Emanoel Araújo: Com imagens, glossário, biografia
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Sobre este e-book
Sua gravura desde o início traz essa espécie de sincretismo estético ao expor sem reservas a convivência entre a influência africana, verificada nas linhas retiradas às figuras totêmicas, vindas ou da religião, ou dos rituais festivos, inclusive da guerra, com a explosão de cores básicas, e de sinais gráficos, em princípio, e da contenção geométrica, numa outra etapa.
Nascido em Santo Amaro da Purificação, Bahia, de uma tradicional família de ourives, também aprende marcenaria e linotipia. São ofícios cujas especificidades estarão imbricadas em vários estágios de sua produção, seja em escultura, seja, principalmente, na gravura.
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Emanoel Araújo - Miguel De Almeida
1966
APRESENTAÇÃO
por Miguel de Almeida
Africanismos, centelhas e descobertas
Desenhista, escultor e gravador, Emanoel Araújo produz uma obra de cepa construtivo-geométrica, com inspiração negra, afro-brasileira: cores fortes e linhas diagonais marcam seus trabalhos. Há nela um caráter totêmico. Algo não usual dentro da tradição geométrica, de sotaque mais racional, expositivo.
Sua gravura desde o início traz essa espécie de sincretismo estético ao expor sem reservas a convivência entre a influência africana, verificada nas linhas retiradas às figuras totêmicas, vindas ou da religião, ou dos rituais festivos, inclusive da guerra, com a explosão de cores básicas, e de sinais gráficos, em princípio, e da contenção geométrica, numa outra etapa.
Nascido em Santo Amaro da Purificação, Bahia, de uma tradicional família de ourives, também aprende marcenaria e linotipia. São ofícios cujas especificidades estarão imbricadas em vários estágios de sua produção, seja em escultura, seja, principalmente, na gravura.
Antes, portanto, de construir uma obra de caráter criativo, autoral, Emanoel Araújo teve em sua formação aprendizado próximo ao treinamento de um artesão, com a necessidade de fundir materiais, de transformar pedras e metais e de modelar peças brutas.
Os sinais gráficos, espécie de vocabulário cênico, ao mesmo tempo ritualístico, vindo da cultura africana, harmoniza-se com a sua formação de artesão em madeira (importante para seu caminho na xilo) e na própria linotipia.
Na obra de Emanoel Araújo há sempre uma visível continuidade, onde a ruptura nasce de um processo indicado por seu próprio trabalho. Assim, é natural seu caminho quando atravessa da gravura para a escultura: o novo suporte demonstra ser um corolário bastante substantivo de apoio a uma expressão que não mais se compraz com um plano que não seja tridimensional. Emanoel, então, é levado à escultura pelo desenvolvimento de sua linguagem, como uma necessidade, a partir do instante em que sua obra não se contenta mais com um acento gestual.
Diferente de artistas que somente traduzem o trabalho pictórico para o escultórico, à semelhança de uma versão, como uma troca, Emanoel o faz pela premência de substantivar a cor e a forma dentro do tridimensional. Pois a gravura, caso insistisse nesse suporte, poderia derivar na criação de ornamentos, não de sínteses – que era o objetivo perseguido.
É a sua inspiração negra que o leva a esse acento.
* * *
A arte brasileira de influência africana nem sempre se expressou dentro um universo temático único. Por implicações sociais diversas acabou diluída em meio a expressões orientadas pelo gosto de classes dominantes, onde sempre houve a ausência do elemento negro. Disfarce e recalque que revelam a incompreensão de uma cultura sofisticada, baseada sobre premissas diferentes das cultivadas pela civilização européia – em tons mais pastel, menos veemente e explícita.
A miscigenação, o diálogo estabelecido com as culturas indígena e branca, o sedimento oriundo do universo sertanejo, mesmo a ebulição surgida com a convivência de africanos de diversas regiões, origina algo como um africanismo de tez brasileira ao qual se soma a topografia e a natureza tropical: muitos dos temas de Emanoel Araújo, sob a gravura, evocam a flora baiana, a tipologia popular, certo barroquismo retirado da arquitetura e da própria fala; na escultura, a influência esbalda o acumpliciamento de tecidos afros com traços e epigramas de rituais de paz e guerra, de chuva e sol, a ansiada germinação.
* * *
A obra de Emanoel Araújo irá – falamos de influências – proceder a uma aproximação dos africanismos com o geométrico (algo que se verifica de certa forma na obra de Rubem Valentim).
Enquanto outros artistas, como Franz Weissmann ou Amilcar de Castro, têm no geométrico um acento de exercício cerebral, tal uma tábua de princípios, o geometrizante de Emanoel Araújo se origina de uma pulsão ancestral, emotiva; o que para alguns advém de apuro racional, em seu sotaque é atávico.
Por isso o geométrico de Emanoel Araújo denota um ritmo diferenciado onde a cor é o objeto a delimitar