Projetos de vida e juventudes: trajetórias contemporâneas de jovens quilombolas
()
Sobre este e-book
Relacionado a Projetos de vida e juventudes
Ebooks relacionados
Juventude da Periferia: Do Estigma ao Modo de Vida Nota: 0 de 5 estrelas0 notasJuventude contemporânea em pauta Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCom o Mundo nas Costas: Profissionais do Sexo, Envelhecimento e Saúde Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEntrevistas de Nildo Viana: Reflexões críticas sobre o cotidiano, a cultura e a sociedade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasIntrodução à Sociologia da Juventude Nota: 5 de 5 estrelas5/5Psicologia Social e Política de Assistência Social: Territórios, Sujeitos e Inquietações Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPedagogias culturais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Educomunicação, Cultura e Território em Direitos Humanos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAssistência Social, Educação e Governamentalidade Neoliberal Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNegro, ser arquiteto: a construção identitária entre africanidade e negritudes Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRefletindo valores em sociedades contemporâneas: Ensaios Nota: 5 de 5 estrelas5/5Educação: pobreza e desigualdade social Nota: 5 de 5 estrelas5/5Autoajuda, educação e práticas de si: Genealogia de uma antropotécnica Nota: 0 de 5 estrelas0 notasGanchos, Tachos e Biscates: jovens, trabalho e futuro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPara os filhos dos filhos dos nossos filhos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação não formal e o educador social Nota: 5 de 5 estrelas5/5Saberes e afetos do ser professor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDiálogos interdisciplinares: Formação continuada na educação básica Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHistória Institucional e Cultura Escolar: A Dinâmica do Tempo-Espaço Escolar (1940-2010) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRepresentações sociais do professor Nota: 5 de 5 estrelas5/5Como elaborar projetos de educação em valores morais: Guia para a formação de educadores Nota: 5 de 5 estrelas5/5Políticas Públicas e Formação dos Profissionais da Educação: Em Busca de um Diálogo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação Emancipatória: Entre Experiências Pedagógicas, Diversidade e Transgressões Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAntirracismos e Serviço Social Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDa Trajetória Escolar ao Sucesso Profissional: Narrativas de Professoras e Professores Negros Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação Em Direitos Humanos E Diversidade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNo Chão Da Escola Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação hoje: Vários olhares Nota: 0 de 5 estrelas0 notasConstruções discursivas de identidades educacionais Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Ciências Sociais para você
Um Olhar Junguiano Para o Tarô de Marselha Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSegredos Sexuais Revelados Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm Poder Chamado Persuasão: Estratégias, dicas e explicações Nota: 5 de 5 estrelas5/5Manual das Microexpressões: Há informações que o rosto não esconde Nota: 5 de 5 estrelas5/5O livro de ouro da mitologia: Histórias de deuses e heróis Nota: 5 de 5 estrelas5/5A perfumaria ancestral: Aromas naturais no universo feminino Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Manual do Bom Comunicador: Como obter excelência na arte de se comunicar Nota: 5 de 5 estrelas5/5Detectando Emoções: Descubra os poderes da linguagem corporal Nota: 4 de 5 estrelas4/5As seis lições Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTudo sobre o amor: novas perspectivas Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Bíblia Fora do Armário Nota: 3 de 5 estrelas3/5A Prateleira do Amor: Sobre Mulheres, Homens e Relações Nota: 5 de 5 estrelas5/5Liderança e linguagem corporal: Técnicas para identificar e aperfeiçoar líderes Nota: 4 de 5 estrelas4/5Apometria: Caminhos para Eficácia Simbólica, Espiritualidade e Saúde Nota: 5 de 5 estrelas5/5Psicologia Positiva Nota: 5 de 5 estrelas5/5Verdades que não querem que você saiba Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPele negra, máscaras brancas Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Ocultismo Prático e as Origens do Ritual na Igreja e na Maçonaria Nota: 5 de 5 estrelas5/5O corpo encantado das ruas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Seja homem: a masculinidade desmascarada Nota: 5 de 5 estrelas5/5Mulheres que escolhem demais Nota: 5 de 5 estrelas5/5A máfia dos mendigos: Como a caridade aumenta a miséria Nota: 2 de 5 estrelas2/5A Criação do Patriarcado: História da Opressão das Mulheres pelos Homens Nota: 5 de 5 estrelas5/5Quero Ser Empreendedor, E Agora? Nota: 5 de 5 estrelas5/5Fenômenos psicossomáticos: o manejo da transferência Nota: 5 de 5 estrelas5/5O marxismo desmascarado: Da desilusão à destruição Nota: 3 de 5 estrelas3/5
Avaliações de Projetos de vida e juventudes
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Projetos de vida e juventudes - Andrea de Fátima Santos
Editora Appris Ltda.
