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Escola: Vocação, Carisma e Comunidade
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E-book264 páginas3 horas

Escola: Vocação, Carisma e Comunidade

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Sobre este e-book

O leitor encontrará nesta obra reflexões sobre alguns esforços feitos pelas escolas e pelos educadores para responder aos desafios colocados por um mundo em intenso movimento de mudança. A história da escola de base católica aqui em foco – a congregação das Filhas de Jesus, fundada na Espanha em 1871 – oferece uma experiência que mesmo sendo delimitada não perde o seu vínculo com uma rede internacional cuja força de trabalho se apoia no carisma, na comunidade e na vocação. Esses três termos fazem com que a experiência opere em uma profundidade garantida em suas relações com uma tradição. Tal amplitude de olhar auxilia em uma crítica ao risco de reformas educacionais, em curso por todo o mundo, caírem na superficialidade das demandas imediatas de uma condição conjuntural relacionada com a esfera do trabalho. Aqui se reforça o compromisso com a defesa do humanismo diante de possíveis barbáries na vida em sociedade. Esse apelo para uma prática pedagógica enraizada na tradição da comunidade, animada por um carisma e orientada por uma vocação, oferece referências instigadoras para encorajar a ação dos educadores no cotidiano das escolas para se lançarem em práticas mais inventivas.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de nov. de 2017
ISBN9788547306540
Escola: Vocação, Carisma e Comunidade

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    Escola - Márcio Donizetti Rocha

    ESCOLA

    Vocação, carisma e comunidade

    ESCOLA

    Vocação, carisma e comunidade

    Márcio Donizetti Rocha

    Romualdo Dias

    Curitiba - PR

    2017

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO LINGUAGEM E LITERATURA

    Dedico esta obra à memória dos meus pais, Luis Nunes Rocha e Mathilde Tropaldi Rocha. À minha família, à congregação das Filhas de Jesus, aos meus amigos do Instituto Educacional Imaculada, ao Cláudio Lorente e ao Marcos Teixeira de Souza.

    APRESENTAÇÃO

    Este livro faz uma provocação: pensar sobre o inacabamento do processo de constituição do educador e sobre o inacabamento no trabalho de elaboração de um projeto pedagógico. Se o bom educador e o bom projeto pedagógico nunca estão prontos, essa dimensão de incompletude tem a sua potência política. Para o educador de hoje o desafio consiste em aguentar habitar esse território de paradoxo e retirar dele as energias para o trabalho inventivo a ser realizado no cotidiano escolar.

    O desafio para o projeto pedagógico lança luz sobre a formação de um coletivo de trabalho capaz de sustentar o inacabamento com os recursos materiais advindos do próprio processo educacional. Desse modo, em vez de criar um estado de pavor, o grupo pode se esforçar em realizar experiências com a intensidade de uma fazer capaz de envolver também o educando.

    O livro assume como ponto de partida o documento Nosso Modo Próprio de Educar, dando a ele o estatuto de uma referência de elaboração do Projeto Pedagógico das Escolas da Rede da Congregação Religiosa das Filhas de Jesus. Na primeira parte do livro é apresentado o campo empírico onde o autor recolhe os dados mais significativos para a formulação dos problemas da educação atual. Aí ganha destaque o fato de uma reforma educacional estar sendo promovida em âmbito internacional. Assim, nós temos a oportunidade de fazer o confronto entre um movimento internacional de reforma da educação promovido por agências de cooperação e outra prática educacional, também internacional, assumida por uma rede de escolas com uma assumida escolha confessional, a rede internacional das escolas da Congregação das Filhas de Jesus, vinculada ao catolicismo.

    Na segunda parte do livro, temos um quadro teórico com o qual serão analisados os problemas apontados na educação no Ocidente, articulando algumas categorias formuladas por Max Weber com um conjunto de ideias recolhidas no ideário do neotomismo, tal como foi formulada por Jacques Maritain. Essa ousadia expressa uma posição política diante da superficialidade com que o movimento internacional de reforma curricular vem apresentando-se. A composição dos termos do carisma, da vocação e da comunidade em um quadro de referência para efetuar a crítica dos movimentos internacionais confere os horizontes e o dinamismo de uma escolha política possível aos educadores considerados nesta experiência, que ganha profundidade com seu enraizamento na tradição cristã.

