Mulheres Quadrinistas: No Ceará tem Disso, Sim!
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Mulheres Quadrinistas - Jeanni Cordeiro Barros
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO
Dedico às mulheres, no âmbito das HQs, que enfrentam e enfrentaram dificuldades para realizar seus trabalhos sem desistir.
AGRADECIMENTOS
Começo agradecendo aos meus pais, Terezinha Cordeiro Barros e João Faria Barros, pelo apoio permanente a tudo que decido fazer. A meu irmão, Ghinael Cordeiro Barros Bandeira, por ser parceiro da vida toda, pelo cuidado silencioso que tem comigo, e ser essa pessoa calma e serena quando tenho meus muitos momentos opostos a isso.
Agradeço à professora Adriana Brito, que me ajudou a iniciar este trabalho ainda na disciplina de História em Quadrinhos, por ter me hospedado em Fortaleza quando precisei ir até lá conhecer algumas das quadrinista, e por toda a assistência que me deu enquanto estive em sua casa.
Agradeço aos professores e às professoras que chegaram, que se foram e permanecem. Cada um colaborou em todo meu processo enquanto aluna do Centro de Artes Reitora Maria Violeta Arraes de Alencar Gervaiseau. Ao Prof. Leonardo Ferreira, por tudo durante o desenvolvimento da pesquisa, e suas orientações bem humoradas e contundentes. Ao professor Akira Sanoki, enquanto membro do coletivo Estação 9, que muito me ajudou na atualização desta pesquisa.
Agradeço ainda ao coletivo Estação 9, onde tive a oportunidade de aprender a fazer roteiros de quadrinhos e todo o processo de produção de uma HQ.
Finalizo agradecendo a todas as mulheres cearenses produtoras de HQ que tive oportunidade de conhecer, pessoal ou virtualmente, e que se disponibilizaram a conversar comigo para que eu pudesse realizar este trabalho.
PREFÁCIO
As desenhistas de Histórias em Quadrinhos
são os novos expoentes no Ceará
O Ceará tem um grande elenco de mulheres famosas.
Desde a escritora e pioneira na Academia de Letras Rachel de Queirós; a atriz Florinda Bolkan; Violeta Arraes, a Rosa de Paris
; a sargenta do Exército Jovita Feitosa, que no século passado alistou-se com 17 anos para lutar na Guerra do Paraguai; até Maria da Penha, a farmacêutica cearense que se tornou símbolo da luta contra a violência doméstica no país.
Jeanni Cordeiro Barros, a autora deste livro, vai revelar outros nomes de mulheres que são conhecidas por meio de um novo mister: o das histórias em quadrinhos (HQ).
Em sua pesquisa Mulheres Quadrinistas: no Ceará tem disso, sim, Jeanni Cordeiro debruçou-se sobre a produção de HQs de mulheres no estado do Ceará numa busca minuciosa de nomes, trabalhos e público-leitor.
Para entrar nesse universo, dá o leitor a oportunidade de se familiarizar com o histórico dos quadrinhos, a representatividade das mulheres importantes para a história da arte, as pioneiras brasileiras das HQs e as representações femininas nas histórias do gênero super-herói.
A grande contribuição de Jeanni começa pela busca de mulheres quadrinistas no Ceará, e utilizou-se de vários meios para alcançá-las: navegou pelas redes sociais, nas publicações impressas, pelo Facebook, por blogs e feiras de quadrinhos em Fortaleza. E chegou aonde queria. Partiu para uma seleção e deu destaque a Brendda Lima, Débora Santos, Andrea Sobreira, Natalia Matos, Juliana Braga, Amanda Alboino, Janaína Esmeraldo, Dharilya Sales, Natalia Maia, Daniele Leite, Dilly Ximenes, Sirlanney Nogueira, Leidiane Lopes, Raquel Santana, as gêmeas Milene e Milena Correia e também Jeanni Cordeiro Barros, a autora do livro, que passou a fazer roteiros após sua pesquisa.
Sua pesquisa nos mostra como essas desenhistas começaram: muitas tiveram influência dos mangás, animês, internet e eventos relacionados à cultura pop, à geek e à nerd.
As histórias dessas desenhistas vão desde a biografia de si mesmas, passando pelo cotidiano de suas vidas, seus relacionamentos, sentimentos até o realismo fantástico. Dharilya Sales, por exemplo, dá ênfase ao sobrenatural e a reflexões sobre a vida e espiritualidade. Daniele Leite dá uma pitada de humor em algumas situações engraçadas passadas por ela e, com isso, faz com que outras mulheres se identifiquem com isso. Neste universo feminino apresentado, tanto Daniele como as outras desenhistas fazem críticas àquilo que se espera de uma mulher e como pode ser possível de forma engraçada desmontar essa perspectiva.
