"Socioeducação": Colocando o Conceito Entre Aspas
()
Sobre este e-book
"Socioeducação": colocando o conceito entre aspas tem por objetivo central contribuir para o preenchimento de uma lacuna existente no campo da Socieducação, no que diz respeito ao próprio conceito, desde uma perspectiva crítica. Nesse sentido, o estudo realizado objetivou analisar o quadro histórico-institucional em que se produz o Sistema Socioeducativo — destinado a adolescentes a quem se atribui autoria de ato infracional — problematizando o conceito de "socioeducação" e sua função político-social. Para tanto, a autora utilizou o método dialético de compreensão da realidade e a criminologia crítica como ferramentas de análise e aporte teórico. Os resultados obtidos com a pesquisa demonstraram que a função político-social da "socioeducação" desdobra-se em duas (sub)funções que se complementam: a função mistificadora da (re)educação; e a função — concreta, mas implícita — de contenção e gestão das vidas matáveis. Por transpor a aparência e, assim, buscar as raízes do conceito de socioeducação, este livro torna-se um potente instrumento para inspirar o trabalho de profissionais que atuam na execução de medidas socioeducativas e áreas afins que queiram ultrapassar os limites dos "manuais técnicos".
Relacionado a "Socioeducação"
Ebooks relacionados
Sob as Marcas do Tempo: (Trans)envelhecimento na (trans)contemporaneidade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA formação de jovens violentos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação em Direitos Humanos: Reflexões e Discussões em Coletânea Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDemocracia em Tempos Difíceis: Inderdisciplinaridade, Política e Subjetividades Nota: 0 de 5 estrelas0 notasImagens de Violência no Cotidiano Escolar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Testemunho e as Distorções da Memória Nota: 0 de 5 estrelas0 notasValor aprisionado: crise, trabalho e cárcere desde o capitalismo brasileiro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasGênero e Violência: Repercussões nos processos psicossociais e de saúde Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPena Privativa De Liberdade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAnálise da Medida Socioeducativa de Internação sob o enfoque do princípio da Proteção integral Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSindrome Da violencia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Drogas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Dicionário Contemporâneo de Criminologia: Elementos Essenciais para uma Crítica Criminológica Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDireitos humanos em movimento: da (in) visibilidade à concretização Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFundamentos da perícia psicológica forense Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAndragogia Na Educação Formal Nota: 5 de 5 estrelas5/5Medida de Segurança: Estudo sobre a superação da sanção penal fundamentada na periculosidade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasReintegração Social de Pessoas Privadas de Liberdade: o desafio de começar de novo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasViolência Intrafamiliar: Abuso Sexual Infantil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTratamento da vítima na Justiça Penal e Infantojuvenil: iniciativas de proteção e atendimento de necessidades Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPareceres Criminais Garantistas: Uma Visão do Ministério Público Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRemição de pena pela leitura no Brasil: O direito à educação em disputa Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNeurodireito da memória: a fragilidade da prova testemunhal e de reconhecimento de pessoas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Lesão Corporal Na Lei Maria Da Penha Nota: 0 de 5 estrelas0 notasÉ Possível ser um Bom Professor? O Pensamento Ecossistêmico na Educação Superior Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Direito para você
Simplifica Direito: O Direito sem as partes chatas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCOMUNICAÇÃO JURÍDICA: Linguagem, Argumentação e Gênero Discursivo Nota: 5 de 5 estrelas5/5Falsificação de Documentos em Processos Eletrônicos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Introdução ao Estudo do Direito Nota: 4 de 5 estrelas4/5Manual de Prática Jurídica Civil: para graduação e exame da OAB Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDireito constitucional Nota: 5 de 5 estrelas5/5Contratos de prestação de serviços e mitigação de riscos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Bizu Do Direito Administrativo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDireito Tributário Objetivo e Descomplicado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCurso Básico De Sociologia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOAB Segunda Fase: Prática Penal Nota: 0 de 5 estrelas0 notasManual dos contratos empresariais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Como passar em concursos CESPE: informática: 195 questões comentadas de informática Nota: 3 de 5 estrelas3/5Dicionário de Hermenêutica Nota: 4 de 5 estrelas4/5Como passar OAB 2ª fase: Prática civil Nota: 5 de 5 estrelas5/5Registro de imóveis Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDireito Previdenciário em Resumo, 2 Ed. Nota: 5 de 5 estrelas5/5Lawfare: uma introdução Nota: 5 de 5 estrelas5/5Caminho Da Aprovação Técnico Do Inss Em 90 Dias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInvestigação Criminal: Ensaios sobre a arte de investigar crimes Nota: 5 de 5 estrelas5/5Português Para Concurso Nota: 0 de 5 estrelas0 notasManual de direito administrativo: Concursos públicos e Exame da OAB Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPsicanálise e Mitologia Grega: Ensaios Nota: 5 de 5 estrelas5/5Como passar em concursos CESPE: direito constitucional: 339 questões de direito constitucional Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEstatuto da criança e do adolescente Nota: 5 de 5 estrelas5/5Manual de Direito Previdenciário de acordo com a Reforma da Previdência Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInventários E Partilhas, Arrolamentos E Testamentos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasComo passar em concursos CESPE: redação: 17 questões de redação Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Avaliações de "Socioeducação"
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
"Socioeducação" - Anne Caroline de Almeida Santos
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO DIREITO E DEMOCRACIA
Aos meninos e às meninas que, na impossibilidade de sonhar, lhes resta resistir.
