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José Wellington Biografia
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E-book419 páginas6 horas

José Wellington Biografia

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Sobre este e-book

Quando adolescente, o pequeno José Wellington sonhava em se formar em medicina. Nem em seus mais fantásticos sonhos, aquele jovem rapaz, nascido no interior do Ceará, poderia imaginar que sobre seus ombros cairia a gigantesca responsabilidade de liderar a maior denominação evangélica do Brasil.
Ao mudar-se para São Paulo com sua esposa Wanda Freire e o primeiro filho, José Wellington Junior, iniciou uma próspera carreira de comerciante. Embora fosse um crente fiel, nem de longe passava em sua mente seguir a carreira ministerial. Mas Deus tinha outros planos para ele.
O Senhor o queria como pastor e José Wellington atendeu ao chamado divino. Com a bênção de Deus, ele vem construindo um legado ministerial extraordinário à frente não apenas da igreja Assembleia de Deus do Belém, mas de toda a denominação.
Servo de Deus, marido e pai, profissional, pastor, administrador e líder, crente assembleiano, presidente da CGADB e membro do Comitê Mundial das Assembleias de Deus e do comitê da Conferência Mundial Pentecostal. Diversas facetas de um mesmo homem.
Neste livro o leitor não encontrará apenas a história eclesiástica, mas a trajetória de vida do líder das Assembleias de Deus no Brasil, desde o seu nascimento até os dias de hoje. Uma verdadeira história de fé, renúncia, milagres, lutas e conquistas. Conheça a vida de um homem aparentemente comum, mas que Deus chamou para uma obra extraordinária.
Conheça José Wellington Bezerra da Costa.

Um produto CPAD.
IdiomaPortuguês
EditoraCPAD
Data de lançamento1 de ago. de 2014
ISBN9788526311909
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    José Wellington Biografia - Isael de Araújo

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    PREFÁCIO

    A CPAD, em bom tempo, faz chegar ao seu público leitor a biografia de um dos maiores líderes da Assembleia de Deus no Brasil.

    Aqui, pastor José Wellington Bezerra da Costa conta a sua inusitada história. Vale a pena ler esta obra na qual conheceremos interessantes particularidades de sua vida.

    É uma honra poder prefaciar esta obra. Em minhas considerações, é difícil não misturar as referências ora ao meu pai ora ao meu pastor, meu amigo e, ainda, meu exemplo de vida.

    A convivência com o pastor José Wellington sempre foi muito sadia. Nunca tivemos nenhuma dificuldade no relacionamento entre pai e filho, e agora no ministério não tem sido diferente. Aprendi, aliás, eu e meus irmãos aprendemos, a não comer o pão da preguiça. Por isso, sempre trabalhamos e não temos medo de trabalhar, seguindo o exemplo que vimos em nosso pai. Aprendemos também a confiar em Deus e a não temer o amanhã, pois sabemos que Ele sempre tem cuidado de nós.

    Pastor José Wellington aceitou a Jesus como Salvador quando ainda era criança e desde então serve ao Senhor, sem nunca ter se desviado de Seus santos caminhos. Uma das suas principais qualidades é a humildade. Ele sempre foi assim – considerando as pessoas e respeitando todos. Desde quando o Senhor Deus o chamou para o ministério, nunca se deixou influenciar pelos cargos ocupados na Assembleia de Deus no Brasil. Entendo que seja justamente por essas qualidades que ele vem sendo eleito desde 1987, por pastores de todo o Brasil, presidente do órgão mais importante de nossa igreja – a CGADB,

    Ele não toma nenhuma decisão sem antes consultar a Deus e ter a certeza de Sua vontade. E Deus o faz vitorioso, uma vez que sempre foi um homem de oração. Dorme pouco. Ora muito. Trabalha incansavelmente. O seu principal objetivo é – e sempre foi – o bem e o equilíbrio da nossa igreja em todo o país.

