Nair de teffé: artista do lápis e do riso
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Sobre este e-book
Num período em que o papel da mulher, suas expectativas e vivências se restringiam às obrigações do casamento e do lar, Nair de Teffé quebra este paradigma atuando ativamente na vida cultural, social e política da República no Rio de Janeiro, e sua primeira fase artística de 1909 a 1926 é aqui apresentada, sobretudo aqueles retratos classificados como portrait-charge e a caricatura de costumes.
Helenise Guimarães
Universidade Federal do Rio de Janeiro
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Nair de teffé - Maria de Fátima Hanaque Campos
Editora Appris Ltda.
1ª Edição – Copyright© 2016 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
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Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO
O riso é o melhor meio
de corrigir os costumes.
(Otto Prazeres)
AGRADECIMENTOS
A realização deste trabalho não seria possível sem a orientação da professora Dra. Maria Stella Orsini; da professora Dra. Sonia Bibe Luyten, quem me apresentou ao pessoal do Centro Rian e incentivou-me na escolha do tema.
Esta pesquisa levou-me ao Rio de Janeiro, onde pude conhecer fatos interessantes da vida de Nair de Teffé. Seu filho adotivo, Paulo Roberto Hermes da Fonseca, guardou com extremo carinho o que restou da obra da artista. Por meio da Sra. Maria Celeste de M. Soares Silva e do Prof. Paulo César dos Santos, consegui depoimentos valiosos da artista, como também percebi que ela deixou lembranças saudosas em quem a conheceu.
Aos colegas que me ofereceram informações de enorme valia, aos amigos, pelo apoio indispensável, e em especial a Ely Vieira Costa Lino, que colaborou na identificação do vestuário feminino e masculino dos personagens caricaturados. À filha Suzana, que aceitou as minhas ausências, a Eduardo, pelo companheirismo todo o tempo. A todos reservo uma enorme gratidão.
PREFÁCIO
No campo das Ciências Sociais, os estudos em Comunicação e Artes vêm demonstrando a importância da interdisciplinaridade para compreensão de nosso passado e dos atores que em algum momento da história se destacam por seus múltiplos papéis. Esta obra traz à luz parte da história de vida de Nair de Teffé, personalidade de extrema riqueza por sua atuação no cenário do Brasil do início do século XX.
Maria de Fátima Hanaque Campos, numa narrativa que alia a metodologia da pesquisa documental e biográfica com a análise do cenário histórico em que viveu Nair Teffé, apresenta-nos de forma rica e instigante não só a trajetória da artista pioneira num campo reservado aos homens, mas também a própria trajetória do gênero da caricatura no Brasil e sua importância como elemento construtor de discursos políticos e poéticos de uma época [com destaque aqui para a revista Fon-Fon!].
Num período em que o papel da mulher, suas expectativas e vivências se restringiam às obrigações do casamento e do lar, Nair de Teffé quebra este paradigma atuando ativamente na vida cultural, social e política da República no Rio de Janeiro, e sua primeira fase artística de 1909 a 1926 é aqui apresentada, sobretudo aqueles retratos classificados como portrait-charge e a caricatura de costumes.
No início do século XX destacavam-se entre os grandes jornais o Jornal do Brasil, O País, Correio da Manhã, Gazeta de Notícias, e as revistas ilustradas O Malho, Kosmos, Fon-Fon!, Careta e Revista da Semana, e é nesta época e neste cenário que surgem três grandes artistas da caricatura: Raul Pederneiras, Calixto Cordeiro (K.Lixto) e Jota Carlos, tríade a qual se juntaria com seus desenhos sinuosos e elegantes Rian, pseudônimo usado por Nair de Teffé.
Coube à Revista Fon-Fon! revelar suas primeiras caricaturas, gênero que na primeira década do século XX se afirmaria como categoria artística, impulsionada pelos meios de reprodução gráfica que puderam difundir imagens artísticas aliadas a textos críticos, através da imprensa. Acompanhando, portanto, o amadurecimento do gênero, o estilo de Rian cresceria plasticamente com a apropriação dos modernos recursos da imprensa, entre eles o uso da cor, ao mesmo tempo em que seu discurso torna-se cada vez mais sofisticado na elaboração de suas criações, cuja crítica elegante e particularmente feminina
voltava-se para retratar personalidades políticas, tipos populares da burguesia carioca e personagens do meio artístico de sua época.
Estes retratos da vida mundana e elegante do carioca do início do século XX são aqui documentados e analisados detalhadamente em seus aspectos plásticos e formais por Maria de Fátima Hanaque Campos, que nos revelara uma Rian de espírito irrequieto e com agudo senso de apropriação dos perfis identitários de cada personagem, que, capturados pelo seu traço seguro e sinuoso, revelavam aspectos anedóticos e graciosos de seus retratados.
Ler as descrições destas caricaturas nos possibilita também compreender o quanto a educação refinada de Nair de Teffé, oriunda de academias parisienses, pode intuitivamente incorporar uma educação nativa, colorida de fortes sentimentos tropicais e produtora de memórias de um tempo de euforias nacionalistas, onde uma mulher reinaria soberana por meio de seu traço sinuoso, elegante e moderno.
Destacam-se ao longo desta obra os papéis vividos por Nair de Teffé: a mulher adiante de seu tempo, moderna e liberal, a dama da alta sociedade, cujo casamento com o então presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca, deu condições de levar às esferas culturais da elite o seu gosto pela cultura popular, e a artista pioneira do gênero da caricatura, cuja obra de riqueza plástica e documental acompanhamos com interesse e prazer.
Helenise Guimarães
Professora da Escola de Belas Artes - UFRJ
Sumário
INTRODUÇÃO
1
NASCE NAIR DE TEFFÉ
1.1 A República: momentos decisivos para o