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Transmidiação e as Culturas Juvenis: A Construção de Sentidos pela Saga Crepúsculo
Transmidiação e as Culturas Juvenis: A Construção de Sentidos pela Saga Crepúsculo
Transmidiação e as Culturas Juvenis: A Construção de Sentidos pela Saga Crepúsculo
E-book148 páginas1 hora

Transmidiação e as Culturas Juvenis: A Construção de Sentidos pela Saga Crepúsculo

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Sobre este e-book

Transmidiar? Que termo é esse? O autor Jenkins (2008) considera os consumidores como agentes criativos fundamentais para a constituição do universo ficcional transmídia, já que eles definem os usos das mídias e o conteúdo circulado entre elas ao atenderem ao chamado para estabelecerem tais conexões. É nessa direção que esta obra analisa os usos e consumos de mídias nas culturas juvenis, e a partir desses usos e consumos uma construção de sentido. Faz isso analisando o fenômeno que ocorreu de modo efervescente entre osanos de 2009 e 2011 com a saga Crepúsculo, percebendoos sentidos produzidos nessa fase. Trata-se de uma boa leitura para as profissionais da área juvenil, e mesmo para os que gostam de compreender os fenômenos e os resquícios deixados por eles.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de mai. de 2018
ISBN9788546208760
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    Pré-visualização do livro

    Transmidiação e as Culturas Juvenis - Cleusa Albilia de Almeida

    final

    PREFÁCIO

    A SAGA PRAZEROSA DE UMA PESQUISA

    Esta obra é resultado de dissertação de mestrado, cuja pesquisa nasceu de uma inquietação da autora. Como educadora, que, na ocasião, cursava o Mestrado em Estudos de Cultura Contemporânea, trouxe para discussão o que a afligia. Ela observava que alunas de um Colégio Estadual de Cuiabá liam permanentemente durante o recreio, formando grupos de leitura e de discussão. Concomitantemente, professoras e coordenadoras de ensino reclamavam que alunos/as adolescentes não gostavam de ler nem de escrever.

    O paradoxo estava estendido no pátio do recreio!

    Então, prescrutou as alunas e pôde constatar que liam sobre a Saga Crepúsculo. Diziam que liam os livros, viam os filmes, mesmo antes dos lançamentos, nas pré-estreias, liam todas as publicações sobre eles em revistas, buscavam na internet outras publicações, faziam parte de grupos que reescreviam os textos originais, os fan films, enfim, liam e escreviam.

    Tornou-se, então, problematização de seus estudos, inicialmente, indagar por que liam e escreviam sobre temas que não os que a escola propunha. Depois se impôs pesquisar de qual processo cultural e midiático estava tratando e, ainda mais, como as leitoras transitavam em mídias diferentes, com propósitos diferentes.

    Diante de objeto tão complexo, passou a ler os livros, assistir aos filmes, acompanhar as alunas nas pré-estreias e seguir as publicações na internet. Era muita coisa para trabalhar. Juntamente com o grupo de pesquisa de que participava, pesquisou e publicou sobre a reescritura da Saga.

    Mas a transmidiação – chamamos de transmidiação o processo que, tendo origem escrita impressa, é divulgado na forma escrita, na internet; como filme, nos cinemas e na internet, nas revistas, com todo aparato de tendência de roupas, maquiagem etc. –, ou seja, em cada mídia, hipermídia para a qual era transposta a Saga, não se tratava apenas de adaptação, mas de transmidiação mesmo, em que leitores se diferenciavam, no processo de produção de sentidos. Não mais só o leitor contemplativo do livro, ou o movente dos filmes e revistas, mas o imersivo, do hipertexto.

    Na condição de dissertação de mestrado, recortou para a transmidiação do livro ao filme. Montou um grupo focal, para leitura do livro, dos filmes, comparando cenas, para ser confirmada a transmidiação, para as leituras, para as modificações e para as leitoras em mídias diferenciadas.

    Os resultados, mais que confirmarem os pressupostos das mudanças de textos para cada mídia, assim como das leituras delas, corroboraram os conceitos de cultura, de cibercultura, de mídias, de produção de texto e de leitura, que podem ser conferidos no texto que ora apresento e, ainda mais, tornar desconfortáveis as práticas de produção de leitura e de texto da escola já citada.

    Mesmo não sendo proposta a intervenção-ação, ela ocorreu.

    Pelo exposto, o percurso não acabado das pesquisas de Albília requer que seja continuada a pesquisa com essa ou outra manifestação cultural transmidiática. É claro, uma outra história de vida!

    Fica a obra aberta, então, para leitores e leitoras, sem pretensão de lição ou de fechamento de questão sobre os temas tratados. Mas, e principalmente, para uma leitura de prazer, na qual conceitos preestabelecidos podem ser revistos. Curtam com ela as aflições, as descobertas, o riso, a desconfiança.

    Que mais dizer? Tudo está, a seguir, nas palavras da autora.

    Cuiabá, outono de 2017.

