Diversidade e ações afirmativas: combatendo as desigualdades sociais
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Sobre este e-book
Abordagens propostas pela mídia sobre questões como o racismo, as desigualdades de gênero, a concentração da terra, dentre outros, exibem uma conotação conservadora acerca da situação social do país. Utilizando-se de argumentos pretensamente fundados na defesa dos princípios democráticos, advogam a manutenção de privilégios. De praxe, argumentam que o problema das desigualdades sociais deve ser resolvido com a melhoria da qualidade da escola pública, imputando especialmente a educadoras e educadores a responsabilidade pela falta de igualdade de oportunidades para o conjunto da população brasileira na efetivação de direitos.
A publicação do Caderno Diversidade e Ações Afirmativas: combatendo as desigualdades sociais visa a apresentar um contraponto a essa visão, oferecendo-nos a oportunidade de situar a questão das lutas sociais pela ampliação dos direitos no contexto de lutas históricas que têm os movimentos sociais como protagonistas. O texto tem o mérito de situar esses embates em vários espaços, oferecendo-nos uma instigante reflexão sobre os desafios situados no espaço escolar e no campo das práticas pedagógicas.
José Eustáquio de Brito
Professor da Faculdade de Educação da UEMG
Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Educação e Relações Étnico-Raciais
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Diversidade e ações afirmativas - Shirley Aparecida de Miranda
Referências
Introdução
Diversidade, diferença, desigualdade. Quando observamos o quadro social, pode parecer que essas três palavras são sinônimas. Os processos de desigualdade social atingem diferenciadamente negros, indígenas e brancos; homens mulheres e homossexuais; pessoas com deficiência; trabalhadores e trabalhadoras da cidade e do campo. A diferença está a tal ponto naturalizada que não se apresenta como diversidade: a diferença é justificativa para a desigualdade socialmente produzida e sustentada.
Esse jogo das diferenças,¹ para utilizar uma expressão de estudiosos do multiculturalismo, atravessa todas as instituições sociais, inclusive a escola. A reprodução de preconceitos pode ser observada em materiais didáticos e na forma como retratam ou invisibilizam determinados grupos sociais. O preconceito pode ainda se tornar discriminação na escola, nos critérios utilizados por educadores e educadoras para definir quem participa de que atividade. Ainda existem atividades de meninos e atividades de meninas? Ainda permanecem os agrupamentos de crianças defasadas
nos quais encontramos majoritariamente meninos negros? Ainda se acredita que as crianças do campo (ou da roça) têm mais dificuldade de aprender? Por fim, a discriminação pode resultar em exclusão. É o que observamos quando interrogamos quem tem sucesso na escola, quem passa pelo caminho que leva ao ensino superior.
Como os movimentos sociais interferem nesse jogo? Essa é a questão central deste Caderno. A ampliação dos limites dos direitos sociais se estabelece a partir do reconhecimento de demandas que emergem na ação dos movimentos sociais. Portanto, a luta desses movimentos confere visibilidade aos processos de preconceito e discriminação, que resultam em desigualdades. Dito de outra forma: os movimentos sociais abalam a estabilidade da diferença transposta em preconceito e apresentam uma nova chave de análise, a diversidade.
O capítulo 1 trata especificamente do que se configurou como novos movimentos sociais. Discutiremos como, ao adotar como estratégia a política de identidades, esses movimentos trabalham pelo reconhecimento da diferença e explicitam as modalidades de opressão, preconceito e discriminação.
De que forma a diferença é transposta em desigualdade? Essa questão será abordada no capítulo 2. A partir de indicadores sociais sistematizados por institutos de pesquisa, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), discutiremos a situação de grupos sociais específicos. Nesse mesmo capítulo apresentaremos a estratégia política defendida por movimentos sociais para a superação desse quadro: as ações afirmativas.
De que forma essa dinâmica se entrelaça com a instituição escolar? Essa é a interrogação do capítulo 3, no qual discutiremos duas proposições de políticas educacionais que incorporam a diversidade: a educação do campo e a escola intercultural diferenciada.
Este Caderno tomou como interlocutores ocultos os educadores e as educadoras da educação básica, que se deparam com a diferença cotidianamente. Há muito já superamos a noção de que existe um aluno-modelo, um tipo ideal adequado à aprendizagem. Sabemos que crianças, adolescentes e jovens carregam uma bagagem sociocultural. As reflexões aqui contidas e as sugestões de debates e leituras podem nos ajudar a dialogar com essas diferenças e captar a riqueza da diversidade – em