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Piara Tupinambá: Aquele que busca e traz o caminho
Piara Tupinambá: Aquele que busca e traz o caminho
Piara Tupinambá: Aquele que busca e traz o caminho
E-book80 páginas1 hora

Piara Tupinambá: Aquele que busca e traz o caminho

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Sobre este e-book

A experiência de quase 30 anos de pesquisa sobre a ciência da Numerologia, levou o autor Luiz Alexandre Junior a narrar sua vivência com o espiritualismo e a Umbanda e o desenvolvimento do método Tupinambá. A obra celebra sua fé e é mais um importante instrumento de autoconhecimneto e autocura, que o autor compartilha conosco!
O caminho ou método tupinambá, o Piara Tupinambá é, antes de tudo, desalienar-se, o que na prática nada mais é do que pensar por si mesmo, ver o mundo com os próprios olhos e de acordo com seus propósitos, e não com o aprendido e apregoado pela sociedade.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de dez. de 2019
ISBN9788568472101
Piara Tupinambá: Aquele que busca e traz o caminho

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    Pré-visualização do livro

    Piara Tupinambá - Luiz Alexandre Junior

    YPYRUNGA, o início

    Nossa meta não é mudar o mundo,

    mas mudar a forma de pensar sobre ele.

    (Milton Santos)

    Este não é um livro, mas uma dívida, um carma que tardiamente estou quitando. Contudo, é também uma forma de gratidão ao Caboclo Tupinambá por ter me dado a oportunidade de ser seu aprendiz e pensar numa realidade antes não percebida. Embora não tenha sido um aprendiz exemplar, o pouco que aprendi me faculta neste momento a falar aos filhos em seu nome, em especial aos membros e frequentadores do Cecure (Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas e Terapias de Cura Espiritual) em São Paulo e do Templo da Liberdade Tupinambá em Paraty – Rio de Janeiro.

    Cabe inicialmente apresentá-lo. O Caboclo Tupinambá é a entidade sobrenatural, ou encantada, que se apresenta e incorpora na médium Claudia Regina Alexandre desde a década de 1980, e é o orientador espiritual dessas duas casas fundadas no início do século XXI. A palavra caboclo em português se origina do tupi antigo, Kuriboka, Curiboca, Cariboca, que significa filho de pai indígena e mãe africana, que posteriormente nos livros didáticos passou a designar filha de mãe índia e pai branco, ou simplesmente a miscigenação do índio e do branco. Alguns tupinólogos defendem a origem advinda do termo kaa-boc, que significa aquilo que vem da floresta ou nasce dela. Já o termo Tupinambá é originário da junção da palavra Tupi, que significa o personagem mítico que deu origem a todos os seres ou o primeiro pai, anam (família) e mba (todos).

    O significado do seu nome traduz com precisão quem ele é e de onde veio: o Caboclo Tupinambá representa a reunião ou, se preferir, a mistura (monan) de todas as etnias, credos e filosofias existentes na terra brasileira. Configura um ideal de miscigenação espiritual capaz de versar em técnicas de cura espirituais que vão desde a umbanda e o candomblé até o esoterismo, percorrendo as linhas orientais do hinduísmo, taoísmo e budismo até os troncos hegemônicos do judaísmo, cristianismo e islamismo. Atuando como um grande pai de todas as famílias, um pai que mostra o caminho que leva ao Pai maior e à vontade Dele, sem que haja sobreposição ou qualquer tipo de incongruência moral e filosófica.

    Infelizmente, essa exaltação não traduz a realidade do nosso contexto. No Brasil, essa mistura ameríndia, africana e europeia, que constrói a chamada alma mestiça do país, com raras exceções, sempre foi rebaixada. Um caboclo nem de longe é visto pela sociedade brasileira como um modelo intelectual ou cultural, tampouco como um ideal de vida espiritual – nesse aspecto, até mesmo quando seu conhecimento terapêutico é reconhecido, o senso comum prefere chamá-lo de xamã e não de pajé.

    É importante notar que, embora esteja falando do caboclo como resultado de toda a miscigenação, este é visto tão somente como a parte indígena, uma subcategoria que na maioria das vezes é considerada atrasada, inimputável diante da lei, um estorvo para os interesses econômicos do grande capital inculto e preguiçoso. Toda essa adjetivação agrava-se mais ainda quando esse mesmo caboclo é associado à parte africana da sua constituição.

    O Brasil é um país que hoje tem 519 anos, 388 deles vividos em um sistema escravocrata, que na história do Ocidente é um dos últimos a virar uma república e o último a abolir a escravidão. Uma terra em que, doze mil anos antes de Cabral, em 1500, já habitavam mais de seis milhões de pessoas divididas em aproximadamente 208 tribos – tamoios, tupiniquins, tupinambás, guaranis, tapuias, macro-jês, xavantes e outros. Suas sociedades, embora não tivessem construções monumentais como as das civilizações europeias, tinham lei, trabalho coletivo, obras públicas, rede comercial e organização. Calcula-se que só na área em que os tupinambás habitavam existia uma população estimada em um milhão de pessoas. Em 1548, três mil deles já estavam escravizados e trabalhando nos engenhos, outros tantos em aldeias missionárias ou foragidos pelos cantões do Brasil, e o restante dizimado pelas guerras e epidemias. Tempos mais tarde, com a escassez da mão de obra indígena e a necessidade de expansão da cultura açucareira, e posteriormente com a da mineração e do café, chegam angolas, cabindas, manjolos, botolos, minas, jejes, nagôs e outros, trazendo com eles sua tecnologia em mineração, pastoreio e agricultura (Schwarcz, 2015).

    Dados recentes atestam que em três séculos mais de cinco milhões de negros africanos foram trazidos ao Brasil e escravizados. Nesse aspecto, índios e negros foram aviltados com a mesma crueldade; enquanto um vê sua terra ser tomada de assalto e passa a ser escravo onde antes era livre, o outro se vê escravizado em sua própria terra, sendo depois dela expurgado para ser escravizado em terras desconhecidas. Mas se engana quem até hoje pensa que toda a subjugação cometida tenha sido passiva e dócil por parte dos índios e negros. Essa história foi marcada por

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