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Aprender a Ser Treinador
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Aprender a Ser Treinador
E-book344 páginas3 horas

Aprender a Ser Treinador

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Sobre este e-book

Partilhas e ferramentas valiosas para aprender, com os melhores, a ser melhor treinador de futebol.
Um livro que junta ensinamentos de José Couceiro, Jesualdo Ferreira, Hélio Sousa, Silvino Louro, Luís Castro, Nuno Gomes e muitos mais. Aprender a Ser Treinador está organizado pelos seguintes temas:
- A persistência na vida de um treinador
- As etapas no desenvolvimento e a identificação dos potenciais jogadores de elite
- A ideia e a criação do modelo de jogo
- As visões sobre o treino e os métodos de observação e análise
- A avaliação dos desempenhos físicos
- A prevenção de lesões e a recuperação pós-jogo
- As particularidades dos treinadores de guarda-redes
- A importância do treinador nas perspetivas de jogadores e de dirigentes
Escritos na primeira pessoa, apresentam-se experiências e conselhos de treinadores, jogadores e dirigentes, destinados a quem exerce ou pretende exercer a profissão de treinador.
Do futebol de elite aos escalões inferiores e às idades de formação, a recolha do autor João Nicolau cobre o treino, os modelos e os sistemas, mas também o relacionamento a manter com jogadores, outros técnicos, dirigentes, meios de comunicação social e todos os elementos capazes de influenciar o dia a dia de uma das mais exigentes e expostas profissões.

IdiomaPortuguês
EditoraCultura
Data de lançamento8 de jan. de 2024
ISBN9789895770618
Aprender a Ser Treinador

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    Pré-visualização do livro

    Aprender a Ser Treinador - João Nicolau

    Dedicatória

    Este livro é dedicado à minha família e amigos, pois tenho consciência de que só o facto de gostarem verdadeiramente da pessoa que sou lhes permite respeitar e aceitar a obsessiva maneira que tenho de viver a minha profissão e de alimentar os meus sonhos.

    Em particular, quero agradecer à minha mãe, o pilar na minha vida; e à minha mulher, o meu ponto de equilíbrio, quem me dá a estabilidade de que necessito, justamente entre a instabilidade em que vivo.

    Ao meu irmão, também, porque quero ser sempre um exemplo e um motivo de orgulho para ele.

    E, por fim, dedico estes textos aos meus filhos, na esperança de que no futuro me vejam como quero que me vejam.

    Quando surge uma ideia, surge também uma necessidade de partilha. Deve acontecer. Sem partilha, não há evolução!

    Este livro foi escrito na tentativa de auxiliar quem tenha vontade, mas não tenha ainda um caminho. Se existir um caminho, o mesmo pode ser alterado. Contudo, se não existir, estaremos decididamente perdidos.

    Prefácio

    por Jesualdo Ferreira

    Aprender a Ser Treinador é um livro que agrega opiniões e que PARTILHA conhecimento, o que, nestes tempos de mudança constante, é de aplaudir.

    – A persistência na vida do treinador;

    – Etapas de desenvolvimento de potenciais jogadores de elite;

    – Modelo de jogo, visão de treino; modelo de observação e análise;

    – Controlo do treino, prevenção de lesões e recuperação;

    – Perspetiva do treinador de guarda­-redes;

    – Perspetiva dos jogadores;

    – Perspetiva da direção.

    Todos estes temas que o autor propõe são um desafio para treinadores, jogadores e dirigentes com formação e experiências diferentes.

    A leitura atenta das opiniões de todos os profissionais valoriza a ideia base do livro, embora existam diferenças de conceitos e experiências.

    A carreira do treinador exige paixão!

    As suas competências e atribuições, testadas em dias, semanas, meses e anos, exigem não só o domínio de recursos técnicos, mas também a persistência e a confiança.

    Não chega um livro, nem um prefácio, para falar da formação plena de um treinador. Os RESULTADOS do seu trabalho serão fatores decisivos para a qualificação de todo um trajeto.

    Parabéns, João Nicolau, pela coragem de escreveres um livro.

    Parabéns por refletires sobre o teu trabalho e por convidares outros profissionais a partilhar connosco o conhecimento e as experiências adquiridas.

