"OLHARES ENTRELAÇADOS": CIÊNCIA E SABERES EM SEGURANÇA PÚBLICA: DO BAIRRO À PÁTRIA
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Sobre este e-book
O surgimento desta obra reflete bem mais que um desejo, posto ser ela um marco na cultura da pesquisa sobre Segurança Pública em Goiás, envolvendo os diferentes segmentos das forças de segurança que aqui atuam, além de contar com trabalhos de profissionais de outras áreas que também manifestam suas preocupações com o tema, compondo as fileiras de um núcleo que promete grandes feitos, pela confluência de suas ideias e princípios e, principalmente, pelo comprometimento com a Segurança Pública, essa que é certamente uma das mais nobres causas de toda a sociedade.
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"OLHARES ENTRELAÇADOS" - Alisson Batista de Oliveira
Santos
Copyright © 2019 by Olhares entrelaçados" – Ciência e saberes em Segurança Pública
Editora Kelps
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Fone: (62) 3211-1616
E-mail: kelps@kelps.com.br
homepage: www.kelps.com.br
Revisão
Divino José Pinto
Diagramação
Victor Marques
CIP – Brasil – Catalogação na Fonte
Dartony Diocen T. Santos CRB-1 (1º Região)3294
DIREITOS RESERVADOS
É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquer forma ou por qualquer meio, sem a autorização prévia e por escrito dos autores. A violação dos Direitos Autorais (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2019
NOBRES AUTORES E COMPANHEIROS DE CAMINHADA
Recebi dos nobres autores a incumbência de prefaciar a obra OLHARES ENTRELAÇADOS
Ciência e Saberes em Segurança Pública: do bairro à Pátria. Na construção desta obra conheci, convivi e, de alguma forma, me relacionei com os seguintes autores: Alisson, Cristiano, Doraci, Elton, Fabrício, Fernanda, Fernando, Joseleno, José, Larissa, Leonardo, Marco, Márcio, Munildo, Paulo e Rosely.
Esta obra foi delineada para divulgação da Segurança Pública em todo o território nacional brasileiro e o resto do mundo nos seus cinco continentes. O tema, como o título da obra sugere, é SEGURANÇA PÚBLICA, fatos verdadeiros ou em sentido figurado, os escritores aqui presentes expressam além da imaginação, relatos e experiências, sentimentos e ações de ensino e aprendizagem.
Além da versão impressa, ela conta também com uma versão em e-book. Esta publicação foi aberta a estes escritores que fizeram uma pós-graduação em Ciência da Segurança Pública de Goiás, sem qualquer distinção. Minha preocupação maior foi a de acolher e fazer uma interação entre os participantes e suas diversas experiências, além de talentos consagrados e novos talentos.
O lançamento desta obra, composta por 17 trabalhos de 17 autores, possui como objetivo a divulgação de ações e experiências em Segurança Pública, não só no Estado de Goiás, onde os pesquisadores/escritores são residentes, mas, sobretudo, com este livro, promove-se uma visão nacional e mundial em Segurança Pública.
Enfrentei percalços nos últimos tempos, mas, ainda assim, não recuei em minha disponibilidade de tempo para concretizar esta obra. Logo, digo que esta nova fase é um recomeço de uma nova era, estou me adaptando às dificuldades que me são impostas, mas no caso deste livro, sempre disse e fui correspondida por todos os autores com o lema: Somos todos UM
. Uma das coisas que tenho aprendido com a vida é que a determinação nos faz navegar pelo desconhecido e superar obstáculos, o que me fez descobrir que sou ótima navegadora.
De uma obra iniciada por mim e por atualmente sermos todos cientistas em SEGURANÇA PÚBLICA, os lemas "Somos todos UM e
Juntos somos mais fortes!" fazem parte de nossas histórias e realidades. Aliás, temos algo muito especial entre todos: UNIÃO. Por isso, a minha eterna GRATIDÃO pela confiança em mim depositada.