    É comum ouvirmos pessoas se perguntando onde o pastor José Wellington encontra a calma, paciência e equilíbrio que lhes são característicos, mesmo diante dos grandes desafios. Lendo este livro encontraremos essa resposta, pois foram as várias situações em seu ministério que o levaram a firmar sua fé em Deus e em Seus propósitos. E essa paciência e confiança no Senhor geraram frutos grandiosos. Tudo o que conquistou na vida foi com muito trabalho, esforço e renúncia.

    Na leitura desta obra entenderemos o que Deus faz na vida dos Seus escolhidos. Deus os protege, orienta, preserva, capacita, inspira e os investe de autoridade. Ele os faz prosperar no seu caminho e os faz vencedores. Ele os exalta na terra e sempre os mantêm Seus servos.

    Hoje nos deparamos com muitos que querem se engrandecer e alcançar o que o nosso pastor já alcançou. Mas não querem pagar o preço da jornada e, ao contrário, buscam um caminho mais fácil e rápido.

    Neste livro entenderemos que grandes conquistas exigem dedicação, disposição e sacrifícios. Mas elas virão para aqueles a quem Deus chama e confia.

    Quem é como o SENHOR, nosso Deus, que habita nas alturas; que se curva para ver o que está nos céus e na terra; que do pó levanta o pequeno e, do monturo, ergue o necessitado, para o fazer assentar com os príncipes, sim, com os príncipes do seu povo (Salmos 113.5-8).

    Desfrute desta leitura e tenha nesta obra uma fonte de consultas e inspiração.

    Pr. José Wellington Costa Junior

    Vice–presidente da Assembleia de Deus – Ministério do Belém – São Paulo

    2º vice–presidente da Convenção Fraternal Interestadual das Assembleias de Deus

    no Estado de São Paulo (Confradesp)

    Presidente do Conselho Administrativo da CPAD

    AGRADECIMENTOS

    Ao pastor José Wellington Bezerra da Costa, pela confiança e privilégio de aceitar – me como o seu biógrafo.

    À irmã Wanda Freire da Costa, aos filhos, netos e bisnetos, que partilham com o povo assembleiano a abençoada história do querido esposo e estimado pai e avô.

    Ao irmão Ronaldo Rodrigues de Souza, diretor-executivo da CPAD, por mais uma oportunidade em minha carreira de escritor.

    A todos que cooperaram com informações e fotos solicitadas.

    Às funcionárias Flavianne Vaz (historiadora) e Vera Garcez (bibliotecária), pelo suporte no Centro de Estudos do Movimento Pentecostal (Cemp).

    A minha esposa Arilene, aos meus dois filhos Sarah e Timóteo, e a minha sogra Corina. Jamais esqueceremos a linda e fervorosa oração de Sarah em agradecimento a Deus pela conclusão desta obra.

    A Deus — criador e Senhor de tudo e todos.

    A Ele toda a glória.

    INTRODUÇÃO

    Li certa vez na internet um texto de autoria do famoso pastor norteamericano John Piper incentivando os cristãos, especialmente os pastores, a lerem mais biografias cristãs.

    Além da satisfação particular que tive ao ver alguém de renome defender a leitura de obras que pertencem ao campo literário evangélico no qual tenho militado nos últimos anos, a forma como Piper defendeu a importância da leitura de biografias cristãs despertou-me a atenção para o fato de que a Bíblia é uma obra biográfica por excelência. Nela constam os memoráveis livros históricos e dezenas de biografias de santos homens e mulheres de Deus.

    Ainda, pensando especificamente nos pastores, Piper diz que uma biografia cristã, bem escolhida, combina todo tipo de coisas de que esses obreiros precisam, mas têm pouco tempo para procurar. A boa biografia tem história, teologia, aventura e suspense. Ela traz psicologia e experiência pessoal, aprofundando o entendimento sobre a natureza humana. As biografias de grandes homens de Deus, além de serem excelentes fontes de orientação, inspiração e encorajamento, são úteis aos cristãos para enxergarem a completa diversidade de estilos ministeriais que, historicamente, Deus tem escolhido utilizar e abençoar em sua igreja. Existiram e ainda existem grandes e frutíferos pastores cujos modelos de pregação, pastorado, hábitos e personalidades são tão diferentes um dos outros que encorajam a cada cristão a compreender e a aperfeiçoar o seu lugar na obra de Deus.

