Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Artes, Ciências e Educação
Artes, Ciências e Educação
Artes, Ciências e Educação
E-book235 páginas2 horas

Artes, Ciências e Educação

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Artes, Ciências e Educação é uma coletânea cujo fio condutor é uma investigação a respeito do diálogo, sempre necessário, entre a educação, as artes e as ciências. Nessa medida, é colocado em pauta a fragmentação dos saberes, as altas especializações que apenas impedem o movimento de diferentes áreas do conhecimento e que com isso cristalizam conceitos importantes e que poderiam ser entrelaçados. Na verdade, uma reflexão importante a respeito da profunda ligação que existe entre a educação das sensibilidades aliadas às ciências.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento24 de dez. de 2017
ISBN9788594850454
Artes, Ciências e Educação

Leia mais títulos de Ana Maria Haddad Baptista

Relacionado a Artes, Ciências e Educação

Ebooks relacionados

Artigos relacionados

Avaliações de Artes, Ciências e Educação

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Artes, Ciências e Educação - Ana Maria Haddad Baptista

    Sumário

    Capa

    Prefácio

    Estética de Georg Lukács: Arte e Emancipação Social

    Francisca Eleodora Santos Severino

    Introdução

    A contribuição lukacsiana

    As questões liminares do estético em Lukács

    O estético como fenômeno histórico social

    Considerações Finais

    Bibliografia

    Arte e Ciência: Diálogo, Criação, Invenção

    Márcia Fusaro

    Arte e ciência: perspectivas de diálogo

    Pintura: espaço-tempo de cores e traços em experimentação

    Escultura: espaço-tempo da forma materializada

    Arquitetura: espaço-tempo dos ambientes em construção

    Música: espaço-tempo poético da matemática sonora

    Dança: espaço-tempo do movimento-imagem

    Teatro: espaço-tempo de encenação

    Literatura: espaço-tempo de leituras e leitores

    Cinema: espaço-tempo da imagem-movimento e da imagem-tempo

    Videogames: espaço-tempo de ação e interação

    Considerações finais

    Referências bibliográficas

    Referências bibliográficas audiovisuais

    Literatura & Ciências

    Ana Maria Haddad Baptista

    Provocações preliminares

    Cientistas, escritores e artistas

    Perspectivas da Literatura e das Ciências

    Escritores e Cientistas

    Deleuze: uma proposta provocadora

    Inconclusões

    Esse Escrito é Ciência, Arte ou Fuleragem?

    Carminda Mendes André

    Uma introdução

    As ciências na condição pós-moderna

    Relacionamentos furtivos entre as artes e as ciências

    Um jogo

    Relacionamentos duradouros entre as ciências e as artes no ocidente

    Os Ordenamentos Educacionais e sua Real Aplicabilidade

    Sonia Regina Albano de Lima

    Referências

    Arte, Ciência e Descolonização

    Verônica Fabrini

    1. Confusões no desktop e a pergunta das imagens

    2. O teatro é um lugar de onde se vê: intermezzo

    3. Tentando enquadrar o caos: o pensamento diurno da ciência e o pensamento noturno da arte

    4. A ordem mais baixa da humanidade versus Les Demoiselles d’Avignon

    5. E o teatro brasileiro?

    6. Abaixo e à esquerda, no lugar do coração: escutar o sul

    7. Retorno ao caos do desktop

    Organizadores:
    Ana Maria Haddad Baptista
    Francisca Eleodora Severino
    Carminda Mendes André

    Artes, Ciências e Educação

    São Paulo | Brasil | Novembro 2017

    1ª Edição

    Big Time Editora Ltda.

    Rua Planta da Sorte, 68 – Itaquera

    São Paulo – SP – CEP 08235-010

    Fones: (11) 2286-0088 | (11) 2053-2578 | (11) 97354-5870 (WhatsApp)

    Email: editorial@bigtimeeditora.com.br

    Site: bigtimeeditora.com.br

    Blog: bigtimeeditora.blogspot.com

    Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos do Código Penal), com pena de prisão e multa, busca e apreensão e indenizações diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19.02.1998, Lei dos Direitos Autorais).