Que todos possam conquistar seus objetivos de levar segurança onde quer que estejam e que cada um possa ser uma fonte de luz para o outro, porque esta equipe se intitula como todos sendo UM! Este fato é que nos fortaleceu muito para esta conquista.
Acredito nos meus instintos, busco minha força na fé e sigo em frente, criando, propondo e integrando, porque sinto que juntos seremos sempre mais fortes.
Um abraço fraterno
Luciana de Azevêdo Couto
Organizadora e autora de parte da obra
APRESENTAÇÃO
Este livro reúne textos escolhidos de autores que apresentam uma contribuição de valor inestimável em se tratando do tema Segurança Pública, em suas variantes múltiplas, da mais alta relevância para os estudos dessa matéria e para os avanços de todo um sistema que requer o olhar atento de pensadores, no sentido de interferir, positivamente, para transformar toda uma cultura de Segurança Pública do Estado de Goiás, uma vez que esse grupo apresenta ideias inovadoras e tece suas análises interpretativas, com bases em teorias e práticas, mundialmente consolidadas.
O surgimento desta obra reflete bem mais que um desejo, posto ser ela um marco na cultura da pesquisa sobre Segurança Pública em Goiás, envolvendo os diferentes segmentos das forças de segurança que aqui atuam, além de contar com trabalhos de profissionais de outras áreas que também manifestam suas preocupações com o tema, compondo as fileiras de um núcleo que promete grandes feitos, pela confluência de suas ideias e princípios e, principalmente, pelo comprometimento com a Segurança Pública, essa que é certamente uma das mais nobres causas de toda a sociedade.
Desse modo, apresentamos, em ordem alfabética, os autores que emprestaram seus esforços e talentos para que este se tornasse possível: Alisson Batista de Oliveira, 1º Tenente CBM-GO, com o capítulo intitulado "A importância do uso da tecnologia mobile nas atividades de segurança pública, seguido pelo pesquisador, Cristiano Botelho Honostório, gestor de negócios, refletindo sobre a
Rotatividade na Polícia Civil do Estado de Goiás: reflexo na atividade fim, acompanhado por Doraci Batista de Tolêdo Manguci, Professora universitária, cuja pesquisa aborda o primoroso tema,
Andragogia: Educação entre as grades. Ato contínuo, temos a presença de Elton Ribeiro de Magalhães, Policial civil, contribuindo com a sua experiência/ação de nome,
O Gabinete de gestão integrada do Município de Goiânia e sua aplicação multidisciplinar na realização da segurança cidadã, seguido de uma pesquisa de alta relevância, pelo tema e qualidade, assinada por Fabrício Bonfim de Sousa, Agente prisional, abordando os
Direitos humanos para todos: construindo uma nova perspectiva. Outro trabalho de importância não menos singular é o da pesquisadora, Fernanda Jorge de Souza, Professora universitária, que traz à baila um projeto chamado
O bombeiro mirim e e a construção da cidadania na Criança, ao lado de Fernando Roldão de Menezes, 3º Sargento – PMGO, e seu mergulho na
Inteligência policial militar: fundamentos legais, que vem acompanhado de Joseleno Borges Sales, Agente penitenciário, apresentando oportunamente,
A terceirização no Sistema Prisional Goiano. Compõe também esse grupo, José dos Reis Júnior, Major – PMGO juntamente com Luciana de Azevêdo Couto, com o trabalho,
Análise da viabilidade do Processo ensino-aprendizagem dentro da dialética histórico-cultural do docente e do professor nas Academias de Polícia Militar. O texto de Larissa Rosa dos Santos, Guarda civil metropolitana – Goiânia, também está nesse complexo mosaico temático, evidenciando aspectos sobre
