Negro, ser arquiteto: a construção identitária entre africanidade e negritudes
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Negro, ser arquiteto - Michelangelo Henrique Batista
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2016 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
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Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS
AGRADECIMENTOS
Este livro representa algumas de minhas inquietações que foram colocadas à prova, e isso só foi possível graças ao apoio de muitos. O apoio principal veio do O Grande Eu Sou, O Arquiteto Supremo, que possibilitou minha existência, e aproveito essa oportunidade para agradecê-lo. Obrigado, meu SENHOR!!! Reconheço, ainda, que uma coalizão de pessoas deu apoio e condições para a existência real deste livro.
Inicio pela minha bela e amada esposa, que tanto me apoiou, e sou grato por isso. Em nome dela agradeço a toda a minha família pelo apoio.
Agradeço aos amigos de pós-graduação e professores, que com zelo e paciência me ajudaram.
Aos Jesuítas de São Leopoldo, ao PPG de Ciências Sociais – UNISINOS e ao NEABI da UNISINOS, meus sinceros agradecimentos.
Ao professor/amigo Carlos Gadea, que, sem autoritarismo, foi rígido, cientificamente mediando minhas incursões teóricas e empíricas, sempre de forma admirável, com atitudes humanizadas.
Nesse sentido, agradeço a todos e reconheço que minha própria vida ratifica a existência indubitavelmente do ser arquiteto. Que não refuta a coletividade, mas, sim, é também nela que se constitui múltiplo e singular.
Diz, o que lhe dá medo?
A presença do novo ou a ausência do amor?
A inércia do velho ou a mobilidade do ser novo?
A proteção do preconceito ou a aventura do respeito?
Não sabes? Tens certeza? Tens dúvidas? Receias? O quê?
Felicitações! Em segundos, você exerceu seu poder humano de arquitetar.
Arquitetou, apesar das semelhanças, de forma única, atestando que:
Do humano emana a diversidade e dela nossa arquitetônica singularidade.
(Michelangelo Henrique Batista)
APRESENTAÇÃO
Partindo do conceito de "negro como ser arquiteto", o autor tem por objetivo evidenciar a possibilidade de identidades negras individuais, sob a base de ser negro
, trazendo assim uma discussão relevante sobre a realidade identitária do negro brasileiro. A obra apresenta uma reflexão lúcida e questionadora de conceitos muito usados nas discussões e análises das relações raciais no Brasil. De forma modesta, a obra representa uma considerável contribuição para a temática que aborda, sendo uma leitura indispensável para os pesquisadores, estudiosos e militantes da área.
PREFÁCIO
Refletir acerca da identidade afrodescendente, do racismo e das relações étnico-raciais não é uma tarefa que se possa assumir com certa leviandade. Muito menos aprisionado
por eventuais compromissos ideológicos ou políticos, já que a missão do pesquisador, do inquieto analista da realidade social, adverte que essa incumbência sempre nos devolve às nossas maniqueístas certezas em forma de irônicas e novas interrogações. Eis o desafio: captar o ritmo do social
, sentir de perto seus cheiros, enxergar as suas cores. Este livro de Michelangelo Batista se enquadra na pequena lista dos que toparam tal desafio, por sua excelente e original reflexão acerca da identidade afrodescendente no Brasil contemporâneo.
Conheci Michelangelo a começos do ano de 2009, na cidade de Sinop, no cálido Estado de Mato Grosso. De presença importante e predisposto sorriso, comentava-me das suas iniciais inquietações acerca de sua pesquisa, às quais imediatamente considerei de um enorme valor. Principalmente porque me senti seduzido por sua clareza nas pretensões e, fundamentalmente, pela sua humildade de espírito. Assim foi como começamos a trabalhar juntos em seu estudo, tendo da minha parte um notório cúmplice. Michelangelo sabia aonde queria chegar, contudo sentia que o caminho a ser percorrido representava uma longa aventura, cheia de supostos obstáculos e dúvidas. Felizmente, não se acanhou. Viajou ao extremo sul do país com a mala cheia de interrogações; a melhor bagagem para um futuro pesquisador.
Na nossa universidade, imediatamente ganhou destaque, participando de debates, apresentando seu trabalho e sendo generoso consigo mesmo. Presenteou a todos com sua calma maneira de lidar com sua vida e os estudos. Longe de casa e da família, foram muitas as vezes que as saudades o mantiveram lúcido, determinado e, obviamente, com mais preocupações. No entanto, Michelangelo finalmente está aqui, neste seu excelente livro, merecedor de uma leitura ampla e atenta.
O autor do presente livro se propôs a desenrolar uma ideia simples, porém complexa, em sua demonstração. Trata-se de demonstrar como afrodescendentes constroem suas identidades, enquanto cidadãos negros, com base no que ele denomina múltiplas noções de negritudes
. Com isso, Michelangelo pretende se afastar da clássica forma de enxergar, na atualidade, as vivências e experiências particulares dos indivíduos afrodescendentes, ou seja, a partir do que chama ideologia da africanidade
. Para Michelangelo, remeter-se a uma África imaginada
não parecia convincente como fonte explicativa da maneira em que os indivíduos negros se autorreconhecem como tais. Assim partiu para uma detalhada pesquisa de campo, conhecendo e interagindo em situações e contextos muito diferentes, como o Bar do Marlão e a Praça Santa Inês. Coletou informações valiosas, detectando aqueles elementos que corroborassem a sua hipótese de trabalho. Dessa maneira, apelou às suas diversas leituras, e devolveu na escrita a maneira de compreender essa forma atual das múltiplas negritudes
.
