos, causavam comoção por onde passavam. Eram a novidade daquelas terras e por certo, fariam Astur ganhar um bom valor para que pudessem deitar seus corpos sobre os novatos.

    Quando Sarah tinha sido empurrada para dentro das instalações de Céu Azul, sentiu um horror crescente, ao perceber que, de fato, era tudo real. Astur agarrou a bota de um lado dos pés para arrancá-la, enquanto chamava uma mulher que estava muito ocupada limpando uma janela encardida.

    -Olá, Astur. O que você trouxe? - Perguntou, displicente, com uma mão na fina cintura, enquanto a outra segurava um pano velho e sujo.

    -São 8 garotos e 7 garotas. Uma delas é bem jovem! O

    pai disse que tinha 10 anos. Tive que trazê-la conosco. O

    velho do bar já tinha feito o acordo com o pai da garota,

    [ 10 ]

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa então achei um desperdício deixa-la por lá. Aí acabei trazendo a pirralha junto com os outros.

    -Desperdício de dinheiro, Astur! Essa garota é muito jovem, não podemos colocar ela para trabalhar ainda. O

    corpo dela ainda não está pronto pra isso! Mas tudo bem, já sei o que fazer com ela...

    Astur, nervoso enquanto coçava a nuca ficou olhando, irritado, para aquela mulher enquanto ela delegava o papel de Sarah dentro de Céu Azul.

    -Ela vai me ajudar com a limpeza até que seu corpo já esteja preparado para os trabalhos que acontecem aqui.

    -Certo, Astride! Faça o que quiser com ela. Se no tempo certo, ela não se juntar às outras, eu mesmo vou me encarregar de dar a ela o que ela precisa! - Ele berrou, enquanto apontava um dedo grosseiro para a garota assustada à sua frente.

    Depois disso, Sarah começou a trabalhar limpando Céu Azul, mandando recados, comprando coisas nas redondezas e desempenhando qualquer tarefa que Astride lhe delegasse. Conforme o tempo passou, a jovem foi se tornando uma bela moça, embora nunca tenha sido

    [ 11 ]

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa colocada para realizar os sonhos dos visitantes de Céu Azul.

    O primeiro dos motivos era que ela era praticamente indomável, o que sempre lhe rendia inúmeros hematomas e inchaços. O que afetava consideravelmente

    sua

    aparência.

    Tinha

    um

    temperamento forte. Era rude, tinha enorme facilidade para brigas e em boa parte do tempo inspirava receio às pessoas que a cercavam. De toda forma, Astride nunca tentou coloca-la realmente nesta função. Em parte, pelo motivo mencionado e em parte porque a garota, desde o início, tinha sido sua favorita.

    Era realmente como uma filha para Astride, então ela nunca permitiria que aquele destino caísse sobre sua vida. Depois que Sarah tinha sido vendida para Astur, sete pessoas recordavam o fato de maneiras muito diferentes.

    Primeiramente Astur, que recordava da raiva que sentira por tê-la negociado sem que ela tivesse sido usada para as finalidades desejadas e lembrava também dela ser uma garota ossuda, baixinha e de cabelo desgrenhado.

    [ 12 ]

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa A segunda pessoa era Astride, que lembrava de sentir pena ao ver a menina encolhida e chorosa, com seus grandes olhos negros, encarando-a como se implorasse por qualquer ajuda. Astride afeiçoou-se a ela instantaneamente, afirmando para Astur que ela não estava fisicamente pronta por ser muito jovem, afinal, nunca antes tinham comprado uma criança para aquela terrível finalidade.

    A terceira pessoa era o pai de Sarah, que acordara de ressaca naquela manhã, com um homem alto batendo em sua porta, contando que ele tinha negociado a filha para pagar dívidas. Envergonhado, percebendo o que fizera, sabia que não era possível voltar atrás, pois realmente não tinha como pagar a dívida, como também teve medo de contrariar aquele homem que era obviamente perigoso. Depois que sua filha saiu pela porta, ele chorou dias a fio, deprimido e envergonhado pelo que tinha feito.

    A quarta pessoa era a mãe de Sarah. Ela tinha tentado convencer o homem a fazer um acordo diferente, quando a garota tinha descido até a dispensa do porão

    [ 13 ]

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa para se esconder, mas não teve jeito. Enquanto Sarah era levada amarrada por Astur, sua mãe virou as costas para não ver a filha indo embora e caminhou rápido para o comércio enquanto os gritos da filha atordoavam seus ouvidos. Ela acabou desmaiando no meio do caminho, recobrando a consciência algum tempo depois quando uma curandeira lhe estendeu um copo de barro que possuía um líquido negro em seu interior. Ela bebeu tudo de uma vez só.