A Guarda Civil Metropolitana de Goiânia sob uma nova perspectiva de vitimização, ao qual se aliam as ponderações de Leonardo Mendonça, Guarda civil metropolitano – Goiânia, GCM III, Capelão GCM, também refletindo sobra a
Guarda civil metropolitana: a nova força policial em Goiânia. Solidificando as fileiras textuais e reflexivas sobre a segurança pública, temos a mestra, Luciana de Azevêdo Couto, Professora universitária, cuja contribuição se intitula,
Polícia militar e policiamento comunitário: direções que se entrelaçam na defesa e garantia dos cidadãos, que encontra eco e complementariedade no trabalho de Márcio Antônio Siqueira Neves, Agente de segurança prisional e Diretor da Unidade prisional de Nerópolis – GO, versando acerca da
A importância da espiritualidade na ressocialização dos apenados em regime fechado da Penitenciária Odenir Guimarães. Já, Marco Aurélio Anacleto de Toledo, Funcionário público de estatal em Goiás, tece significativas ponderações a respeito do tema
Segurança pública, o medo social e os atos de Violência, ao lado de Munildo Gonçalves de Miranda, Tenente Coronel – PMGO, que apresenta valiosas considerações de natureza inovadora sobre as
Medidas alternativas à prisão: monitoramento de reeducandos por tornozeleiras eletrônicas. Na sequência, ressalta-se o trabalho de Paulo Ventura Silva Bernardes, Diretor de Unidade prisional, com centralidade no importante tema,
A mediação de conflitos e o Sistema de Execução Penal, e, fechando esta coletânea, temos a pesquisadora, Rosely Maria dos Santos, Agente de segurança prisional, apresentando postulações concernentes às Ações afirmativas e sua aplicabilidade nos Direitos humanos
.
Esse mosaico de reflexões compõe, de modo transversal, a compilação de postulados convergentes para um centro temático que, em suma, aglutina-se na segurança pública. São pensamentos, reflexões, testemunhos, experimentações e vivências que dizem muito sobre esse tão caro tema, de elevado interesse social, histórico, humanístico, na composição e na evolução de todo o processo civilizatório.
É este um trabalho coletivo que reúne o grande e relevante esforço de uma equipe de cientistas da Segurança Pública nascido em Goiás, que se pretende cada vez maior, uma vez que esta é apenas a primeira ação, nesse sentido de reunir trabalhos investigativo-científicos ao redor desse tema tão importante na contemporaneidade hodierna, momento em que as relações humanas se encontram em franco processo de dissolução e, por isso mesmo, se torna adequadamente oportuno ponderar exaustivamente sobre o assunto, tendo em vista a sua amplidão e urgência, no afã de contribuir para a melhoria da qualidade de vida no complexo e sensível tecido social em que vivemos.
Luciana de Azevêdo Couto
Organizadora e autora de parte da obra
SUMÁRIO
1 – A IMPORTÂNCIA DO USO DA TECNOLOGIA MOBILE NAS ATIVIDADES DE SEGURANÇA PÚBLICA
Alisson Batista de Oliveira
2 – ROTATIVIDADE NA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE GOIÁS: REFLEXO NA ATIVIDADE FIM
Cristiano Botelho Honostorio
3 – ANDRAGOGIA: EDUCAÇÃO ENTRE AS GRADES
Doraci Batista de Tolêdo Manguci
4 – O GABINETE DE GESTÃO INTEGRADA DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA E SUA APLICAÇÃO MULTIDISCIPLINAR NA REALIZAÇÃO DA SEGURANÇA CIDADÃ
Elton Ribeiro de Magalhães
5 – DIREITOS HUMANOS PARA TODOS: CONSTRUINDO UMA NOVA PERSPECTIVA
Fabrício Bonfim de Sousa
6 – O BOMBEIRO MIRIM E A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NA CRIANÇA
Fernanda Jorge de Souza
7 – INTELIGÊNCIA POLICIAL MILITAR: FUNDAMENTOS LEGAIS
Fernando Roldão de Menezes
