Além do Tempo
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Sobre este e-book
Uma história cheia de aventuras e valores da mão de Carlos Gran e Manuel Tristante!
Trecho do livro: "O tempo é um juiz tão sábio, que não sentencia imediatamente, mas no final dá a razão a quem a tem, e entrega a cada um o que merece".
Sinopse:
Dizem que o tempo muda as coisas, mas, às vezes, na verdade, somos nós mesmos quem devemos mudá-las. Desde tempos imemoriais, os Erbani viajam pelo mundo sob uma grande responsabilidade, nos ajudando a ver as coisas de forma diferente. Arthas, a mestre relojoeira, terminou o último Meguidonômetro do Tempo e Azim, seu Guardião, será o encarregado de levá-lo até Gary. O tempo não pode apagar seus problemas magicamente, mas Gary sabe que pode utilizá-lo a seu favor. Em Hy Tairngire, a ilha prometida, encontrará a amizade de Tim e descobrirá tudo o que precisa para conseguir.
O que você vai encontrar?
1 Ficção, aventuras, amizade e valores.
2 Um universo paralelo, paradisíaco e libertador.
3 Uma viagem no tempo inesquecível.
4 Dois tempos antagônicos simultâneos.
O que os leitores dizem:
“Um romance de fantasia que permite acompanhar a personagem na sua descoberta, na sua passagem à tranquilidade e valorização da vida para além do que os outros determinam”, revista Cuatro Bastardos.
“É um livro que cativa com a sua magia, com a sua triste realidade e com a mensagem de esperança que transmite”, Blog Tecendo em Klingon.
“Se gosta de fantasia, de conhecer outras dimensões e brincar com as viagens espaço-tempo, este é sem dúvida o seu livro”, Etérea Sanguez, GoodReads.
"Leia nas entrelinhas e, depois de terminar o livro, medite nas frases-chave e reflita. Porque o Tempo que nos foi dado, só existe um », Kike BlackArrow, leitor.
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Além do Tempo - Manuel Tristante
Além do Tempo
Manuel Tristante, Carlos Gran
––––––––
Traduzido por Mariana Teodoro
Além do Tempo
Escrito por Manuel Tristante, Carlos Gran
Copyright © 2023 Manuel Tristante, Carlos Gran
Todos os direitos reservados
Distribuído por Babelcube, Inc.
www.babelcube.com
Traduzido por Mariana Teodoro
Design da capa © 2023 Manuel Tristante
Babelcube Books
e Babelcube
são marcas comerciais da Babelcube Inc.
Além do Tempo
Manuel Tristante
Carlos Gran
––––––––
Traduzido por Mariana Carrion
Além do Tempo
Escrito por Manuel Tristante // Carlos Gran
Copyright © 2019 Manuel Tristante, Carlos Gran
Todos os direitos reservados
Distribuído por Babelcube, Inc.
www.babelcube.com
Traduzido por Mariana Carrion
Design da capa © 2019 Manuel Tristante
Babelcube Books
e Babelcube
são marcas comerciais da Babelcube Inc.
Para Adrià e Evan, os últimos a chegar.
- Carlos Gran
Para minha tia Rosi e minhas primas Virginia, Gloria, Raquel, Juanamari e Silvia del Pilar, minhas maiores fãs.
- Manuel Tristante
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Índice:
Prólogo: A Mestre Relojoeira.
1. «Maldito».
2. «Jamais».
3. Fuga.
4. Insultos.
5. A Visita.
6. Medos.
7. Hora Zero.
8. Tim.
9. Perguntas.
10. Regresso.
11. «Hy Tairngire».
12. O Segredo de Arthas.
13. Enal-Tyum.
14. Recordações.
15. Destino.
Epílogo: A Busca.
Agradecimentos.
