Ubiratan D'Ambrosio: Memórias Esparsas em Movimentos
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Sobre este e-book
Observe-se que a possível convergência entre as partes deste livro nos levam, por diferentes estratégias, a uma conclusão: Ubiratan D'Ambrosio é uma voz rara. Suas experiências de vida, assim como sua trajetória, oferecem um quadro animador face ao futuro incerto e oscilante que, continuamente, nos aguarda. Ubiratan sempre foi e será um ser que desconhece o cansaço, as paixões tristes e o desânimo. Com isso traz, para nós, um sentido existencial mais amplo e que nos conduz, com mais vitalidade, ao enfrentamento de nossas próprias vidas e atuação neste mundo tão desigual e permeado por injustiças.
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Ubiratan D'Ambrosio - Ubiratan D'Ambrosio
Sumário
Capa
PREFÁCIO: POR UM ESTILO EXISTENCIAL – por Ana Maria Haddad Baptista
PRIMEIRA PARTE
BREVE NOTA AUTOBIOGRÁFICA
PROFESSOR CARLOS ROBERTO VIANNA ENTREVISTA O PROFESSOR UBIRATAN D’AMBROSIO: MEMÓRIAS DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Maria Ednéia Martins Salandim
Fábio Bordignon
Leandro Josué de Souza
Carlos Roberto Vianna
UBIRATAN D’AMBROSIO: MEMÓRIAS DE UM EDUCADOR MATEMÁTICO
Aparecida Rodrigues Silva Duarte
Rosimeire Aparecida Soares Borges
MINHA EXPERIÊNCIA NA ÁFRICA
SEGUNDA PARTE
ESTRATOCRATIZAÇÃO DA SOCIEDADE: NACIONALISMO E SOBERANIA
OCIDENTE, ÁGUA E SABEDORIA: APRENDENDO A CONVIVER EM PAZ
por Ubiratan D’Ambrosio
CONSIDERAÇÕES FILIAIS
Alexandre Silva D’Ambrosio
Beatriz Silva D’Ambrosio
POSFÁCIO
Marco Lucchesi
Organização:
Ana Maria Haddad Baptista
Posfácio:
Marco Lucchesi
Ubiratan D’Ambrosio:
Memórias Esparsas em Movimentos
São Paulo | Brasil | Março 2020
1ª Edição Epub
Big Time Editora Ltda.
Rua Planta da Sorte, 68 – Itaquera
São Paulo – SP – CEP 08235-010
Fones: (11) 2307-3784
Email: editorial@bigtimeeditora.com.br
Site: bigtimeeditora.com.br
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Conselho Editorial:
Coordenadora:
Ana Maria Haddad Baptista (coordenadora)
Mestrado e doutorado em Comunicação e Semiótica. Pós-doutoramento em História da Ciência pela Universidade de Lisboa e PUC/SP onde se aposentou. Possui dezenas de livros, incluindo organizações, publicados no Brasil e no estrangeiro. Atualmente é professora e pesquisadora da Universidade Nove de Julho dos programas stricto sensu em Educação e do curso de Letras. Colunista mensal, desde 1998, da revista (impressa) Filosofia (Editora Escala).
INTEGRANTES DO CONSELHO
Abreu Praxe
Poeta angolano, licenciado pelo Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED), Luanda, onde trabalha como professor de literatura. Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP. Membro da União dos Escritores Angolanos. Possui diversas obras publicadas (poesia) em diversos países.
Montserrat Villar González
Poetisa e crítica literária. Licenciada em Filologia espanhola e Filologia Portuguesa. Máster em ensino de espanhol como língua estrangeira. Doutoranda da Universidade de Salamanca. Tem vários livros publicados de materiais didáticos tanto de português como de espanhol. Possui vários livros de poesia publicados no Brasil, Portugal e na Espanha.
Catarina Justus Fischer
Professora de técnica vocal. Pós-doutoramento em Educação pela Universidade Nove de Julho, doutora em História da Ciência pela PUC/SP, mestra em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Bacharel em Canto Erudito pela Faculdade de Música Santa Marcelina. Possui dezenas de publicações, assim como inúmeras produções artísticas.