8 – A TERCEIRIZAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL GOIANO
Joseleno Borges Sales
9 – ANÁLISE DA VIABILIDADE DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DENTRO DA DIALÉTICA HISTÓRICO-CULTURAL DO DOCENTE E DO PROFESSOR NAS ACADEMIAS DE POLÍCIA MILITAR
José dos Reis Júnior / Luciana de Azevêdo Couto
10 – A GUARDA CIVIL METROPOLITANA DE GOIÂNIA SOB UMA NOVA PERSPECTIVA DE VITIMIZAÇÃO
Larissa Rosa dos Santos
11 – GUARDA CIVIL METROPOLITANA A NOVA FORÇA POLICIAL EM GOIÂNIA
Leonardo Mendonça
12 – POLÍCIA MILITAR E POLICIAMENTO COMUNITÁRIO: DIREÇÕES QUE SE ENTRELAÇAM NA DEFESA E GARANTIA DOS CIDADÃOS
Luciana de Azevêdo Couto
13 – A IMPORTÂNCIA DA ESPIRITUALIDADE NA RESSOCIALIZAÇÃO DOS APENADOS EM REGIME FECHADO DA PENITENCIÁRIA ODENIR GUIMARÃES
Márcio Antônio Siqueira Neves
14 – SEGURANÇA PÚBLICA, O MEDO SOCIAL E OS ATOS DE VIOLÊNCIA
Marco Aurélio Anacleto de Toledo
15 – MEDIDAS ALTERNATIVAS À PRISÃO: MONITORAMENTO DE REEDUCANDOS POR TORNOZELEIRAS ELETRÔNICAS
Munildo Gonçalves de Miranda
16 – A MEDIAÇÃO DE CONFLITOS E O SISTEMA DE EXECUÇÃO PENAL
Paulo Ventura Silva Bernardes
17 – AÇÕES AFIRMATIVAS E SUA APLICABILIDADE NOS DIREITOS HUMANOS
Rosely Maria dos Santos
1
A importância do uso da tecnologia mobile nas atividades de segurança pública
ALISSON BATISTA DE OLIVEIRA
1º Tenente do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, graduado em Engenharia de Computação pela Universidade Federal de Goiás e Gestão em Segurança Pública pela Universidade Estadual de Goiás, pós-graduado em Ciências da Segurança Pública pela Universidade Estadual de Goiás, e Gestão da Excelência Empresarial e Gestão de Pessoas pela FAESP, especialista em Governança e Regulação de Novas Estruturas pela DELFT University of Technology, e Métodos Quantitativos de Saúde Pública em Harvard University. Atualmente é subchefe da Seção de Tecnologia de Informação e Comunicações do CBMGO, e instrutor das disciplinas de Informática, Telecomunicações, Hierarquia e Disciplina, Oratória e Didática nos cursos de formação de oficiais do Corpo de Bombeiros e Polícia Militar do Estado de Goiás.
INTRODUÇÃO
O software, segundo Pressman (2002), é um instrumento que possui dupla funcionalidade, uma vez que, ao mesmo tempo em que ele é o produto, ele se torna também o veículo de sua própria entrega. Como produto, ele disponibiliza o potencial de computação presente no computador ou, mais amplamente, numa rede de computadores, tanto local ou quanto na Internet, como rede. Por outro lado, o software é um transformador de informações, sejam elas de um telefone celular, sejam de um computador de grande porte.
O software, nesse sentido, carrega a importância de servir como meio de entrega de um produto da mais alta relevância em nossa época: a informação; de forma dinâmica, precisa e em tempo célere.
Em complemento, a tecnologia mobile representa um novo paradigma computacional. Surge como uma nova revolução da computação, antecedida pelos centros de processamento de dados da década de 1960, tendo a criação dos terminais nos anos 1970 e as redes de computadores na década de 1980. Assim, ao longo do tempo, essa tecnologia foi sofrendo modificações de forma a incorporar novos recursos e funções. A palavra-chave que define esse novo paradigma é a mobilidade. Quase todo tipo de interação nos tempos modernos, seja entretenimento, educação, economia, segurança, transportes, saúde, etc., passa pelo uso de informação e sistemas de informações que têm, muitas vezes, como um de seus elementos, a tecnologia Web aplicada a dispositivos mobiles, tais como celulares, smartphones, tablets, GPS, smartwatches, dentre outros.
