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Avessos
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E-book190 páginas1 hora

Avessos

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Sobre este e-book

O mais importante na escrita de "Nice" Luconi não são as histórias e fatos, mas sim a forma com que são narrados. Ela consegue nos conectar com emoções, além de resgatar memórias ao nos conduzir através de situações que nos ensinam e fazem pensar e ampliam nossas perspectivas, trazendo-nos coragem e resiliência para continuarmos dando forma à nossa identidade e tornar a vida mais bela, mesmo nas situações difíceis. Ao longo do livro, nos sentimos acompanhados", cita a analista junguiana, Renata Whitaker, na orelha da obra. Desta forma, o livro costura os avessos da vida.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento29 de nov. de 2023
ISBN9788574212951
Avessos

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    Avessos - Nice Luconi

    Livro, Avessos . Autor, Nice Luconi. Editora Artes e Ofícios.Livro, Avessos . Autor, Nice Luconi. Editora Artes e Ofícios.

    Sumário

    Capa

    Folha de rosto

    Escrever para mim

    PARTE 1

    Ao avesso

    Chicletes, ele e eu

    Eu e o vento

    Feliz Ano Novo em família

    A cristaleira

    Os próximos anos

    E por falar em saudade

    O último voo

    Promovido a irmão

    Aniversariei

    Se eu tenho religião?

    Quanta alegria que a vida traz

    As minhas sobrancelhas

    Vida após a morte

    Temperança

    A graça de ser mãe

    De mãos dadas

    Dia dos Mortos

    PARTE 2

    Bic

    Deus me defenda

    Esperança

    Liberdade e dignidade

    Mãos para o céu

    O mundo de lá

    Adeliar

    Disciplina-erótica

    Escada rolante

    Claquete

    A louca do mosquito

    Noite de boteco

    Elogio

    Despedida

    Como andam os meus talheres?

    Alegria

    Falta de A - Z

    Estou ficando louca

    O acaso

    Não brigue com o fio

    O corpo e o tempo

    Ser leve

    Perdão

    Quieta menina

    Rotina

    O medo

    Trabalhador animado

    Velhice ou cansaço?

    O que os olhos veem o coração sente

    Sabonete líquido em óleo

    Perdido no nada

    Vai lacear

    Vogar a vida

    Um átimo de mim

    Tempo

    Desejo

    Saudade

    PARTE 3

    Por que sou psicóloga?

    Depressão acorrentada no mas

    Terapeuta se emociona?

    Que lindo que é sonhar

    Neurótico ou problemático?

    Depressão

    Modeladora do destino

    A linha tênue da vida

    Cronos

    Eu atraí ou eu me distraí?

    Coitadismo

    O dia nosso de cada noite

    Ambiguidade

    Pelo resto da vida

    Caso ou compro uma bicicleta?

    Autoestima

    Psicoterapia, a primeira sessão

    Psicoterapia, a última sessão

    Silêncio

    Vítima

    Depressão e gratidão

    A que deuses eu sirvo?

    Extrema Velhice

    Não à invisibilidade

    Preguiça de si

    Tirar a Sombra da sombra

    O corpo é o palco das emoções

    Adjetivação abusiva nunca mais

    Não dou conta

    Sentido da Vida

    Preciso te contar um sonho

    Pro-curar

    Sacrifício

    Sem mais perguntas

    Assim eu ando psicóloga

    Créditos

    Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão.

    _ _ _ MARIO QUINTANA

    Escrever para mim

    É contar histórias

    algumas vividas

    outras recolhidas no caminho.

    É usar palavras como pincéis

    múltiplas cores

    aromas e sabores.

    É equilibrar-me em corda bamba

    andar de mãos dadas

    e mergulhar em saudades.

    É aniversariar e adeliar adoidada

    repelir mosquitos

    e amar rotinas.

    É andar distraída

    me entregar ao acaso

    e vogar a vida.

    É tornar verbo alguns sujeitos

    mascar chicletes

    e bailar passos de tempos a ventos.

    É desejar, temperar e elogiar.

    É necessidade e vulnerabilidade

    correr riscos emocionais

    e não temer incertezas.

    Escrever para mim

    É versar em AVESSOS.

    agulha

    Nice costura Avessos. Conversa enquanto borda. Escreve como quem fala, faz pausas inusitadas, e acaba por prender-se às saias do próprio trabalho. E isso diz quase tudo o que se precisa saber: Nice acerta e erra e ri de si própria enquanto se diverte fazendo o que faz bem: bordar avessos e ressignificar os dias. Trabalho de Penélope, ela observa a vida somente para desfazê-la e — incansável coletora de delicadezas — tramar novamente seus fios em crônicas e poesias. Do cotidiano, um leitor apressado classificaria. Mas é preciso ler, deixar-se impactar pelo fragmento do fio, deixá-lo escapar da agulha e recolocá-lo, assumindo o trabalho proposto. E é só nessa altura da leitura que algumas sentenças colam em nós, repercutem durante os dias, viram telas entremeadas as nossas próprias circunstâncias.