Lucia Santaella
Graduada em Letras Português e Inglês. Professora titular no programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUCSP, com doutoramento em Teoria Literária na PUCSP em 1973 e Livre-Docência em Ciências da Comunicação na ECA/USP em 1993. Atuou como professora em diversas universidades estrangeiras. Coordenadora da Pós-graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital, Diretora do CIMID, Centro de Investigação em Mídias Digitais e Coordenadora do Centro de Estudos Peirceanos, na PUCSP. Possui mais de 50 livros publicados.
Márcia Fusaro
Doutora em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e Mestra em História da Ciência (PUC-SP). Professora e pesquisadora do Programa Stricto Sensu em Gestão e Práticas Educacionais (PROGEPE) e da licenciatura em Letras da Universidade Nove de Julho. Líder do grupo de pesquisa Artes Tecnológicas Aplicadas à Educação (UNINOVE/CNPq). Membro dos grupos de pesquisa Transobjeto e Palavra e Imagem em Pensamento (PUC-SP/CNPq) e do Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CICTSUL) da Universidade de Lisboa. Autora e organizadora de diversas obras.
Carminda Mendes André
Pesquisadora de arte contemporânea em espaços públicos e possíveis interfaces com o ensino das artes em espaços formais e não formais. Bacharel em Teatro pela Universidade de São Paulo (1989), Mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1997), Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (2007); Pós-Doutora pelo Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (2010). Pesquisadora e Docente colaboradora do Programa de Pós Graduação em Arte do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista – UNESP. Coordenadora do Grupo de Pesquisa Performatividades e Pedagogias Cnpq.
Márcia Pessoa Dal Bello
Doutora em Educação pelo PPGEDU/FACED/UFRGS. Mestre em Educação pelo PPGEDU/UNISINOS. Especialista em Psicopedagogia/ULBRA. Graduada em Pedagogia, com Habilitação em Supervisão Escolar, pela Universidade Mackenzie/SP. Coordenadora de Ensino na Fundação Municipal de Artes de Montenegro/FUNDARTE. Pesquisadora e membro do Grupo de Pesquisa Estudos em Educação Teatro e Performance-GETEPE/PPGEDU/FACED/POS.
Vanessa Beatriz Bortulucce
Historiadora da imagem, da arte e da cultura. Graduada em História pela Universidade Estadual de Campinas (1997), Mestra em História da Arte e da Cultura pela Universidade Estadual de Campinas (2000) e Doutora em História Social pela Universidade Estadual de Campinas (2005). Possui Pós-doutorado pelo Departamento de Letras Modernas da FFLCH-USP. Atualmente é docente nas seguintes instituições: Centro Universitário Assunção (UNIFAI), Universidade São Judas Tadeu e Museu de Arte Sacra de São Paulo. Tem experiência na área de História da Arte, atuando principalmente nas áreas da cultura do século XX: Arte Moderna, Arte Contemporânea, Futurismo Italiano, Umberto Boccioni, arte e política.
Edson Soares Martins
Possui graduação, mestrado e doutorado em Letras pela Universidade Federal da Paraíba (PPGL). Concluiu estágio pós-doutoral junto ao PROLING-UFPB. Atualmente é Professor Associado (Referência O) de Literatura Brasileira, na Universidade Regional do Cariri (URCA) e professor permanente no Programa de Pós-Graduação em Letras, na mesma IES. Tem experiência na área de Literatura, com ênfase em Literatura Brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura brasileira, poesia, narrativa moderna e contemporânea, romances de Clarice Lispector e Osman Lins e psicanálise. Editor-geral de Macabéa – Revista Eletrônica do Netlli.
Ubiratan D’Ambrosio
Matemático e professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), reconhecido mundialmente pela comunidade acadêmica por seus estudos na área de Etnomatemática, campo científico que discute sobre o ensino tradicional da matemática e como o conhecimento pode ser aplicado em diferentes contextos culturais. Ele foi laureado em 2001 pela Comissão Internacional de História da Matemática com o Prêmio Kenneth O. May por contribuições à História da Matemática e também ganhou em 2005 a medalha Felix Klein, pela Comissão Internacional de Instrução Matemática, por conta de suas contribuições no campo da educação matemática.