É fundamental entender as razões da utilização do termo mobile
e não móvel
. Para evitar confusões, é importar salientar que, segundo Wagner Merije (2012), em sua obra Mobimento: educação e comunicação mobile
, na escultura, o móbil ou móbile (com acento agudo) é um modelo abstrato que tem peças móveis, suspensas, impulsionadas por motores ou pela força natural das correntes de ar. Já no mundo das crianças, móbile refere-se a um brinquedo que se pendura no berço, para a estimulação dos sentidos do bebê. Em tecnologia, o termo mobile (de pronúncia mobail
), depende de dois fatores fundamentais: portabilidade e mobilidade, e aplicam-se em equipamentos que possam ser conduzidos, com facilidade.
Hoje, segundo Carlos Eugênio Torres (2015), com a explosão da Web e das tecnologias 3G/4G, foi dado um súbito destaque a uma nova categoria de programas que praticamente ‘carregava’ a Internet, movimentando diversos serviços. A função da aplicação da tecnologia mobile é manter a liberdade
relativa a um programa, tornando-o prático, de fácil acesso, usual e dinâmico a diversas áreas de atuação, pessoal e profissional.
Em atividades de segurança pública, praticamente todos os setores se beneficiam dos processos informatizados e, com a área preventiva ou ostensiva, não é diferente. A cada ano, ferramentas inovadoras surgem para colaborar na prevenção e no atendimento de ocorrências. Assim sendo, o grande desafio, é tornar sistêmicas as ferramentas administrativas, algumas móveis – ou seja, com o fundamento da mobilidade, mas nem sempre da portabilidade – em sistemas disponíveis para aplicações mobile.
I. INOVAÇÕES PELO USO DA TECNOLOGIA MOBILE NAS ATIVIDADES DE SEGURANÇA PÚBLICA
O mercado de dispositivos móveis encontra-se em constante crescimento e abre oportunidades para que novos desenvolvedores ferramentas, dessa natureza, se destaquem nesse novo nicho. Entretanto, ainda é uma área carente de bons desenvolvedores que possam atender e desenvolver o que se espera dos usuários. O alerta geral está em deixar de acompanhar a evolução tecnológica e realizar aplicações sem os estudos necessários.
O presente estudo versa sobre a importância da evolução tecnológica continuada pelas corporações que atuam na área de segurança pública no Estado de Goiás, em aplicações sistêmicas por meio da tecnologia mobile, para fins de atendimento à prevenção e à emergência, pela análise de situação e dificuldades no ambiente de sistemas administrativos e operacionais.
Os projetos de telecomunicações e informática, em geral, não possuem um módulo que abranja o planejamento e acompanhamento de processos, baseados em um estudo científico. A maioria das empresas e instituições é carente desse tipo de recursos. Se não conseguem investir em modernização, em novas soluções de sistemas que otimizem o uso dos recursos operacionais, tarefa quase inimaginável seria adotar sistemas que requeiram grandes recursos de manutenção e pessoal.
Lembramos assim que, para a efetiva implantação desses projetos, nos deparamos com problemas, tais como:
– Os projetos mobile poderão utilizar a rede aberta de informações (internet) ou se limitará a uma rede privada de informações (intranet)?
– Como otimizar o tempo-resposta levando em consideração a distância geográfica entre o centro de operações, o local da ocorrência e as bases operacionais de segurança pública?
– Qual será o custo x benefício deste investimento?
– Conta-se, hoje, profissionais gabaritados dentro da segurança pública para desenvolver softwares próprios, ou deve-se contratar uma empresa especializada em desenvolvimento por um custo maior?
Várias são as hipóteses para solucionar os problemas inerentes à comunicação mobile como aqueles enumerados no item anterior, mas conhecendo a realidade das forças que compõem o sistema de segurança pública, aliada aos estudos e pesquisas a serem realizadas com este artigo, a princípio pode-se crer que:
– Os aplicativos e sistemas a serem desenvolvidos para plataformas mobile poderão, e em sua maioria, deverão utilizar-se da rede aberta de informações (internet ou rede mundial) garantindo a portabilidade e eficiência dos mesmos.
