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Catarina…A Filha do Vento
Catarina…A Filha do Vento
Catarina…A Filha do Vento
E-book126 páginas1 hora

Catarina…A Filha do Vento

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Sobre este e-book

Catarina... A Filha do Vento dá-nos a conhecer a história de vida de Catarina, que, como tantas outras Catarinas neste nosso Mundo, por ter nascido do vento, desceu ao mais profundo da dor, tendo renascido, qual Fénix, pelo poder regenerador e mágico do Amor.
Uma leitura que nos absorve, que nos toca fundo e que nos alerta para, como advogou Miguel Torga, "A vida afetiva é a única que vale a pena. A outra apenas serve para organizar na consciência o processo da inutilidade de tudo".
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de jan. de 2023
ISBN9789899148529
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    Pré-visualização do livro

    Catarina…A Filha do Vento - Maria Muna

    Agradecimentos

    Ao meu marido, Carlos Eduardo, pelo apoio na concretização deste projeto.

    Ao meu filho, Pedro, e netos, Tomás, Afonso e Salvador, pelo incentivo a escrever mais um livro.

    A todos com que me cruzei na vida e me auxiliaram a dar forma às personagens deste romance.

    À colega e amiga Ana Cirne, pelo seu apoio e suas, sempre tão valiosas, sugestões.

    Ao amigo de longa data, o poeta e artista plástico António Sem, pelo precioso contributo que deu a este livro, escrevendo o seu Prefácio.

    Prefácio

    DO ÉTER NASCEU O VENTO

    Mais um belo livro dado à estampa pela escritora Maria Muna, Filha do Vento nasceu, cresceu, passou e viveu caminhos solitários correndo o risco do fracasso, das decepções, das desilusões, mas nunca deixando de buscar o amor. Quem não desistir da busca, vencerá!

    Catarina, a Filha do Vento nasceu na Beira Alta, na Serra do Caramulo. O Vale de Besteiros, no sopé da Serra do Caramulo, era um verdadeiro oásis. Filha do Vento é mais uma de tantas mulheres que carregam sozinhas a dor do abandono afetivo, provocando traumas que jamais serão mensurados, já que a ausência paterna pode trazer inúmeros danos psicológicos.

    Mas a vida é como o vento, vai e vem, conforme as vicissitudes. Filha do Vento e da solidão, onde só o amor conduz e desata os nós, varrendo as cinzas das palavras malditas, não ditas, que hoje são pó. Catarina, no seu cansaço da busca, afrontou o vento, navegou com todos os ventos e aprendeu a esperar. E se os ventos são capazes de a levar para outras dimensões a qualquer hora, também são capazes de a fazer voltar. E ela voltava sempre, mais forte, sorridente, porque a força de dentro é maior. Maior que todos os ventos contrários.

    Num dia maravilhoso de sol brilhante e ventos calmos, Catarina, com a alegria estampada no rosto, seus olhos brilhantes, encontra o amor, num momento de felicidade ampla. Esse amor que partilhou quando se ama de verdade é também o amor que deu a tudo que fez no seu percurso de mulher perante as suas vivências.

    Era uma mulher meiga, com vontades infinitas e momentos de felicidade ampla. Quando se ama de verdade, os defeitos se tornam virtudes, o feio é belo e as desavenças se tornam solucionáveis.. Mas, Catarina deixou as mágoas do passado para trás e viveu o momento e o futuro, pois a vida é uma só. Tudo tem uma explicação. Tudo é lição. Tudo é aprendizado. Há coisas que dependem de Deus, outras de nós. A vida tem a cobrança do que a gente planta. Catarina, a Filha do Vento, foi levando o tempo com o amor sofrido e, aos poucos, os seus passos vão se sumindo, nesse mundo que percorreu com a esperança.

    Sendo o vento sinónimo de sopro e, consequentemente, do espírito, do influxo espiritual de origem celeste, poderemos afirmar que Catarina era o expoente da tradição Hindu, em que o vento teria nascido do espírito e teria gerado a luz. E termino com uma frase da autora, que bem ilustra esta bela história, tão acutilante e despertadora da atenção do público. Catarina fora uma filha do vento e desaparecia como que levada pelo vento. Dela, nada mais se soube.

    António Sem 2021

    "A vida afetiva é a única que vale a pena.

    A outra apenas serve para organizar na consciência

    o processo da inutilidade de tudo".

    Miguel Torga

    CAPÍTULO I

    A vida é um tempo.

    Mário Quintana

    Eram cinco horas da tarde, de uma tarde quente e sufocante de Verão. Toda a natureza parecia adormecida, lânguida, espreguiçando-se como que antecipando a proximidade do fim de mais um dia, o fim das tarefas árduas do campo.