Flavia Iuspa
Diretora e professora de programas internacionais e iniciativas do Departamento de Pós-Graduação em Ensino e Aprendizagem da Florida International University (FIU). Doutora em Educação, com foco em currículo e instrução. Possui MBA em Negócios Internacionais e especialização em Educação Internacional e Intercultural pela Florida International University (FIU). Suas áreas de pesquisa incluem: internacionalização de instituições de ensino superior, desenvolvimento de perspectivas globais em professores e alunos (.Global Citizenship Education) e política de currículo.
Ficha Catalográfica
BAPTISTA, Ana Maria Haddad (Org.). Ubiratan D’Ambrosio: Memórias Esparsas em Movimentos – 152 pp. – São Paulo: BT Acadêmica, Março 2020 | ISBN 978-65-86882-03-2 | 1. Educação 2. Memórias 3. Educação matemática I. Título
Ficha Técnica
Projeto gráfico: Big Time Editora | Diagramação: Marcello Mendonça Cavalheiro | Capa: Rose Marie Silva Haddad | Revisão: Autores
Nota: Dado o caráter interdisciplinar da coletânea, os textos publicados respeitam as normas e técnicas bibliográficas utilizadas por cada autor.
PREFÁCIO: POR UM ESTILO EXISTENCIAL
A memória é uma das dimensões mais misteriosas e paradoxais do ser humano. Movimenta-se. Não se fixa. Estreitamente ligada a temporalidades interiores e exteriores. O passado, de acordo com Bergson, não é um presente que passa. Existe um passado em si que se forma e coexiste com o presente. Nessa medida, Bergson conclui que o passado em si mesmo, tal como realmente o vivemos, é inacessível. Somos seres que a todo instante mudamos. Jamais nos fixamos em um único ponto. Recuperar memórias significa, acima de tudo, recuperar pontos, movimentos, lampejos. Apenas isso. O ser humano ao recordar de qualquer coisa que seja, não é mais o mesmo face ao seu passado. Somos seres em perpétua fluidez. Caso isso não fosse verdade...viveríamos o tédio de um presente eterno. Não haveria novidades. As transformações não poderiam ser possíveis. O universo seria apenas uma matéria inerte. Sem movimento.
Esta obra apresenta, apenas, fragmentos de memórias do nosso grande mestre, professor e pensador Ubiratan D’Ambrósio. Eles não caminham por nenhum método. Caminham pelas vias de uma ‘dispersão’ que intenta tangenciar, ao menos, alguns movimentos circulares da trajetória, em especial, intelectual de nosso amado professor, pesquisador, e, sobretudo, pensador.
Observe-se que a possível convergência entre as partes deste livro nos levam, por diferentes estratégias, a uma conclusão: Ubiratan D’Ambrosio é uma voz rara. Suas experiências de vida, assim como sua trajetória, oferecem um quadro animador face ao futuro incerto e oscilante que, continuamente, nos aguarda. Ubiratan sempre foi e será um ser que desconhece o cansaço, as paixões tristes e o desânimo. Com isso traz, para nós, um sentido existencial mais amplo e que nos conduz, com mais vitalidade, ao enfrentamento de nossas próprias vidas e atuação neste mundo tão desigual e permeado por injustiças.
Ana Maria Haddad Baptista
PRIMEIRA PARTE
A profundidade dos problemas atuais, e poderíamos dizer o mesmo sobre sobre todos os momentos históricos, não pode ser maquilada para encobrir uma realidade, muitas vezes preocupante. A desmistificação de problemas e soluções é ingrediente fundamental em uma democracia. A percepção de situações críticas e de avanços científicos não pode ficar restrita à academia e alguns privilegiados.