    A terceira parte do livro nos apresenta as paisagens emergentes no movimento de constituição do educador ao mesmo tempo em que este se envolve na elaboração do projeto pedagógico em um cotidiano escolar. Essa mútua implicação é mostrada como sendo sustentada por diversos aspectos inerentes a uma materialidade e a um dinamismo próprios dos terrenos da cultura, do poder e da escola.

    Nas conclusões de suas análises temos alguns elementos úteis para a avaliação a ser realizada sobre os processos de formação continuada dos educadores. Nesse lugar cabe perguntar pela condição de cada educador em se relacionar com a dimensão de incompletude, com o fato de que um bom educador nunca está formado e que um bom projeto pedagógico também exige a sua elaboração em permanente confronto com os processos educacionais vividos no cotidiano da escola.

    Enfim, estamos diante do confronto entre duas experiências internacionais. As escolas da Congregação das Filhas de Jesus, situadas na tradição católica, assume explicitamente o seu caráter confessional. Já o movimento internacional de reforma curricular exibe inúmeros malabarismos para camuflar seus dispositivos de colonização no território da crença. Esta configuração do mercado capitalista neoliberal assume seus investimentos na reforma de uma educação que interessa para este modelo de funcionamento de mercado, sempre tentando afinar seus interesses específicos. O movimento de reforma curricular internacional vem sendo realizado como se não interessasse por este campo de constituição do valor.

    Esse confronto não deixa de gerar uma tensão também para os educadores das escolas católicas. Diante das investidas do mercado sobre o território da crença, como os educadores desta outra rede de ensino resistem aos dispositivos de captura? Aqui podemos fazer uso de um termo recolhido nas críticas do cineasta italiano Pier Paolo Posolini quando denunciava um politeísmo sendo produzido pelas novas figuras de fascismos em emergência com os dispositivos de dominação do mercado neoliberal. Pasolini alertava sobre a ameaça que recaia diante da consistência cultural do Ocidente vinculada com a experiência católica enraizada na tradição judaica. Após esse percurso, podemos nos perguntar: o quanto os educadores das escolas da Rede Católica deixaram ou não se apanhar pelo culto aos muitos deuses travestidos no consumismo e envolvidos com o apego ao brilho das mercadorias?

    PREFÁCIO

    MEU MODO PRÓPRIO DE AMAR...

    Não sou bom para escrever prefácio: confesso e reconheço essa minha dificuldade. Como professor de Teoria Literária, sei que são textos extremamente híbridos, vagando entre a crítica e a resenha, entre o depoimento e o impressionismo. E tal fato me deixa preocupado: O que escrever? O que escolher como melhor? Assim, são as dúvidas que me impulsionam a escrever este texto, não as respostas. As dúvidas movem, obrigam a mover, a ir em direção a algo estranho e desconhecido, como esse ato de entrar no universo reflexivo. Por isso, no geral, não escrevo prefácios.

    Mas eis que vem Márcio Donizetti, amigo de vários anos, com uma conversa doce e um pedido carinhoso. Ou seja, não pude negar-lhe prefaciar Escola: Vocação, Carisma e Comunidade, tentando fazer aqui uma experiência pessoal do meu modo próprio de amar esse grande amigo. Então decidi começar.

    ***

    O caminho entre a pesquisa e sua posterior transformação em livro é longo, tenso, cheio de armadilhas que obrigam o seu autor a fazer mudanças, concessões, acréscimos e decréscimos. Mas desde o início, ficou claro o ineditismo do principal objeto investigado: a pedagogia própria das Filhas de Jesus, congregação religiosa católica fundada na Espanha, em 1871, pela Madre Cândida Maria de Jesus, e que chegou ao Brasil em 1911. Como professor de um dos colégios dessa rede de ensino, foi possível a Márcio Donizetti o acesso a documentos inéditos: cartas, textos, tratados, fotografias, diários etc., material devidamente usado e problematizado ao longo de sua pesquisa, e que agora vem a lume neste livro.