    Conselho Editorial:

    Ana Maria Haddad Baptista

    (Doutora em Comunicação e Semiótica/PUC-SP)

    Catarina Justus Fischer

    (Doutora em História da Ciência/PUC-SP)

    Lucia Santaella

    (Doutora em Teoria Literária/PUC-SP)

    Marcela Millana

    (Doutora em Educação/Universidade de Roma III/Itália)

    Márcia Fusaro

    (Doutora em Comunicação e Semiótica/PUC-SP)

    Vanessa Beatriz Bortulucce

    (Doutora em História Social/UNICAMP)

    Ubiratan D’Ambrosio

    (Doutor em Matemática/USP)

    Ficha Catalográfica

    BAPTISTA, Ana Maria Haddad; SEVERINO, Francisca Eleodora; ANDRÉ, Carminda Mendes (organizadores). Artes, Ciências e Educação – São Paulo: BT Acadêmica, 2015. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-9485-045-4

    1. Educação. 2. Linguagens. 3. Linguagens e literatura. 4. Arte-educação. I. Título. II. Autores.

    Coordenação editorial: BT Acadêmica | Diagramação: Marcello Mendonça Cavalheiro | Arte da capa: Paradigmas Inconclusos, por Rose Marie Silva Haddad | Revisão: Autores

    Nota:

    Dado o caráter interdisciplinar da coletânea, os textos publicados respeitam as normas e técnicas bibliográficas utilizadas por cada autor.

    Os autores são responsáveis integralmente pelos textos apresentados.

    Prefácio

    Em finais de novembro de 2014, nós, organizadoras, tínhamos finalizado uma banca de defesa de mestrado. Muitas vezes, uma defesa instiga indisposições, veladas ou não, entre os membros da banca. Mas a defesa em questão potencializou uma série de provocações e indagações que nós tínhamos guardado, talvez, cada uma para si mesma.

    Não é segredo para ninguém que a falta de tempo, esvazia, de forma implacável, discussões entre os pares. Imediatamente após cumprirmos todas as tarefas formais que exige uma defesa fomos tomar um café. E este agradável café prolongou nossas indagações e por que não? Nossos sonhos! Nossas projetos! Discutimos, em especial, a rigidez incômoda das metodologias. As regras e normas, muitas vezes, desnecessárias, impostas às publicações e trabalhos acadêmicos. E chegamos ao ponto chave desta obra: a questão do isolamento quase total de cada ‘área do conhecimento’. A ausência de um diálogo entre as áreas. Fato que corrói qualquer projeto pretensamente interdisciplinar.

    E à medida que fomos discutindo tais questões as fundamentações de nossos textos, aqui publicados, foram aflorando de maneira entusiástica e calorosa. O café, para nossa felicidade, não conseguia chegar ao final. E, imediatamente, vimos a necessidade de levarmos adiante um grande sonho: cada uma de nós deveria fazer um texto de cunho ensaístico priorizando um verdadeiro diálogo entre as artes, as ciências e a educação. E mais: cada uma das organizadoras deveria trazer um convidado ou convidada, que aceitasse o desafio, para integrar esta coletânea.

    Os textos contidos nesta obra possuem, essencialmente, ampla liberdade de criação. Entendemos que o excesso de regras e normas metodológicas igualam os textos e, consequentemente, o pensamento. Entendemos que os textos, em especial, os ‘acadêmicos’, deveriam estar mais preocupados em potencializar a imaginação e a inventividade de estudantes, educadores e pesquisadores em vez de inibi-los, afugentá-los e, muitas vezes, humilhá-los. Acreditamos que somente a liberdade de reflexão e expressão, sem desprezar os rigores que devem acompanhar uma pesquisa, possibilitarão mudanças significativas e necessárias nas artes, nas ciências e na educação.

    Ana Maria Haddad Baptista

    Francisca Eleodora Severino

    Carminda Mendes André

    As experiências ensinaramnos que as folhas absorvem diferentes tipos de ar, que combinam com umidades contidas em seu interior; não resta igualmente nenhuma dúvida de que elas reenviam estas seivas mais finas para o caule e que proporcionam, por isso, a formação na sua proximidade de olhos adjacentes. Investigaram-se os tipos de ar desenvolvidos nas folhas de várias plantas, inclusive nas cavidades do junco, e, portanto, podemos ter a certeza absoluta disto. Notamos em várias plantas que um nó brota de um outro.