    As biografias também têm grande valor para ilustrações de mensagens e aulas nas igrejas. A biografia do pastor José Wellington Bezerra da Costa, ora trazida a lume, se enquadra perfeitamente à categoria das boas biografias dos grandes homens de Deus descritas por Piper.

    Com os seus quase sessenta anos de experiência como obreiro dirigente de igrejas, mais de trinta anos na presidência da Assembleia de Deus — Ministério do Belém (São Paulo), o maior ministério assembleiano, e quase 25 anos na presidência da CGADB, José Wellington tornou-se um dos principais protagonistas da história da Assembleia de Deus no Brasil na parte final do século 20 e nas primeiras décadas do novo século. Entretanto, vale ressaltar que esta obra não se enquadra na categoria de hagiografias, porque José Wellington tem feito coisas grandiosas para Deus mesmo com as falhas e defeitos de homem. Ele procura liderar com excelência sem se vangloriar disso e serve a Deus com o que recebeu do Senhor.

    Os especialistas dizem que um líder é uma pessoa que tem algo diferente em si mesmo — algo especial que não é fácil de explicar nem de copiar.

    O pastor e líder José Wellington é assim. Ele é um homem comum, simples, que, afinal de contas, nem cogitava um dia ser pastor, mas com a bênção de Deus em sua vida, construiu um legado ministerial extraordinário.

    Dada a essa magnitude espiritual e ministerial do pastor José Wellington, sua biografia não poderia ser escrita na forma comum de narrativa historiográfica. Mas foi estruturada numa abordagem temática dividida em dez grandes partes para que o leitor possa extrair as lições do biografado como pessoa, servo de Deus, marido e pai, profissional, pastor, administrador e líder, crente assembleiano, presidente do órgão máximo da igreja e representante internacional da denominação.

    Já é fato consumado que José Wellington é um personagem-chave da abençoada história da Assembleia de Deus no Brasil. Mas não se resume a apenas isso. Não se pode contar a história recente da denominação sem se contar a história de José Wellington. Por isso, foi impossível narrar a trajetória de sua vida e ministério sem um fundo histórico relacionado a cada tema das partes de sua biografia. Esta biografia foi escrita da melhor forma científica, usando o farto material publicado nos periódicos da CPAD e as informações extraídas das quase 15 horas de entrevistas gravadas em São Paulo com o pastor José Wellington.

    O resultado do meu trabalho e da equipe da CPAD aí está. Espero que atenda às expectativas do ilustre biografado e de sua família, da igreja sob a sua responsabilidade e de todo o povo assembleiano brasileiro, que certamente apreciará conhecer um pouco mais sobre a vida e a obra de seu grande líder.

    O autor.

