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Ódio Na Alma
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E-book180 páginas2 horas

Ódio Na Alma

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Sobre este e-book

O mais poderoso e intenso sentimento que pode movimentar a vida de um ser humano (antes do amor), é talvez, o ódio. O cenário cotidiano desta obra, procura nos fazer refletir sobre o quanto o ódio e suas manifestações são comuns no dia a dia e na vida: Virgínia é a protagonista desta trama e, desde sua concepção até a fase adulta de sua vida, traz as cicatrizes advindas do ódio alheio contra sua própria existência. Ódio este reproduzido até mesmo por ela própria em seu comportamento destrutivo, dentro de um ciclo vicioso de abusos emocionais auto cultivados.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de fev. de 2021
Ódio Na Alma

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    Ódio Na Alma - Romário Rodrigues Lourenço

    ÓDIO NA ALMA

    ROMÁRIO RODRIGUES LOURENÇO

    EDIÇÃO DO AUTOR

    Direitos autorais © 2021 Romário Rodrigues Lourenço

    Todos os direitos reservados

    Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou falecidas, é coincidência e não é intencional por parte do autor.

    Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou armazenada em um sistema de recuperação, ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro, sem a permissão expressa por escrito da editora.

    A cópia e/ou reprodução total ou parcial desta obra é

    infração prevista na Lei de Direitos Autorais Nº 9.610 de

    19 de fevereiro de 1998. Plágio é crime. Respeite os

    direitos do autor.

    Design da capa por: Romário Rodrigues Lourenço

    Depósito Legal: 2802/22

    Impresso no Brasil

    Depois de tantas razões

    E motivos para desistir

    Me vejo pensando com meus botões

    Por que eu ainda insisto em insistir?

    É a esperança que fala mais alto

    Ou é a fé que se mostra tão certa

    De que logo dessa vida me arremato

    E minha dor em breve se aquieta

    Prefácio

    Ódio na Alma foi uma história cujo desenvolvimento se deu através de um viés empático. Empatia pelas vidas perdidas. Empatia pelas histórias tristes que acompanham as vidas tristes até seus tristes fins...

    A história de Virgínia é contada de modo a seguir um conceito marginal é uma linha tênue que guia a personagem de uma vida triste à um final simultaneamente inesperado e previsível. Essa linha tênue por ela seguida nasce da própria autossabotagem. E a autossabotagem, no caso de Virgínia não poderia partir de outro ponto senão E a autossabotagem, no caso de Virgínia não poderia partir de outro ponto senão do ódio que carrega em sua alma, algo que me faz questionar: quanto ódio há em nossas almas, alimentando nossa própria autossabotagem?

    Prólogo

    Tapa na Buceta

    Helena viveu o primeiro quarto de século de sua vida entre altos e baixos realmente incompreensíveis: largara os estudos antes de terminar o ensino básico, começara a trabalhar numa indústria e brigava constantemente com seus pais por qualquer motivo. Foi assim até completar dezesseis anos, idade em que conheceu um rapaz de dezessete que lhe arrebatou o coração. Para ele, Helena seria sempre a mais bela das criaturas sob a face da terra. E ela aceitou os galanteios. Ansiosa para caminhar com as próprias pernas, numa tarde cinzenta, Helena começou a planejar a mudança para sua própria casa, onde moraria com seu amado Gilson. Seus pais tampouco fizeram objeção. Decidiram todos que seria melhor e mais confortável se verem apenas nas ocasiões mais especiais.

    Helena então, viu-se dona de casa, esposa de um operário de barba por fazer e sorriso largo. Vivia o casal numa apertada casa de quarto e cozinha, quase completamente mobiliada por itens de segunda mão. Mas estava tudo bem. Gilson trabalhava. Exigia pouco da esposa e recebia dela, muito carinho e atenção. No final do dia, um prato quente, preparado com capricho, e à noite, núpcias. Noites tórridas e cheias de juras de amor. E foi numa dessas noites em que a filha do casal foi concebida.

    — Só Deus sabe o quanto estou feliz! — disse Gilson, ao descobrir a gravidez da esposa, ele tinha agora vinte anos e ela dezenove. — Estive pensando... Gostaria de fazer uma homenagem à meus avós, quando essa criança nascer. — dizia o pai orgulhoso. — Chamar Luiz se for um garoto e Virgínia se for uma garota.

