A História De Narciso E A Família Do Doutor Satã
()
Sobre este e-book
Leia mais títulos de Romário Rodrigues Lourenço
A Doce E Encantadora Vida De Maria Donatella Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVocê Me Matou Primeiro, Por Isso Eu Te Matei Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs Amargas Lembranças De Agnes Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFábulas De Ansiedade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasÓdio Na Alma Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionado a A História De Narciso E A Família Do Doutor Satã
Ebooks relacionados
A longa jornada de um crime Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFiorefalsus Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMangangava Nota: 5 de 5 estrelas5/5Você conhece aquela?: A piada, o riso e o racismo à brasileira Nota: 0 de 5 estrelas0 notasÍdolos de barro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO jogo – A Bíblia da sedução: penetrando na sociedade secreta dos mestres da conquista Nota: 4 de 5 estrelas4/5Minha Filha Minha Vida - Vol 1 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMinha Filha Minha Vida - Vol 2 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMuito além da bandeira: a diversidade sexual e de gênero sob um olhar humano Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOficina De Ficção Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSuplentes de Deus Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA opinião pública Nota: 1 de 5 estrelas1/5A Mocinha Com O Seio Queimado. Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs homens explicam tudo para mim Nota: 5 de 5 estrelas5/5Verdugo: toda pessoa é capaz de matar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Julgamento Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPumpalameeh Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm sonho fantástico Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSer de outro planeta? Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm relacionamento sem erros de português Nota: 0 de 5 estrelas0 notasResisti Nota: 0 de 5 estrelas0 notasThe Stone Wall: Relato de uma vida lésbica Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm enorme passado pela frente: Memórias do Brasil, de 2013 a 2018 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDiários De Montanha Russa Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Missão da Mulher Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRoberto Freire e a Clínica na Somaterapia: Tesão, Corpo, Criação e Política do Cotidiano Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO resto do sertão: história e modernidade em grande sertão veredas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasImpressões Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRemanso do horror: O casal espectral Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Triângulo Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionamentos para você
Casamento blindado 2.0 Nota: 5 de 5 estrelas5/5Massagens Sensuais Orientais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFogo no parquinho: Namoro à luz da Palavra de Deus Nota: 5 de 5 estrelas5/5Contos Eróticos Para Mulheres Nota: 5 de 5 estrelas5/5Autismo: um olhar a 360º Nota: 5 de 5 estrelas5/54 Temperamentos e a Espiritualidade Nota: 5 de 5 estrelas5/5Fui ser feliz e não volto: uma dose de amor próprio Nota: 4 de 5 estrelas4/552 coisas que você precisa entender nos homens Nota: 3 de 5 estrelas3/5S.O.S. Autismo: Guia completo para entender o transtorno do espectro autista Nota: 5 de 5 estrelas5/552 maneiras de esquentar o relacionamento Nota: 5 de 5 estrelas5/5As cinco linguagens do amor - 3ª edição: Como expressar um compromisso de amor a seu cônjuge Nota: 5 de 5 estrelas5/5O amor não dói: Não podemos nos acostumar com nada que machuca Nota: 4 de 5 estrelas4/5Comunicação & intimidade: O segredo para fortalecer seu casamento Nota: 5 de 5 estrelas5/5A experiência da mesa: O segredo para criar relacionamentos profundos Nota: 4 de 5 estrelas4/5Esposa segundo o coração de Deus Nota: 5 de 5 estrelas5/5Filhos Brilhantes, Alunos Fascinantes Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Arte de Saber Se Relacionar: Aprenda a se relacionar de modo saudável Nota: 4 de 5 estrelas4/5Pra você que teve um dia ruim: Victor Fernandes Nota: 5 de 5 estrelas5/5A arte da sedução: Edição concisa Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tudo sobre o amor: novas perspectivas Nota: 5 de 5 estrelas5/5O reizinho autista: Guia para lidar com comportamentos difíceis Nota: 5 de 5 estrelas5/5Direto ao ponto: Sexo e intimidade no casamento Nota: 4 de 5 estrelas4/5
Categorias relacionadas
Avaliações de A História De Narciso E A Família Do Doutor Satã
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
A História De Narciso E A Família Do Doutor Satã - Romário Rodrigues Lourenço
A História de Narciso e a Família do Doutor Satã
Romário Rodrigues Lourenço
Edição do Autor
Copyright © 2015 A História de Narciso e a Família do Doutor Satã
Todos os direitos reservados.
Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é uma coincidência e não intencionais por parte do autor.