    SUMÁRIO

    PREFÁCIO

    AGRADECIMENTOS

    INTRODUÇÃO

    PARTE I: JOSÉ WELLINGTON — VIDA PESSOAL

    Capítulo 1: Nascimento, Família e Infância

    Capítulo 2: Comércio — Trabalho e Realidade

    Capítulo 3: Formação e Vida

    PARTE II: JOSÉ WELLINGTON — VIDA CRISTÃ

    Capítulo 4: Conversão dos Pais

    Capítulo 5: José Teixeira Rego — Primeiro Grande Exemplo de Pastor

    Capítulo 6: Fundamentos na Fé, Crescimento Espiritual e Participação na Igreja

    Capítulo 7: O Batismo com o Espírito Santo e o Cuidado com a Vida Espiritual

    Capítulo 8: Experiências com Milagres de Deus na Família

    PARTE III: JOSÉ WELLINGTON — VIDA CONJUGAL

    Capítulo 9: Namoro, Noivado e Casamento com Wanda Freire

    Capítulo 10: O Casal José Wellington e Wanda Freire

    PARTE IV: JOSÉ WELLINGTON — FILHOS, NETOS E BISNETOS

    Capítulo 11: O Pai, Avô e Bisavô José Wellington

    Capítulo 12: Bênçãos da Herança do Senhor — Filhos, Netos e Bisnetos

    PARTE V: JOSÉ WELLINGTON — VIDA PROFISSIONAL

    Capítulo 13: A Promessa da Mudança

    Capítulo 14: Acontece a Mudança para São Paulo

    Capítulo 15: Feiras e Lojas — Bênçãos da Prosperidade

    Capítulo 16: O seu Ceará É São Paulo

    Capítulo 17: A Primeira Visita à Família em Fortaleza

    PARTE VI: JOSÉ WELLINGTON — VIDA MINISTERIAL

    Capítulo 18: Início e Confirmação da Chamada Ministerial

    Capítulo 19: Progresso na Caminhada Ministerial

    Capítulo 20: Missão de Bombeiro e Pacificador do Ministério do Belém

    Capítulo 21: Pastores José Teixeira Rego e Odilon Barbosa — Sonhos, Visões e Promessas de Deus

    Capítulo 22: A Sucessão ao Pastor Cícero Canuto de Lima

    PARTE VII: JOSÉ WELLINGTON — MINISTÉRIO DO BELÉM

    Capítulo 23: O Perfil de Pastor

    Capítulo 24: O Perfil Conservador

    Capítulo 25: Seu Perfil de Presidente

    Capítulo 26: O Presidente e a Geração Atual

    Capítulo 27: A Estrutura e Administração do Maior Ministério do País

    Capítulo 28: Crescimento do Ministério do Belém e Áreas de Ação

    PARTE VIII: JOSÉ WELLINGTON — ASSEMBLEIA DE DEUS

    Capítulo 29: Analisando o Modelo Eclesiástico Assembleiano

    Capítulo 30: Lutando pela Conservação da Identidade Assembleiana

    Capítulo 31: A Unidade das Assembleias de Deus — Objetivo Permanente

    Capítulo 32: Avivamento — A Maior Necessidade

    Capítulo 33: Apontando as Razões do Crescimento Assembleiano

    Capítulo 34: Avaliando o Trabalho Assembleiano no País

    Capítulo 35: Questões das Assembleias de Deus no Contexto Evangélico Atual

    Capítulo 36: Perspectivas para as Assembleias de Deus no Brasil

    PARTE IX: JOSÉ WELLINGTON — CONVENÇÃO GERAL DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL

    Capítulo 37: Avaliando o Papel da CGADB nas Assembleias de Deus

    Capítulo 38: Analisando o Cargo de Presidente da CGADB

    Capítulo 39: A Liderança Conservadora na CGADB

    Capítulo 40: O Desligamento de Madureira — A Decisão Mais Difícil

    Capítulo 41: Década da Colheita — O Maior Plano Evangelístico-Missionário

    Capítulo 42: CPAD — A Decisão Mais Bem-Sucedida

    Capítulo 43: A Sede da CGADB — O Maior Sonho Realizado

    Capítulo 44: A Participação da CGADB na Política Nacional

    Capítulo 45: Recordando as Disputas e Eleições na CGADB

    Capítulo 46: Perspectiva para o Futuro

    PARTE X: JOSÉ WELLINGTON — RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL

    Capítulo 47: Atuações Internacionais

    Capítulo 48: Respeitabilidade e Honra Internacional

    Capítulo 49: Como o Mundo Vê a Assembleia de Deus Brasileira

    Capítulo 50: O que Esperam da Assembleia de Deus Brasileira

    BIBLIOGRAFIA E CRÉDITO DAS FOTOS

    PARTE I

    José Wellington

    Vida Pessoal

    José WellingtonVida Pessoal

    NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO CEARÁ localiza-se o pequeno município de São Luís do Curu. Sua população foi estimada, no censo de 2010, em 12.519 habitantes. O nome é uma alusão a capelinha construída à margem direita do rio Curu.

    Sabe-se que, primeiramente, as terras que margeiam o rio Curu foram habitadas por índios Anacé, Apuiaré e outras etnias de língua Tapuia.

    Situado em terras predominantemente de caatinga e matas ao longo do rio, de clima quente, com vilas, lugares, sítios e fazendas, São Luís do Curu foi, durante muito tempo, área de fazenda para criação de gado e plantação de algodão. Em 1905, possuía apenas dois estabelecimentos: uma casa destinada ao rancho de comboieiros e outra que era um posto telefônico, novidade que raramente se registrava.

