Triádicos: Poesia em Pequenos Formatos
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Triádicos - João De Jesus Paes Loureiro
Sumário
CAPA
FOLHA DE ROSTO
O ARGONAUTA DOS MARES DA POESIA
NOTA DO AUTOR
TRIÁDICOS
Oficina poética
O poeta e o passarinho
O sentir e o sentido
Antipoemas
Circunstâncias
POST SCRIPTUM
Poética
POESIA, TERRA, GENTES E ENCANTO
NOTAS
CRÉDITOS
O ARGONAUTA DOS MARES DA POESIA
Tenório Telles¹
No canto final de o Paraíso
, de Dante, sobressaem os versos da antepenúltima estrofe em que o sujeito poético retrata o momento revelador do despertar de sua consciência – prefigurado no relâmpago
que eclode, aclara e revela o objeto de sua busca, metaforizado na compreensão de sua condição e humanidade:
Mas não bastava ao voo minha plumagem;
e súbito um relâmpago eclodia,
que me aclarou, na lúcida voragem.
O terceto, um dos mais expressivos da Divina comédia, evoca a experiência de autodescoberta e desvelar do ser do poeta na sua jornada rumo à iluminação: convence-se de que sua força não é mais suficiente para a continuidade do voo
[minha plumagem
] e súbito
, um fato imprevisto [um relâmpago
] o surpreende e revela-lhe, no fulgurar da razão, novo plano de sua travessia rumo à transcendência, ou melhor, ao paraíso. Agora sob o impulso da providência – expressa na força [o Amor
] – que tudo impulsiona e vivifica, e que move o sol, como as estrelas
.
O uso da terça rima por Dante, sua singularidade expressiva, denota seu engenho e capacidade de transfiguração da linguagem. Em três versos ele sintetizava sua reflexão sobre o ser no mundo, suas contingências e aspirações espirituais. Esse poder de adensamento é uma marca definidora de sua artesania poética.
Feliz exemplo dessa força expressiva alcançada pela condensação da palavra é o terceto-poema
de número 18 deste livro. Nele João de Jesus Paes Loureiro revela a força de sua encantaria estética e seu poder de representação imagética do fenômeno criativo e, por extensão, da própria vida:
O poema é um cosmos.
Em torno dele
constelam significações.
Essa força de consubstanciação do poético é ilustrativa da capacidade transfiguradora do eu criador na sua faina de testemunhar e dizer sobre o mundo, como também de seu objeto e ofício criador. O texto de Paes Loureiro problematiza a possibilidade do poema de conter, na sua tessitura, o real e por isso o concebe como um cosmos
, em torno do qual cintilam sentidos e imagens evocativas da condição humana. Sob essa perspectiva, o poema é uma representação em miniatura do sistema solar – metáfora reveladora de sua beleza e potência atomizada dos fatos da existência. Essa percepção corrobora o ponto