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Armadilhas do Destino
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Armadilhas do Destino
E-book298 páginas5 horas

Armadilhas do Destino

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Sobre este e-book

Quando o destino resolve brincar com as pessoas, tudo pode acontecer... Ao longo de trinta capítulos a vida dos personagens vai se entrelaçando - presente, passado e futuro - em ligações, por vezes, surpreendentes... inesperadas. Verdadeiras armadilhas do destino.
Um romance, com direito a momentos de tensão e conflito que colocam em xeque os sentimentos dos personagens. Mentiras e insegurança podem colocar tudo a perder. Por outro lado, a coragem de enfrentar a realidade com todos os seus possíveis dissabores, abre as portas da felicidade. Num mundo em que o dinheiro rege tudo, ainda existem pessoas que sonham com um amor verdadeiro.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de abr. de 2013
ISBN9781301003082
Armadilhas do Destino
Autor

Cristina Pereyra

Naci y vivo en Brasil. No en el Brasil de los folletos de turismo sino que en el sur del Brasil, con sus mañanas de niebla, bosques de pinos e inviernos en que hace mucho frío.Soy una amante de la lectura, no puedo ver una letra sin leer. La novela romántica me fue presentada por mi madre, una enamorada del género, cuando yo tenía diez años. He leído toda clase de literatura —cogía los libros de la biblioteca en la secuencia de las estanterías, aunque no llegué a la Z... he parado en el T —, pero la novela romántica es mi preferido. Tengo un cariño especial por Barbara Cartland que en sus libros apuntaba que el amor cambia la gente y el mundo para mejor. Creo en eso y que nuestros problemas empiezan en la falta de amor, de todas las clases de amor.Desde hace 23 años soy maestra en Jardín de Infancia, el mismo tiempo que llevo escribiendo novela romántica. La diferencia es que he dejado de escribir por muchos años, pero nunca he dejado de dar clases.Tengo una rutina para escribir, necesito planear todo, si no lo hago nunca llego al fin de nada. Hay cientos de cosas sin terminar en mi vida. Todos los días después de cenar me pongo delante de la ordenadora por una hora y media como mínimo para escribir. Para cada libro, hago una selección de músicas que me hacen pensar y sentir la historia y los protagonistas. Escribo escuchando esas músicas, generalmente instrumentales.

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    Armadilhas do Destino - Cristina Pereyra

    Capítulo 1

    Depois de uma longa e enfadonha reunião, restavam na sala três pessoas. Três mulheres. Na cadeira da presidência, uma bela jovem de longo cabelos negros e olhos rasgados, à sua direita uma ruiva de vivazes olhos verdes e à sua esquerda, uma loira de olhar agressivo. A luz do pôr-do-sol inundava a sala com suas cores vivas, o que dava ao ambiente um toque de magia. A reunião as havia aborrecido, mas uma relaxada conversa pessoal as reanimara.

    Marina: Tem certeza de que não quer ir conosco, Saori?

    Saori: Tenho, não irei me divertir e acabarei estragando a diversão de vocês.

    Marina: Ah! Saori, até a Nirmala nós conseguimos convencer a ir, só falta você...

    Tayla: Desista, Marina, hoje é dia de ela voltar para casa de trem.

    Marina: Aaaaaah!

    Tayla: Ela não pode marcar nenhum compromisso, vá que encontre o príncipe encantado...

    Saori: Saiam daqui as duas, antes que acabem sendo demitidas.

    Tayla e Marina deixaram a sala da presidência levando seus relatórios e rindo da amiga. Saori também ria, não ficara braba com as brincadeiras das amigas, até porque já estava acostumada. Elas nunca entenderiam a sua necessidade de afastar a imagem da herdeira de uma grande fortuna de vez em quando e se fazer passar por uma garota comum. Somente quem vivesse isso na pele compreenderia.

    Um rosto sorridente assomou à porta.

    Nirmala: Elas te incomodaram muito?

    Saori: O de sempre.

    Nirmala entrou, trazendo três pastas na mão.