    Somente se desenvolveu num povoado urbano a partir de 1920, com a construção da Estrada de Ferro de Itapipoca, o que fez surgir também outras atividades econômicas. Em 1933, foi inaugurada uma estação de trem para passageiros.

    O local, de pouco mais de 122 quilômetros quadrados, só foi elevado a município em 1951. Antes fora distrito do município de Arraial, que, a partir de 1938, passou a se chamar Uruburetama. Também, antes de receber o nome atual, o lugar foi conhecido como Barração, Uruburetama de São Luiz do Curu e Curu.

    Próximo de São Luís do Curu está a cidade de Itapajé, na Serra de Uruburetama, o marco histórico das Assembleias de Deus no Ceará. Nesse lugar, em 1914, Maria de Jesus Nazareth Araújo, a segunda crente batista a receber o batismo com o Espírito Santo em Belém do Pará, semeou pela primeira vez a mensagem pentecostal em solo cearense. Quinze anos depois, em 1929, o trabalho evangelístico da Assembleia de Deus teve início em São Luís do Curu, no lugar chamado Maniçoba, com um culto realizado em 29 de junho na residência do senhor João Veras. Foram pioneiros do trabalho ali o pastor Vicente de Salles Bastos e seu auxiliar, o presbítero Júlio de Castro Moura. A igreja cresceu e ganhou importância na região. Em 1936, com um bonito templo e uma casa pastoral, era a sede do Campo da Praia.¹

    Em 9 de maio de 2008, José Wellington voltou à pequena São Luís do Curu, acompanhado de sua esposa e filhos, para receber uma homenagem de seus conterrâneos. Foi-lhe erguido um busto num monumento, na praça central, em frente ao atual templo-sede da Assembleia de Deus. Na cerimônia de inauguração, um dos momentos emocionantes foi o cântico de um hino da Harpa Cristã entoado, no palanque, por todos os filhos do homenageado.

    A quase 80 quilômetros de São Luís do Curu, localiza-se a bela cidade de Fortaleza, a capital alencarina.

    Historicamente, é Fortaleza a cidade-destino de retirantes sertanejos cearenses por causa dos períodos de secas no interior, uma mudança para a capital em busca de melhores condições de emprego e renda. Esse êxodo rural foi uma das principais causas do início do crescimento populacional acelerado da cidade entre os anos 20 e 30. O total pulou de 78 mil habitantes em 1920 para 126 mil em 1930. Continuou acelerado nas décadas seguintes e beirou os 100% de crescimento entre os anos 50 e 60, totalizando mais de 500 mil habitantes em 1960. Na década de 80, a população de Fortaleza ultrapassou em tamanho a de Recife, elevando-a ao posto de segunda maior cidade do Nordeste. Pelo censo de 2010 do IBGE, a população atual é de 2.315.116 habitantes, a quinta cidade mais populosa do país.

    O comércio diversificado é, historicamente, o maior gerador de riquezas da economia de Fortaleza. A principal área de comércio continua sendo o Centro, reunindo o maior número de estabelecimentos.

    No campo da educação e ciência, Fortaleza tornou-se importante centro educacional tanto no Ensino Médio como no Superior, não só do Estado do Ceará, mas também da porção Norte e Nordeste do país. Tem uma importante instituição de ensino público, o Liceu do Ceará, colégio mais antigo do Estado, e é sede dos primeiros cursos de nível superior em terras cearenses: o de Direito, fundado em 1903, e os de Farmácia e Odontologia, em 1916.

    Para se destacar numa das regiões mais carentes e sofridas do país, a população de Fortaleza tem colocado em prática o lema em latim fortitudine, presente em seu brasão, que em português significa força, valor e coragem.

    Em 1922 pisou no solo fortalezense o evangelista Antônio do Rego Barros, enviado especialmente pela Assembleia de Deus de Belém do Pará para iniciar o trabalho da Assembleia de Deus. Sete anos depois, no dia 7 de setembro de 1929, com esse mesmo pregador da mensagem pentecostal, oficializou-se a fundação da igreja na capital.

