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A criança em ruínas
A criança em ruínas
A criança em ruínas
E-book80 páginas41 minutos

A criança em ruínas

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Sobre este e-book

Após o sucesso de Morreste-me, José Luís Peixoto retoma o seu principal tema – o luto – com a mesma sensibilidade e grandeza na construção imagética. Transitando desde a melancolia à beleza do nascimento, do saudosismo ao cansaço, aqui encontramos "o último esconderijo da pureza": seus versos.

Este é o primeiro livro de poesia deste premiadíssimo escritor português a ganhar uma edição no Brasil.

Livro vencedor do Prêmio da Sociedade Portuguesa de Autores.
IdiomaPortuguês
EditoraDublinense
Data de lançamento2 de abr. de 2020
ISBN9788583181460
A criança em ruínas

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    A criança em ruínas - José Luís Peixoto

    1

    Edição apoiada pela Direção-Geral do Livro, 

    dos Arquivos e das Bibliotecas / Portugal

    LogoGovPortugalA criança em ruínas 5ª imp

    Índice

    A criança em ruínas

    Arte poética

    1

    na hora de pôr a mesa, éramos cinco:

    ainda que tu estejas aí e tu estejas aí e

    o teu sono anoiteceu mais que a noite

    o silêncio solar das manhãs

    há o silêncio circunscrito à tua volta

    este foi o ano em que nasceste

    caminha pelo teu corpo um silêncio como uma aragem

    tu forma de homem pessoa

    mãe queremos ainda passear

    entre as manhãs que sofremos, entre as esperas de tudo o que não nos quis,

    a morte é esta caneta que não é os meus dedos.

    não te pergunto de onde chegas?,

    tudo será arrumado um dia.

    vejo na minha caligrafia as escadas do meu destino.

    estou sozinho de olhos abertos para a escuridão. estou sozinho.

    ninguém.

    2

    quando nasci. esperava que a vida.

    olho as minhas mãos. nas minhas mãos tudo passa.

    espelho, és a terra onde as raízes rebentam de mistérios.

    estou deitado sobre a minha ausência,

    entre mim e o meu silêncio há gritos de cores estrondosas

    quantas vezes apostaste a tua vida?

    a primavera chegou antes do tempo a esta sala.

    estou sentado numa cadeira simples

    entre as palavras da minha voz, as minhas palavras, renasce um silêncio

    há saudade para sentir como há livros nas prateleiras a fechar mundos

    como não tenho lugar no silêncio onde morrem as gaivotas,

    estou só numa praça vazia sem mim

    eram as estrelas, caminhante,

    3

    fico admirado quando alguém, por acaso e quase sempre

    tenho aquela que me olha e que olho

    não posso encontrar mais

    pergunto se posso dizer o teu nome a uma flor

    subimos a torre eiffel

    o marulhar do teu

    era sangue nas mãos deles do teu

    hoje não há vento e posso ver-te melhor

    não quero mentir mais. estou cansado de mentir.

    no tempo em que éramos felizes não chovia.

    dá-me alguma da tua pele terra

    se esta é a história de dois que se resgataram da vida,

    estou aqui. esta mesa. tu estás sentada num sofá que só posso imaginar

    ultimamente não consigo dormir e não consigo acordar. ontem

    todo o amor do mundo

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