    Nirmala: São os relatórios de Milly. Vou deixá-los aqui para você ler amanhã. Ela já adiantou que está tudo em ordem.

    Saori: Vou levá-los para casa.

    Nirmala: Saori! Seu trabalho é aqui, não em casa.

    Saori: Não tenho nada para fazer em casa. Podemos ir?

    Nirmala: Podemos, já deixei tudo em ordem.

    Saori: Então vamos.

    Uma vez por semana Saori voltava para casa de trem, como tantos outros funcionários de sua empresa faziam. Isso deixava seu secretário particular, Adam, desesperado, ele sempre achava que alguém aproveitaria a oportunidade para levar a cabo um atentado. Saori ria dessa ideia, quem e porque desejaria matá-la? Era um medo sem sentido.

    Saori e Nirmala caminhavam juntas até a estação do trem, conversando de forma casual, como se fossem colegas e não chefe e subordinada.

    Saori: As meninas disseram que você vai com elas hoje. É sério?

    Nirmala: É, aceitei o convite. Elas sempre insistem para que a gente vá e, afinal, essa rotina de só trabalhar às vezes cansa. Dessa vez, até meu tio insistiu para eu sair quando ouviu a Marina me convidando. Por que não vem também, Saori?

    Saori: Talvez um outro dia. Sou obrigada a comparecer a tantas festas e eventos, que meu maior desejo é ficar quietinha em casa.

    Entraram na estação apinhada de gente. Nirmala viu seu trem chegando na plataforma e como hoje tinha pressa de chegar em casa, decidiu pegá-lo.

    Nirmala: Tchau, Saori, vou com esse!

    Saori: Tchau!

    Nirmala saiu correndo para a plataforma, chegando na porta no último instante, assim que ela entrou, as portas foram fechadas e o trem partiu. Saori se dirigiu à outra plataforma, pois morava na direção contrária à de Nirmala. Para passar o tempo enquanto esperava, Saori começou a ler um dos relatórios. Distraiu-se de tal forma, que só percebeu a chegada do trem quando sentiu o fluxo de pessoas se movimentando ao seu lado.

    Apressadamente, Saori fechou a pasta, ajeitando-a junto às outras no braço esquerdo, e entrou no trem lotado. Como não havia nenhum assento vazio, o jeito era viajar em pé. Levou a mão direita ao alto, na intenção de se segurar, mas antes de encostar no frio metal da barra, sentiu que tocara na mão de alguém. Ergueu os olhos para pedir desculpas, seu olhar mergulhou nos olhos cor de chocolate do homem à sua frente. Sua voz falhou, saindo apenas um murmúrio.

    Saori: D-desculpe…

    Ele acenou com a cabeça e esboçou um leve sorriso, ela baixou os olhos rapidamente, segurando-se ao lado da mão dele, pois o trem já começara a se movimentar. Na estação seguinte muitas pessoas desembarcaram e Saori conseguiu um lugar para sentar. Como um imã, seu olhar foi atraído para o homem que estivera à sua frente e que agora permanecia em pé a alguns passos de distância. Era jovem, bonito e bem arrumado, seus cabelos castanhos tinham quase a mesma tonalidade de seus olhos e estavam um pouco desarrumados, o que lhe dava um ar de rebeldia e jovialidade. Ela tentou desviar a atenção para outras pessoas do vagão, mas isso parecia impossível, quanto mais queria evitar, mais seus olhos buscavam a imagem dele. Assim foi por três estações, quando ele desembarcou e, sem ela perceber, lançou um último olhar para Saori.

    Nirmala: Saori teria gostado desse lugar.

    Tayla: Sim, mas a bobinha só quer saber de ficar trancada em casa.

    June: Desde que a conhecemos ela é assim.

    Silas: Algum dia vocês vão se convencer de que devemos aceitar as pessoas como elas são e não ficar querendo modificá-las?

    Marina: Se Saori fosse feliz, aceitaríamos.

    O som intenso da melodia e a voz profunda de Angelos invadiram o ambiente.