– Complementando a hipótese acima, conseguimos idealizar uma nova hipótese concatenando o uso da rede mundial à dispositivos mobile, e de fácil acesso, transporte e manuseio, que juntos, garantirão um ganho muito considerável no tempo-resposta das ações não somente administrativas, mas também operacionais.
– Com relação ao custo x benefício não é muito difícil observar que inicialmente deve-se investir em aparelhos e dispositivos de alta performance e rendimento, tecnologias novas, e em quantidades suficientes para atender toda o efetivo de segurança pública, e isso tem um custo considerável. Por outro lado, notoriamente podemos destacar que apenas um tablet, por exemplo, embarcado em uma viatura, conseguirá fazer o papel de um GPS que guiará ao endereço exato da ocorrência, fará o papel de recebedor da ocorrência online e in-time, e posteriormente, o papel de finalizador desta mesma ocorrência, economizando em fichas de ocorrências, e números de computadores necessários na seção operacional para fechamento destas fichas.
– Conforme pesquisa realizada junto à Seção de Informática e Telecomunicações do CBM-GO, nos últimos dez anos, o investimento realizado na seleção e capacitação dos profissionais de tecnologia da informação contribuiu significativamente na evolução tecnológica apresentada na corporação. Porém, a bagagem teórica a ser fornecida a este profissional não é simples.
Implementar o tratamento de exceções sistêmicas adequadamente não é uma tarefa fácil de ser realizada. Mesmo os desenvolvedores mais experientes encontram dificuldades em desenvolver código de tratamento de exceções de boa qualidade (SHAH et al., 2008a; SHAH et al., 2010). Nesse contexto, é preferível investir na capacitação de desenvolvedores à contratação de empresas que constantemente deverão ser acionadas com custos elevados (LANG e STEWART, 1998).
O uso de frameworks e APIs (do inglês ApplicationProgramming Interface, ou interface para programação de aplicações) permite às equipes de desenvolvimento construir aplicações completas com menos esforço de implementação através do reuso de funcionalidades, envolvendo um número menor de funcionários, e aproximando o usuário da ferramenta final (BRUCH, MEZINI E MONPERRUS, 2014).
1.1 - Processos em curso
Analisando o tema em questão, verifica-se que, na área de análise de projetos e vistorias do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás – CBMGO, houve uma evolução significativa no quesito tecnológico, com a criação do Sistema Integrado de Análise de Projetos e Vistorias, possibilitando maior interatividade entre o cliente (empresas) e o CBMGO, permitindo ao cliente realizar inúmeras solicitações via internet. Porém, apesar de neste sistema já existir a conexão com a rede mundial, ainda encontram-se várias dificuldades na consulta de normas, na utilização de ferramentas práticas para vistoria, além da demora na impressão do certificado de conformidade, confiabilidade e da listagem de exigências, bem como no lançamento destas ações no sistema.
Na área de atendimento a ocorrências, observamos que, para todas as forças de segurança pública, já contamos com um sistema integrado que permite, em uma mesma ocorrência, o registro de diversas naturezas. Porém, ainda não é possível, como já se observa em alguns estados do Brasil, realizar o fechamento da ocorrência diretamente do local em que ela se deu, por meio de um equipamento mobile como um tablet, ou mesmo um smartphone, permitindo que os agentes de segurança pública não tenham o duplo trabalho de efetuar o registro em uma ficha de ocorrências, e depois ter que lançá-las no sistema ao retornar para o quartel.
Ao lado de tudo isto, devemos também mencionar a limitação patrimonial das unidades operacionais e administrativas, que não dispõem de equipamentos suficientes para o preenchimento das ocorrências e, quando os possuem, grande parte, é composta de equipamentos já ultrapassados no quesito tecnológico.
1.2 - Avanços e perspectivas
A criação do Centro Integrado de Inteligência, Comando e Controle (CICC), dentro da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) representou um reforço da tecnologia de informações na área de segurança pública em Goiás e corrobora a importância dada ao emprego desse recurso no âmbito da segurança, visando integrar todas as forças envolvidas em segurança pública no estado, bem como a interação dos sistemas de informações aplicados em uma mesma estrutura lógica para todas estas forças já citadas. Leia-se: Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Técnico-Científica, Corpo de Bombeiros Militar, Departamento de Trânsito (DETRAN-GO), Tribunal de Justiça (TJGO), Sistema de Atendimento Médico Único de Goiânia (SAMU) e o Programa de Monitoramento Eletrônico de Presos em Goiás.