    Será o teu livro, com um título sugestivo e com a riqueza do seu conteúdo, suficiente para formar um treinador de elite? Vamos continuar a refletir…

    Jesualdo Ferreira

    Percurso de Jesualdo Ferreira

    n Treinador do Zamalek SC (Egito), de 2014 a 2016 e em 2022/23

    n Treinador do Boavista FC, em 2020/21 e em 2006/07

    n Treinador do Santos FC (Brasil), em 2019/20

    n Treinador do Al­-Sadd SC (Catar), de 2015 a 2019

    n Treinador do Sporting CP, em 2013/14

    n Treinador do SC Braga, em 2012/13 e de 2002 a 2006

    n Treinador do Panathinaikos (Grécia), de 2010 a 2013

    n Treinador do Málaga CF (Espanha), em 2010/11

    n Treinador do FC Porto, de 2006 a 2010

    n Treinador do SL Benfica, de 2001 a 2003; Treinador-adjunto em 2001/02, de 1992 a 1994 e de 1987 a 1989; treinador dos sub­-19, de 1979 a 1981

    n Treinador do Alverca FC, em 2000/01

    n Selecionador sub­-21 da FPF, de 1997 a 2000 e em 1992

    n Treinador do FAR Rabat (Marrocos), em 1995/96

    n Treinador do Bordéus (França), em 1994/95

    n Treinador do CF Estrela da Amadora, de 1990 a 1992

    n Selecionador de Angola, em 1990

    n Treinador do SC Torreense, em 1989/90, 1986/87 e de 1982 a 1984

    n Treinador do Atlético CP, em 1985/86

    n Treinador do Silves FC, em 1985/86

    n Treinador da Académica, em 1984/85

    n Treinador do UD Rio Maior, em 1981/82

    Destaques na carreira

    n Campeão do Catar, em 2018/19

    n Vencedor da Supertaça do Catar, em 2017/18

    n Vencedor da Taça do Catar, em 2016/17

    n Vencedor da Taça do Emir do Catar, em 2016/17

    n Campeão do Egito, em 2014/15

    n Vencedor da Taça do Egito, em 2014/15

    n Vencedor da Taça de Portugal, em 2009/10 e 2008/09

    n Vencedor da Supertaça Cândido de Oliveira, em 2008/09 e 2009/10

    n Campeão de Portugal, em 2006/07, 2007/08 e 2008/09

    Prefácio

    por José Couceiro

    Ao receber o e­-mail do João Nicolau, a convidar­-me para escrever sobre o seu livro, fiquei de certa forma surpreendido. Pelo convite, mas, acima de tudo, pelo desafio que me era lançado. Uma primeira conversa foi esclarecedora, e decisiva, para me entusiasmar com o projeto.

    Na verdade, o João é um apaixonado pelo jogo de futebol, e percebeu, porque as sente na pele, as dificuldades de progressão nesta carreira. Com um mérito que poucos têm, não desistiu de fazer, de promover esta possibilidade de nos dar acesso a perspetivas tão diferenciadas. Conseguiu chegar a um variadíssimo leque de agentes do futebol, recolheu as suas perspetivas e, desta forma, permite­-nos perceber melhor o fenómeno. Ninguém perde antes de jogar, e só é derrotado quem desiste de lutar. O João venceu. Dá­-nos a possibilidade de discutir temas que são a maior parte das vezes esquecidos. Exemplo disso é a riqueza de opiniões em relação ao processo de formação de jogadores.

    A partilha é decisiva para o nosso crescimento, como, por maioria de razão, para a evolução do próprio jogo. Sempre acreditei no processo educacional em contraponto ao impositivo. Os regulamentos são importantes, mas não são tudo. Encontrei neste projeto a diversidade tão necessária a uma discussão sem tabus, nem limitações, que tantas vezes são impostas. Diferentes perspetivas sobre uma variedade de temas que abrangem e interessam a todos os agentes do desporto, em particular do futebol.

    Estamos no campo das ciências humanas. Por muito que queiram parametrizar o jogo, não deixam de ser jogadoras e jogadores os elementos centrais do mesmo. As diferentes abordagens, por vezes diferentes das minhas próprias práticas, têm o mérito de nos obrigar a refletir e a questionarmo­-nos sobre a sua validade.

    A discussão está lançada, sendo este um dos maiores méritos deste livro.

    Fica, pois, uma recomendação para o lerem, de forma continua ou salteada, pois terão a possibilidade de conhecer sempre algo novo. Uma palavra de reconhecimento ao João Nicolau: obrigado pelo empenho e possibilidade de fazer parte da equipa.