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou compartilhada de qualquer forma eletrônica, mecânica, copiada
A cópia e/ou reprodução total ou parcial desta obra é infração
prevista na Lei de Direitos Autorais Nº 9.610 de 19 de fevereiro
de 1998. Plágio é crime. Respeite os direitos do autor.
Arte de Capa: Romário Rodrigues Lourenço
Impresso no Brasil.
Fodê-la-ei, com esdrúxula expressão, sem qualquer inibição.
Fodê-la-ei entre juras de repreensão.
Enfiando em sua face qualquer sorriso,
fodê-la-ei sem qualquer que seja aparente, o motivo.
Não farei, como pensas que deve ser, contudo.
Não me aguarde desnuda, trajando em sua face bonito tom rubro
Fodê-lo-ei também com afinco, e não poderá deixar de ser fodido;
ao que chega até aqui, imagino,
sua curiosidade não permitirá que tenha partido.
Fodê-lo-ei entre versos e prosas
Convidativas quanto de seu cu, as rosas
Desabrochadas numa manhã de Sol da primavera
De um ano ligeiro e próximo que mensurar, eu ainda não pudera
Mas em estimada Era, havia mucamas, galera, e grande plateia
a esgueirar-se nas pontas dos pés, ansiosas, pelo desenrolar da epopeia
Cujo herói, porém, era uma velha puta
Que um dia, antes de ser velha e de ser puta
Era ainda tão fresca quanto do cacho, uma uva,
e tão amável quanto a senhora sua mãe se faz para mim,
mas tão burra que assim no desalento, tornou-se puta
Pois
Acreditou no que seu amado dizia
De que aí vinha equidade e oportunidades em vil sociedade
A grande onda, como ‘marolinha’, ele via
E assegurava: minha amada, o que dizem, não sei o que é, mas não se trata como verdade!
Veio então Pandora, abriu então a urna e dela, o que lhe saiu, lhe fez puta
a gritar por um novo cliente, no meio da rua
Ei, não se espante! Fodê-la-ei, e de todo mal, a culpa é tua
ele dizia, enquanto a puta, de receios se desnuda
Que tanto demorou para abrir essas pernas, tanto passou fingindo não era puta, de fodelância, em grandes eras
"Fodê-la-ei,
Pois é o que quero, deveras
Fodê-la-ei, e outra coisa, não esperas
Fodê-la-ei, ‘okay’?"
Prefácio do autor
No dia 24 de setembro de 2015 a Câmara dos Deputados aprova no Brasil o Projeto de Lei 6.583 de 2013, popularmente conhecido como Estatuto da Família
que reconhece como família apenas casais formados por heterossexuais cisgêneros[1] e suas proles. Lembro-me de ainda estar extasiado com o desenvolvimento do meu último romance, Bug Chaser, recém finalizado, quando li a notícia. Senti-me incomodado. Naqueles dias, ainda como estudante no curso de Serviço Social, questionei-me. Afinal, eu havia acabado de aprender em meus estudos sobre Antropologia, que um dos vários conceitos sobre a instituição social família é a de ser formada por um grupo capaz de transformar um organismo biológico em um ser social, dando-lhe o primeiro aporte acerca dos padrões culturais, papéis, valores e objetivos sociais – algo que definitivamente não restringe a instituição família
à definição estipulada no Projeto de Lei então aprovado.
Muitas coisas passavam-se pela minha cabeça cheia de ideias e uma nova história se formou. Um novo tema estava diante de mim e, eu me dei conta de que eu precisava falar sobre família. Mas eu não precisava apenas falar sobre uma família qualquer que fosse composta pelos padrões opostos aos estipulados no estatuto ou uma família que fosse desorganizada e cheia de equívocos em sua interação, onde reinassem vicíos e palavras ácidas. Eu precisava falar sobre a família perfeita. Sobre a família que segue os padrões e normas estabelecidos pelo fluxo cultural regido pelo patriarcado, pelo machismo estrutural, pelo fundamentalismo religioso e claro, pela hipocrisia desregrada. Surgiu assim, a inspiração para o projeto que viria a se tornar a Família Satã.
Eu queria propor, através de um texto que se inteirasse de uma possível realidade, uma reflexão e interação entre as estruturas sociais em que nossa sociedade ocidental, como um todo está inserida, e o que isso significa para os grupos de menor identificação com essa realidade quando, novamente, no decorrer dos meus parágrafos corridos e ansiosos, aos poucos me deparei com novas questões. Eu precisava aumentar o contraste. Eu precisava injetar em minhas doses de humor e drama nessas reflexões. Foi um momento de desabafo onde decidi pautar além da trama arquitetada em minha mente e de seu pano de fundo tão controverso, minhas próprias dúvidas sobre as questões sociais e sobre os movimentos – cada vez mais dispersos – que não conseguiram deter a aprovação do Projeto de Lei 6.583 de 2013. E assim, cada personagem foi aos poucos tomando forma, vindo para este livro com o propósito de contar sua própria biografia e instigar a problematização de temas e ideologias inerentes à nossa organização social.