O resultado está à vista: introduz o tema das relações raciais valorizando a dimensão individual da interação, sem esquecer-se, obviamente, das construções coletivas de identidades grupais e filiações de pertença. Por outro lado, a reflexão teórica merece particular destaque, recuperando clássicas noções acerca dos dispositivos de discriminação racial e do racismo. Michelangelo conseguiu seu objetivo: devolver ao leitor, de forma clara e original, uma belíssima síntese das suas iniciais inquietações, entre os cálidos dias de Mato Grosso e o inverno do sul do país. Também deixou na memória de quem vos escreve a feliz experiência de poder ter sido seu cúmplice por alguns meses.
Carlos A. Gadea
Professor do programa de pós-graduação
em Ciências Sociais da Universidade
do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos
Pesquisador do CNPq
Sumário
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1
CÓDIGOS NACIONAIS DE ATRIBUIÇÕES PEJORATIVAS
1.1 Preconceito à brasileira: preconceito e discriminação de marca
1.2 O contexto discriminatório e o negro, ser arquiteto
1.3 Uma experiência que confirma a existência do preconceito de posição social inferior
CAPÍTULO 2
IDENTIDADE
2.1 Interações sociais
2.2 Africanidades – ideologia de africanidade
2.3 Teoria do reconhecimento e a identidade negra
2.4 Negritude: múltiplas noções de negritudes
CAPÍTULO 3
INCURSÃO EMPÍRICA: AS NUANCES SOCIAIS POSSIBILITANDO A COMPREENSÃO CIENTÍFICA
3.1 Nossa Senhora do Livramento
3.1.1 O Quilombo Mata-Cavalo
3.2 A pesquisa: observação participante no bar
3.2.1 O Bar do Marlão
3.3 Observação participante: relato, descrição e desdobramentos
3.4 As entrevistas em NSL
3.5 Investigação: qual a sua cor?
3.6 Experiências individuais
3.7 O racismo existe? – Borboleta ou abelha?
3.8 Incursões empíricas em Cuiabá
3.9 A Praça Santa Inês
3.10 Observando as interações sociais
3.11 Entrevistas em Cuiabá
3.11.1 Quem é você?
3.11.2 Sua origem?
3.11.3 Você já sofreu alguma injustiça?
3.11.4 Existe algo em você, alguma característica que as pessoas normalmente não compreendem?
3.12 Uma conversa informal
3.13 Conversas formais e informais em Cuiabá
Considerações Finais
POSFÁCIO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Como uma aventura, ou um grande desafio, esta investigação social me instigou a levantar questionamentos sobre o universo identitário da população negra brasileira. Ciente de minhas intensas inquietações e coerente com os princípios da rigorosa investigação social desenvolveram esta pesquisa, com o intuito de construir outros olhares sobre o processo de construção identitária dos negros¹. Busquei compreender essa construção a partir da narrativa dos sujeitos pesquisados, sobre suas experiências de serem negros
, suas vivências e seus discursos acerca da discriminação racial e das várias configurações de racismo.
Optei por essa temática, devido a minha concisa experiência com motes relativos às relações raciais e educação, pois já os havia desenvolvido em algumas pesquisas praticadas no interior da escola, onde abordei a construção da identidade racial negra. Em minhas pesquisas anteriores, realizadas no município de Porto dos Gaúchos², constatei, no âmbito escolar, uma possível ausência da construção de uma identidade negra e, de certa forma, uma invisibilidade dos negros nos conteúdos educacionais programáticos e temáticos realmente trabalhados em sala de aula.
Nesse sentido, reconheço que, em minha trajetória acadêmica, não encontrei subsídios promovidos pela educação formal que pudessem promover a construção de minha (nossa)identidade negra. Entretanto, fui capaz de me (nos) reconhecer como negro, apesar de sofrer com o racismo, o preconceito e a discriminação racial, presentes na sociedade e reproduzidos no interior das escolas (JESUS, 2006).
Historicamente, os negros da sociedade brasileira vêm lutando por um espaço de respeito e dignidade, pois foram, ao longo dos séculos, explorados e integrados³ de forma marginalizada e desumana neste contexto. O preconceito e a discriminação racial, que antes serviam como justificativa para a escravização⁴ dos negros, atualmente, justificam a sociedade de classes, que os discrimina e mantém o preconceito racial ativo; velado para alguns, e nítido para os milhares por ele violentados.
O racismo é um fato, cuja existência pode ser confirmada por meio de inúmeras pesquisas acadêmicas. Assim, a sua presença e seus consequentes desdobramentos aniquilam uma possível realidade equável e democrática à população brasileira, nos aspectos raciais, cujas desigualdades, derivadas desse contexto, resultam em entraves sociais e morais para a população negra brasileira.
Dessa forma, reconhecer-se negro⁵ significa tomar uma posição de defesa e ataque; sob uma condição de guerreiro
, que almeja ter sua humanidade, cidadania e dignidade reconhecidas. Entretanto, mesmo se os negros não se