    Helena concordou de imediato com um sorriso a se acender na face. E embora estivessem os pais de primeira viagem profundamente felizes, ambos estavam preocupados. Criar uma filha não seria fácil, tampouco agora, que somente Gilson estava trabalhando. Mas apesar de tudo, ambos alimentavam o otimismo de que tudo se sairia bem ao final.

    A gravidez correu de forma tranquila pelos meses que se seguiram, com o pai trabalhando em turnos dobrados e a mãe cada dia mais ansiosa. Mas isso não significava que a gravidez terminaria de forma tão magicamente tranquila. O parto da menina que em breve seria batizada Virgínia, já predizia o ódio que lhe perseguiria pela vida:

    Era quatro horas da tarde. Dia vinte e dois de junho de mil novecentos e noventa e seis. Uma tarde nublada, menos de vinte graus. Gilson, incomunicável e preso no trabalho não pôde conter sua esposa. Na empresa em que trabalhava não havia qualquer comoção quanto ao fato de ele estar prestes a se tornar pai.

    "Quando sua mulher parir desejo-lhes boa sorte com a criança, mas infelizmente não poderei te liberar um dia inteiro... Temos muito trabalho a fazer. Mas fique tranquilo, ela será bem cuidada. A medicina está cada dia mais avançada! Por favor não esqueça daqueles pedidos que...", foi a fala do gerente, ao ouvir as lamúrias de Gilson, sobre a angústia de estar distante da mulher.

    Enquanto isso, Helena entrou num táxi ao primeiro sinal de contrações e foi levada à maternidade, onde um médico sem compreensão e uma enfermeira sem coração lidavam com ela que quando se viu, entrava numa sala muito apertada e de aparelhagem desleixada. Seria ali, em ambiente insalubre que Virgínia veria pela vez, a luz do dia.

    O hospital em que estava depositada a pobre Helena, estava montado num prédio construído há menos de cinco ou seis anos, mas que já ressoava como um lugar velho, devido a falta de reformas e reparos em sua estrutura física e elétrica. As luzes acesas eram fortes e lhe doíam a vista.

    Helena deixara-se levar pela dor, de uma forma que nunca em sua vida o fizera. Contrações em sua barriga estendiam espasmos como choque por todo seu corpo. Nem bem sentira o tom brusco do médico a lhe arrastar da maca da qual era carregada, para a cama cirúrgica onde fora jogada violentamente enquanto as dores pareciam partir-lhe ao meio.

    — Aposto que na hora de fazer não sentiu dor nenhuma...! — o médico riu, olhando para a enfermeira que retribuiu ao som dos gemidos da mulher com uma gargalhada.

    Ambos olhavam a grávida, como se ela fosse uma peça de carne sobre a mesa.

    Agora, iriam temperá-la:

    — E logo mais esquece a dor! — completou a enfermeira, só então lembrando-se de colocar a máscara cirúrgica e as luvas de proteção; ela não havia lavado as mãos, e tampouco se daria ao trabalho de caminhar até a sala ao lado para fazê-lo... Se a vacina antitetânica da mulher estivesse atualizada, seria melhor para todos. — Não dou um ano ou dois para ela voltar aqui, grávida de novo!

    As luzes do hospital eram fortes e apareciam na visão daquela pobre mulher através do véu de suas lágrimas de dor e agonia. Mais contrações e ela sentia como se estivesse a ponto de abrir-se ao meio em duas partes que cairiam inertes sobre o chão: uma na direita e outra na esquerda da cama.

    O médico segurou-a forçando-a contra a cama. Imediatamente, a enfermeira o ajudou e por minutos, quase sufocaram-na. Somente quando suas feições se enrubesceram é que o médico se afastou e dirigiu-se para seu ventre:

    — Por favor, Doutor... Me dá um remédio... Essa criança tem que nascer logo. — a mulher implorou entre pancadas de dor e desespero.

    Houve um momento de pausa puramente perturbador. O médico fitou seu olhar desesperado e o suor que escorria pela testa da mulher, e com uma expressão dura falou:

    — Não adianta. — disse o homem. — Com uma demora assim, é melhor nem se animar muito. — ele disse, veementemente. — É melhor já ir se preparando para o pior.