    A literatura da Nice Luconi é leve, onde ser leve é honrar a primavera sem esquecer que a natureza ama transmutar-se. É transcendente, fluida, faz-se de vãos temporais de escadas rolantes e salas de espera, quase como se usasse desse não tempo para desenhar outros sentidos. Ao longo do bordado, a literatura corta improváveis fios e não interrompe o trabalho para falar sobre o perdão: […] ali, no exato momento em que pedimos, concedemos ou negamos o perdão é que começa o desafio. É preciso prestar atenção. Se em alguns poemas ela assume a inspiração da grande poeta Adélia Prado, como em Adeliei…

    e em Aniversariei, a posse da vida se transforma em ação, o verbo que germina escuta vira novamente substantivo raro, incomum em presença. Presença insuspeita que tangencia na memória do leitor a Cecilia Meireles, em que a escrita da Nice é seta de trajetória obscura, mas segue fiel em seu movimento e atenta em seu lugar.

    Apresentar a prosa de Nice Luconi é perceber que sua alma se encontra bordada nas entrelinhas: ali — muito mais do que no lado direito de raros tecidos — vive a mulher em todas as suas instâncias, a filha, a criança no triciclo, a terapeuta, a moça que se casou com o filho do fotógrafo… seus textos são o amálgama resultante de preciosidades garimpadas todos os dias. Como na música, Nice também é como uma vigia que cata a poesia que os dias esquecem pelo chão.

    Falar sobre esses Avessos, caríssimos leitores, é ceder ao injusto de algumas escolhas. Para elegermos alguns fios, invariavelmente, entornaremos pelo chão tanta poesia em perfeito estado de bordado. Daí é tarefa do leitor recolhê-los, tramar seu próprio lado e apresentá-lo. Ou não. É preciso deixar a cada um o seu próprio trabalho. O de Nice está impecável. Desfrutem.

    _ _ _CECÍLIA CASSAL

    Médica dermatologista.

    1

    Aos dois anos de idade

    o olhar sorridente

    parecia dizer ao fotógrafo:

    Vou me casar com

    o teu filho, hein?

    E não é que

    me casei mesmo?

    Ao avesso

    Pouco importa o tempo que se leve. O importante são as descobertas, e eu descobri. Dali em diante usaria as meias ao avesso, sempre que fosse necessário ou possível.

    Por quê? Porque há décadas eu brigava com as meias grossas de inverno e o enorme desconforto causado pelos nós que arrematam suas costuras. Inúmeras tentativas. Troca de meias, de marca, de tecidos e nada, nenhum resultado. O desconforto continuava.

    Mas, por fim, em algumas décadas, a solução foi encontrada! Meias ao avesso trazem todo o conforto que eu procurava. Os nós ficam do lado de fora. Minha pele fica livre deles e vida que segue com os pés aquecidos, logicamente, já que inverno aqui no Sul não é coisa para se brincar.

    Hipersensibilidade? Chatice? Não sei. Acho que tudo isso, e mais ainda, explica um pouco dos meus pés hipersensíveis.

    Mas o avesso me pegou de jeito e não permitiu que a história acabasse aqui: no desconforto dos meus pés e nos desafios invernosos.

    O avesso me pegou em devaneios.

    E se olhássemos a vida ao avesso? Se entrássemos no túnel do tempo e déssemos um mergulho no avesso com um novo olhar para a nossa história e seus cerzidos?

    Se revisitássemos as costuras, tecidos e acabamentos de cada enredo que nos compõem? Se olhássemos os tantos nós que foram se emaranhando no tempo? Seus mais variados tamanhos e efeitos que se acumularam, enrijeceram e, quem sabe, viraram até doenças?

    Se colocássemos os nós ao avesso e os enxergássemos de um outro lugar, em uma outra composição e perspectiva?

    Se nos abríssemos para um novo contato e diálogo e buscássemos descobrir novas habilidades de convívio, já que cortar os nós nem sempre é de nossa competência e direito?

    Se olhássemos a vida de trás para a frente, de lá para cá, de dentro para fora, do profundo ao visível? Que novas revelações, confortos e sensações descobriríamos?

    Se virássemos a vida ao avesso o quanto possível fosse, não em busca de culpas, desculpas ou explicações racionais, mas em busca de um novo diálogo, compreensão e parceria com

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