AGRADECIMENTOS
Este livro é fruto de pesquisa para dissertação de mestrado em Políticas Públicas em Direitos Humanos, apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Nepp-DH/UFRJ), sob a orientação do professor Marildo Menegat.
Começo, então, por agradecer ao Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas em Direitos Humanos (PPDH), que tanto contribuiu para um pensar mais crítico sobre Direitos Humanos. Em especial, manifesto aqui meu carinho e gratidão ao Marildo, que, de maneira tão sensível e sempre competente, me acompanhou nesse trajeto acadêmico. Agradeço também, de maneira sincera e afetuosa, aos professores Irene Rizzini e Pedro Paulo Bicalho, pelas generosas contribuições que me deram durante a qualificação e defesa da dissertação de mestrado que originou este livro.
Sou grata ainda àqueles que contribuíram com algumas formulações teóricas: Carla Gomes, Rodolfo Souza, Larissa Murad, Tania Dahmer, Paula Cerqueira e Flávia Lisboa — pessoas muito queridas e iluminadas.
Agradeço às/aos parceiras/os do front de trabalho, por segurarem firme tantas tempestades
nos espaços socio-ocupacionais. Lidiane Melo, Karla Madruga, Adriana Pimentel, Liziene Dias, Carolina Oliveira, Rosane Gonçalves e Verônica Valença – como é bom ter vocês por perto!
E, já que estamos falando de proximidade e afeto, aproveito para saudar as amigas de sempre, Marina Alecrim, Polyana Esteves e Cristiane Otoni, por serem presença em todos os sentidos; Milla Almeida, por toda sensatez e amizade; Flávia Alt, pela autenticidade e compromisso.
Não poderia deixar de agradecer à minha família de origem: minha mãe, Jú; meu irmão querido, Raphael; Evanda (tia Vanda) e José Egídio (tio Dudeca), que souberam respeitar a distância quando foi necessário e se fazerem próximos sempre que precisei. Agradeço também ao meu companheiro/parceiro/amor, Helio Lopes Junior (Aditya Lopes), por me apoiar, por trazer alegria e tranquilidade todas as vezes que senti a carga pesada demais
.
Por fim, agradeço àqueles que já se foram e de quem sou parte. Em especial, ao meu pai, Luiz Moreira Santos Neto (in memoriam), por ter sido fundamental na minha formação. Agradeço o amor, o incentivo aos livros e as risadas que demos juntos.
[...]
Com negros torsos nus deixam em polvorosa
A gente ordeira e virtuosa que apela
Pra polícia despachar de volta
O populacho pra favela
Ou pra Benguela, ou pra Guiné
Sol
A culpa deve ser do sol que bate na moleira
O sol que estoura as veias
O suor que embaça os olhos e a razão
E essa zoeira dentro da prisão
Crioulos empilhados no porão
De caravelas no alto mar
Tem que bater, tem que matar, engrossa a gritaria
Filha do medo, a raiva é mãe da covardia
Ou doido sou eu que escuto vozes
Não há gente tão insana
Nem caravana do Arará
Não há, não há
[...]