    O eixo da pesquisa de Márcio foi o documento Nosso Modo Próprio de Educar, espécie de diretriz a guiar e inspirar a pedagogia dessa congregação voltada ao ensino, cujo carisma se realiza justamente nas possíveis transformações do indivíduo por meio do processo de ensino-aprendizagem realizado nos respectivos colégios da mesma rede. E por falar em carisma, conceito tão marcado pela tensão, especialmente no universo científico-racionalista, achei produtiva a opção de Márcio Donizetti em buscar no pensamento de Max Weber as luzes para essa compreensão. Segundo Márcio,

    O carisma é a qualidade extraordinária de uma pessoa possuída por forças sobrenaturais ou sobre-humanas, extracotidianas e não acessíveis facilmente aos outros. Essa figura é enviada por Deus, o que colaborará para que se torne um modelo, um chefe ou um líder de uma comunidade. A autoridade legitimada pelo carisma se sustenta, portanto, em bases emocionais. [...] O carisma é considerado uma força interior que desencadeia uma mudança a partir de dentro, capaz de reorientar o comportamento das massas, subvertendo as formas de vida anterior e a ordem vigente.

    Julgamos que essa definição é de grande valia não apenas para compreender este livro, mas principalmente para entendermos a educação produzida nas instituições católicas, cuja lógica difere muito das demais instituições. Não para melhor, nem para pior. Apenas particular. Volto a citar Márcio, parafraseando Weber:

    A religião exerceu uma influência sobre o estilo de vida das pessoas nela inseridas, construindo, assim, uma ética, elaborada a partir de parâmetros subjetivos e racionais, que contribuiu para a administração e manutenção da instituição. [...] As instituições religiosas, mesmo tendo a necessidade de se manter no manuseio de um sentido de transcendência em sua missão, também precisam garantir a construção de suas estruturas, a partir da racionalidade que serve de manutenção para a sua existência enquanto atuam na sociedade.

    Eis algumas chaves para se compreender o pensamento católico e sua ação na educação, especialmente nas escolas confessionais, motivadas que são pelo carisma de seus fundadores. Não obstante esse carisma deve ser sempre encarnado e vivido no hodierno, no agora do tempo, atuando nas vicissitudes e necessidades históricas de cada momento. Creio que foi esta a motivação de Madre Cândida, quando da fundação de sua congregação, motivada que foi pela total falta de acesso das mulheres à educação e à cultura, na Espanha do seu tempo.

    E como tudo isso chega ao Brasil? Eis o que este livro de Márcio Donizetti se propõe a explicar e demonstrar, num estilo leve, aprofundado e culto, mas sem ser enfadonho, como ocorre com muitos trabalhos de base acadêmica. Chamo os leitores, de agora e do futuro, a lerem este livro, fruto de uma larga investigação em livros, arquivos e depoimentos.

    ***

    Considero esta obra de grande valia para nossos estudos críticos acerca da educação brasileira. Os motivos são vários, os principais esbocei ao longo deste tímido prefácio, que certamente é incompleto, não faz jus ao conteúdo deste livro. Por isso, acho complicado escrever prefácios, pois estes nunca estão à altura da obra prefaciada. Os outros motivos deixo para que os leitores os descubram, pois acho necessário que o leitor também perceba a riqueza de uma história como esta. E não apenas os leitores especializados, estudiosos de nosso processo histórico-educacional, especialistas em história da educação brasileira, mas também o leitor comum, já que a narrativa de Escola: Vocação, Carisma e Comunidade é de excelente leitura, num tom híbrido entre o historicista e o memorialístico, ou os dois juntos, acrescentado de uma emoção pessoal própria de quem participa e vive algo muito importante, como é o caso do autor que também é professor da congregação das Filhas de Jesus.

    Creio que o livro de Márcio fala por si só, tem poder e importância pelo conteúdo inédito que revela, pelas novidades que traz, pelas revelações que conta e, por isso mesmo, conseguiu um lugar epistemológico nos estudos diacrônicos da educação brasileira.