    I see trees of green, red roses too

    (Eu vejo as árvores verdes, rosas vermelhas também)

    I see them bloom for me and you

    (Eu as vejo florescer para nós dois)

    And I think to myself, what a wonderful world

    (E eu penso comigo... que mundo maravilhoso)

    Tudo o que Marina desejava para Saori, era que a amiga encontrasse alguém que a fizesse sentir-se completa como ela sentia-se com Angelos. Sabia o quanto que Saori, no fundo, era uma pessoa solitária e insegura, o quanto temia que as pessoas apenas se aproximassem dela por interesse em seu dinheiro e posição social... Claro que existem pessoas assim, mas também há quem se aproxime de você porque quer compartilhar uma vida...

    I see skies of blue and clouds of white

    (Eu vejo os céus azuis e as nuvens brancas)

    The bright blessed day, the dark sacred night

    (O brilho do dia abençoado, a sagrada noite escura)

    And I think to myself, what a wonderful world

    (E eu penso comigo... que mundo maravilhoso)

    O espírito de Nirmala estava em conflito, ao mesmo tempo em que absorvia as palavras de Angelos, falando sobre as coisas belas que encontramos ao nosso redor, o som triste da melodia adentrava em sua alma... Não, não era a melodia que era triste, mas a forma como o rapaz tirava as notas do sax... era como se fosse uma pessoa infinitamente triste falando sobre como os outros podem ver o que é belo... Comoveu-se com a tristeza dele.

    The colors of the rainbow, so pretty in the sky

    (As cores do arco-íris, tão bonitas nos céus)

    Are also on the faces of people going by

    (E estão também nos rostos das pessoas que passam)

    I see friends shaking hands, saying, how do you do?

    (Vejo amigos apertando as mãos, dizendo: como você vai?)

    They're really saying, I love you

    (Eles realmente dizem: eu te amo !)

    Tayla sorriu, eram realmente um grupo de pessoas privilegiadas, que haviam encontrado a amizade verdadeira. Eram bastante jovens quando se conheceram, no início da faculdade, Saori e June duas riquinhas mimadas, apesar de que June já era casada e mãe – depois descobriram que as coisas aconteceram na ordem inversa – mas por causa do dinheiro de sua família as coisas não foram tão difíceis assim. Ela própria e Marina não eram ricas, mas até ali não haviam precisado trabalhar, somente Nirmala conhecia as dificuldades da vida nessa época, por isso, sempre fora a pessoa mais equilibrada do grupo. Eram tão diferentes entre si, mas tão unidas nessas diferenças, que havia momentos em que se sentiam como se fossem uma só pessoa.

    I hear babies cry, I watch them grow

    (Eu ouço bebês chorando, eu os vejo crescer)

    They'll learn much more, than I'll never know

    (Eles aprenderão muito mais que eu jamais saberei)

    And I think to myself, what a wonderful world

    (E eu penso comigo... que mundo maravilhoso)

    Yes, I think to myself, what a wonderful world

    (Sim, eu penso comigo... que mundo maravilhoso)

    June e Silas escutavam as últimas frases com as mãos entrelaçadas e os olhos rasos d’água... Era tão diferente falar sobre crianças crescendo do que ver seus próprios filhos crescerem... temer por seu desenvolvimento, sua felicidade, sua segurança... Havia momentos em que não se sentiam preparados para serem pais, mesmo depois de dez anos... Três crianças, três pessoas diferentes, três amores diferentes, porém iguais no tamanho. Tinham lutado para seguirem juntos nessa vida, enfrentado as pessoas que mais haviam amado até o dia que aquela pessoinha – fruto do amor deles – havia se colocado no ventre de June para uni-los ainda mais. Fora difícil, mas eles descobriram juntos o quanto este mundo é maravilhoso.

    Saori levou os relatórios para o quarto e, após um longo banho, deitou-se em sua cama e começou a ler o primeiro deles, mas sua concentração estava quase nula. A imagem daqueles olhos castanhos a perseguia, alterando sua respiração e fazendo seu corpo estremecer.