    Havia a memória de Tália. Uma irmã da Casa Céu Azul. Ela era mais jovem e arrogante na época. Porém recordava de ver a pequena criatura à sua frente, tão magra e necessitada, que percebera quão absurdo seria não lhe dar amparo em uma situação como aquela. Afinal, jamais esqueceria da sensação de horror e vergonha que sentira quando fora levada amordaçada até a casa céu azul, em tempos anteriores.

    E Max, que também era um anjo da Casa Céu Azul.

    Ao perceber Sarah, por um momento chegara a pensar se proteger a pequena valeria realmente a pena. Mas, ao notar o olhar amoroso de Tália para com ela, sentira-se

    [ 14 ]

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa imediatamente inclinado a usar de suas regalias para beneficia-la. A personalidade complexa, grosseira e ao mesmo tempo estranhamente generosa da menina, era realmente surpreendente. E rapidamente percebera que já a amava com necessidade e dedicação.

    A sétima pessoa era a própria Sarah, que recordava de um pai bêbado que a vendeu sem nenhum remorso e de uma mãe que não tinha se importado em vendê-la a um desconhecido. Recordava também de Astur praguejando contra ela, afirmando que ela tinha sido um mau investimento e se lembrava de Astride, dizendo que não a colocaria para trabalhar porque seria um desperdício se ela sangrasse até a morte, pois a compra teria sido em vão.

    Sarah nunca saberia dos sentimentos verdadeiros de seus pais, Tália, Max, Astride ou Astur, mas isso agora já não tinha mais importância, pois era uma página esquecida dentro do tempo. O único pensamento que lhe martelara a mente no passado, assim como no presente, era o desejo de agradecer internamente a certos envolvidos na trama de sua história, pois o ódio e o

    [ 15 ]

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa desejo de vingança seriam sua força para poder continuar aquela difícil caminhada, como uma necessária ferramenta a ser utilizada.

    [ 16 ]

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa ANTÚRIO II

    A reserva de terras Antúrio II era o que tinha restado da humanidade. Ou era isso o que o Soberano dizia a todos. Ninguém nunca questionou. Não, o soberano não era realmente um homem que as pessoas questionavam facilmente. Ele andava com um facão embainhado na cintura, que nunca fazia questão de esconder. Além do que, o soberano jamais andava sozinho. Estava sempre acompanhado de pessoas fortes e rudes, que aparentemente não seriam capazes de dizer em voz alta o próprio nome completo sem que se enrolassem, porém, plenamente capazes de partir o rosto de alguém com apenas um gesto.

    Eles andavam sempre ao seu encalço e muitos diziam que não se separavam de seu chefe nem quando o próprio deveria ter privacidade, seja lá do tipo que fosse.

    Havia na reserva uma frase que sempre era cochichada entre os moradores de Antúrio II, que era como encalço do mestre, usada para menosprezar a inteligência de alguém. O que podia muitas vezes render boas risadas ou

    [ 17 ]

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa quem sabe, 10 chicotadas no centro da reserva, onde ficava a região do comércio. O lugar era grande demais. E

    com leis de menos. A lei era feita de pessoa para pessoa, então a palavra valia muito. Porém, grandes questões eram levadas semanalmente para o Mestre Soberano, em reuniões públicas para que ele julgasse e de acordo com o que ele compreendesse dos fatos, seriam decididas as possíveis punições ou resoluções. Acontece que o homem possuía certo gosto por punições severas.

    As reuniões aconteciam sempre na Praça do Enforcado. Não é difícil presumir o motivo do nome dado ao local, mas além de ser um lugar onde ocorriam execuções, também possuía este nome porque tinha sido onde o irmão mais jovem do Mestre tinha sido executado.

    A praça recebera aquele nome do próprio Soberano, pois ele mesmo tinha sentenciado seu irmão à morte, em função de uma desavença familiar. O objetivo também tinha sido muito claro para todos. O mestre soberano não devia ser desafiado, afinal, se ele agia assim com sua família, imagine com as outras pessoas. Mas o Mestre Soberano também gostava de agradar ao povo da

    [ 18 ]

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa reserva, embora nunca deixasse de agradar a si mesmo.

    Lembrando que o homem possuía certo prazer em castigar, ele aproveitava isso para oferecer shows aos habitantes locais. As punições eram de vários tipos, e sua punição predileta: O Círculo do Solitário.