    José Peyroteo Couceiro

    Percurso de José Couceiro

    n Vice­-presidente da FPF, desde 2020, e diretor técnico, desde 2018

    n Treinador do Vitória FC, de 2016 a 2018, em 2013/14 e em 2004/05

    n Treinador do GD Estoril Praia, em 2014/15

    n Treinador do FC Lokomotiv Moscovo (Rússia), em 2011/12

    n Diretor­-geral da SAD do Sporting, em 2010/11

    n Treinador do Gaziantepspor (Turquia), de 2008 a 2010

    n Selecionador da Lituânia, de 2008 a 2010

    n Selecionador dos escalões de sub­-21 e sub­-20 da FPF, em 2006/07

    n Treinador do CF «Os Belenenses», em 2005/06

    n Treinador do FC Porto, em 2004/05

    n Treinador do FC Alverca, de 2002 a 2004

    n Administrador da SAD do FC Alverca, de 1999 a 2002

    n Diretor desportivo do Sporting CP, em 1997/98

    n Presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, de 1993 a 1997

    Destaques na carreira

    n Finalista da Taça da Liga, em 2017/18

    n Vencedor da Taça de Portugal, em 2004/05

    n Subida à Liga em 2002/03

    Agradecimentos

    Quero deixar, como autor deste livro, logo de início, uma palavra de grande apreço e agradecimento a todos os jogadores com quem partilhei balneários, bem como aos treinadores que tive ao longo do meu curto percurso enquanto jogador amador. Todos, de diferentes maneiras, são por mim considerados como parte fundamental do processo que me levou a enveredar por esta vertente profissional, a de treinador de futebol.

    Agradeço igualmente a todos os professores e formadores que tive, principalmente na licenciatura em Educação Física e Desporto, no ramo de Treino Desportivo com Especialização em Futebol, e no mestrado em Futebol, da Formação à Alta Competição, na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, de Lisboa. Estas foram as minhas formações de maior dimensão e certamente as que me garantiram mais conhecimento e me tornaram melhor profissional.

    Sublinho ainda o papel decisivo daquelas que considero as minhas três referências profissionais, os meus coordenadores e, em determinados momentos, tutores: Hugo Pinheiro, Alexandre Santana e Carlos Chaby. Sem dúvida alguma, foram muito importantes na forma como me orientaram, aconselharam e me direcionaram em distintos momentos da minha vida profissional.

    Estou grato a todos os treinadores com quem tive a oportunidade e o gosto de partilhar ideias, principalmente ao Miguel Pereira e ao Alexandre Ferreira que, enquanto meus treinadores-adjuntos, sempre potenciaram as minhas qualidades e atenuaram as minhas debilidades. O sentimento de gratidão é semelhante por todos os jogadores com quem tive o prazer de trabalhar, que tanto me ensinaram e, espero, assim continuem a ensinar­-me.

    Agradeço à FutStage por me ter possibilitado contactar com realidades às quais de outra forma dificilmente poderia ter acedido, e também ao professor Pedro Almeida, pela forma como me faz refletir sobre novos caminhos para pensar a minha profissão, os quais me levaram à criação de novas ferramentas e inclusive à alteração do meu modo de agir, a fim de alcançar os meus objetivos pessoais e profissionais.

    A Vítor Ramos, Carlos Ribeiro, André Sousa e Francisco Carvalho deixo o meu obrigado, pois, de forma indireta, com o simples e puro intuito de me auxiliar, levaram­-me a que conseguisse a colaboração de alguns dos intervenientes no livro.

    A José Barros e Inês Santos agradeço o apoio, pelas sugestões criativas e evolutivas constantes ao longo deste processo.

    Obrigado ao meu primo Filipe Almeida e ao seu amigo César Silva pelas ajudas decisivas na criação do título e subtítulo deste livro.

    Um agradecimento muito especial, ainda, a todos os treinadores que, entre 26 de outubro de 2021 e 12 de junho de 2022, tiveram a disponibilidade, e a enorme capacidade, para partilharem experiências e ideias comigo. Este é um livro que, mais do que um projeto de âmbito pessoal, é um sonho concretizado, por razões profissionais, mas também por questões relacionadas com a minha vida pessoal e familiar.

    A participação, neste livro, de treinadores que para mim são referências profissionais, nos quais eu me projeto de forma constante, deu­-lhe certamente uma qualidade de excelência em termos de conteúdo. Agradeço­-lhes a qualidade da partilha das suas visões.

    A Jesualdo Ferreira, José Couceiro, Fernando Valente, Rui Almeida, Joaquim Milheiro, Paulo Leitão, Edgar Cardoso, Luís Castro, Miguel Cardoso, Hélio Sousa, José Laranjeira, Daniel Barreira, Jorge Maciel, Vítor Severino, João Peixeiro, Tiago Maia, José Herculano, Márcio Sampaio, Ricardo Cavaco, Silvino Louro, Rui Tavares, Hugo Oliveira, Ukra, Nuno Gomes, Alexandre Faria, António Campos, o meu muito obrigado é pouco para a forma genuína como me trataram e para a simplicidade como aceitaram e responderam positivamente ao meu pedido de colaboração. Foi algo, para mim, muito marcante.