    Profa. Dra. Lucia Helena Vendrusculo Possari

    Unversidade Federal de Mato Grosso – UFMT

    INTRODUÇÃO

    Esta pesquisa originou-se de uma inquietação a respeito de leituras realizadas por adolescentes em uma escola estadual religiosa. O objeto de atenção tratava-se da saga de amor entre uma humana e um vampiro intitulada Crepúsculo. O discurso corrente nas escolas e na sociedade em geral é de que estudantes não gostam de ler e nem de escrever. Todavia, o que eu percebia era que jovens de um colégio religioso, ao invés do celular, do videogame, das brincadeiras e atividades físicas, preferiam, no recreio, ler livros da saga Crepúsculo, como também revistas semanais acerca de notícias da saga, a moda gerada por ela, notícias dos atores e atrizes etc.

    Então, as adolescentes liam!

    A partir deste dado, busquei mais detalhes da saga, lendo os livros impressos e, posteriormente, realizando leituras na internet. Dentre os materiais, deparei-me com as revistas femininas teens que traziam os desdobramentos da própria saga. Acompanhei o site oficial Twilight Brasil e o Twiligth-mt, onde as releituras/reescrituras da série são inúmeras e possibilitavam ao leitor interação e interatividade. Nesses sites, que reúnem a fandomination, chamadas simplesmente de fandoms, há a reescritura da saga pelas ficwriters, que reescrevem as histórias como lhes convém. Desse modo, as fãs assumem outra vertente, desenvolvem o potencial em produção.

    Então, as adolescentes escreviam!

    Essas informações disponibilizadas nas transmídias encontram-se imbuídas de características das personalidades de seus autores, o que considero interessante e instigante nesta literatura moderna de Crepúsculo (2005). Mas, o que é o Crepúsculo?

    São livros que marcaram o início do fenômeno literário desta saga. A série já vendeu mais de 42 milhões de cópias em todo o mundo, com traduções em 37 línguas diferentes. A saga relata fatos da vida da personagem principal, Bella, uma garota que se muda para a pacata cidade de Forks e vê uma paixão inusitada por um vampiro transformar sua vida. A adaptação cinematográfica de Crepúsculo foi lançada em 19 de dezembro do ano de 2008.

    Em Lua Nova (2006), para Bella Swan não existe nada mais importante do que o seu amor por Edward Cullen. Mas estar apaixonada por um vampiro será mais perigoso do que ela poderia imaginar. O filme estreou dia 20 de novembro de 2009.

    Eclipse (2007), o terceiro livro da saga, coloca Bella diante de várias escolhas, a mais difícil delas será optar entre a amizade de Jacob e a paixão de Edward. O filme foi lançado nas telas brasileiras no dia 30 de junho de 2010.

    Em Amanhecer (2008), Bella, Edward e Jacob serão obrigados a definir seus destinos. A saga remete o leitor ao embate final entre vampiros e lobisomens, que é o grande desfecho da série. O filme que retrata o final da saga foi dividido em duas partes. A primeira parte estreou em 18 de novembro de 2011 e a conclusão, em 15 de novembro de 2012. A trama contagiou o imaginário da juventude e invadiu o espaço das relações sociais e virtuais do público juvenil, que é considerado nativo do ciberespaço. O desfecho cinematográfico da série não foi analisado, nem mesmo comparado ao livro, devido à pesquisa já estar se encaminhando para o relato à época.

    Segundo a autora Stephenie Meyer (2005), seus livros são sobre vida, não morte e amor, não luxúria. Cada livro da série foi inspirado e vagamente baseado em um clássico diferente da literatura. Crepúsculo, em Orgulho e Preconceito de Jane Austen, Lua Nova, em Romeu e Julieta de William Shakespeare, Eclipse, em O Morro dos Ventos Uivantes e Amanhecer, em outro de Shakespeare, Sonho de uma Noite de Verão.

    Para o Twilight Brasil, o gênero de ficção para jovens e adultos trata de fantasia e romance, sendo que a obra explora o não ortodoxo romance entre a humana Bella e o vampiro Edward Cullen, assim como o triângulo amoroso entre Bella, Edward e Jacob Black, um lobisomem. Esta temática ganha ressonância no mundo juvenil, possibilitando postar novidades desse triângulo amoroso através de fotos e de trechos mais instigantes dos livros, que, transmidiados, são recontados de forma diversificada.

    Nas mídias, no ciberespaço, a saga Crepúsculo foi reconhecida e aprovada pelos fãs, passando a atuar no cotidiano dos leitores juvenis. Percebi que a saga obteve espaço aberto nas escolas, shoppings, supermercados, entre outros ambientes permeados por leitores jovens e adolescentes conectados à série, realizando uma leitura dinâmica e com alto poder de produção.

    Diante desta multiplicidade de mídias que trazem a saga, objetivei verificar como se dá a re-construção de sentidos da obra quando transmidiada.

    Optamos pela narrativa transmidiática por aceditar que ela abarca uma resposta satisfatória no que concerne ao fenômeno da obra impressa aos seus desdobramentos midáticos, que inclui os filmes, os blogs, site oficial e outros produtos relacionados à franquia Crepúsculo. Conforme Jenkins, transmidiação, ou convergência, é tudo que está relacionado à obra e aos seus artefatos culturais, que é impulsionado pelo desejo de participar e se apropriar das

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