(Chico Buarque – As Caravanas)
PREFÁCIO
Socioeducação
é um conceito entre aspas que precisa ser mais bem compreendido nas dimensões teóricas e práticas. É o que afirma a jovem pesquisadora, trabalhadora social e servidora pública do estado Anne Caroline de Almeida Santos. A autora desenvolve suas reflexões demonstrando competência e profundo engajamento. Tem como base uma expressiva trajetória profissional em campos desafiadores na área de Saúde Mental e no Sistema Socioeducativo.
Anne Caroline parte de sua experiência de atuação com adolescentes privados de liberdade no Sistema Socioeducativo. De forma sensível, busca acessar acontecimentos, passagens vividas e reflexões por meio de múltiplos registros em seu caderno de campo ao longo dos anos. São depoimentos emocionados, que transbordam, termo por ela empregado, por fronteiras rigidamente estabelecidas, colocando em análise a relação pesquisa-pesquisadora e se deixando afetar pelo universo que a cerca no fazer do trabalho social. Estar presente nesse campo, em contato direto com adolescentes cujas vidas são marcadas por violências e muito sofrimento, constitui em si imenso desafio.
A autora conduz-nos por diversos caminhos de análise, levando-nos a com ela revisitar (pre)conceitos e noções equivocadas sobre o que é e o que faz a socioeducação. Recorrendo a autores brasileiros e pensadores internacionais, e dialogando com diversas disciplinas, dedica-se a discutir a função político-social da Socioeducação.
Trata-se de um campo de conhecimento e de ação reconhecidamente complexo, e uma questão que permanece como uma espécie de mazela social. Algo arraigado em um passado, do qual não se consegue desconectar. Algo que defende no discurso a proteção e os direitos humanos dos adolescentes, mas que prima por sua desumanização e objetificação, como fundamenta a autora. Por fim, algo que se assenta em práticas fortemente punitivistas, violentas e repressivas. Práticas que reforçam a cultura da institucionalização, como herança da história da assistência aos chamados menores delinquentes
do fim do século XIX e ao longo do século XX, sem efetiva contestação até o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990).¹
E quando nos referimos a esses adolescentes mais como alvo do Sistema de Justiça do que da Educação, de quem falamos?
No ano de 2017, o levantamento da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (SNDCA) registrou que havia 143.316 adolescentes, entre 12 e 21 anos, em cumprimento de medida socioeducativa no Brasil. Entre eles, 82% em meio aberto e 18% em meio fechado (medidas privativas de liberdade), em sua maioria do sexo masculino (88,2% em meio aberto e 95,5% em meio fechado) (BRASIL, 2019).² Sabe-se que são meninos e meninas provenientes de bairros pobres e periféricos, cujas famílias encontram enormes desafios para prover os cuidados de seus filhos. São também predominantemente pretos e pardos, segundo terminologia adotada pelo Brasil, especificamente o IBGE, muito embora as questões interseccionais e as relações raciais que afetam diretamente essa população continuem pouco problematizadas como elementos fundantes da história social brasileira.³
É sem dúvida uma contribuição valiosa que Anne Caroline nos traz, convocando-nos a compreender o problema e a buscar caminhos mais solidários e humanos de atenção à população jovem em nosso país, sobretudo os adolescentes que caem nas malhas da Sistema Socioeducativo. É uma questão que se agrava na atual conjuntura política marcada por desmontes e retrocessos no campo dos direitos humanos e em um contexto no qual se intensificam as desigualdades e as injustiças sociais, em decorrência da pandemia (Covid-19), que já tirou a vida de mais de meio milhão de brasileiros e vem impactando negativamente as vidas de grande parcela da população.
Gostaria de concluir recordando as palavras da autora, quando afirma que: Lançar luz sobre a mistificação presente no conceito ‘Socioeducação’ é o primeiro passo para que possamos pensar em estratégias cotidianas de enfrentamento e produção de resistências nos espaços socio-ocupacionais onde essa política pública é executada
(SANTOS, 2021, p. 139). E desejando que seu livro seja lido por muitos, mantendo acesa a chama da indignação que nos move a resistir e lutar pelas mudanças que são urgentes nesse campo.
Irene Rizzini
Professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
Diretora-presidente do Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância (Ciespi/PUC-Rio)
Rio de Janeiro, Brasil.