Ubiratan D’Ambrósio
Eros
Serpeiam por difuso sortilégio
dois amorosos números solares
de mãos dadas: o 220
com o 284
Bastou que se encontrassem e disseram
os versos que de pronto os definia:
eu morro em mim para nascer em ti
Marco Lucchesi
BREVE NOTA AUTOBIOGRÁFICA
Nasci no dia 08 de dezembro de 1932, na Rua João Boemer, nº64, distrito de Belenzinho, em São Paulo. Meus pais eram Nicolau D’Ambrosio e Albertina D’Ambrosio, nascida Graciotti. Falo um pouco das origens familiares.
Sobre a família D’Ambrosio. Meus bisavós, Nicola D’Ambrosio e Teresa Fusco, moravam em Terzigno, Comune da Província de Napoli, uma cidade nas fraldas do Vesúvio. A família era muito ligada, por laços familiares, com as famílias Iannone e Iervolino, de Salerno. Em 28 de junho de 1879 nasceu meu avô Tommaso Pietro Gilardo. Cerca de 1890 emigram para o Brasil e foram morar em Mineiros do Tietê, próximo de Barra Bonita, no Centro Oeste Paulista. O casal Francisco Morales Gonzalez e Maria Gonzalez Esteves, provenientes de Murcia, Espanha, moravam em Barra Bonita com duas filhas, Adelaide e Gracia. Provavelmente em uma das muitas festas organizadas por comunidades de imigrantes, Tommaso conheceu Adelaide, casaram-se e estabeleceram residência em Mineiros do Tietê. Ali tiveram dois filhos, Nicolau e Mafalda. Para dar oportunidade de estudo aos filhos, estimulados pelos primos Iannone e Iervolino, Tomáz e Adelaide mudaram-se para São Paulo. As três famílias sempre se mantiveram muito unidas. Nicolau cursou o Liceu Coração de Jesus e em 1927 ingressou na Faculdade Direito, do Largo São Francisco, onde se Bacharelou em Ciências Jurídicas e Sociais em 1932. Excelente aluno de Matemática, passou a dar aulas numa escola particular no Bráz, a Academia Chester. Assim sua carreira profissional como Professor de Matemática o acompanhou por toda a vida. Exerceu pouco a profissão de Advogado. Enquanto professor na Academia Chester enamorou-se de uma aluna, Albertina Graciotti, que cursava Contabilidade. Casaram-se em fevereiro de 1932. Em dezembro de 1932 nasceu o Ubiratan.
Albertina (Berta, como era chamada), era a filha mais nova do casal Giuseppe Graciotti e Ada (Possanzini) Graciotti, que tiveram sete filhos, três homens e quatro mulheres. Giuseppe era de Ózimo, Província de Ancona, na Itália. Embora conceituado como excelente marceneiro, no final do século XIX foi atraído para emigrar para o Brasil para trabalhar como operário em Paranapiacaba, na construção da São Paulo Railway (hoje, Estrada de Ferro Santos-Jundiaí). Pouco depois mudou-se, com seu irmão Mariano, para São Paulo, onde exerceram a profissão de marceneiro. Em uma das muitas festas de imigrantes italianos, conheceram duas jovens, Ada e Ida Possanzini. Curiosamente, a família Possanzini também era de Ózimo e só vieram a se conhecer em São Paulo. No final do século XIX Giuseppe e Ada casaram-se e Mariano e Ida casaram-se. Dois ramos muito próximos da família Graciotti.
Nada lembro do tempo que morei na Rua João Boemer. Conheci a casa onde nasci, pois amigos moravam lá. Casa muito simples. Até recentemente a casa ainda estava lá. Meu pai começou a lecionar no Liceu Coração de Jesus e mudamos para uma casa mais próxima, na Rua Apa, quase esquina da rua das Palmeiras. Tenho vagas e excelentes lembranças dos dois ou três anos que moramos lá. Mudamos para a Rua Helvécia, nº 380, bem perto do Liceu Coração de Jesus. Tenho vívidas lembranças desse tempo. Em 1938, não sei por que, meus pais resolveram ir morar com meus avós maternos e meus tios Mario, Rogério e Olivério, na Rua Vitorino Carmilo, nº480. Uma casa considerada luxuosa no nosso ambiente