O Anarquista
4/5
()
Sobre este e-book
Na noite da "Marcha", O Professor terá seus ideais testados da forma mais profunda e libertadora.
Parte sátira política e filosófica, e parte horror de revirar o estômago, O Anarquista, provando mais uma vez que C.SeanMcGee não está nem à esquerda nem à direita da ideologia tradicional e escolarizada, aponta um dedo irônico, ácido e articulado ao idealismo e suas implicações literais.
C. Sean McGee
"I write weird books."
Leia mais títulos de C. Sean Mc Gee
Christine Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Parasita Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionado a O Anarquista
Ebooks relacionados
As pedras me chamam: as cracolândias como espaços de exceção permanente nas capitais brasileiras Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTia da Internet Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMemórias Escolares de Travestis: Narrativas de um "Não Lugar" Nota: 0 de 5 estrelas0 notasStory of 1000 Testimonies: Story of 1000 Testimonies, #10 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs Gritos: Crônicas E Artigos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasImpressões Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCausa & Efeito Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO voo do cisne: A revolução dos diferentes Nota: 0 de 5 estrelas0 notasJovens Falcões: O espírito transformados da juventude brasileira Nota: 3 de 5 estrelas3/5Das togas aos chinelos: os valores do código de vestimenta do judiciário que deturpam a imagem da justiça Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTipo uma história de amor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDe pé vermelho a pau rodado: O mundo visto sob o olhar de um adicto Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCaim Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPensamentos Que Voam Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMeu Aluno Professor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNão foi bem assim Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO acadêmico criminoso e demais contos nada metafísicos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasImpressões Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPor amor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasZélia, (Célia), meu aparelhinho de televisão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSou Adolescente! Nota: 0 de 5 estrelas0 notasJogo de verdades Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDiário De Um Hemorroidário Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPescoço Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Máscara e a Orquídea - Primeira Aventura do Clube do Livro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEu só cabia nas palavras Nota: 0 de 5 estrelas0 notasElite Academy Wass Black Version Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDa favela para o mundo: Não importa de onde você vem, mas para onde você vai Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNguindu Za Nzenza - Lírica dos Desconhecidos: Lírica, #1 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDesign de Brinquedos: Ressignificando Trajetórias Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Ficção política para você
Manual Prático de Produção Gráfica - 4ª Ed. Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Evangelho de Maria: A Mulher que Venceu o Mal Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEnéas, o brasileiro por excelência Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Caminho Pascal Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOrações da Nossa Fé Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOtelo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Minha Filha vai Casar: As receitas de nossa casa Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNa Presença de Deus Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCristo, Nossa Páscoa Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPor Amor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Napoleão de Notting Hill Nota: 5 de 5 estrelas5/5Deus Está a Salvar-me… e a Libertar-me de Todo Mal: Perguntas frequentes sobre o demónio e os exorcismos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasViver a Missa Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRecebeste de Graça, dai de Graça: Homilias para o Ano A Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNão basta não ser racista: Sejamos antirracistas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDo Sentido de Ser Cristão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs Constituições Portuguesas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasJorge Mario Bergoglio: As Raízes do Pensamento do Papa Francisco Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTodos nós estaremos bem Nota: 4 de 5 estrelas4/5Guia Prático para a Liturgia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEspiritualidade Conjugal Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Amizade segundo S. Tomáz de Aquino - 2ª ed. Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFazei tudo o que Ele vos disser: Homilias para o Ano C Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Trama Maçónica Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDo Ressentimento ao Perdão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO presidente e o sapo Nota: 4 de 5 estrelas4/5Os Pobres: Premium Ebook Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCurso de Direitos Reais - 4ª Ed. Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Mundo Resplandecente Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMisericordia: Condição Fundamental do Evangelho Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Avaliações de O Anarquista
1 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
O Anarquista - C. Sean McGee
Capítulo Zero
Capítulo Um
Capítulo Um Ponto Cinco
Capítulo Dois
Capítulo Três
Também por C. Sean McGee
Capítulo Zero
Viver enclausurado é viver vazio
, disse O Professor, circulando pela sala de aula com passos lentos, olhando para as lajotas decoradas sob seus pés, e ignorando as expressões estupefatas dos alunos, já sabia que seus ares de espanto não eram por conta da definição abstrata que suas palavras carregavam, mas pelo porte do seu personagem.