Minha intenção é fomentar a reflexão.
Em A História de Narciso e a Família do Doutor Satã não vamos ler ou debater sobre a opinião do autor a respeito da militância e dos movimentos sociais (como sempre citados ao longo da obra, o movimento feminista e o movimento LGBTQIA+ ou ainda movimento negro); toda a teoria e especulação aqui pautada advêm de questionamentos externos e análises obtidas através da observação de interação entre diferentes figuras que em algum momento se encontram e colocam sua própria ideologia à prova.
Esses questionamentos foram absorvidos e incorporados através da interação e convivência, além de uma análise antropológica acerca pessoas e grupos voltados para os movimentos de militância. Essa interação, as discussões e os debates originados dela e o desejo de inspirar questionamentos sobre a organização político-social da sociedade ocidental atual foram as problemáticas responsáveis pela criação e desenvolvimento de um possível viés ideológico registrado no decorrer dessas páginas, além dos grandes diálogos priorizados nesta obra, bem como, os principais acontecimentos que desenvolvem seu enredo.
A História de Narciso e a Família do Doutor Satã não segue uma cronologia linear. Um acontecimento que antecede outro, muitas vezes só é revelado muito depois e acontecimentos simultâneos podem ser encontrados em pontos distantes da trama. É a absorção da história como um todo que fará a diferença no momento da interpretação final.
Dividido em momentos que se complementam e formam a trama deste livro, A História de Narciso e a Família do Doutor Satã traz uma trama questionadora e até duvidosa, sendo provavelmente um dos poucos romances já escritos até o momento capaz de exemplificar e problematizar questões sobre machismo, patriarcalismo, sexismo, homofobia, transfobia, elitismo, militância e racismo em suas entrelinhas subversivas.
[1] denomina-se ‘cisgenero’ uma pessoa cujo sexo biológico está em sintonia com sua identidade de gênero;
PRIMEIRA PARTE
são apresentados os dramas pessoais
centrais que envolvem individualmente os
membros da Família Satã
PRÓLOGO
São Paulo, 2015.
Mais uma vez, a Família Ribeiro estava reunida na sala de jantar. Os talheres de prata, habitualmente colocados sobre à mesa apenas em dias de reunião familiar reluziam à luz forte do lustre de cristais no meio do teto, refletindo de forma fantasmagórica as formas abstratas na textura das paredes pintadas em tom esverdeado.
Em um gesto brusco, o Doutor Ribeiro coçou a cabeça impaciente. Sua esposa, Dona Henriqueta, engoliu em seco, ligeiramente apreensiva. Sentados à cabeceira da mesa, o casal anfitrião e os demais comensais esperavam que sua filha mais velha, Juliana, terminasse de se arrumar e adentrasse a sala de jantar. Sua demora era tão habitual quanto a reunião familiar toda sexta-feira pontualmente às nove da noite, sempre após o jantar.
"Não começaremos até que todos estejam presentes. Não é de bom tom...!", o Doutor Ribeiro sempre os lembrava, cada vez que o filho mais novo, Renato, se queixava da demora.
— Espero que você se case com uma mulher menos vaidosa que sua irmã. — ouviu-se a voz grave e imponente do patriarca ecoar na direção do filho.
— Mulheres sendo mulheres... — Renato respondeu, entre dentes; sua expressão era de visível descontentamento: seus olhos verdes estavam brilhando de fúria e, de tanto mexer a cabeça, seus cabelos castanhos quase negros, cortados em estilo militar estavam quase bagunçados. — Mas o que seria o mundo sem elas? — brincou, de repente, tentando mudar o tom; ao seu lado, seu cunhado, Fábio, de todos na mesa, o rapaz mais pálido e franzino, forçou um sorriso. — Eu lamento por você, cunhadinho.
— O mundo seria mais prático. — o Doutor Ribeiro respondeu e sorriu ao final; por um momento, todos se sentiram mais leves... Ele estava de bom humor. — Ora, Fábio...! Não faça essa cara! Pensem pelo lado bom, rapazes: elas fazem tudo isso para ficarem mais bonitas para nós. — ele acrescentou, descontraído.
Tímido, Fábio – seu genro e marido de Juliana – forçou