    Johann Wolfgang von Goethe

    Nietzsche se perguntou se a vida devia predominar sobre a ciência ou a ciência sobre a vida, e diante dessa interrogação característica de seu tempo, afirmou a preeminência da vida. Resposta típica de toda a vasta insurgência que começava. Para ele, como para Kierkegaard ou Dostoievski, a vida do homem não pode ser regida pelas razões abstratas da cabeça, mas pelas raisons du coeur. A vida transborda dos esquemas rígidos, é contraditória e paradoxal, não se rege pelo razoável, mas pelo insensato. E isso não significa proclamar a superioridade da arte sobre a ciência para o conhecimento do homem?

    Ernesto Sabato

    Estética de Georg Lukács: Arte e Emancipação Social

    Francisca Eleodora Santos Severino[1]

    A presença da estética durante os 2500 anos em que se desenvolveu o pensamento metafísico é de uma pobreza verdadeiramente desoladora, mesmo nos tempos modernos, quando a arte começa a manifestar maior autonomia e enseja não poucas polêmicas, os grandes filósofos passam descuidados pelos monumentos que poderiam suscitar sua curiosidade intelectual.

    (GERD BORNHEIM, 1994, p. 127).

    Introdução

    Sob a perspectiva do pensamento metafísico, acreditava-se, que só seria possível a apreensão das relações entre arte e conhecimento mediante reflexão que se apoiasse em noções morais, na sensibilidade individual e no conceito de belo como a manifestação da verdade revelada pelo absoluto criador. Entretanto, esse conceito de beleza, que tem suas raízes na filosofia da Platão e de Aristóteles, sofre profunda fratura com o desenvolvimento e superação da ordem feudal. Hoje, o belo reaparece no bojo da crise da mudança social, impregnando de novos sentidos os objetos e as imagens que se colocam no mercado como nexos de um novo enraizamento cultural pela mediação dos produtos informacionais e pela internet.

    A utopia artística da modernidade foi incorporada às exigências da produção industrial. Essa integração, consciente ou inconscientemente, foi o objetivo prático das vanguardas artísticas que se apoiaram no esclarecimento da razão iluminista. Tais questões remetem-nos à reflexão passado/presente, agora partindo do desdobramento da crise do capitalismo numa nova dimensão, colocada pela conquista tecnológica e pela revolução midiática em processo, promovida pelo uso dos multimeios da informática, disponíveis para uso e abuso da juventude. Consideramos então necessário resgatar a contribuição de Lukács quando ele chama a atenção para as confusões que têm ocorrido no campo da pesquisa e da reflexão sobre a arte, resultantes em grande parte da insegurança social que nos ronda cotidianamente. Ele esclarece que o método de conhecimento aplicado tanto em arte como em ciência, está decisivamente determinado pela orientação e precisão na missão social, emergindo, assim, tanto na ciência quanto na arte, profundos desentendimentos da concepção de realidade e de verdade.

    A proposta desta reflexão situa-se no âmago dessa discussão. Toma por referência as relações entre arte e conhecimento no contexto da obra de Georg Lukács, filósofo húngaro nascido em Budapeste no ano de 1885, onde morreu em 1970. Lukács é considerado o fundador da estética marxista ao escrever em 1920 um dos mais comentados textos da atualidade, A teoria do Romance. No ano de 1910, já havia escrito A alma e suas formas. No contexto da crítica literária escreveu também O Romance histórico (1947), Balzac, Stendhal, Zola, (1949), A destruição da Razão (1954), A especificidade da estética (1965). Aplicando suas teorias sobre os estudos das obras dos clássicos Goethe, Tolstói, Thomas Man, Stendhal, Balzac e Zola, ele foi duramente criticado. No campo das Ciências Sociais, escreveu História e consciência de classe: estudo sobre a dialética marxista, em 1923.

    As análises e reflexões aqui desenvolvidas são resultados parciais de pesquisas que venho fazendo na interface da contribuição de autores marxistas clássicos para com autores brasileiros, em particular com aqueles autores que, no Brasil, vêm aprofundando o legado freireano para a educação e que, no meu caso, em experiências individuais e coletivas, refletidas no convívio com alunos de Pós-Graduação e Iniciação Científica, estudantes e pesquisadores no Grupo de Pesquisa, Escola básica, gestão e intervenção, por mim coordenado.

    A reflexão deriva do desafio, da inquietação e das acaloradas discussões do Grupo que, num primeiro momento, focou suas pesquisas na inter-relação da contribuição de Gramsci para o pensamento e pedagogia de Paulo Freire. Do mesmo modo, acreditamos ser profícua a contribuição de Lukács para a discussão sobre a interface da produção literária e estética.