Encantadora é a terra além de todos os sonhos, mais clara que qualquer coisa que seus olhos jamais tenham visto; lá durante todo o ano, os botões estão em flor, e todo o ano florescem. Lá o mel silvestre goteja das árvores do bosque, as reservas de vinho e comida nunca faltarão. Nem dor nem doença o seu morador conhece, a morte e a decadência nunca chegarão ali.
A Ilha Prometida.
Prólogo:
A MESTRE RELOJOEIRA
Era noite fechada e o frio chicoteava com violência. O sussurro do vento era ouvido desde o interior da casa ao chocar contra as janelas; e o ruído do cata-vento, preso ao telhado, não indicava uma pronta melhoria do tempo. Aproximavam-se dias de tormenta. Por sorte, a chaminé aquecia a estância, havia bastante lenha, e as cobertas e o calor humano faziam o resto.
«O Cata-vento do Tempo gira incansável, e as estações passam deixando atrás lembranças que logo se transformarão em lendas, provavelmente esquecidas muitos antes de que o vento sopre e o empurre de novo», pensou. «No entanto, esse vento não é o começo, pois não existem começos nem finais no eterno girar do Cata-vento do Tempo, mas sim um lugar na profundidade dos sete mares, cercado de água, onde se encontra a Ilha Prometida, ou como alguns a chamam: Hy Tairngire».
Gary estava sentado em uma confortável poltrona enquanto recitava para si aquelas palavras. Aproximou-se um pouco mais e cobriu sua filha Tim, que esperava impaciente, como em cada noite, por um novo conto ou história.
O homem estava velho e cansado, mas seu rosto mal aparentava.
Apesar de sua paternidade tardia era feliz com sua vida; e agradecia a cada dia por ter cumprido seus sonhos, acordar com cada amanhecer e se deleitar com ele.
—O relato que eu vou te contar hoje, minha filha, é uma história que aconteceu há muito tempo e que guardo para mim como o maior dos meus tesouros. — a olhou com ternura. Era o mesmo reflexo que o seu, sobretudo em seu olhar e no que transmitia sem falar. A cor de seus olhos, verdes como a folha mais fresca de uma árvore, lhe fazia recordar a abundância deslumbrante de uma terra já muito distante—. Há muito tempo estou esperando por este momento. Minha expectativa não é que você compreenda tudo agora, embora eu saiba que chegou o momento de contar. Se não for agora, sei que algum dia, de algum modo, você vai encontrar o significado.
—É outra história de dragões, príncipes e princesas, papai?
Gary sorriu brevemente. Essas eram as histórias das quais ela gostava. Mas a que ele ia contar não era sobre dragões, príncipes ou princesas, mas sim sobre uma pessoa que teve que superar mais batalhas que qualquer guerreiro.
—Não. Desta vez será algo diferente. Algo mais pessoal...
Tim a olhou curiosa.
—Aconteceu com você, não é? — ela lhe perguntou de um jeito travesso.
—Para dizer a verdade, é melhor que você a escute e tire suas próprias conclusões.
Não houve mais perguntas, só o silêncio e as palavras de Gary saindo de sua garganta como notas de um refrão transformado em canção.
––––––––
«O tempo em Hy Tairngire transcorria de maneira muito diferente dos outros lugares do mundo, parecendo parar. Isso era devido ao grande poder que emitia o Enal-Tyum, um grande relógio que irradiava poder e protegia seus habitantes, os Erbani, de qualquer calamidade ou visita indesejada. Não era fácil chegar até ela, e só uns poucos afortunados no mundo puderam constatar que realmente existia, e que nela habitava Arthas, a Mestre Relojoeira, a Contadora do Tempo.
Arthas sempre soube da importância de conhecer o valor do tempo, já que o tempo para ela era vida. A vida e o tempo eram os melhores mestres que alguém podia ter. A vida ensinava a aproveitar o tempo, e o tempo ensinava a valorizar a vida. E por isso ela nunca o desperdiçava, mas sim o apreciava como se fosse um tesouro. Sabia que uma administração incorreta podia influenciar negativamente na tomada de decisões, no trabalho realizado e, definitivamente, na marcha de nossas vidas. E que, cedo ou tarde, todas essas peças acabariam se encaixando.