1ª Edição – Copyright© 2016 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.
Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS
Dedico este livro a todas as consciências que, apesar dos restringimentos impostos pela vida contemporânea, buscam resgatar e desenvolver suas potencialidades.
Agradecimentos
À minha família, por ajudar a construir minha forma de ser e de ver o mundo e respeitar minhas escolhas de vida.
Ao meu querido Luis Marcelo, companheiro e parceiro nas lutas e conquistas diárias da vida, pela paciência, compreensão e amor dedicados, dando um colorido todo especial aos meus dias.
Aos participantes da pesquisa apresentada neste livro, que disponibilizaram suas experiências, seu tempo e suas histórias de vida.
Ao Centro Universitário São Camilo - ES, pelo aprendizado constante no exercício da docência, pesquisa e extensão.
A todos os mestres que já passaram por minha vida, sejam eles da vida acadêmica ou da escola da vida.
Aos docentes do Programa de Pós-graduação em Sociologia Política (PPGSP) da UENF, especialmente aos queridos professores com os quais tive o prazer de aprender, Márcia Leitão, Wania Mesquita, Lana Lage, Vitor Peixoto, Hugo Borsani e Sérgio de Azevedo.
Ao professor Augusto Cesar Freitas de Oliveira, pela dedicação, incentivo, liberdade de trabalho e troca de saberes.
Por fim, a todos os amigos que estiveram presentes durante esta jornada dividindo as conquistas de cada fase deste projeto, pelo incentivo, motivação e torcida até que este livro pudesse se tornar realidade.
"[...] o mundo é largo, se aperta quem quer.
Se a gente não pode cantar a gente assobia."
(D. Neuma, comunidade quilombola de Monte Alegre)
Prefácio
Considero A psicanálise do fogo um belíssimo livro de filosofia do conhecimento, sobretudo pela provocação incutida no título. Nele, Gaston Bachelard afirma que o conhecimento científico sobre o fogo fora historicamente prejudicado pelo fascínio que o fenômeno físico causa nos homens. O fascínio, ao contrário de promover a investigação e facilitar o conhecimento, gera uma apreciação equivocada que afasta a análise profunda do espírito inquisitivo e aceita a imagem, aquilo que a retina humana registra e transmite imediatamente à livre associação da imaginação (que Descartes chamava ideias da imaginação). A imagem inebria.
O lembrete aplica-se exatamente aos dois temas centrais da pesquisa de Andréa Santos neste livro. Os temas da juventude e da etnia realmente têm, às vezes, imagens coloridas e brilhantes, imagens essas que colam
facilmente nas ideias da imaginação
dos cientistas sociais. A principal delas seria a imaginação da autonomia. Um dia, quem sabe, faremos a psicanálise dos estudos sociais desses dois temas (e de tantos outros que estudamos mas não nos perguntamos por quê). Antes de explicar melhor meu ponto, devo dizer que o valor da análise de Andréa Santos, que torna o presente estudo relevante em meio a um oceano de trabalhos sobre tais temas, é justamente o fato de ela fugir desse fascínio. Para usar um termo que o leitor em breve encontrará no livro, os cientistas sociais geralmente paparicam
os nativos nos quais conseguem encaixar os temas de juventude/etnia. Não é esse o caminho tomado por Andréa Santos.