    Por fim, um agradecimento especial a Alexandre Pereira, João Gonçalves e Miguel Cardoso Pereira, o primeiro em representação da Federação Portuguesa de Futebol e da Portugal Football School, e os segundos em representação da Cultura Editora, pela parceria na edição e publicação desta obra. Foi um sonho tornado realidade. Fico eternamente agradecido.

    Introdução

    Este livro foi escrito para partilhar!

    O meu livro é o nosso livro, um livro dos treinadores e para os treinadores.Quando existe conhecimento, este deve ser partilhado. Ficar com o conhecimento para nós, de pouco ou nada nos serve.

    A partilha permite que a evolução aconteça, e que aconteça de forma constante, pois é nos momentos de partilha, debate e discussão que surgem as dúvidas, e logo também as melhores ideias, as soluções, os caminhos.

    Considerei, logo desde o início, redutor escrever um livro apenas com as minhas ideias sobre diferentes temáticas do interesse dos treinadores e, como tal, juntei treinadores que são para mim referências, de modo que também eles pudessem, nesta obra, partilhar as suas perspetivas pessoais sobre os diferentes assuntos abordados no livro. O resultado é, seguramente, mais rico.

    Todas as visões são válidas, desde que fundamentadas e sustentadas numa lógica pensada e refletida. E, neste livro, isso acontece.

    Certamente que, num campo de análise tão vasto, há perspetivas com as quais nos identificamos mais e outras menos. Isso é lógico e útil. É muito importante, para qualquer treinador, saber muito bem aquilo com que se identifica e que caminhos pretende percorrer.

    Além disso, devemos evitar a tentação de julgar caminhos com os quais discordamos, sobretudo porque, em tanta coisa no futebol, diferentes processos podem gerar os mesmos resultados.

    Irei abordar diferentes temáticas neste livro. Todas são do interesse dos treinadores, desde questões de ordem metodológica a outras mais relacionadas com a gestão da carreira do próprio treinador, procurando compreender sempre a perspetiva daqueles que mais importam, dos jogadores às direções.

    I. A persistência na vida

    de um treinador

    Ser bem­-sucedido no ramo do futebol, como em tantas outras áreas onde a competitividade é muita, é complicado.

    Mesmo quando há competência, esta pode, com relativa facilidade, ser colocada em causa, dependendo sempre da perspetiva de terceiros e da impressão que o treinador consegue causar nos outros. E, num desporto que exige alto rendimento, os resultados desportivos ditam o resto.

    O treinador, em todo o caso, deve dedicar­-se muito ao que pode efetivamente controlar. Deve ter conhecimento, deve ser empenhado, profissional, metódico, rigoroso, mas não só; o treinador tem de ser persistente.

    A maioria dos treinadores procura a chegada a um patamar de alto rendimento, a fim de atingir um nível profissionalizado. Compreende­-se, pois esse é, afinal, o patamar que garante visibilidade, estabilidade financeira e tudo o que dai advém.

    Há treinadores que conseguem atingir esse patamar aos vinte anos, mas alguns só lá chegam aos sessenta. Outros, mesmo com todas as valências e vontades, nunca chegam sequer a atingir esse nível desportivo. Tantas vezes, a razão subjacente a essa incapacidade não está relacionada com incompetência, ou com falta de dedicação para trabalhar em superiores níveis de exigência, mas sim com inúmeros fatores e variáveis incontroláveis pelo próprio.

    Uma boa rede de contatos é essencial, por ser a base de transporte que leva a informação sobre um treinador a todos os intervenientes da sua área profissional.

    O surgimento de oportunidades está associado, inequivocamente, à rede de contactos. De uma forma logicamente compreensível, quanto mais pessoas conhecermos num determinado contexto profissional, maior é a probabilidade de surgir uma oportunidade dentro desse mesmo contexto.

    Hoje em dia, a exposição nas redes sociais, o networking, é também essencial e de importância transversal a todas as profissões. Em mercados especialmente competitivos, como o do futebol, a boa utilização dos recursos à mão dos profissionais da área pode marcar a diferença, mas a linha que define essa diferença pela positiva ou pela negativa é sempre muito ténue, pelo que o treinador deve ter ponderação na forma como se expõe, para que o resultado dessa exposição não seja o oposto do pretendido.

