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Projetos de vida e juventudes: trajetórias contemporâneas de jovens quilombolas
Projetos de vida e juventudes: trajetórias contemporâneas de jovens quilombolas
Projetos de vida e juventudes: trajetórias contemporâneas de jovens quilombolas
E-book154 páginas5 horas

Projetos de vida e juventudes: trajetórias contemporâneas de jovens quilombolas

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Sobre este e-book

A psicóloga e mestre Andréa de Fátima Santos traz uma discussão acerca das relações entre juventude e projetos de vida na atualidade. Desenvolve a noção contemporânea de juventude e projetos de vida, apoiando-se em teorias da Psicologia e da Sociologia, para relacionar as transformações sociais recentes que mobilizam os projetos juvenis. Para ilustrar as relações estabelecidas, são apresentadas análises e discussões a partir de uma pesquisa realizada com jovens de uma comunidade quilombola. Esta leitura é indicada para profissionais, pesquisadores e leitores que buscam compreender as juventudes contemporâneas, suas representações sociais e relações com projetos vida.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2016
ISBN9788547300951
Projetos de vida e juventudes: trajetórias contemporâneas de jovens quilombolas

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    Projetos de vida e juventudes - Andrea de Fátima Santos

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição – Copyright© 2016 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS

    Dedico este livro a todas as consciências que, apesar dos restringimentos impostos pela vida contemporânea, buscam resgatar e desenvolver suas potencialidades.

    Agradecimentos

    À minha família, por ajudar a construir minha forma de ser e de ver o mundo e respeitar minhas escolhas de vida.

    Ao meu querido Luis Marcelo, companheiro e parceiro nas lutas e conquistas diárias da vida, pela paciência, compreensão e amor dedicados, dando um colorido todo especial aos meus dias.

    Aos participantes da pesquisa apresentada neste livro, que disponibilizaram suas experiências, seu tempo e suas histórias de vida.

    Ao Centro Universitário São Camilo - ES, pelo aprendizado constante no exercício da docência, pesquisa e extensão.

    A todos os mestres que já passaram por minha vida, sejam eles da vida acadêmica ou da escola da vida.

    Aos docentes do Programa de Pós-graduação em Sociologia Política (PPGSP) da UENF, especialmente aos queridos professores com os quais tive o prazer de aprender, Márcia Leitão, Wania Mesquita, Lana Lage, Vitor Peixoto, Hugo Borsani e Sérgio de Azevedo.

    Ao professor Augusto Cesar Freitas de Oliveira, pela dedicação, incentivo, liberdade de trabalho e troca de saberes.

    Por fim, a todos os amigos que estiveram presentes durante esta jornada dividindo as conquistas de cada fase deste projeto, pelo incentivo, motivação e torcida até que este livro pudesse se tornar realidade.

    "[...] o mundo é largo, se aperta quem quer.

    Se a gente não pode cantar a gente assobia."

    (D. Neuma, comunidade quilombola de Monte Alegre)

    Prefácio

    Considero A psicanálise do fogo um belíssimo livro de filosofia do conhecimento, sobretudo pela provocação incutida no título. Nele, Gaston Bachelard afirma que o conhecimento científico sobre o fogo fora historicamente prejudicado pelo fascínio que o fenômeno físico causa nos homens. O fascínio, ao contrário de promover a investigação e facilitar o conhecimento, gera uma apreciação equivocada que afasta a análise profunda do espírito inquisitivo e aceita a imagem, aquilo que a retina humana registra e transmite imediatamente à livre associação da imaginação (que Descartes chamava ideias da imaginação). A imagem inebria.

    O lembrete aplica-se exatamente aos dois temas centrais da pesquisa de Andréa Santos neste livro. Os temas da juventude e da etnia realmente têm, às vezes, imagens coloridas e brilhantes, imagens essas que colam facilmente nas ideias da imaginação dos cientistas sociais. A principal delas seria a imaginação da autonomia. Um dia, quem sabe, faremos a psicanálise dos estudos sociais desses dois temas (e de tantos outros que estudamos mas não nos perguntamos por quê). Antes de explicar melhor meu ponto, devo dizer que o valor da análise de Andréa Santos, que torna o presente estudo relevante em meio a um oceano de trabalhos sobre tais temas, é justamente o fato de ela fugir desse fascínio. Para usar um termo que o leitor em breve encontrará no livro, os cientistas sociais geralmente paparicam os nativos nos quais conseguem encaixar os temas de juventude/etnia. Não é esse o caminho tomado por Andréa Santos.