    A contribuição lukacsiana

    Considerando o momento impregnado pela ideologia neoliberal, é de grande importância a retomada de alguns temas marxistas que fundamentaram a reflexão sobre a realidade social e suas contradições. Dentre eles destaco a questão do realismo literário pela reflexão de Georg Lukács. Assim, a explicitação da decadência ideológica da burguesia e as condições do triunfo do realismo constituem-se como objeto de nossa reflexão sobre arte e conhecimento no contexto da cultura literária e da educação. Para tanto, a reflexão destaca a contribuição de Lukács sobre o tema do realismo artístico que desperta seu interesse a partir dos anos 20 e que está na raiz da vocação libertadora da arte, quando esta arte é concebida como mediação para processos da educação dos sentidos com vistas a uma nova leitura de mundo.

    As concepções do mundo próprias dos grandes escritores são variadíssimas e ainda mais variados são os modos pelos quais eles se manifestam no plano da composição épica. Na verdade, quanto mais uma concepção do mundo é profunda, diferenciada, alimentada por experiências concretas, tanto mais variada e multifacetada pode se tornar a sua expressão compositiva. (LUKÁCS, apud FREDERICO, 2010, p. 179)

    O realismo artístico de Georg Lukács pode ser encontrado em uma seleção de textos estéticos literários escritos durante a década de 1930. O percurso de aquisição da teoria do realismo sinaliza em Lukács sua guinada rumo ao marxismo, marcando também sua opção para a perspectiva artística do realismo. Não nos interessa neste pequeno texto discutir o processo de apropriação da ação como elemento literário central; buscamos sim apreender as relações entre este caminho e o processo de sua aproximação com o marxismo, refletindo sobre as determinações fundantes do ser social desveladas por Marx e que passaram a ser objeto das reflexões de Lukács no contexto das discussões sobre arte e realismo. Adentrando também a questão da objetividade do reflexo artístico; a verdade na teoria do conhecimento, a herança literária da burguesia em ascensão, bem como da explicitação da decadência ideológica da burguesia e consequentemente o triunfo do realismo na perspectiva crítica do materialismo. Para alcançar nossos objetivos, tomamos como referência conceitual o famoso texto de Lukács em que ele discute os problemas do realismo, Arte e verdade objetiva (1996), bem como outros escritos que nos subsidiam, Estética: a peculiaridade do estético (1967) e História e Consciência de Classe: estudos de dialética marxista (1974/2003).

    Lukács é considerado o pensador marxista que refletiu e descreveu com maior rigor as questões de estéticas desveladas por Marx. Tratou com profundidade o pensamento estético marxiano que nada tem a ver com as perspectivas da arte de tendência alheia à concepção estética de Marx e contra a qual Engels se pronunciou com o que ficou vulgarmente conhecido como realismo socialista. Ele estava convencido de que os valores estéticos eram fundamentais para a política e por isso, a partir dos anos 20, submeteu a uma avaliação negativa romances de autores de esquerda ligados ao movimento proletário. No seu entendimento, havia nesses romances uma pobreza formal indicativa das limitações de conteúdo. Em Moscou, sua crítica literária ressaltava que os autores de ficção ligados ao socialismo alemão não eram capazes de conferir qualidade estética ao seu trabalho, haja vista, não se poder reconhecer em toda sua complexidade a realidade social do contexto em que viviam.

    O realismo artístico de Lukács refere-se aos conteúdos que compõem a viragem ontológica representada por seu pensamento em relação à filosofia inaugurada por Marx. De fato, a estética de Lukács assume caráter marxiano com a identificação de conteúdos, que delineiam dois conceitos fundantes do pensamento de Marx, quais sejam, a objetividade e a centralidade da objetivação, conceitos que marcaram indelevelmente a transformação radical no pensamento desse autor com relação a toda a filosofia moderna. Estes são conteúdos de sustentação e fundamentação da obra em geral e, em particular, do realismo artístico em Marx. Conteúdos mais complexos e significativos marcando fortemente Lukács que inicia sua produção estética precisamente a partir da identificação desses conteúdos, que o levam para aquilo que ficou conhecido como virada ontológica, anteriormente também praticada por Marx em relação à filosofia hegeliana. Uma guinada rumo a assumir o pensamento de Marx, no dizer de Celso Frederico (1995), uma guinada rumo ao marxismo. É aí que Lukács busca as determinações essenciais para fundamentar a sua obra A ontologia do ser social.

    Com a identificação desses dois conceitos, objetividade

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1