Como exemplos de sistemas integrados que já estão equipados com a tecnologia mobile na área de segurança pública, podemos citar:
1) MPortal: programa desenvolvido pela Secretaria de Segurança Pública e Justiça do Estado de Goiás no ano de 2013, que visa integrar informações de diversos bancos de dados confiáveis, trazendo informações sobre pessoas e veículos, como por exemplo, registros cíveis, criminais, veicular, autuações, entre outras. Atua como um dos principais sistemas de consulta para as forças policiais através de qualquer dispositivo mobile (celulares smartphones e/ou tablets) garantindo abordagens mais completas, seguras, ágeis e confiáveis.
2) GisGestão: o Sistema Geográfico de Informação é um software de análise criminal e geoprocessamento que disponibilizará em tempo real todas as análises dos crimes considerados de alta prioridade e os convertidos em metas de redução pela Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária, para a elaboração das estratégias policiais e planejamento de emprego operacional investigativo, apontando os locais, dias da semana e horários de maior incidência dos crimes, mapas de manchas criminais até o nível de rua, bem como o modus operandi, perfil da vítima e autor e demais dinâmicas de ocorrências de crimes.
3) I9X: aplicativo de Integração entre Polícia e Cidadão desenvolvido para smartphones que permite ao usuário a abertura de ocorrências de roubo, homicídio, incêndio, agressão, acidente pessoal, atitude suspeita, violência doméstica, acidente com vítima e outros, inclusive com o envio de fotos, vídeos e mensagens de voz. Por ele também, será possível acompanhar o deslocamento das viaturas. Disponível nos sistemas operacionais Android ou iOS.
4) SIAPI Mobile: sistema integrado de análise de projetos e inspeções contra situações de incêndio e pânico, desenvolvido pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, que permite aos analistas e vistoriadores realizarem a vistoria e também a emissão de certificado de conformidade (CERCON) in loco junto ao cidadão, garantindo uma maior agilidade no processo de certificação, bem como a considerável redução de tempo, custo e trabalho.
A implementação desses equipamentos representa, de forma concreta, avanços consideráveis, ao mesmo tempo em que nos provoca a vislumbrar novas perspectivas, na direção da eficiência e da efetividade na área da segurança pública do Estado de Goiás.
II. CAMINHOS E INSTRUMENTOS
Esta pesquisa tem suas bases numa investigação que combina duas formas de abordagem, quais sejam, a quantitativa e a qualitativa, e foi realizada no universo de 50 militares de seções escolhidas do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, devido à facilidade de acesso e ao conhecimento prévio de sua estrutura e funcionamento, associando a análise estatística à perquirição dos significados das relações humanas, numa interação entre palavras e números.
O instrumento de coleta de dados consiste em um questionário, com dez questões objetivas, procurando identificar as dificuldades dos sistemas, administrativo e operacional, das áreas de análise de projetos e inspeções, bem como da área de atendimento a emergências, através do conhecimento dos profissionais, técnicos, oficiais e praças da Secretaria de Segurança Pública e mais algumas unidades/seções compreendendo capital e interior.
Como fonte de estudo e aprofundamento do conhecimento sobre o assunto em questão foram realizadas pesquisas bibliográficas, análise de tecnologias já implantadas na área de segurança pública no Brasil e no Mundo, além de entrevistas com agentes responsáveis pelas áreas em que houve implantações de tecnologia mobile como melhoria na qualidade do serviço e atendimento à comunidade.
