NELSON MANDELA: A Biografia
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NELSON MANDELA - Edições LeBooks
Homens que Mudaram o Mundo
NELSON MANDELA
1a edição
img1.jpgISBN: 9788583863519
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Prefácio
Prezado Leitor
Nelson Rolihlahla Mandela (Mvezo, 18 de julho de 1918 — Joanesburgo, 5 de dezembro de 2013) foi um advogado, líder rebelde e presidente da África do Sul de 1994 a 1999. Considerado o mais importante líder da África Negra, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1993, e pai da moderna nação sul-africana.
Quando jovem, era líder da resistência não violenta da juventude e foi julgado e condenado por traição
. Mandela passou 27 anos na prisão, tornando-se depois o prisioneiro mais famoso do mundo. Depois de uma grande campanha internacional, ele foi libertado em 1990, quando recrudescia a guerra civil em seu país. Finalmente livre, tornou-se o político mais galardoado em vida, responsável pela refundação do seu país como uma sociedade multiétnica.
Nelson Mandela, certamente, merece fazer parte da galeria: Homens que Mudaram o Mundo
Uma excelente e proveitosa leitura.
LeBooks Editora
Ninguém nasce odiando o outro pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar
. (Da autobiografia O longo caminho para a liberdade
, 1994 img2.jpg
Nelson Mandela
NELSON MANDELA
Sumário
01 – Um menino destinado a ser chefe
02 – Juventude entre os muros do apartheid
03 – Pedras no caminho da liberdade
04 – Amor entre companheiros políticos
05 – A luta é minha vida
06 – Momento de erguer a lança da nação
07 – Grades para conter a vontade do líder
08 – O levante de Soweto
09 – A voz forte de Mãe África
10 – A hora do destino
Cronologia
Frases sobre Nelson Mandela
O DISCURSO
AS CONSEQUÊNCIAS
Outros Episódios Notáveis
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01 – Um menino destinado a ser chefe
Domingo, 11 de fevereiro de 1990. Céu azul, nenhuma nuvem no firmamento. Passa um pouco das 16 horas, e em alguns minutos Nelson Mandela, o preso político mais famoso do mundo, estará atravessando o portão da prisão-fazenda de Victor Verster, a 60 quilômetros da Cidade do Cabo Fotógrafos, jornalistas e cinegrafistas brigam por um lugar melhor — não querem perder nenhum lance. Os minutos se arrastam pesados, a libertação do líder sul-africano fora marcada para as 15 horas e o pequeno atraso faz com que os corações de milhares de negros se acelerem) a respiração fique presa, as mãos crispadas. Afinal, eles aguardam a libertação do homem que se transformou no próprio símbolo da luta contra o apartheid — a odiosa política segregacionista imposta pelo Partido Nacional (PN) em 1948. A tensão que os envolve é a mesma de 27 anos antes, no histórico 23 de abril de 1964.
Neste país, qualquer africano que pense é empurrado continuamente para um conflito entre a consciência e a lei.
- NELSON MANDELA
Naquele dia, a atmosfera do Tribunal de Pretória estava carregada. Um homem de 45 anos de idade, sentado no banco dos réus, era acusado de tentar derrubar o governo da África do Sul e, caso fosse considerado culpado, poderia receber a pena de morte Durante os cinco meses anteriores, a promotoria apresentara um longo rosário de documentos e evidências para provar sua responsabilidade em atos de sabotagem e guerrilha. Naquele momento, terminada a acusação, o réu, Nelson Mandela, se preparava para fazer sua própria defesa. Ergueu o rosto em direção à galeria reservada ao público, procurando por sua jovem mulher, Winnie. Quando seus olhares se encontraram, ela sorriu. Mandela levantou-se então e, com voz clara e incisiva, começou a ler sua declaração. Admitiu que tentara derrubar o governo de minoria branca, mas garantiu que suas ações eram "o resultado de uma calma e ponderada avaliação da situação política surgida após muitos anos de tirania".
Corajosamente, denunciou o apartheid e lamentou a injustiça e a desigualdade de um sistema em que a minoria branca subjugava a maioria da população. Sua brilhante defesa não o livrou da prisão perpétua. Os prisioneiros foram levados para a ilha de Robben, prisão de segurança máxima para presos políticos.
Passaram-se, desde esse dia, 27 anos — um longo período de lutas, perseguições, mortes, humilhação e, também, esperança. Espremidos em guetos paupérrimos nas periferias das grandes cidades da África do Sul, submetidos a leis draconianas, a policiais e cães pastores supertreinados e hostis, milhares de negros iam às lutas guardando o nome de Mandela como uma palavra mágica. Algum dia ele haveria de sair da prisão e comandar o seu povo. E quando esse dia chegou, em 11 de fevereiro de 1990, a vida de todos eles começava a mudar. Mudava também para os brancos, cientes de que a evolução da causa negra adquiria um novo ritmo. E para o próprio Mandela, que aos 71 anos de idade, não obstante ser um homem ainda altivo e de voz e olhar firmes, teria de enfrentar um duro desafio: descer da teoria à prática, dos protestos às negociações, da análise à experiência direta. O sucesso de sua luta passava a depender, enfim, da capacidade dos dois lados de descobrir um caminho comum.
A decisão de Nelson Mandela de tornar-se um revolucionário pode ser entendida somente à luz da singular evolução histórica da República da África do Sul. Os atuais dirigentes do país são descendentes dos colonizadores holandeses (os africânderes), que, em 1652, desembarcaram na extremidade sul do continente africano e fundaram a Colônia do Cabo, a primeira possessão de europeus na região. Esses sul-africanos brancos insistem em argumentar que os holandeses chegaram à África austral ao mesmo tempo que os ancestrais da população negra migravam para a região, e que por isso têm tanto direito ao país quanto os africanos. No entanto, as evidências históricas demonstram que agricultores da África central migraram para o atual território da República sul-africana inúmeras gerações antes da chegada dos brancos.
A partir do estabelecimento dos holandeses na colônia, teve início uma longa e violenta luta entre os colonos brancos e os povos africanos pelo controle da região.
Na Província do Cabo, onde habitava a tribo khoi khoi, cujos guerreiros estavam despreparados para impedir uma colonização europeia em larga escala, os holandeses tomaram posse da terra e do gado; e forçaram os nativos a trabalhar para eles, explorando-os dentro da economia branca. Esta seria a norma empregada pelos europeus na África, no decorrer dos duzentos anos seguintes.
De 1770 a 1880, os colonizadores brancos se envolveram numa série de campanhas sangrentas contra as nações xhosa, zulu, sotho, venda e themba, e assim expandiram seus