    Em 2008, por iniciativa de deputados estaduais evangélicos, a Assembleia Legislativa do Ceará concedeu uma homenagem especial ao pastor José Wellington. Em seu discurso, utilizando-se do texto bíblico de Gênesis 32, em que Jacó recorda ter ido como peregrino para longe de seus pais e depois retornou engrandecido por Deus, com um cajado e dois bandos, José Wellington agradeceu a Deus por tê-lo feito próspero e abençoado durante toda a sua trajetória de vida e ministério.

    CAPÍTULO I: NASCIMENTO, FAMÍLIA E INFÂNCIA

    Lauro Martins da Costa, nascido no Ceará, sua esposa Sara Bezerra da Costa, nascida no Amazonas, e os filhos Nilton, Maria Mirtes, Luiz, Maria Hayth e Maria Denise viviam em São Luís do Curu desde 1930, quando chegaram procedentes de Senador Pompeu, distrito do município de Quixeramobim.

    Em 14 de outubro de 1934, num domingo, nasceu o filho José Wellington. Seu avô paterno se chamava José Costa, casado com Maria Costa, a vovó Maróca. Era um português, dono de padaria, tratado carinhosamente na família de papai Costa, que José Wellington recorda ter conhecido na infância.

    Os avôs maternos, Raimundo Napoleão Bezerra e Brazilina Napoleão Bezerra, eram amazonenses estabelecidos no Ceará. Raimundo, dono de uma grande fazenda em Quixeramobim, com padrão de vida alto e muito prestígio político na sociedade, era tratado como coronel. Ele era primo do tenente José Bezerra, líder da tropa que matou o cangaceiro Lampião no ano de 1938, em Sergipe. José Wellington conheceu esse herói quando estava com seus 13 para 14 anos, numa visita ao seu avô coronel quando este ficara hospitalizado para tratamento de uma enfermidade nas mãos. Naquela ocasião, o menino José Wellington ouviu atentamente o próprio bravo soldado, grandalhão, fardado, contar como abateu o Rei do Cangaço.

    Todos os irmãos da mãe de José Wellington moravam na fazenda do pai coronel. Depois que ela se converteu ao evangelho junto com o esposo Lauro não houve mais contato com esses parentes de Quixeramobim.

    — Como os meus pais eram crentes e esses parentes do interior não queriam nada com Jesus, houve um distanciamento. Apenas isso, sem problemas, sem intrigas. É que a vida deles não se coadunava com a dos meus pais — explica.

    José Wellington se recorda de ter sido levado pelos pais à fazenda do coronel Raimundo Napoleão Bezerra quando criança.

    Toda a fazenda do avô coronel acabou nas mãos de seu irmão Luiz e de sua mãe, Sara. Isso se deu, porque, quando o coronel tinha mais de 70 anos, sua esposa morreu e ele casou outra vez com uma mulher bem jovem. Os filhos não concordaram com o casamento. O único filho que não entrou em litígio com o velho coronel foi a mãe de José Wellington. Ela vivia na capital e não dependia da herança de seu pai que, sempre que ia a Fortaleza, se hospedava na casa dela. O coronel vivia brigado com os filhos e netos que moravam em Quixeramobim. Então, no título formal de partilha, o velho, que tinha muito prestígio político, colocou os herdeiros na parte dos fundos da fazenda e ficou com a metade que tinha um açude onde criava muito peixe para ele. Quando o coronel morreu, a parte da mãe de José Wellington ficou junto com a dele, no filé-mignon da fazenda. E, no formal de partilha, o coronel colocou uma cláusula na qual ficou estabelecido que os herdeiros não podiam vender a parte deles para terceiros; a fazenda só era negociável entre os irmãos. Então, Luiz, irmão de José Wellington, que, na época, já era advogado e tinha condições financeiras, passou a comprar a parte dos outros herdeiros. Chegou o momento em que Luiz havia comprado as partes de todos eles. Por fim, a fazenda era só do Luiz e de sua mãe. Mais tarde eles a venderam.