    O círculo do solitário era o lugar onde os presos eram levados para brigar por suas vidas. Uma imensa arena circular. O mestre, coincidentemente sempre escolhia punir os mais robustos e habilidosos com armas dentro do círculo. O show acontecia quinzenalmente e apenas uma pessoa poderia sair vitoriosa. Era sempre uma carnificina, mas as pessoas ficavam fascinadas, se entusiasmavam com o que viam e gritavam sempre por mais. Ninguém ali se importava com o fato de que, muitas vezes, aquelas criaturas eram suas próprias conhecidas.

    Quem sobrevivesse, retornava à sua vida com normalidade.

    Mas existiam níveis. Os crimes mais severos resultavam em morte em praça pública. Em uma escala inferior, a pessoa era condenada ao círculo do solitário.

    Dependendo de seu crime, poderia ficar livre, caso...

    [ 19 ]

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa sobrevivesse. Ou estaria brigando por uma chance de ter uma vida na Fortaleza dos malditos, pagando seus débitos à reserva, realizando os trabalhos que ninguém em sã consciência escolheria realizar. O lugar realmente era comandado por um homem bárbaro, porém, a maioria do povo de Antúrio II também era capaz de cometer terríveis atrocidades em nome dos próprios interesses.

    Dizem que, no passado, quando ainda existiam muitas nações pela terra, as pessoas tinham suas leis e as respeitavam. Alguns contavam, quando fogueiras eram acessas, através de sussurros acalorados, que homens conviviam com naturalidade entre si e que a maioria das coisas eram resolvidas através de políticas, normas e legislação.

    Havia obediência e quem não cumprisse as regras era mantido em isolamento, para que a maioria pudesse viver em segurança. Mas isso já fazia muitos e muitos séculos. Conta-se que as tecnologias provocaram ganancias mortais, que dizimaram os povos e suas pátrias. Eram histórias antigas, lendas sobre o passado, mas nada que se pudessem comprovar de modo concreto,

    [ 20 ]

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa mas isso inspirava o coração de muitos na calada da noite, como um embalo sereno antes do adormecer.

    Nem todos viviam sobre as terras de Antúrio II, é claro. Existiam os Renegados. A maior parte dos Renegados era nômade, pois não havia segurança fora da reserva, não existia lugar para ficar ou construir solidamente uma vida. Antúrio II realmente podia ser um território de poucas leis, mas existia controle. Nada acontecia sem que chegasse aos ouvidos do Soberano.

    Fora era ainda pior. Existiam pessoas que não tinham nada a perder, sempre prontas para atacar umas às outras, em busca de recursos a serem utilizados em benefício próprio. Mas o que nós precisamos compreender, é que existiam lados distintos da mesma história. Geralmente os Renegados eram fugitivos de Antúrio II. Pessoas que desistiram de viver dentro do sistema da reserva e se rebelaram.

    O território era muito bem vigiado, principalmente para que os rebeldes não invadissem, mas também para que ninguém tentasse sair sem prévia permissão do Mestre Soberano. Isto era algo muito raro, pois todos

    [ 21 ]

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa tinham muito medo de sair pelas portas do lugar, pois sabiam que dificilmente voltariam. Existia um trabalho, que acontecia de tempos em tempos, o Reconhecimento de áreas além dos limites da reserva. Era sempre necessário que ocorresse para que o mestre soberano soubesse se existia algum acampamento próximo com objetivo de invasão e possível extermínio à Antúrio II.

    trabalho de reconhecimento era feito pelos escravos da Fortaleza dos Malditos. O trabalho de verificação do perímetro externo era uma chance de escapar da forca, mas existia quem achasse que o trabalho de reconhecimento de áreas externas bem pior do que a morte. As pessoas mais perigosas da cidade eram enviadas para o Esquadrão de Reconhecimento Externo. Dito o necessário, é aqui que nossa história realmente começa.

    [ 22 ]

    Em solo vermelho: a fortaleza dos malditos, por Lígia Barbosa UM PULO NO TEMPO

    O sol ainda não tinha nascido, mas Sarah já tinha se levantado. Ela sentou novamente na rede e massageou o pé direito que estava dolorido pelo crescimento de uma bolha. Após calçar suas botas, ela respirou profundamente e desceu a escada oscilante. Enquanto caminhava pelo ambiente, ela prendia seus cabelos cacheados em um coque simples no topo da cabeça.

    -Já amanhece prendendo esses cabelos tão lindos! Às vezes nem parece uma mulher.

    Sarah abriu um sorriso travesso ao reconhecer a voz de Astride, já vigorosa. Apesar de toda a sua história, no final das contas, Sarah gostava realmente daquela mulher. Ela sabia bem o quanto tinha sido protegida das maldades de Astur ao longo daqueles anos e do trabalho sofrido de Céu Azul. Ela nunca tinha sido obrigada a realizar

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