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Lendas e causos da Amazônia
Lendas e causos da Amazônia
Lendas e causos da Amazônia
E-book100 páginas49 minutos

Lendas e causos da Amazônia

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Sobre este e-book

Em meio a tantas histórias que se ouvem na Amazônia, quem nunca ouviu falar do boto que seduz as moças, da criança que foi jogada ao rio e se encantou em cobra, das visagens que tiram a paz de quem as vê, da Matinta Perera que veio buscar fumo, do homem que virava porco e de tantas outras que muitas vezes até arrepiam os cabelos. Junto a essas lendas temos outros causos que acontecem por essas bandas, que quem os conta jura que são causos de verdade. É nesse cenário que convido você leitor e leitora, a degustar um pouquinho das narrativas do livro Lendas e Causos da Amazônia que compõem o cenário xinguano e amazônida!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de abr. de 2016
ISBN9788586261794
Lendas e causos da Amazônia

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    Uma leitura fantástica! Super indico! Uma riqueza inestimável conhecer as histórias do povo altamirense! Aliado, é claro, à simplicidade e fluidez capturada por essa super autora! Super admiro-a! Parabéns! ???????

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Lendas e causos da Amazônia - Rosângela Maria Tôrres Emerique

Prefácio

O imaginário social é fonte de inventividade e recriação de acontecimentos míticos, recolhidos na sombra da mata ou no leito do rio, pela imaginação criadora dos habitantes de uma região.

Ao recontar histórias, o narrador acrescenta ou subtrai informações e aproxima acontecimentos. As vozes Eu entrava no Rio Moju e ia de casa em casa; Ela morava na Rua da Frente, onde hoje é o cais remetem a um localismo afetuoso, que dá aos fatos matizes da cultura regional.

As narrativas orais lendas e casos explicam acontecimentos misteriosos ou fantásticos, por meio de uma relação entre realidade e fantasia. O homem em contato com o mundo sobrenatural é posto à prova entre duendes e encantados.

A coletânea Lendas e Causos da Amazônia, compilada por Rosângela Emerique, na região do Xingu, apresenta um lúdico cruzamento de saberes do passado refletidos no presente.

A autora tem o cuidado de organizar as narrativas por localidades, com suas variações centradas no diálogo entre o rural e o urbano, como forma de garantir ao leitor o prazer da boa leitura.

João Jesus

Altamira, 03 de abril de 2014

Narrativas contadas por D. Antônia Macieira Soares e vivenciadas na Ilha do Coco, no Rio Iriri

P5270071

Visagem

Minha mãe contava que nos anos de 1926, na Ilha do Coco, no Rio Iriri, onde morávamos, costumava ouvir barulho de pegadas dentro de casa e quando ia olhar não via nada. Minha mãe sentia muito medo, além disso, meu pai também ouvia barulho de correntes. Era algo que acontecia sempre. Acho que isso acontecia porque o lugar onde morávamos tinha sido um cemitério de índios. Meu pai, quando foi fazer o defumador¹, encontrou ossos de índios. Eu mesma uma vez vi um crânio, além do mais, era de costume achar esses ossos e pedaços de urnas nas quais os índios eram enterrados.

Minha mãe sempre nos contava que onde morávamos, na Ilha do Coco, via muitas aparições e sentia muito medo. Para dar sentido às aparições, meu pai falava que quando chegou a Altamira, em 1912, havia muita gente de fora que subia e baixava o rio e muitas vezes, quando adoecia de impaludismo² no meio da viagem e chegava a falecer, encostavam o barco em qualquer lugar e enterravam o morto na beira do rio, ilhas e etc., ou seja, em qualquer lugar à margem do rio, daí as aparições surgirem em qualquer lugar do rio. Onde morávamos sempre aparecia um barco muito grande, cheio de pessoas que remavam, varejavam³ e conversavam. Ficávamos atentos às embarcações que apareciam no rio. De repente, em um piscar de olhos, desapareciam.

Mapinguari

Certa vez, em determinado rio da Amazônia, morava um compadre que caçava todo domingo. Em um belo dia, recebeu a visita de um compadre amigo, que disse a ele:

— Compadre caçador, todo domingo o senhor caça.

O compadre caçador respondeu:

— Mas, compadre, domingo também se come!

— Compadre caçador, não vá hoje pra mata, é domingo, dia de ficar em casa!

Mesmo contra a vontade do amigo, o compadre caçador foi à mata caçar.

Quando já se passava da hora do retorno do caçador, sua mulher, já apavorada, pediu ao compadre amigo para ir atrás do seu marido na mata. Ao chegar ao local onde o compadre gostava de caçar, sentiu um cheiro horrível

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