    Helena tentou gritar e rebater a fala, mas não pôde: as dores do parto se atrelaram à angústia.

    Foi sob o vislumbre de um objeto metálico brilhando contra a luz excessiva daquela sala que Helena reuniu forças e por menos de um minuto, conseguiu retomar o fôlego, antes de conseguir administrar as palavras anteriores do médico. Ela irrompeu num choro largo em que dor física e sofrimento emocional se encontraram.

    — Fica quieta, frouxa! — a enfermeira advertiu, tapando a boca da mulher com as próprias mãos; Helena engoliu o próprio choro, com receio de sufocar enquanto a enfermeira, sem medir as próprias forças, empurrava sua cabeça contra o colchonete.

    No interior daquela sala indigesta, Helena empurrava para fora de seu corpo o seu rebento.

    — Aplica anestesia. — disse o médico para a enfermeira que não hesitou. — Teremos que abrir. — disse o médico, depois de deferir um tapa contra a genitália da grávida. — Essa porra merece muito tapa na buceta...

    Helena pensou em argumentar, enfrentar a dor, endireitar-se e impedir a aplicação da injeção pela enfermeira, mas era tarde demais. Quando deu por si, a mulher já apontava a seringa para o soro que ia direto para sua veia. Helena apagou quase instantaneamente.

    Até aquele momento, no auge de seus vinte e cinco anos, Helena sofrera algumas marcantes e intensas formas de violência e abuso, mas nada tão confuso, incongruente e demasiado impactante em sua vida, como a forma em que o parto de sua filha aconteceu.

    Virgínia, nossa protagonista, apesar de concebida com amor, vê a luz da vida pela primeira vez através de um ato odioso. Isso já precede sua história e sua personalidade a ser desenvolvida neste primeiro momento da história.

    cOMENTÁRIO DO AUTOR

    PRIMEIRA PARTE

    I

    uma gracinha

    Mau humor. Desânimo. Tédio. Revolta. Assim, a maioria dos professores falava de Virgínia para sua mãe. E a menina sempre agiria, mesmo que de forma inconsciente, a justificar seus adjetivos.

    — Você não vai querer ir ao passeio, Virgínia? — a escola organizara uma excursão para um parque próximo aos limites de São Paulo; a ideia dos professores era estudar a geografia e a vegetação do lugar na prática, já a ideia dos alunos era um dia sem aula e, independentemente de quais fossem os objetivos, aquela era a data limite para entrega das autorizações feitas à próprio punho pelos pais dos alunos. — Tenho certeza que vai ser muito bom. — a professora, uma mulher magrinha, franzina e de cabelos castanhos, falava animada e sorridente para a menina mau humorada no fim da sala.

    — Não. — disse Virgínia, com certa convicção. — Eu espero que o ônibus tombe no caminho e todos vocês morram.

    O mal-estar se instalou. Os colegas de classe que sussurravam e produziam uma conversa paralela organizada se calaram. A professora murchou o sorriso e, como se nada tivesse ouvido, voltou-se para o próximo aluno que ainda pendia a entrega de uma autorização para a excursão.

    Virgínia, quieta e ainda de cara fechada observava todas as pessoas da sala com amargura e, não haveria quem dissesse que ela estava de mau humor. Ela era assim independente do momento.

    "Aquela menina é estranha. Parece uma psicopata.", uma vez, ela ouviu um dos seus colegas de classe falar e aquilo lhe causou um nó na garganta. Ela engoliu em seco e, somente na hora do recreio levantou-se, perdendo-se no meio dos outros de sua idade e foi direto para o banheiro, um lugar mal cuidado e mal cheiroso, onde, trancada numa cabine deixou as lágrimas caírem até escorrerem por sua camiseta branca, larga e suja.

    Ela engoliu em seco depois de uma sessão abafada de soluços. Viu-se diante da porta de madeira cuja tinta descascava revelando uma pintura anterior de tom esverdeado. Ela refez a expressão dura e não haveria quem ousasse dizer que ela tinha sentimentos. Quando abriu a porta, percebeu-se diante de um espelho sobre a pia. O espelho estava sujo e rachado, mas ainda assim, era suficiente para fazê-la ver a si com clareza.

    Seus cabelos eram escorridos e lisos,

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