O filósofo que virou youtuber

De Luciel Lima

Desde pequeno, Heitor foi apaixonado pelo conhecimento. Formou-se em filosofia e foi dar aulas.
Mas, o Brasil estava passando por uma terrível crise financeira e o governo, para economizar, só tinha duas alternativas: cortar pela metade o salário de todos os deputados, senadores e ministros de estado; ou cortar pela metade a verba da educação.
O óbvio aconteceu.
Sem emprego de professor, Heitor tornou-se um filósofo inútil para a sociedade brasileira.
Com 40 anos, o homem ainda morava com a mãe e vivia sem um tostão no bolso.
Sua salvação veio depois que ele abriu um canal no YouTube.

• Idioma: Português
• Editora: Editora 101 Seleções
• Data de lançamento: 2 de dez. de 2017

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A dura vida do filósofo

O filósofo não achava emprego. Estava difícil a situação.

Depois que o governo decidiu cortar 50% da verba para a educação, muitas faculdades e escolas fecharam as portas por todo esse Brasil.

Era esta a situação: vivendo com a mãe com 43 aninhos nas costas.

Sujeito barbudo. Cabelos longos. Sem namorada.

Para ajudar, sua mãe, Dona Jacira, não cansava de dizer:

— Passou dar hora de você se emancipar!

Heitor, tristinho, gemia de dor.

Dava uma aulinha de reforço aqui; substituía um professor acolá; e vivia de biquinhos, nada de emprego estável.

— Aqui! – disse D. Jacira, apontando para o jornal. – Uma vaga de faxineiro. Salário fixo, plano dentário e de saúde. Exigência: ensino fundamental. Leva o teu diploma de faculdade que o emprego é seu.

Heitor explodiu:

— NÃO FIZ MESTRADO EM FILOSOFIA PARA SER FAXINEIRO!

— É um emprego digno – argumentou a mãe.

— Sou um ser superior. Sou um intelectual. Não vou me sujeitar a limpar a sujeira dos outros.

— Mas, meu filho...

— A senhora deseja que seu filho seja um escravo em pleno século vinte e um?

Para terminar a conversa, Heitor corria para o quarto e chorava abraçado ao travesseiro.

Heitor precisava de dinheiro. Mas, queria ganhar dinheiro com seu conhecimento.

O seu mestrado na USP lhe outorgava o direito de