    Por fim, e independentemente de quando surja a oportunidade, ou se surge de todo, o treinador deve perceber se está apaixonado, entusiasmado, motivado pelo treino, pelo jogo e pelos jogadores. Se isso estiver a acontecer, é sinal de que a sua oportunidade, na verdade, talvez já tenha chegado.

    FERNANDO VALENTE

    Percurso

    n Treinador dos sub-23 do GD Estoril Praia, em 2022/23

    n Treinador FC Shakhtar Donetsk B (Ucrânia), de 2019 a 2021

    n Treinador do Varzim SC, em 2018/19

    n Treinador dos sub­-19 do Shandong Luneng (China), em 2017/18

    n Treinador do CD Santa Clara, em 2015/16

    n Treinador do CD Aves, de 2013 a 2015

    n Treinador do SC Espinho, em 2012/13

    n Treinador do USC Paredes, de 2008 a 2012, em 2000/01 e 1997/98, e coordenador­-geral da formação, de 2005 a 2010

    n Treinador da AD Lousada, de 2003 a 2005

    n Treinador do SC Freamunde, em 1992/93

    Destaques na carreira

    n Campeão sub­-19 e sub­-17 da Ucrânia, em 2021

    n Campeão sub­-21 da Ucrânia, em 2020

    n «Play­-off» de acesso à Liga portuguesa, em 2013/14

    n Subida à 2.ª Divisão B portuguesa, em 2010/11

    n Campeão da 3.ª Liga portuguesa, em 2008/09

    Algo fundamental na carreira de um treinador é a paixão. Sabemos que, quando iniciamos esta carreira, tem de haver paixão pela modalidade, e temos de perceber que essa paixão deve manter­-se. Temos de manter a vontade de influenciar positivamente quem nos rodeia, de saber lidar com tudo o que o futebol envolve.

    Além da paixão, é essencial o conhecimento da modalidade, estar por dentro de tudo o que envolve o jogo e o treino.

    Nesta profissão, levantam­-se sempre dúvidas. O treinador deve saber questionar o próprio trabalho e manter a vontade de querer estar sempre atualizado, bem como a intenção de perceber os melhores caminhos para melhorar a sua atividade. Isso deve ser constante.

    No meu caso, não sendo licenciado, havia tarefas na parte do treino que me deixavam inseguro, principalmente na vertente física. Mas, no meu primeiro curso de treinador, o professor Monge da Silva, preparador físico da Seleção Nacional, fez­-me perceber que a lógica da preparação física era relativa, pois havia equipas bem preparadas físicamente que perdiam jogos, bem como equipas mal preparadas físicamente que os ganhavam. Ou seja, o principal era colocar as equipas a jogar.

    Também percebi, nesse contexto, que a própria prática desportiva prepara o corpo para as exigências do jogo. Costumo dar o exemplo: se juntar dez amigos e realizar três vezes por semana um jogo de futsal, na primeira semana, dói tudo; na segunda semana, já dói um pouco menos; na terceira semana, já não dói nada.

    É preciso ter uma ideia muito clara sobre o caminho que queremos percorrer e como podemos lá chegar. Esses são fatores determinantes para perceber os passos que temos de dar, a fim de melhorar as pessoas que estão à nossa volta.

    Outro aspeto que creio importante, além da paixão e do conhecimento do jogo e do treino, passa por desenvolver a capacidade necessária para perceber as pessoas. Foi a essa vertente que dediquei sempre mais tempo, usando ferramentas de Coaching e PNL – programação neurolinguística – a fim de perceber o contexto que tenho de criar, que maneira tenho de comunicar e como devo influenciar as pessoas à minha frente. São as pessoas que jogam futebol, com personalidades variadas e objetivos diferentes, pelo que é importante transformar os objetivos pessoais em coletivos e compreender que, não sendo evidentemente as pessoas todas iguais, devemos lidar com essas diferenças ao longo do processo.

    O professor Júlio Garganta costuma dizer que treinar é uma arte, por isso subjetiva, dependente de um desenvolvimento no dia a dia. É necessário entender que o caminho não vai ser fácil e que temos de ser pacientes e resilientes, procurando necessariamente manter um equilíbrio nas derrotas e nas vitórias. Só esse equilíbrio emocional irá dar a alguém, enquanto treinador, a possibilidade de construir carreira.

    Também julgo importante fazer notar que cada vez há mais treinadores e que o mercado está muito competitivo. Temos de saber como marcar a diferença, porque os resultados ditam a longevidade da carreira, sim, mas a maneira como esses

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