Proponho um recorte filosófico para pensarmos a questão: a contradição entre autonomia
e heteronomia
. Em termos filosóficos, heteronomia
é a condição segundo a qual um indivíduo ou grupo recebe de fora a lei a qual obedece; o contrário da autonomia. Explico-me narrando minha própria aproximação com o tema da juventude. Vindo da teoria do capitalismo tardio
(com seu parentesco implícito porém estreito com a teoria crítica
frankfurtiana) complementada pela teoria da especialização flexível de D. Harvey e pela análise cultural de F. Jameson, a juventude
pareceu-me lugar privilegiado de análise das repercussões culturais da indústria que recria essa juventude como resultado de suas estratégias de produção, circulação e troca de mercadorias (ou simplesmente consumo).
Partindo-se desses aportes teóricos, juventude
não resulta em última instância do que os jovens
fazem, deixam de fazer, dizem ou pensam. Ainda que as evidências do olhar digam o contrário, não é do ponto de vista da ação e intenção deles que se começa a considerar o fenômeno, mas justo o contrário; começamos a considerá-los como tais dentro da sua posição restritiva. Então, juventude
é antes de tudo um efeito da indústria assim como também da organização estatal. Só a partir dessas restrições heterônomas é que se pode entender o que esses indivíduos fazem de posse de sua autonomia relativa.
O problema é que, se concordamos com Louis Dumont em O individualismo e admitimos que a crença de que somos indivíduos dotados da capacidade de nos autodeterminarmos (autônomos) é a efetiva religião moderna que sustenta o funcionamento de instituições que vão desde a medicina até o voto passando pela lei e pela comunicação audiovisual, os estudos que concluem pela heteronomia se revelam extremamente antipáticos e mesmo difíceis de entender para públicos mais amplos. Dizer que o skatista é um efeito
do skate, que, por sua vez, é uma mercadoria resultante das táticas da especialização flexível
não é o discurso mais propício a um secretário municipal, que, com fins eleitoreiros, inaugura uma quadra de skate diante das câmeras de TV e das famílias felizes do bairro.
Gostamos de pensar justo o contrário: o skatista torna-se autonomamente skatista, remando contra a maré de uma socialização que supostamente uniformiza, baseado na sua rebeldia (rebeldia essa inclusive contra um mundo capitalista de produção e consumo estandardizados), ele impõe sua relevância à indústria e aos poderes públicos. Trata-se da típica crença associada à religião do indivíduo
. Grande parte dos cientistas sociais dedicados aos temas da juventude (e também da etnia) caminha em seara semelhante, não só produzindo textos apologéticos como claramente tomando partido de seus nativos
quando, em tom de denúncia contra a suposta falta de autonomia, dizem coisas como: tais jovens são massacrados na sua condição de jovens a ponto de sequer se reconhecerem como jovens
.
A autora deste livro não é pega em tal esparrela. Ela historiciza e problematiza os conceitos com que trabalha (notadamente juventude e projetos de vida), ela se deixa realmente surpreender, e só então analisar o que seus entrevistados dizem, confronta-os e anota suas incoerências e nos devolve um quadro complexo de análise colocando esses indivíduos ora dentro, ora fora de categorias como a de jovem ou de, no caso, quilombola.
Augusto Cesar Freitas de Oliveira
É professor da cadeira de Teoria Social da UFF Campos dos Goytacazes. É cientista social pelo IFCS-UFRJ (1997) e doutor em sociologia pelo IUPERJ (2004). Foi professor colaborador do PPGSP da UENF.
APRESENTAÇÃO
O tema deste livro é a discussão sobre projetos de vida e juventudes contemporâneas a partir de uma perspectiva interdisciplinar entre a Psicologia e a Sociologia. As discussões propostas nesse contexto são resultado de uma pesquisa realizada por mim na área de processos globais, sociabilidades e identidades, em 2011.¹
No entanto, o interesse pelo tema projetos de vida e juventudes
surgiu bem antes, a partir de estudos realizados durante a minha graduação em Psicologia em 2003. Questões como a influência das interações sociais na elaboração de projetos, culturas juvenis, educação e inserção no mercado de trabalho acompanham desde o início minhas inquietações sobre o tema proposto.
O interesse pelo tema se estende em torno das novas organizações e configurações de planos de vida que o indivíduo contemporâneo elabora no período da juventude, diante das diversas complexidades impostas pelo mundo atual, tomando como ponto de partida que as juventudes são reflexos de determinados momentos sócio-históricos e se constituem subjetivamente a partir do tempo histórico em que vivem. Essas