Sem dúvida, o tempo passava. Não parava para esperar ninguém, embora às vezes alguém pensasse o contrário. O tempo não podia ser mudado, isso Arthas sabia bem; mas também sabia como poder controlá-lo.
A Mestre Relojoeira se encontrava em um dos salões de Heriandor, o templo que guardava o Enal-Tyum. Era uma sala de altas colunas de mármore, com chão e teto de ouro, circundado por um funil de cristal em cujo centro se encontrava o relógio. Todo o templo em si tinha o aspecto semelhante ao de uma grandiosa ampulheta. Em seu interior voavam milhões de pequenos fragmentos de cristal de luz dourada que simbolizavam o tempo. Primeiro subiam, davam algumas voltas e se acumulavam até as doze horas, para mais tarde descer e tornar a entrar no relógio. Assim, ciclo atrás de ciclo; dia após dia.
Utilizada como oficina, em uma pequena cabine onde era seu local de trabalho, se encontrava a Mestre Relojoeira. Ela era a máxima autoridade em Tairngire e muitos lhe professavam um grande respeito. Os Erbani possuíam uma ciência e tecnologia muito avançadas em relação ao humano comum, por isso não era de se estranhar que Arthas fosse a única de sua espécie capaz de inventar este tipo de aparelho tão parecido aos relógios tradicionais, mas por sua vez tão diferente. Nunca desenhava dois iguais; cada um era especial, construído com uma única finalidade e para alguém em particular.
Por fim tinha terminado seu último trabalho. Levantou-o e contemplou-o orgulhosa. Não, não era um relógio qualquer, era um Meguidonômetro do Tempo. Outro dos muitos que tinha fabricado em sua longa vida. A criação de tão maravilhoso objeto envolvia um conjunto automático muito complexo e de grande refinamento em seu interior. Isso fazia com que fosse um tipo de relógio muito apreciado entre os Erbani. Entre seus pequenos componentes haviam parafusos, pontes, quartzo, rubis (que evitavam o atrito), platinas e rodas, entre outros. Ao dar corda no relógio por um botão de pressão, quase despercebido pelo olho humano, o Meguidonômetro conseguia transmitir movimento entre as diferentes engrenagens (todas elas de tamanhos diferentes) e acionar o mecanismo de funcionamento, que se encarregava de manter o impulso do relógio e o controle do tempo, graças ao movimento de suas agulhas internas. Mas, além disso, tinha um grande poder mágico.
De repente chamaram à porta repetidas vezes.
Arthas baixou os braços e se voltou. Esperava a chegada de Azim, pois ela mesma o havia mandado chamar. O Guardião do Tempo tinha sido pontual, assim como ela gostava.
—Minha senhora?
Com cautela, Azim se aproximou dela e, antes que pudesse dizer algo, a mulher de pele bronzeada e olhos cor de âmbar o olhou fixamente.
—Já está terminado. O tempo corre. —Colocou o relógio, preso com uma fina corrente de ouro, em uma pequena caixa de madeira decorada em sua parte superior por duas agulhas gravadas a fogo—. A vida do escolhido dependerá do trabalho que você fizer esta noite.
Azim deu um passo atrás. Olhou o Tempo suspenso no interior do Enal-Tyum e depois para Arthas. As partículas voavam mais depressa pelo funil com uma tonalidade diferente do normal. Costumavam ser de uma cor dourada, mas agora tinham um matiz distinto, prateado brilhante. Era a primeira vez que via algo assim.
—Azim —a voz de Arthas soou rude—, não há tempo. Veja!
Azim olhou para onde Arthas indicava. Os pontinhos de luz do tempo em ascensão estavam formando uma imagem: uma mulher caminhava pelas ruas sozinha, abraçada à barriga. Chorava, gritava de dor e ao mesmo tempo tremia. Apenas usava uma roupa que a protegia do vento e da neve que caía.