    Saori (pensando): Estou sendo ridícula! Há dez anos atrás isso seria aceitável, mas não agora… já deixei de se uma garota há muito tempo!

    Respirou fundo, tentando por os pensamentos em ordem. Depois de muitas tentativas, percebendo que era inútil querer se concentrar no trabalho, largou os relatórios na mesa de cabeceira e foi até a janela espiar a noite cálida.

    Saori: Teria sido um bom dia para sair com elas, talvez lá me distraísse e tirasse este desconhecido do meu pensamento.

    Ficou um bom tempo observando o jardim, depois voltou a deitar-se, na expectativa de dormir.

    No estacionamento, os amigos se despediam.

    Marina: Não faz sentido vocês irem em sentido completamente oposto apenas para levarem Nirmala. Angelos vai me levar em casa, ela pode ir junto.

    Nirmala: Eu mal o conheço…

    Marina: Então! É uma ótima oportunidade para se conhecerem melhor.

    Riram da colocação de Marina, pois a timidez de Nirmala era alvo de seguidos gracejos por parte de seus amigos. Porém, o que a ruiva dissera sobre ser mais prático Nirmala ir com ela era verdade, eram vizinhas. Tayla, June e Silas moravam no lado oposto da cidade.

    Tayla: Decidido, Nirmala vai com eles. Vamos para casa, pombinhos.

    Silas e June eram chamados assim pelas amigas dela desde os tempos de faculdade, quando já estavam casados. June tinha engravidado muito jovem, com 15 anos, seus pais não quiseram que eles casassem nessa época, mas dois anos depois, quando ele tinha 16 e ela 17, conseguiram convencer suas famílias de que era isso que de fato desejavam para suas vidas. O filho mais velho deles já completara dez anos e eles ainda eram um casal romântico e apaixonado. De certa forma, as amigas de June a invejavam.

    Despediram-se e Tayla levou os amigos para casa. Marina e Nirmala tiveram que esperar um pouco até que Angelos veio com o saxofonista que o acompanhava.

    Angelos: Oi, garotas!

    Tomou Marina pela cintura e a beijou. Feitas as apresentações entre Nirmala e Austyn, que ainda não se conheciam, os quatro entraram no carro, seguindo para o bairro onde elas moravam. Marina e Angelos conversavam animadamente, já, no banco traseiro, Austyn e Nirmala passaram o tempo todo em silêncio, olhando pela janela. Angelos estacionou em frente ao prédio em que Marina morava, ambos desceram do carro. Nirmala fez o mesmo, despediu-se deles e atravessou a rua, recolhendo-se à sua casa. Angelos abraçou Marina.

    Angelos: Eu não vou ficar, meu amigo está com problemas.

    Marina: Percebi que ele está muito abatido, deve estar precisando de um amigo.

    Angelos: Você tem tempo para mim amanhã no almoço?

    Marina: Claro que sim, qualquer coisa em contrário, te ligo.

    Angelos: Então, ficamos assim, até amanhã.

    Marina: Até.

    Trocaram um longo beijo e, depois de observá-la entrar no prédio, Angelos seguiu rumo ao próprio apartamento. Entraram e Austyn desabou no sofá.

    Angelos: Você estava tão animado com as pistas, não entendi porque se desiludiu. O que aconteceu?

    Austyn: Esse homem tinha uma história que se encaixava com perfeição na de meu tio, mas ele vive com uma sobrinha.

    Angelos: Qual o problema disso?

    Austyn: O único parente de meu tio sou eu. Ele não se casou, sua única irmã, minha mãe, morreu no parto, eu fui seu único filho. Ele não pode ter uma sobrinha.

    Angelos: Ele pode ter se casado depois... e daí ter uma sobrinha.

    Austyn: Boa tentativa de me animar, mas esse homem nunca se casou. Não é o meu tio.

    Angelos: Sinto muito.

    Conversaram ainda por um longo tempo, depois Angelos levou Austyn para casa.