A Brendda, Débora, Andréa, Natalia, Juliana, Amanda, Janaína, Dharilya, Natalia, Daniele, Dilly, Sirlanney, Leidiane, Raquel, as gêmeas Milene e Milena e Jeanni desenham um retrato da mulher cearense em forma de quebra-cabeças, onde as peças vão se encaixando na soma de suas vivências. Os leitores tem o privilégio de conhecer a essência e o íntimo de cada uma das desenhistas: as angústias, os preconceitos, o machismo, a construção do feminino e do feminismo, conflitos, dilemas e novos papéis. Relatam também o sofrimento com as imperfeições do corpo que nem sempre são compatíveis com o ideal de beleza frustrante propagado pelos meios de comunicação e, às vezes, invalidam outras conquistas.
Como diz Janaína Esmeraldo, essas autoras estão criando redes de apoio às suas próprias produções e motivando umas às outras, e isso é fundamental
. Existe um pequeno público interessado, mas é possível alcançar muito mais pessoas em eventos relacionados à cultura pop e às redes sociais. Estes são incentivadores para que o público feminino se sinta estimulado a consumir e produzir.
Outro fator muito importante é o que faz o Troféu HQMIX (O Oscar das histórias em quadrinhos
), que dá premiação não só aos desenhistas, mas às pesquisas sobre quadrinhos, como é o caso deste livro, indicado ao troféu.
Na lista dos concorrentes ao 28º troféu HQMIX, três das mulheres quadrinistas cearenses citadas neste trabalho concorreram em categorias distintas. Brendda Lima, na categoria Colorista pelo trabalho Pombos; Dharilya Sales, na categoria Publicação Independente de Grupo com o trabalho Relicário; e Sirlanney Nogueira, na categoria Projeto Editorial com Magra de Ruim.
Dessa forma foram conquistando seu lugar também com novas propostas de roteiro retratando os problemas do cotidiano, das cidades, quer de forma realista ou de ficção científica. A produção feminina está em alta, e ver mulheres fazendo quadrinhos estimula que mais autoras entrem no mercado e sigam com suas produções.
Jeanni Cordeiro Barros nos presenteia com este livro mostrando que são elas que estão preenchendo o espaço do mercado nacional de quadrinhos com novas propostas editoriais, desenhando uma inovação na figura da mulher e colocando nos balões a fala que representa a juventude do país, tentando sair dos estereótipos saídos da pena masculina.
Sonia M. Bibe Luyten¹
APRESENTAÇÃO
Este livro teve como motivação fazer uma busca das mulheres do estado do Ceará que estão trabalhando na produção de história em quadrinhos (HQ). A proposta de se debruçar sobre a produção dessas mulheres me fez perceber que pouco se falava de mulheres desenvolvendo HQs não só no Ceará, mas no Brasil todo. Por isso me senti provocada a conhecer a cena feminina cearense, que tipo de trabalhos está sendo desenvolvido por elas e como elas se engajam para ocupar os espaços que comumente são atribuídos aos homens.
Para chegar a tais respostas, a pesquisa foi dividia em cinco capítulos: no primeiro faço um breve relato histórico sobre os quadrinhos; no segundo trago mulheres importantes para a história da arte, suas representações, as pioneiras brasileiras das HQs, representações femininas nas histórias em quadrinhos do gênero super-herói; no terceiro capítulo apresento o diálogo acontecido com as mulheres cearenses a que pude ter acesso; no quarto trago a experiência de ter participado da segunda edição do evento [DES]Enquadradas
, em Fortaleza; e no quinto, o meu processo de aprendizagem sobre os códigos de leitura das histórias em quadrinhos, usando três trabalhos nos quais a mulher é a protagonista.
Jeanni Cordeiro Barros
Sumário
Introdução 17
1
BREVE HISTÓRIA DAS HQs 21
2
MULHERES NA HISTÓRIA DA ARTE 27
2.1 MULHERES ARTISTAS, MULHERES REPRESENTADAS 29
2.2 MULHERES PIONEIRAS NAS HQs BRASILEIRAS 39
2.3 PERSONAGENS: representação feminina nas HQs de super-heróis 46
3
UM OLHAR SOBRE A PRODUÇÃO DE MULHERES NAS HQs CEARENSES 53
3.1 CONVERSANDO COM ELAS 55
3.2 BRENDDA LIMA 56
3.3 DÉBORA