Vocês já sabem
ele disse, tudo que tem para se saber. Já viram todos os filmes, já assistiram todos os documentários, vocês estão vivendo nisso, merda
, se exaltou, as palavras, como pequenos estilhaços, voavam da sua boca e cortavam o ar de ingenuidade profissional que supostamente separava ele dos seus alunos, e o conhecimento da verdade. Vocês estão mergulhados nisso, mal conseguindo manter suas cabeças acima dessa água fétida e pungente, dessa latrina de ambição voraz
.
O Professor se portava como um messias e falava como um ditador. Articulava todas as suas palavras sem hesitação; sem dúvida, sem indecisão. Ele apertava suas mãos enquanto falava, como se estivesse estrangulando o pescoço esguio de todas as autoridades que condenava. E apesar de seus braços não serem definidos ou musculosos, ele tinha ares de alguém com quem ninguém gostaria de medir forças. Ele parecia — por trás de suas vestes acadêmicas — como os jovens adultos que ensinava, com um mar inflamado de motim e ódio, que poderia ser atiçado e atirado contra os limites da complacência a qualquer segundo.
Sua barba era cultivada. Cheia, mas não descuidada. Parecia bem mantida e condicionada. Os rapazes da classe também usavam barbas, seus rostos eram como o traseiro achatado e macio de um urso pardo, todos inspirados pelo homem que lhes passava conhecimento, inspiração, direção, e que os fazia sentir como se eles próprios importassem.
As garotas da classe, todas queriam transar com ele.
E os garotos, todos queriam ser como ele.
Seu nome era Stephan, mas não importava, eis que para seus alunos, aqueles que apreciavam cada palavra sua e se deleitavam com cada idéia concebida por ele, aqueles que sentavam, absortos em pensamentos e com atenção inquestionável, aqueles que eram uma versão muito mais jovem dele, referiam-se a ele por apenas um nome, apenas um título — Professor.
Vejam os pobres de hoje. O salário mínimo, por exemplo. A família média irá receber apenas um quinquagésimo do que um banqueiro faz por mês. O que esse salário pode comprar? Um telhado de merda sobre suas cabeças em alguma baixada arruinada e desamparada. Sem água encanada ou saneamento básico, doenças e violência em abundância, e no final, mal sobra dinheiro para pôr arroz e feijão na mesa. Então, o que você vê é a maior parte do país, viajando longas distâncias para chegar ao trabalho e que acabam vivendo em condições miseráveis, com dinheiro suficiente apenas para comer, beber e se impressionar com as notícias, futebol, novelas e programas de auditório. Eles têm uma renda escassamente suficiente para sobreviver — para manter suas cabeças acima da água, mas não para fazer a diferença — para nadar de volta à margem. Olhem o passado, cerca de duzentos anos atrás mais ou menos, pegue a inflação de todos esses anos, e o que ela compreende — esse salário mínimo. Em quê isso culmina? Em quê resulta trabalhar dura e penosamente por horas exorbitantes, viver em condições esquálidas, com nada além de restos de comida e da esperança de não serem açoitados — a única vantagem que a servitude traz?
.
Os alunos deleitavam-se com cada palavra dita, e ele sabia, não era nenhum amador. O Professor já havia ministrado esse sermão dia após dia, mês após mês, e ano após ano, por tanto tempo que agora ele era um mestre dessa arte.
Escravidão
, ele disse, sentando com as pernas cruzadas na sua mesa, suas mãos batendo nas bordas encardidas dos seus sapatos puídos. Pensem nisso
, continua. Escravos recebendo nada mais que um teto vagabundo sobre suas cabeças e restos de comida, partes de animais que não chegam a ser aptas para consumo. A escravidão ainda existe. Não se deixem enganar. Os pobres, nenhum deles pode mudar sua condição. Vocês não acham que um verme iria preferir um pedaço de presunto ao invés de um naco de merda fumegante?
.
A classe explodiu em risos, risos decadentes.
Mas o que nós devemos fazer? O que podemos fazer?
, perguntou um aluno, com ar abatido, "Parece que tem tanta coisa acontecendo, todos esses problemas conflitantes, que eu