    Capítulo 2

    Quando as portas do elevador se abriram, Saori avistou Nirmala conversando com Mai, a secretária da presidência. Caminhou na direção delas, sendo seguida de perto pelo fiel Adam.

    Saori: Bom dia, meninas.

    Nirmala: Bom dia.

    Mai: Bom dia, senhorita Campbell.

    Saori seguiu para sua sala, Nirmala a seguiu, preocupada. Entraram na sala, Nirmala fechou a porta, dispensando Adam com um gesto.

    Nirmala: Encontrou algum problema?

    Ela indicou as pastas que Saori trazia na mão, os relatórios de Milly que levara para casa.

    Saori: Apenas comecei a ler. Se for possível, farei a leitura agora pela manhã.

    Nirmala compreendeu o olhar inquisitivo que ela lhe lançava.

    Nirmala: Não temos nada marcado, e posso cuidar do que aparecer.

    Saori: Ótimo. Divertiu-se ontem?

    Nirmala sorriu de uma forma diferente da habitual.

    Nirmala: Sim. Não imaginava que o namorado da Marina tivesse uma voz tão linda, nem que escolhesse músicas tão maravilhosas. Deveria vir conosco da próxima vez.

    Saori: Você gostou mesmo! Já está se incluindo no grupo das baladeiras e falando em próxima vez.

    Nirmala: Se você o tivesse ouvido, estaria com vontade de repetir a dose.

    Saori: Ele se apresenta sozinho? Sei que ele toca piano.

    Nirmala: Ele toca piano e um amigo, sax. Nada como uma boa música ao vivo.

    Saori percebeu um leve brilho no olhar da amiga, a noitada havia sido positiva para ela.

    Saori: Isso é verdade. Deveria ter vindo mais tarde, eu lhe autorizei a fazer isso.

    Nirmala: Estou habituada a vir cedo, e, também, não tenho a mínima vontade de enfrentar o trem superlotado de mais tarde. Você é que deveria ter vindo mais tarde, está com um ar cansado.

    Saori: Apenas uma noite mal dormida.

    Nirmala: E o motivo?

    Saori: Falta de sono.

    Nirmala percebeu que não era apenas isso, mas conhecia o suficiente da amiga para saber que não deveria insistir. Quando Saori achasse conveniente, lhe contaria.

    Nirmala: Vou lhe deixar sozinha para que leia os relatórios.

    Com um leve aceno se despediram e Nirmala se retirou para sua própria sala, também tinha relatórios para ler. Todos os relatórios que Saori lia passavam por sua mão – antes ou depois – e pelo crivo de sua leitura, era também sua função revisar os relatórios da própria Saori. Hoje sua prioridade eram os relatórios de June, pois sabia que Saori precisaria destes dados após a leitura dos de Milly. Sentou-se em uma das confortáveis poltronas de sua sala, com uma xícara de chá ao lado, iniciou a leitura.

    Saori sentou-se à mesa e iniciou a leitura dos relatórios de Milly, a vice-presidente de ação social. Era o departamento da empresa que ela mais gostava e ao qual dedicava uma atenção especial, mas hoje estava difícil concentrar-se, a imagem do rapaz teimava em voltar-lhe à mente.

    Kelsey: Bom dia, Nikki!

    Nikki: Bom dia! Que animação toda é essa? Pelo visto sua noite foi melhor que a minha.

    Kelsey: Não sei como foi a sua, eu fiquei em casa, tentando botar ordem neste balancetes.

    Dito isto, Kelsey jogou alguns papéis sobre a mesa de seu sócio. Nikki pegou os papéis e, enquanto começava a ler, continuou a conversa.

    Nikki: Eu fiquei em casa cuidando dos meus sobrinhos.

    Kelsey riu.

    Kelsey: Você continua trabalhando de babá nas horas de folga? Seu irmão é bem folgadinho... se queria viver como solteiro, não tivesse casado.

    Nikki fechou a cara, seu irmão caçula era seu xodó, não admitia que ninguém falasse nada sobre ele.

