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Escola internato: adolescência, regras e relações
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Escola internato: adolescência, regras e relações
E-book227 páginas2 horas

Escola internato: adolescência, regras e relações

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Sobre este e-book

A escola é uma instituição social, historicamente organizada, para oportunizar o acesso a conhecimentos. Se caracteriza, também, como um espaço físico concreto, com distribuição de tempo particular em seu interior e uma série de normas. Constitui-se em um dos principais espaços em que a vida coletiva favorece as interações sociais, pois comporta, em seu meio, processos dinâmicos que envolvem a socialização, mediante a cultura existente, influenciando no desenvolvimento do indivíduo, como parte desse meio, na construção de sua identidade. Para nortear o comportamento de seus alunos - em cada escola - há uma gama de normas disciplinares geralmente impostas pela instituição. O livro retrata a dinâmica do viver, as regras e as relações de uma escola internato, sob regimentos que organizam e orientam a convivência por meio da disciplina porém suas reflexões se estendem a outros modelos pois discute normas e relações no ambiente escolar. A experiência de ser aluno interno reveste-se de especial peculiaridade, pois a mudança ocasionada na vida desses alunos adolescentes, a partir do ingresso no internato, parece intensa de sentimentos e expectativas, e a escola, como sua nova morada, torna-se o principal ambiente social. O estudo nos convida a repensar o modelo de escola presente, bem como, o desenvolvimento social e intelectual construído pelas instituições educativas, às formas simbólicas produzidas e reproduzidas nesse espaço social que se integralizam na interação dos que compõem o ambiente institucional em sua totalidade e, consequentemente, chegam à sociedade que se constrói todos os dias. Entendemos que a qualidade das interações, mediações e intervenções naquele espaço são essenciais para a validação e progressão dos adolescentes a fim de promover crescimento psicológico.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2017
ISBN9788547305505
Escola internato: adolescência, regras e relações

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    Pré-visualização do livro

    Escola internato - Luciane Baseggio Vendruscolo

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2017 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    Aos amados filhos Andreza e Lucas.

    Apresentação

    [...] a identidade se forma através do processo de reflexão e observação, simultaneamente. Isto significa que o adolescente julga a si próprio observando como os outros o julgam comparando-o com eles mesmos e com o que eles julgam ser significativos. A reflexão vem a partir do momento em que ele julga a maneira pela qual o grupo o julga; esse julgamento acontece à luz do modo como se percebe a si próprio em comparação com os demais e com os tipos que se tornaram importantes para ele.

    (Erik Erikson)¹

    Apresentar algo, alguém ou alguma coisa é uma ação importante: dar a conhecer, submeter à apreciação, explicar, sem deixar de considerar que essa ação de apresentar está imbuída de interpretações, de significados, de uma dimensão valorativa em relação ao foco que se encontra em destaque. Em nosso caso, o objetivo inicial da apresentação do livro Escola Internato: adolescência, regras e relações se coloca em um duplo desafio: despertar o interesse e reflexão de leitores – e possíveis afinados com a temática foco da obra – por meio de um conjunto de observações que serão demarcadas na sequência, bem como ressaltar o papel e o lugar da instituição escolar na vida de alunos, particularmente de adolescentes, e as implicações desse espaço de convivência e de relações na constituição da identidade desses indivíduos.

    O livro Escola Internato: adolescência, regras e relações é resultante de uma investigação, base empírica constituinte da obra, que possui como cenário uma escola que funciona em sistema de internato. O estudo foi realizado pela aluna e orientanda Luciane Baseggio Vendruscolo no decorrer do curso de mestrado em Educação, no Programa de Pós-graduação em Educação (PPGEd) da Universidade do Oeste de Santa Catarina – Campus de Joaçaba (SC).

    O estudo realizado parte da observação e registro criterioso e organizado do cotidiano da escola, desse espaço de convivência e de relações, de normas e regras visíveis e invisíveis, considerando que uma das pesquisadoras atua nessa escola como técnica administrativa em educação. Para isso, fez-se necessária a organização metodológica de instrumentos de coleta de dados que permitissem a aproximação aos alunos, a seus pensamentos, à compreensão que possuem do cotidiano escolar, das concordâncias e divergências em relação a esse cotidiano, além da autorização para que se posicionassem sobre sua vivência nessa instituição. Considerando que grande parte dos alunos que frequentam esse espaço permanece nele ao longo das semanas – e de muitos finais de semana – inúmeros são os episódios que marcam os dias de permanência, seja nos espaços das salas de aula, nos laboratórios, nas experiências ao ar livre, nos aposentos coletivos, nos refeitórios, banheiros e outros locais de convivência e de relações que interferem, de alguma maneira, no ser e sentir-se adolescente.