    Depois de José Wellington, mais quatro irmãos nasceram na família de Lauro e Sara, formando um total de dez filhos. Com o falecimento de Nilton e Silas, na adolescência, ficaram seis mulheres e dois homens. Maria Mirtes Costa Fortes se tornou a primogênita da família. Ela foi casada com Joaquim Fortes. Ambos já falecidos. Depois veio Luiz Bezerra da Costa que se casou com Iracilda Pinheiro da Costa, filha do pastor José Teixeira Rego, pioneiro e presidente por quase 30 anos da Assembleia de Deus de Fortaleza. Ele foi secretário da igreja em Fortaleza e, ordenado pastor, exerceu a vice-presidência e presidência da mesma igreja por um período. Em 1963, fundou o Ministério da Assembleia de Deus da Bela Vista, que atualmente é pastoreado pelo seu filho José Teixeira Rego Neto. Nacionalmente, pastor Luiz Costa teve destaque como um dos maiores oradores em assembleias gerais da CGADB, pelos seus cargos na Mesa Diretora dessa mesma entidade, tendo presidido a assembleia geral de 1979, e na presidência de órgãos de grande importância como o Conselho Administrativo da CPAD por três mandatos. Ele também foi advogado e político no Ceará, tendo sido deputado estadual por três vezes. Faleceu em 1993, com quase 66 anos. Sua esposa também já é falecida.

    As outras irmãs são Maria Hayth Menezes Costa, que se casou Joel Menezes (falecido) e exerceu atividade na Assembleia de Deus de Fortaleza como secretária da Escola Dominical; Maria Denise Menezes Costa, casada com Mozart Menezes (falecido); Maria Simone e Rute Maria, que não se casaram, e Sara Bezerra Costa Pessoa, casada com o pastor Ozires Teixeira Pessoa, atual presidente da Assembleia de Deus Ministério Montese, em Fortaleza.

    Hoje, pastor José Wellington se alegra e agradece a Deus pelo fato de todos os seus irmãos e respectivos cônjuges terem sido salvos por Jesus Cristo.

    Lauro Martins da Costa tinha uma mercearia ao lado de sua casa em São Luís do Curu. Em 1936, quando José Wellington tinha apenas dois anos, Lauro levou a família para morar na capital Fortaleza. Eles foram morar na Avenida do Imperador 389, no centro da cidade. Esta foi uma das primeiras avenidas construídas na capital. Ela, na década de 40, tornara-se uma espécie de porta de acesso para o então aristocrático bairro de Jacarecanga. A avenida também tinha ares aristocráticos: bem arborizada, calçadas largas e bem cuidadas. A pavimentação inicialmente era de pedra tosca, as casas eram portentosas, construídas nas primeiras décadas do século 20. As fachadas eram bem características do estilo art nouveau, com as imprescindíveis sacadas de ferro. Vários estabelecimentos comerciais, educacionais, industriais se localizaram na Avenida do Imperador. Nessa avenida, na altura da Rua Guilherme da Rocha, ficava a Praça da Lagoinha, atual Praça Capistrano de Abreu, com o jardim Thomaz Pompeu e um chafariz no centro. José Wellington recorda que a praça era bem adornada com árvores cortadas em feitio de animais.

    Em Fortaleza, Lauro continuou trabalhando como comerciante no mesmo ramo dos secos e molhados que trabalhava em São Luís do Curu. Abriu uma mercearia na Avenida do Imperador.

    As lembranças que José Wellington tem de seu pai durante as fases da infância e da adolescência são de um homem simples, mas possuidor de cultura, que lia bastante e que sentava diante do grande rádio valvulado para ouvir as notícias da Segunda Guerra Mundial nos anos de 1939 a 1945. José Wellington se recorda de sempre tê-lo visto lendo.

    — Ele tinha uma coleção da famosa revista Seleções Reader’s Digest, que teve o cuidado de mandar encadernar — acrescenta.

    José Wellington também sentava ao lado do seu pai para acompanhar as notícias da guerra.

    Sobre a maneira como seus pais criaram ele e seus irmãos, José Wellington afirma que seu pai nunca bateu nele.