    Certamente, o assunto não se esgota aqui, o conteúdo é vasto e complexo, como a problemática da educação confessional que, entre as décadas de 30 a 60 do século passado, esteve a serviço da Ação Católica, o que promoveu erros e acertos, particularidades históricas e metodológicas que não podem ser analisadas de forma superficial. É o que se espera de Márcio Donizetti num futuro livro, pois este que ora vem a lume já responde por si próprio, já é complexo o bastante e se oferece, desde agora, à ressignificação que será feita por seus futuros leitores.

    Por fim, termino com o título deste meu prefácio – Meu Modo Próprio de Amar –, que não é apenas um jogo de palavras com o título do livro, mas uma metáfora que se oferece a Márcio Donizetti e a seu esforço de trazer-nos uma história singular, de uma simples empregada doméstica que se tornou religiosa e fundou uma congregação de educadores que tenta, na medida das possibilidades de cada tempo e espaço, (re)atualizar a mensagem libertadora do Evangelho, aqui vivenciada na libertação que a Educação pode e deve proporcionar.

    Leandro Garcia

    Professor de Teoria Literária da

    Universidade Federal de Minas Gerais

    Sumário

    INTRODUÇÃO

    1

    MATÉRIAS PARA AS PAISAGENS: DESLOCAMENTOS DOS ABISMOS DA DESOLAÇÃO PARA OS HORIZONTES DA EDUCAÇÃO

    1.1 O MOVIMENTO INTERNACIONAL DE REFORMA DA EDUCAÇÃO: AS INTENÇÕES DECLARADAS

    1.1.1 Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem, 1990

    1.1.2 Declaração de Nova Delhi sobre Educação para Todos, 1993

    1.1.3 Declaração de Dakar: educação para todos, 2000

    1.2 MOVIMENTO INTERNACIONAL DE REFORMA EDUCACIONAL: CONFLITOS COM A COMUNIDADE

    1.2.1 Escolarizando o mundo

    1.2.2 A Educação proibida

    1.2.3 Numa escola em Havana

    1.3 MOVIMENTO INTERNACIONAL DE REFORMA EDUCACIONAL: DESAFIOS DE UMA PRÁTICA ESCOLAR

    1.3.1 Carisma: para conferir se a chama ainda fumega

    1.3.2 História de Madre Cândida

    1.4 O PROJETO PEDAGÓGICO DA REDE FILHAS DE JESUS

    1.5 A CONCEPÇÃO DE EDUCADOR

    2

    As categorias de análise: entre Max Weber e Jacques Maritain

    2.1 MAX WEBER: PARA COMPREENDER O CARISMA, A VOCAÇÃO E A COMUNIDADE

    2.1.1 Os tipos puros de dominação legítima

    2.1.2 A dominação legal

    2.1.3 A dominação tradicional

    2.1.4 A dominação carismática

    2.1.5 A autoridade carismática

    2.1.6 A passagem do extracotidiano para o cotidiano

    2.1.7 A dominação carismática e a sua transformação

    2.1.8 A disciplina e o carisma

    2.2 CARISMA

    2.3 COMUNIDADE

    2.4 VOCAÇÃO

    2.5 JACQUES MARITAIN: OS FINS E O DINAMISMO DA EDUCAÇÃO

    2.5.1 Os fins da educação

    3

    A CONSTITUIÇÃO DO EDUCADOR E A ELABORAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO

    3.1 AS PAISAGENS NOS TERRITÓRIOS DA CULTURA

    3.2 AS PAISAGENS NOS TERRITÓRIOS DO PODER

    3.3 AS PAISAGENS NOS TERRITÓRIOS DA ESCOLA

    Considerações finais

    O EDUCADOR E O PROJETO PEDAGÓGICO: EM MOVIMENTOS DE NUNCA ACABAR...