    A construção da identidade pessoal é considerada a tarefa mais importante da adolescência, o passo crucial da transformação do adolescente em adulto produtivo e maduro (SCHOEN-FERREIRA; AZNAR-FARIAS; SILVARES, 2003). Construir uma identidade, para Erikson (1972), implica definir quem a pessoa é, quais são seus valores e quais as direções que deseja seguir pela vida. Nesse sentido, o livro apresenta aspectos positivos e negativos do espaço escolar, das aprendizagens, da convivência que ocorre nesse espaço, além de refletir em relação aos impactos e implicações que esse convívio pode produzir no aluno, em sua identidade, no momento presente, sem deixar de considerar em seu futuro.

    É possível verificar esses aspectos nos relatos dos alunos pesquisados, que revelam os sentimentos gerados pela experiência de ser interno, do enfrentamento que esses adolescentes vivenciam diante dessa nova realidade – a perda da privacidade, o despojamento e o distanciamento da família, que representava, em suas vidas, o suporte necessário para sua segurança, apoio e conforto. Sem poder contar com esse apoio direto familiar, que elementos são necessários para que esse aluno possa conviver nesse ambiente, sem perder seu lugar, sua posição em relação aos desafios do cotidiano?

    Cabe ressaltar que a escola é um espaço de relações constituintes dos indivíduos, de sua identidade, de comportamentos, de valorização de normas e regras já existentes nesse local ou da organização de outras. Os dados coletados revelaram que, mesmo que a escola e os espaços de convivência estejam organizados por meio de um regimento disciplinar, evidenciou-se que os alunos, nas diferentes faixas de idade e anos letivos, também estabelecem regras, acordos de convivência nem sempre visíveis e nem sempre embasados nos princípios de funcionamento da escola, mas visando à coerção, manipulação, submissão e domínio dos e entre os alunos internos.

    Evidenciou-se que, particularmente, esse código de regras é estabelecido em benefício de alguns, e é colocado em prática de maneira predominante pelos alunos das séries finais em relação aos alunos ingressantes. Muitas dessas normas estão imbuídas de características opressivas e autoritárias, principalmente pelos alunos maiores, já que exercem poderes sobre os demais. Nesse sentido, dessas relações são extraídos pelos internos significados a partir do que é instituído e instituinte, significados esses que revelam como se vão apropriando e desenvolvendo ante o processo de formação a que são submetidos.

    Considerando esses aspectos, no decorrer do livro, a partir da análise dos dados coletados, explicitam-se alertas em relação aos desafios que a escola deve assumir considerando essa conjuntura de elementos que constituem as relações e regras visíveis e invisíveis no espaço escolar. Faz-se necessário compreender como essas relações e suas vivências se processam no viver coletivo, que sentidos e significados lhes são atribuídos pelos que vivem naquele contexto mediante tal realidade cotidiana e as implicações dessas vivências para o aluno, sua adolescência e comportamentos.

    É possível confirmar que as interações presentes no internato têm papel importante no aprender a ser desses adolescentes, uma vez que, ao apropriarem-se da cultura existente, por consequência, ocorre a interiorização e a aprendizagem subjetiva para si. Afinal, citando Leontiev (1978, p. 267), Podemos dizer que cada indivíduo aprende a ser um homem.. E, considerando o posicionamento de Bock (2007, p. 4) a respeito da adolescência [...] o homem é um ser constituído no seu movimento e ao longo do tempo, pelas relações sociais, pelas condições sociais e culturais engendradas pela humanidade. Um ser que tem características forjadas pelo tempo, pela sociedade e pelas relações, imerso nas relações e na cultura das quais retira suas possibilidades de ser e suas impossibilidades [...].. Nesse sentido, o livro Escola Internato: adolescência, regras e relações é um convite a se refletir a respeito da adolescência [...] como uma construção social com repercussões na subjetividade e no desenvolvimento do homem moderno e não como um período natural do desenvolvimento. É um momento significado, interpretado e construído pelos homens. (BOCK, 2007, p. 5), de uma experiência escolar específica e do convívio entre os alunos nesse contexto.