    Proponho um recorte filosófico para pensarmos a questão: a contradição entre autonomia e heteronomia. Em termos filosóficos, heteronomia é a condição segundo a qual um indivíduo ou grupo recebe de fora a lei a qual obedece; o contrário da autonomia. Explico-me narrando minha própria aproximação com o tema da juventude. Vindo da teoria do capitalismo tardio (com seu parentesco implícito porém estreito com a teoria crítica frankfurtiana) complementada pela teoria da especialização flexível de D. Harvey e pela análise cultural de F. Jameson, a juventude pareceu-me lugar privilegiado de análise das repercussões culturais da indústria que recria essa juventude como resultado de suas estratégias de produção, circulação e troca de mercadorias (ou simplesmente consumo).

    Partindo-se desses aportes teóricos, juventude não resulta em última instância do que os jovens fazem, deixam de fazer, dizem ou pensam. Ainda que as evidências do olhar digam o contrário, não é do ponto de vista da ação e intenção deles que se começa a considerar o fenômeno, mas justo o contrário; começamos a considerá-los como tais dentro da sua posição restritiva. Então, juventude é antes de tudo um efeito da indústria assim como também da organização estatal. Só a partir dessas restrições heterônomas é que se pode entender o que esses indivíduos fazem de posse de sua autonomia relativa.

    O problema é que, se concordamos com Louis Dumont em O individualismo e admitimos que a crença de que somos indivíduos dotados da capacidade de nos autodeterminarmos (autônomos) é a efetiva religião moderna que sustenta o funcionamento de instituições que vão desde a medicina até o voto passando pela lei e pela comunicação audiovisual, os estudos que concluem pela heteronomia se revelam extremamente antipáticos e mesmo difíceis de entender para públicos mais amplos. Dizer que o skatista é um efeito do skate, que, por sua vez, é uma mercadoria resultante das táticas da especialização flexível não é o discurso mais propício a um secretário municipal, que, com fins eleitoreiros, inaugura uma quadra de skate diante das câmeras de TV e das famílias felizes do bairro.

    Gostamos de pensar justo o contrário: o skatista torna-se autonomamente skatista, remando contra a maré de uma socialização que supostamente uniformiza, baseado na sua rebeldia (rebeldia essa inclusive contra um mundo capitalista de produção e consumo estandardizados), ele impõe sua relevância à indústria e aos poderes públicos. Trata-se da típica crença associada à religião do indivíduo. Grande parte dos cientistas sociais dedicados aos temas da juventude (e também da etnia) caminha em seara semelhante, não só produzindo textos apologéticos como claramente tomando partido de seus nativos quando, em tom de denúncia contra a suposta falta de autonomia, dizem coisas como: tais jovens são massacrados na sua condição de jovens a ponto de sequer se reconhecerem como jovens.

    A autora deste livro não é pega em tal esparrela. Ela historiciza e problematiza os conceitos com que trabalha (notadamente juventude e projetos de vida), ela se deixa realmente surpreender, e só então analisar o que seus entrevistados dizem, confronta-os e anota suas incoerências e nos devolve um quadro complexo de análise colocando esses indivíduos ora dentro, ora fora de categorias como a de jovem ou de, no caso, quilombola.

    Augusto Cesar Freitas de Oliveira

    É professor da cadeira de Teoria Social da UFF Campos dos Goytacazes. É cientista social pelo IFCS-UFRJ (1997) e doutor em sociologia pelo IUPERJ (2004). Foi professor colaborador do PPGSP da UENF.

    APRESENTAÇÃO

    O tema deste livro é a discussão sobre projetos de vida e juventudes contemporâneas a partir de uma perspectiva interdisciplinar entre a Psicologia e a Sociologia. As discussões propostas nesse contexto são resultado de uma pesquisa realizada por mim na área de processos globais, sociabilidades e identidades, em 2011.¹

    No entanto, o interesse pelo tema projetos de vida e juventudes surgiu bem antes, a partir de estudos realizados durante a minha graduação em Psicologia em 2003. Questões como a influência das interações sociais na elaboração de projetos, culturas juvenis, educação e inserção no mercado de trabalho acompanham desde o início minhas inquietações sobre o tema proposto.

    O interesse pelo tema se estende em torno das novas organizações e configurações de planos de vida que o indivíduo contemporâneo elabora no período da juventude, diante das diversas complexidades impostas pelo mundo atual, tomando como ponto de partida que as juventudes são reflexos de determinados momentos sócio-históricos e se constituem subjetivamente a partir do tempo histórico em que vivem. Essas

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