    — Fui um filho que nunca apanhou do pai — orgulha-se.

    Mas a sua mãe, sim, batia muito nos filhos. José Wellington observa que seu pai era um homem que passava respeito para os filhos só em olhar para eles. Bastava um olhar que já entendiam o que ele queria dizer. Consequentemente, os filhos mantinham grande respeito e obediência ao pai.

    Sua irmã, Maria Hayth lembra que seu irmão foi muito mimado na família, principalmente por Lauro que conservou os cabelos de José Wellington compridos e com cachos até ele completar seis anos.

    — Meu pai sempre foi bom comigo — reafirma.

    Em Fortaleza, os filhos de Lauro e Sara, da idade de José Wellington para cima, todos tinham que trabalhar e todos tinham uma responsabilidade na família, normalmente relacionadas ao sustento e às tarefas de casa. A de José Wellington era comprar todos os dias o pão para o café da manhã na padaria Ideal, fundada em 1911, na esquina da Avenida do Imperador com a Rua Guilherme Rocha. Mas, para isso, ele tinha que providenciar o dinheiro. Suas irmãs também tinham um trabalho e assim cada uma ajudava com o seu salário. Traziam o dinheiro e o entregavam na mão do pai. Quanto a essa responsabilidade tão cedo na vida, José Wellington confessa que, como moravam perto da padaria, achava fácil desempenhar a sua tarefa diária.

    Mesmo tendo a infância e a adolescência voltadas para o trabalho devido às necessidades econômicas da sobrevivência e progresso da sua família, José Wellington não deixou de ter a vida normal de todos os garotos de sua idade. E, até tinha ideias engenhosas. Um exemplo foi aproveitar um caminhão de brinquedo para carregar as compras que sua mãe pedia que ele fizesse na mercearia perto de casa.

    — Como todo menino, eu gostava muito de caminhãozinho. Meu pai, que era muito bondoso com os filhos, comprou um bem bonito para mim. Era grande. Então, fiz uma instalação nele para acender uma lâmpada com pilhas e, à noite, quando fazia as compras, lotava a carroceria do caminhãozinho e vinha da mercearia para casa puxando-o todo iluminado — explica.

    Entre os irmãos, Denise afirma que, devido à proximidade da idade, José Wellington foi o irmão com quem mais brincou e também brigou. Mas, os dois sempre foram muito amigos e ela o ajudou, anos mais tarde, na mudança para São Paulo.

    — Ele é meu irmão muito querido — diz Denise.

    Quando menino um pouco maior, não perdia a oportunidade de se divertir na companhia de outros garotos se banhando no chafariz da Praça da Lagoinha quando chovia muito. Soltava pipa e ele mesmo preparava o cerol da linha colocando o vidro para ser triturado no trilho do bonde quando este passava. Mas sua brincadeira predileta até os 14 anos foi o futebol. Hoje, ele não esconde essa informação, apesar de esse esporte ter recebido, no passado, fortes objeções entre os assembleianos. E acrescenta que jogava tão bem na posição de beque direito, como se dizia na época, que lhe deram o apelido de Popó, nome de um dos maiores jogadores da mesma posição no futebol profissional cearense. Sua irmã Simone se lembra de que eles brincavam muito, jogavam bola, e José Wellington era sempre o vencedor.

    Essa particularidade até foi o motivo de um momento descontraído no culto em ação de graça pelo seu aniversário em 2011 no templo da Assembleia de Deus do Belém. Um dos seus netos lembrou, na palavra como representante da segunda geração da família, que aprendera com o pai a jogar bem futebol. Seu pai, por sua vez, também disse que aprendersa com o pai José Wellington. Este, por fim, quando teve a oportunidade de falar aos presentes, esclareceu que, de fato, brincava de jogar bola com os filhos, mas em casa.

    CAPÍTULO 2: COMÉRCIO — TRABALHO E REALIDADE

    Otrabalho em que estavam envolvidos todos os filhos com idade que pudessem fazer alguma coisa para ajudar em casa era o comércio do pai Lauro. José Wellington começou a trabalhar para auxiliar o

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