APRESENTAÇÃO
A pesquisa que deu origem a este livro buscou analisar o quadro histórico-institucional no qual se produz o Sistema Socioeducativo, problematizando o conceito de Socioeducação
e sua função político-social.
Tal ideia desenvolveu-se com base nas indagações produzidas a partir da minha inserção no campo da Socioeducação
, mediante ingresso como servidora pública, assistente social, no Departamento Geral de Ações Socioeducativas do Estado do Rio de Janeiro – Degase/RJ, em janeiro de 2015.
O Degase foi criado em 1993⁴, tendo sido vinculado a diversas secretarias no decorrer de sua trajetória. Em 2008, passou a fazer parte da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc/RJ), vínculo que tem se mantido até o presente. A unidade escolhida para a realização da pesquisa foi o Cense Dom Bosco (antigo Instituto Padre Severino), unidade socioeducativa de internação masculina⁵, localizada na Ilha do Governador, onde eu atuava à época.
No que concerne à pesquisa proposta inicialmente, a ideia consistia em pesquisar sobre o acesso dos adolescentes às políticas públicas a partir do ingresso no Sistema Socioeducativo. Contudo, no decorrer do mestrado acadêmico, houve um deslocamento na construção do objeto de estudo, possibilitando que a então categoria de análise Socioeducação
tomasse o centro do debate, conforme será apontado mais adiante no percurso metodológico.
Nesse sentido, buscamos esmiuçar o conceito de Socioeducação
, realizando uma leitura institucional (do Sistema Socioeducativo e, particularmente, do Degase) à luz da Criminologia Crítica. Propomos, desse modo, uma retomada do conceito desde uma perspectiva crítica, com vistas a tentar superar a imprecisão teórica que reside nesse campo. Optar por essa linha de trabalho, que era coadjuvante em uma pesquisa sobre o acesso de adolescentes às políticas públicas a partir do ingresso no Sistema Socioeducativo, significa assumir que existe uma questão anterior que precisa ser investigada. Digo anterior porque é a partir dela — da Socioeducação
como política pública e de seu conceito ideologizado — que o acesso desses/as adolescentes às demais políticas públicas será fomentado de maneira pontual e precarizada.
No capítulo 1 — Estado Penal: quando a exceção torna-se a regra
—, optamos por trabalhar o conceito de Estado de Exceção, demonstrando o quanto vimos caminhando para uma regra na qual é legítimo ceifar certas vidas para a manutenção de outras. Nesse movimento, busca-se evidenciar a emersão de um Estado Penal, conforme já apontava Loïc Wacquant (1999, 2012), articulado ao conceito de necropolítica, de Achille Mbembe (2016), e à ideia de inimigo
, conforme Zaffaroni (2007).
O capítulo 2 — Juventude e prisão: o Sistema ‘Socioeducativo’ em questão
— teve por objetivo colocar, efetivamente, o conceito socioeducação
entre aspas, evidenciando o seu caráter mistificador. Buscou-se, para tanto, não só demarcar as continuidades com as características próprias da situação irregular
(vigente no Código de Menores), mas também a sua similaridade com o Sistema de Justiça Criminal, conformando a estrutura punitiva com a qual opera na prática (desenvolvida com mais afinco no capítulo 3). Aqui também se puderam descortinar os sentidos que o trabalho acaba assumindo por meio da lógica do aprisionamento — trabalho esse que cumpre uma função estritamente moral(ista).
E, por último, o capítulo 3, intitulado ‘Socioeducação’: um ornitorrinco na estrutura punitiva
, constitui a experiência (vivida) de pesquisa. Por meio da análise de registros feitos em diário de campo, foi possível traçar as dimensões constitutivas do exercício da socioeducação
, tal como ela vem sendo executada na contemporaneidade. São elas: 1) Estrutura (socio)punitiva e Funcionamento institucional; 2) Condições de Trabalho e Intervenção Profissional; 3) Socioeducação
enquanto Sujeição; 4) Superencarceramento; 5) Implicações na Saúde (Mental).
Em suma, esperamos com este estudo não só oferecer subsídios acadêmicos para o acúmulo de conhecimento na área, mas também fornecer contribuições práticas efetivas para o desenvolvimento e a construção cotidiana dessa política pública.