    Reitera-se, novamente, que a escola, em seu fazer pedagógico e visando ao alcance de objetivos educacionais que ultrapassem a dimensão dos conteúdos – mas que devem primar, também, pelo alcance da formação humana, em sua totalidade e em todas as suas facetas (cognitiva, social, afetiva, moral, psicológica) –, precisa responsabilizar-se pelo desenvolvimento integral dos alunos, estando atenta à qualidade das relações e das apropriações culturais difundidas no cotidiano escolar. A escola precisa dar voz e vez para que os alunos falem sobre as relações interpessoais presentes na escola, sobre os conflitos resultantes dessa vivência e sobre as dificuldades resultantes dessa experiência de vida coletiva, para que se possa desenvolver um trabalho educativo adequado, condizente com a realidade e que considere os problemas apontados no decorrer do livro. O aluno que hoje é oprimido e sofre calado a onipotência do outro demanda atenção e um trabalho pedagógico e psicológico voltado à mudança desse quadro. É esse aluno que precisa voltar a se encorajar e posicionar diante dessas situações. Mas para que essa mudança de comportamento ocorra é necessário, inicialmente, que todos os sentimentos e frustrações sejam percebidos e acolhidos pelos profissionais que atuam na escola.

    Nessa perspectiva, é consenso a necessidade de que a escola conheça e considere o sentido do que é viver em um internato, conforme relato dos alunos, para que, a partir desses elementos, possa construir propostas pedagógicas adequadas àquela realidade. Para tanto, é necessário que todos os envolvidos com o cotidiano escolar conheçam que espaço escolar é esse, como e em que condições os alunos vivem para coletivamente colaborar no processo de formação integral desses adolescentes.

    Se a apresentação cumpriu seu objetivo de despertar o interesse e reflexão de possíveis leitores sobre o foco deste livro, permanece o convite à continuidade da leitura deste valioso material endereçado a pais, alunos, professores, profissionais que atuam em instituições escolares de diferentes níveis, estruturas, normas de funcionamento e padrões, considerando que os aspectos aos quais o texto chama a atenção são oportunos e necessários para a promoção de mudanças no ambiente da instituição escolar, foco de observação, registro e análise dessa investigação – e quem sabe de tantas outras que possuem configurações semelhantes a essa dinâmica de organização e funcionamento, além de servir de alerta para a responsabilidade que todos os envolvidos com o cotidiano escolar possuem na formação e na construção social saudável da adolescência e da juventude.

    Maria Teresa Ceron Trevisol

    Docente da graduação e do Programa de

    Pós-Graduação em Educação (PPGEd) da

    Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc),

    Campus de Joaçaba (SC)

    Referências

    BOCK, Ana M. B. A adolescência como construção social: estudo sobre livros destinados a pais e educadores. Psicologia Escolar e Educacional, Campinas, v. 11, n. 01, p. 63-76, jan./jun. 2007. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2016.

    LEONTIEV, A. O Desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Horizontes Universitários, 1978.

    SCHOEN-FERREIRA, Teresa H.; AZNAR-FARIAS, Maria; SILVARES, Edwiges F. de M. A construção da identidade em adolescentes: um estudo exploratório. Estudos em Psicologia, v. 8, n. 1, p. 107-115, 2003. Disponível em: . Acesso: em 10 out. 2016.

    PREFÁCIO

    Entendemos a escola como uma instituição na qual se depositam a responsabilidade e a confiança para que as novas gerações da espécie humana adquiram ou construam conhecimentos e habilidades necessários para desenvolver-se na sociedade atual. A escola deve ensinar às crianças e jovens tudo o que é importante saber e que não pode ser adquirido somente em ambientes não escolarizados, como o processo de avaliação da aprendizagem, por exemplo.

    É uma instituição social especialmente criada como administradora de conhecimentos e habilidades, com um espaço físico concreto, uma distribuição de tempo particular em seu interior e uma série de normas. É o lugar de passagem obrigatório para que o sujeito se constitua em um adulto responsável e onde, além disso, se aprendem pautas de comportamento socialmente aceitas. É indiscutível o impacto da escolarização nas pessoas porque, afinal, a escola é uma instituição e deve ser compreendida, além de tudo, como um componente social que tem uma função de conservação e reprodução do equilíbrio do sistema. Seu caráter absorvente – do tempo real e psicológico – é inquestionável.

    Quando não estão na escola, crianças e jovens encontram-se à sombra dela. No caso específico desta pesquisa de Luciane Baseggio Vendruscolo e Maria Teresa Ceron Trevisol, a questão é mais intensa, já que o local investigado é um colégio interno. Ainda que crianças e jovens não alcancem um alto nível educacional posterior, os anos que passam na instituição escolar são suficientes para seu processo de construção pessoal. Cabe-nos perguntar então o que é verdadeiramente relevante: o percurso escolar do aluno ou o tempo que passa dentro da escola?

    Muito além dos aprendizados dos conteúdos básicos, as matérias extracurriculares – currículo oculto

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