A invenção do amor
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A invenção do amor - Jorge Viveiros de Castro
Jorge Viveiros de Castro
A INVENÇÃO DO AMOR
As máquinas de fazer nada não estão quebradas.
Arnaldo Antunes, As coisas
Indelével
A gente não escapa de si mesmo.
Laura continua igual, tão diferente. O tempo passou veloz, certas horas nem lembro. Parecia que era para sempre, como se a gente pudesse viver dentro de um retrato, instantâneo. Até que a morte? Ou nem isso – até que um dia o mundo desaba de repente, com todos os presentes e passados enfiados numa mala de viagem que não é minha, junto com as roupas de amanhã.
Inventei então um personagem, um outro, um falso eu, na verdade uma falsa ela, uma outra, uma mulher que não fosse Laura, uma amiga quem sabe – minha nova companheira, alguém que pudesse dizer a ela, mesmo por escrito, tudo que ficou calado. Porque havia ainda um monte de palavras, possíveis ou impossíveis, urgentes e necessárias; mas que fossem as certas, e não aquelas que falei intempestivo ou deixei em silêncio, as que a levaram embora.
O nome da nova personagem veio completo, com sobrenome, verossímil até nos detalhes, endereço, profissão. Joana ganhou seu próprio e-mail, família, um perfil discreto na internet com postagens cheias de ideias, colagens e pensamentos esparsos – até criar coragem para me conhecer. Ou que eu criasse essa coragem, na primeira pessoa.
Claro, Joana tinha que me conhecer: para saber de Laura, para descobrir nossas tantas histórias, para finalmente procurá-la com alguma pergunta pertinente, para se aproximar, enviar uma mensagem ou várias, com todas as palavras não ditas e ainda as que pudessem surgir pelo caminho.
E assim aconteceu. Tornaram-se amigas virtuais, mais do que supus em minha vã fantasia. Queria descobrir os segredos de Laura, onde ou com quem ela estava, e queria que ela me visse pelo olhar amoroso de Joana (talvez com algum ciúme) – que nada mais era do que um espelho de meu próprio sentimento por ela, ou de nosso espelhamento sem fim, reflexo do reflexo a refletir – para talvez resgatá-la, chamá-la à minha razão, reinventar nosso antigo futuro.
Porém a mulher que ali se apresentava por escrito não era a minha Laura. Bem que no início ela me perguntou sobre Joana, numa das poucas vezes em que nos falamos, como a confirmar a história contada nas primeiras mensagens. Depois a correspondência entre elas passou a ganhar vida própria, com detalhes íntimos que prefiro não lembrar ou descrever. Como se aquela outra Laura que aparecia nas telas e mensagens fosse também de ficção – como se ela escrevesse aquilo para me desafiar ou provocar, como uma invenção de si mesma.
Então Laura quis marcar um encontro. Não comigo: com Joana. As perguntas ficaram mais pessoais e frequentes, quase incontornáveis, por mais subterfúgios que eu – ou Joana – usasse, fossem distâncias, viagens ou compromissos de trabalho. Para escapar do assédio de Laura, Joana precisou fugir de vez. Por conta de um problema de saúde na família, teve que se ausentar do país, como explicou em tom de despedida antes de deixar uma mensagem automática em sua caixa postal.
Recebi o telefonema de Laura com surpresa. Continua diferente, sempre a mesma. Queria me perguntar sobre