    REFERÊNCIAS

    Documentos

    Vídeos

    INTRODUÇÃO

    O tema deste livro está fortemente relacionado à experiência do educador, de modo que a delimitação de seu objeto brota dessa prática. O fazer pedagógico é um terreno de onde nascem diversas interrogações, mas que não cria uma obrigação de fronteiras para o percurso escolhido, pois nosso exercício de interrogar transcende esta esfera de ação específica. A constituição de nosso objeto de estudo se faz na tensão entre uma experiência feita em seus contornos próprios e uma inquietação que nos força a transcender fronteiras, de modo que temos consciência de que constituímos um território que está constantemente tensionado. Este é o primeiro campo de mediação em que se situa nosso objeto de estudo. Nós nos situamos em um espaço de conflito entre as possibilidades expressas por este nosso modo próprio de educar diante dos impossíveis indicados pelos horizontes de nossos sonhos e de nossas responsabilidades.

    Neste lugar de tensão nós formulamos as nossas perguntas e fizemos as extrapolações necessárias, movidos pelas exigências do tema, de modo que as questões oriundas deste livro nasceram, precisamente, do ponto de cruzamento daquilo que é chamado por uma rede de escola como O Nosso Modo Próprio de Educar e dos sentidos produzidos nos subterrâneos de um movimento internacional de reforma curricular. Este é o segundo campo de mediação no qual se situa nosso objeto de estudo. Aqui temos, portanto, dois modos muito diversos de lidar com esta dimensão internacional ao organizarmos cada escola. Nós que atuamos em uma rede internacional de ensino nos vemos em condições de identificar incômodos diante de um movimento global de reforma curricular. A nossa autoridade para nos colocamos no exercício pensamento diferente e livre se assenta em nosso real compromisso explícito em um cotidiano de realizações e efetivo compromisso com os educandos.

    Ao entrarmos em uma escola vinculada a uma rede internacional de ensino, de caráter confessional, recebemos um documento chamado NMPE – Nosso Modo Próprio de Educar. A diretora, na época, advertiu sobre a importância do texto e sugeriu que se fizesse dele um livro de cabeceira, para ser lido por todos com muito carinho e atenção. No início do ano letivo, todos os professores novatos foram convocados antecipadamente para ouvir a diretora relatar a história da fundadora, essencialmente sobre sua espiritualidade. A dimensão de sua obra nos foi apresentada por meio da exposição de sua presença no mundo. Além disso, foi feita a descrição de trabalhos extracurriculares, no campo social, para os quais fomos convidados a participar. Em todos esses discursos era possível observar uma carga emocional intensa.

    Nesse mesmo dia, ganhamos de presente uma biografia da fundadora da congregação. Aos poucos, fomos percebendo como aquele colégio tinha algo diferente, justamente por se apresentar como uma grande família. Identificamos nessa forma de nomeação os primeiros traços característicos da configuração daquilo que pode ser compreendido como uma comunidade. As novas facetas desse esforço emergiram ao se observar os diversos rituais do cotidiano escolar. Uma oração preparada pela equipe encarregada do serviço pastoral do colégio e pela direção abriu as reuniões do início do ano. Essas orações expressam conteúdos relacionados aos propósitos da fundadora e aos documentos contemporâneos da Igreja. Em seguida, foram feitas reflexões sobre textos pedagógicos de diversos pensadores da atualidade. Houve momentos dedicados à hora do café, nos quais tivemos a oportunidade de realizar a confraternização entre os professores. Quando retornamos aos trabalhos, organizamo-nos em grupos específicos, juntamente ao coordenador de área, para atividades de planejamento. Tal atividade ocorre no início do ano e se alonga por três dias.

    No segundo dia, por uma hora, antes da reunião pedagógica e por meio de uma dinâmica em grupo, fez-se uma leitura acompanhada de uma oração. Com o uso desse recurso, a equipe entra em contato com uma parte do método dos exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola, fundador da congregação dos Jesuítas, denominada Companhia de Jesus. Uma missa foi celebrada no último dia, uma hora antes de terminar a reunião. Nesse ritual, os professores novatos entraram com o celebrante como uma forma de promover o acolhimento destes por parte da comunidade educativa.

    Os rituais de acolhida dos novos

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