2.1 - Tratamento dos dados, resultados e discussões
Após averiguação dos dados, incluindo a avaliação dos fatores determinantes e das perspectivas com a utilização da tecnologia mobile na segurança pública, obteve-se como resultado final, a persistência de algumas questões que procurou enfatizar as principais dificuldades encontradas mais significativas pelos militares do CBMGO em relação às atividades de atendimento à emergência, por intermédio do sistema de Registro de Atendimento Integrado (RAI), análise de projetos e inspeções, pelo Sistema Integrado de Análise de Projetos e Inspeções (SIAPI), e suas ferramentas auxiliares; dificuldades que destacadas a seguir:
– Falta de computadores disponíveis e demora no fechamento de ocorrências e lançamento de exigências.
– Localização do logradouro das ocorrências e locais a serem inspecionados.
– Triagem de vítimas e informações rápidas e precisas sobre a ocorrência.
– Falta de ferramentas de auxílio para o serviço de análise de projetos e inspeções (trenas digitais para altas edificações, dispositivos para fotos e aplicativos de auxílio à consulta).
2.2 - Pesquisa 1 – Atuação dentro do CBM-GO (RAI e SIAPI)
Quanto aos campos de atuação, dentre os entrevistados, nota-se que a grande maioria já atuou na área operacional (RAI) e na área de análise de projetos e inspeções (SIAPI), tendo contato com os sistemas desenvolvidos nas tais áreas de atendimento, como observamos na tabela 1 e figura 1 a seguir.
Tabela 1 - Quantidade de militares por área de atuação
Fonte: Questionário - Apêndice I
Figura 1 - Gráfico Efetivo (SIAPI e RAI)
Fonte: do Autor 2017
2.3 - Pesquisa 2 – Usuários x Equipamentos mobile x Plataforma
Dentre os entrevistados, a grande maioria é usuária de equipamentos que se utilizam da tecnologia mobile, com destaque especial para o uso de celulares smartphones e com a plataforma Android, como se verifica na Tabela 2 e Figura 2 abaixo:
Tabela 2 - Tabela quantitativa de usuários x equipamentos x plataforma
Fonte: Questionário - Apêndice I
Figura 2 - Gráfico comparativo: Usuários por Tecnologia e Plataforma
Fonte: do Autor 2017.
2.4 - Pesquisa 3 – Dificuldades encontradas no uso do RAI
Dentre as dificuldades encontradas no uso do RAI, destacam-se a falta de computadores, a demora na fase de fechamento das ocorrências, a localização do logradouro e a triagem das vítimas, como se verifica na Tabela 3 e Figura 3 a seguir:
Tabela 3 - Tabela quantitativa - Dificuldades no uso do RAI
Fonte: Questionário - Apêndice I
Figura 3 - Gráfico quantitativo e percentual - Dificuldades no uso do RAI
Fonte: do Autor.
2.5 - Pesquisa 4 – Dificuldades encontradas no uso do SIAPI
Dentre as dificuldades detectadas no uso do SIAPI, destacam-se a falta de computadores e a demora na fase de lançamento das exigências; a falta de ferramentas de auxílio para o serviço de análise de projetos e inspeções (trenas digitais para altas edificações, dispositivos para fotos e aplicativos de auxílio à consulta) e a demora na emissão do CERCON (Certificado de Conformidade) para o cliente, como se verifica na Tabela 4 e Figura 4, que se seguem:
Tabela 4 - Tabela quantitativa - Dificuldades no uso do SIAPI
Fonte: Questionário - Apêndice I.
Figura 4 - Gráfico quantitativo e percentual - Dificuldades no uso do SIAPI
Fonte: do Autor 2017.
2.6 - Pesquisa 5 – Opiniões sobre a aplicação da tecnologia mobile no CBMGO
Quanto à aplicação da tecnologia mobile na atividade bombeiro militar, a maioria acredita ser uma inovação necessária, visando reduzir custos, dinamizar o trabalho e acompanhar a evolução social. Nota-se também uma pequena quantidade de pessoas que ainda encontram-se resistentes à implantação tecnológica, como se verifica a seguir:
Tabela 5 - Tabela quantitativa - Aplicação da tecnologia mobile no CBMGO
Fonte: Questionário - Apêndice I.
Figura 5 - Gráfico