O Guardião tornou a olhar para Arthas e assentiu; tinha chegado o momento de empreender uma nova missão.
Buscou em sua túnica o Iluminador e o encontrou em seu bolso direito. Seguramente faria um bom uso dele naquela noite escura e tempestuosa.
—Minha senhora... —Azim limitou-se a dizer despedindo-se.
O Iluminador era como uma faca de luz oculta em uma bainha de metal que se ativava ao pressionar um botão. Quando Azim o pressionou, a lâmina afiada acendeu, rasgou o ar, e uma fenda de luz se abriu.
—Boa sorte, Azim —foram as últimas palavras de Arthas antes que o Guardião cruzasse o Arco do Tempo, assentindo com a cabeça».
1
«MALDITO»
Nördlingen, Alemanha.
Ano 1969
––––––––
Deu uma última olhada no quarto das crianças e fechou a porta, esgotada. Apoiou-se uns segundos na parede, bem debaixo da lâmpada cuja luz lhe iluminava o rosto pálido, acariciando a barriga e suspirou. Quanto tempo mais poderia continuar aguentando aquela situação? Os dias eram cansativos, suas pernas inchavam quando ficava muito tempo de pé e suas costas sofriam com o peso da barriga. Sabia que não poderia esconder por muito mais tempo. Cedo ou tarde perceberiam e então...
Era melhor não pensar nisso. Já sofria pesadelos demais que não lhe deixavam conciliar o sono, para ainda ficar remoendo o assunto durante o resto do dia.
Puxou uma mecha de cabelo loiro e começou a descer à sala para informar sua patroa de que as duas crianças dormiam e que iria se retirar para descansar, mas ainda não tinha descido nem dois degraus quando uma horrível pontada de dor lhe atravessou a barriga. Uma grossa gota de suor escorreu em sua testa.
A mulher conteve a vontade de gritar, abraçando-se à barriga, observando como as lágrimas brotavam de seus olhos enquanto a dor ia diminuindo. Respirou fundo tentando se acalmar e continuou descendo, mas de novo a dor voltou; mais uma, duas e até três vezes, com mais insistência.
Não, não podia ser; não agora. Suplicou olhando o teto da casa.
Voltou, apoiando-se na parede, e entrou no que até agora tinha sido seu quarto; pegou o casaco e, dolorosamente, desceu ao térreo. Não se importou em ser vista. Saiu na intempérie, com os olhos inundados de lágrimas, e fechou a porta com um golpe sonoro.
Tentou correr, mas o peso de sua barriga e o sofrimento não lhe deixaram.
Ouviu abrir a porta atrás dela. Escondeu-se atrás de algumas árvores com a respiração descontrolada enquanto ouvia a voz de sua patroa, com aquele sotaque alemão tão marcado que a tornava inconfundível, chamando-a.
—Hanna? Hanna? Onde você está? —Havia temor em sua voz—. Hanna!
Hanna tapou a boca quando uma nova pontada de dor atravessou sua barriga, tentando que nenhum som escapasse de sua boca, muito menos quando a patroa saiu na calçada em busca da governanta.
—Está acontecendo alguma coisa, Hanna? Onde você se meteu?
Hanna rodeou as árvores e se esgueirou por uma árvore que rodeava a casa, sem rumo fixo.
—Por que você decidiu vir ao mundo tão cedo, meu filho? —perguntou desolada.
A neve caía copiosamente e as ruas já tinham mais de um palmo de espessura. O frio gelava as entranhas. Para onde iria agora? Precisava encontrar o quanto antes um teto onde se abrigar, se não quisesse morrer congelada de frio nem dar à luz em plena rua. Não dispunha de muito dinheiro para poder pagar uma pensão, mas esperava que em seu estado fizessem uma exceção. As contrações eram cada vez mais fortes.
De repente parou e notou como um líquido quente escorria por suas pernas: a bolsa tinha estourado. Não restava muito tempo. E