    Só o sino da igreja da aldeia estava em movimento, batendo em ritmo sincopado, cada hora, como se de uma batuta se tratasse. "Uma, duas, três, quatro, cinco". E aquele som fininho, quase metálico, que entrava como que um bisturi nos nossos tímpanos, ouvia-se por todo o pequeno lugarejo. Ficava a ecoar pelos montes e vales circundantes, metamorfoseando-se, então, numa espécie de música angelical, cheia de rendilhados sonoros, que elevavam a alma dos que a ouviam.

    Anunciava também que, a partir daquela hora, precisamente cinco da tarde, iria a canícula aliviar um pouco, dando lugar a uma leve brisa que, passando por entre os pinheiros, os fazia ondular, compondo uma música sussurrante muito suave, extremamente relaxante.

    No ar, já se começavam a ver os leves rolos de fumo que serpenteavam em volta das chaminés, cheirando por toda a aldeia a madeira queimada, um cheirinho inebriante, anunciando que nas grandes e bem arejadas cozinhas, se assavam, para o lanche, as deliciosas e muito aromáticas maçãs-bravo-de-Esmolfe, ou então, já se começava a preparar o jantar.

    Naquela zona, a vitela assada no forno era um manjar dos deuses. O arroz de míscaros fazia-lhe companhia. Eram iguarias de fazer crescer a água na boca. Ficava, assim, o ar envolto numa ténue nuvem perfumada, que fazia recordar as brumas matinais que costumavam envolver a Serra do Caramulo, às primeiras horas da manhã, deixando o orvalho cobrir completamente a muito verdejante cobertura dos solos.

    Os homens podiam, assim, começar a dirigir-se para os campos, para matar a sede às terras sedentas que abriam, como se de bocas se tratassem, pequenos veios ao longo dos lameiros. E tinham apenas algumas horas para o fazer. O cair da noite estava próximo.

    O ato de preparar a rega era um autêntico ritual. Abriam um rego, com uma sachola, para a água poder correr ao longo dos campos cultivados, por entre os milheirais. E, enquanto um regava, o vizinho tinha de esperar pela sua vez. Umas pedrinhas eram colocadas umas sobre as outras, estilo pirâmide, para não deixar passar a água para um outro terreno. Não que a água escasseasse naquela zona. Muito pelo contrário.

    O Vale de Besteiros, no sopé da Serra do Caramulo, era um verdadeiro oásis. Água muito fresquinha e límpida corria pelos pequeninos sulcos, que serpenteavam por entre os campos de milho muito alto, onde um homem se poderia perder ou mesmo esconder, qual labirinto verdejante. Até o riacho que passava por baixo da ponte romana e ladeava toda a aldeia era um convite a nos quedarmos, muito silenciosos, a ouvir o marulhar da água fresca e translúcida que, com certa rapidez, saltava por cima de seixos ao longo do seu percurso.

    Eram cobras de água, muito fininhas e compridas, que ondulavam, quais serpentinas, ao ritmo da corrente e as rãs começavam a coaxar. Todo este cenário emoldurado por um verde muito viçoso, de uma natureza forte, de uma beleza estonteante, se apoderava de nós. Ficava-se em total êxtase contemplativo. A mão do Criador estava ali bem patente. Era uma autêntica obra de arte da sedução.

    – Senhor João, boa tarde! – disse Catarina, dirigindo-se para onde a água corria com mais força. – Já chegámos de férias. Finalmente!

    O senhor João levantou a custo a cabeça e, mostrando um rosto queimado pela continuada exposição ao sol, no qual sobressaíam uns olhos muito azuis, que pareciam sorrir ao ver a menina Catarina, exclamou:

    – Mas que surpresa, menina Catarina! Não a esperava ver tão cedo. Escolheu o mês de Agosto, este ano. Fez bem, é mais animado. Já cá estão, também, os seus primos da Casa da Meia Laranja!

    E o senhor João tinha de se esganiçar todo para poder ser ouvido, pois os foguetes que anunciavam a chegada, na manhã seguinte, da sardinha fresquinha, vinda da Figueira da Foz, ensurdeciam todos.

    Catarina, desde que deixara a sua terra natal, há cerca de quinze anos, e fora viver para Lisboa, nunca falhara umas semanas de férias na Beira Alta, na Serra do Caramulo. Esta serra, indubitavelmente, tinha uma magia muito forte. Era de uma beleza ímpar, com a sua pureza do ar, a qualidade das águas, um céu estrelado que, à noite, deitada numa esteira, Catarina observava, sentindo que, nesse momento, conseguia unir-se ao Universo e consciencializar-se de quão pequena era. Quão pequeno o Homem era perante esta criação maravilhosa de uma entidade superior que ela cria, sem qualquer dúvida, ser Deus.

    Havia também um aroma inebriante, espalhando-se pelo ar muito fino e puro, que se desprendia das urzes

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