    Nikki: Você conhece a história, sabe que eles eram crianças quando tiveram o primeiro filho, sempre abriram mão de tudo pelos filhos. Têm direito a um pouco de distração de vez em quando. Não me custa nada, eu não tenho dinheiro para sair, mesmo.

    Kelsey riu outra vez.

    Kelsey: Estamos mais duros que pãozinho amanhecido...

    Nikki: Ou nós conseguimos manter essa empresa ou...

    Kelsey: ...conseguimos manter! Não temos opção, Nikki.

    Nikki: Se continuarmos com esses contratos pequenos, não sei se vai dar para nos manter. O investimento é muito alto.

    Kelsey: Temos que acreditar. Muitos contratos pequenos podem nos sustentar.

    Nikki: Mas o ideal seria um grande contrato.

    Kelsey tinha sentado em sua mesa e começava a analisar alguns documentos que ali deixara no dia anterior, mas sua concentração estava quase nula... o mesmo que acontecera em casa, na noite anterior, com os balancetes. Seu pensamento voltava incessantemente para a garota do trem.

    Assim que voltou do almoço com seu namorado, Marina recebeu o recado de que Saori estaria lhe esperando às 14:30. Achou bastante estranho, já que tinham estado em reunião no dia anterior, os relatórios haviam sido apresentados e aprovados. Que novidade teria acontecido para Saori precisar de sua vice-presidente de RH? Estranho ou não, sua obrigação era comparecer sempre que recebesse uma convocação da Presidência, quando chegou o horário, seguiu para o vigésimo sexto andar.

    Marina: Oi, Mai!

    Mai: Olá, Marina! Pode entrar, a senhorita Campbell está lhe aguardando.

    Marina seguiu para a sala de Saori balançando a cabeça, achava muito estranho escutar Mai dizendo senhorita Campbell, mesmo dentro da empresa, continuaram se tratando da mesma forma que na faculdade. Bateu de leve na porta e entrou.

    Marina: Olá, Saori!

    Saori: Oi, Marina. Ouvi elogios a seu namorado, disseram que vou me lamentar o resto da vida por não ter ouvido sua voz.

    Marina riu, achando que era coisa da Tayla.

    Marina: Ele realmente tem uma voz maravilhosa, mas prefiro quando ele canta só para mim. O que você precisa, Saori?

    Marina já havia sentado numa das poltronas, de frente para Saori, que permanecia numa posição relaxada, como se não fosse tratar de nenhum assunto sério.

    Saori: Preciso saber o que aconteceu com Nirmala ontem. Achei ela diferente hoje, não sei dizer o quê, mas não está como todos os dias.

    Marina ficou um pouco pensativa.

    Marina: Você está me fazendo pensar de novo numa coisa que pensei no início da noite e, quando voltamos para casa, descartei.

    Saori a fitava curiosa.

    Marina: Achei que ela tinha se interessado pelo amigo de Angelos que toca sax, mas como Angelos ia me levar em casa, sugeri que ela fosse conosco, para Tayla não precisar ir até lá. Quando Angelos veio, o amigo estava com ele. Fizemos as apresentações e os dois se sentaram no banco de trás, um em cada canto, e não trocaram sequer um olhar, quanto mais alguma palavra. O rapaz estava chateado com alguma coisa, tanto que Angelos me deixou em casa e foi conversar com o amigo. Achei que tinha sido impressão minha, mas parece que não, alguém balançou o coraçãozinho de nossa amiga...

    Saori tinha aberto um enorme sorriso.

    Saori: Parece que sim. Ela falou que Angelos se apresentava com um amigo que toca sax... e os olhinhos dela brilhavam. Além disso, já falou Deveria vir conosco da próxima vez... Acho que terá companhia para escutar seu namorado daqui para frente.

    Marina: É bom, tá na hora de todas nós desencalharmos. Eu já me arranjei, vê se vocês fazem o mesmo!

    Saori: Você conhece o rapaz?

    Marina: Mamãe Saori em ação! Nirmala não é

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