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Perilous: Seqüestro no Shopping: Perilous, #1
Perilous: Seqüestro no Shopping: Perilous, #1
Perilous: Seqüestro no Shopping: Perilous, #1
E-book323 páginas4 horas

Perilous: Seqüestro no Shopping: Perilous, #1

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Sobre este e-book

Jeicy Rivera se reune com suas melhores amigas Callie, Sara e Amanda para uma noite de pizza e compras. Mas uma noite no shopping se torna uma reviravolta horrorosa de eventos que leva Jeicy e suas amigas a 2000 milhas além da fronteira canadense. As garotas se encontram sozinhas e fugindo de inimigos desconhecidos por todos os lados, e nem na polícia podem confiar. . . . O detetive Carl Hamilton é chamado para resolver um caso de homicídio no qual o corpo parcialmente deteriorado de uma adolescente desconhecida é encontrado à beira de uma autoestradar remota. Ele é engolfado por uma corrida de vida e morte para parar os assassinos antes que eles voltem a agir

IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de set. de 2023
ISBN9781071526934
Perilous: Seqüestro no Shopping: Perilous, #1
Autor

Tamara Hart Heiner

Tamara Hart Heiner lives in Arkansas with her husband, four kids, a cat, a rabbit, and several fish. She would love to add a macaw and a sugar glider to the family collection. She graduated with a degree in English and an editing emphasis from Brigham Young University. She's been an editor for BYU-TV and currently works as an editor for WiDo Publishing and as a freelancer. She's the author of the young adult suspense series, PERILOUS, INEVITABLE, the CASSANDRA JONES saga, and a nonfiction book about the Joplin tornado, TORNADO WARNING. 

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    Perilous - Tamara Hart Heiner

    Perilous

    Seqëstro no Shopping

    autora: Tamara Hart Heiner

    20 de setembro

    HAVRE, MONTANA

    O detetive Carl Hamilton protegeu os olhos das ofuscantes luzes azuis e mostrou rapidamente seu distintivo ao policial. O homem o deixou passar. Hamilton saiu do asfalto da autoestradar de mão dupla junto à saída de Havre, Montana. Fitas laranja isolavam a cena do crime, escondidas no lusco fusco do alvorecer. Ele passou por debaixo da fita e adentrou os arbustos secos.

    Uma sargento iluminou seu rosto com uma lanterna e perguntou, Você é o detetive Hamilton? Sua boina estava enviesada sobre seu curto cabelo loiro, e sombras púrpura rodeavam seus olhos.

    Ele fez um breve aceno com a cabeça.

    Shirley White. Ela apertou o nariz com a mão e voltou sua atenção para o chão a seu lado.

    O odor fétido de carne podre estava forte. Senhorita. O que descobrimos?

    É uma garota. Achamos que é uma das quarto que vocês estão procurando.

    Carl sentiu um nó no estômago. Causa da morte?

    Teremos que mandar para a autópsia, lógico, mas parece que foi um ferimento a bala. É uma delas?

    Onde ela está?

    Debaixo dos arbustos.

    Ele se agachou e afastou os arbustos, repirando pela boca. Isso nunca era fácil. Os galhos se abriram para revelar uma jovem, traços distorcidos pela morte, mas ainda reconhecível. Os olhos abertos o fitavam em um vazio. Ele soltou os galhos e se levantou, acenando com a cabeça. Sim. Ele pegou um lenço de papel do bolso e passou na testa. É uma delas.

    A sargento White não respondeu. Apesar do detetive Carl Hamilton não conhecê-la, ele sabia o que ela estava pensando. O caso acabava de deixar de ser um seqüestro para se tornar um homicídio. E ainda faltavam três garotas.

    Capítulo 1

    UMA SEMANA ANTES

    SHELLEY, IDAHO

    Jeicy!

    A voz de Callie Nichol arrancou Jeicy Rivera de seu estado sonhador. Jeicy piscou uma vez e olhou para sua amiga dos cabelos escuros, a alguns metros de dentro do pequeno lago. O quê?

    A segunda semana do high school recém tinha acabado, e o verão também se despedia. Piscando seus olhos azuis, Callie se alongou sobre a balsa de madeira esbranquiçada pelo Sol. Onde está aquela minhoca?

    Jeicy pegou uma das esguias minhocas cor de rosa que ela havia desencavado do chão. Ela se contorcia entre seus dedos. Chegando.Ela saiu da barcaça, os cabelos castanhos fartos se espalhando por suas costas bronzeadas.

    A luz tênue do final de tarde resplandecia na água verde turva debaixo da embarcação e pequenas sombras escuras se moviam como dardos em torno das madeiras. Callie pegou a minhoca. E agora?

    Jeicy deu uma risada. Você enfia naquele anzol que tem na mão, bobalhona.

    Callie franziu o nariz e a alcançou a Jeicy. Você faz.

    A minhoca se esquivava enquanto Jeicy a fincava no anzol enferrujado. Ela soltou a linha na água. Não é bem uma pesca com mosca.

    Callie fez um gesto com a mão. Seja lá o que for. Ela fixou os olhos e observou a minhoca, Ei, Amanda disse que tem mais novidades sobre A Mão.

    Ai, me poupe. Guarda isso prá falar com quem se interessa. Amanda Murphy, amiga de Callie estava obcecada com um criminoso que a mídia havia apelidado de A Mão, e ela tinha conseguido puxar Callie e Sara, a quarta menina do grupo para seu círculo de fãs. Jeicy não dava a mínima. Ela se arrepiou quando uma brisa passou,Tá muito frio para nadar. Início de setembro, e o outono batendo às portas da parte norte de Idaho.

    A Mão esteve em Utah! Isso é bem ao sul de onde estamos!

    Jeicy resmungou. Eu super não quero falar dele.

    Tudo bem, Callie fungou. Falamos dele mais tarde na minha festa de aniversário.

    Você pensa que só porque está de aniversário eu vou querer falar sobre A Mão?

    Callie ergueu uma sobrançelha, metralhando-a com um olhar de zombaria. Você pode não ligar, mas todo mundo vai. Falando nisso, a Amanda te deu o novo número do celular dela? Tentei ligar prá ela depois da escola e estava na caixa.

    Não. Jeicy nunca ligava para Amanda. Ela era amiga de Callie, não dela.

    Que horas você acha que vai chegar lá de noite? Pode vir qualquer hora depois das seis.

    Seis. Dar uma de babá! Jeicy sacudiu, se segurando na balsa para não cair na água gelada. A linha de pesca escorregou de seus dedos e desapareceu em um redemoinho de um cinza esverdeado.  Que horas são? Tenho que ir! Sem esperar resposta, ela saltou da balsa. A água fria lhe subiu pelas coxas e cobriu seu quadril, e ela tremeu quando chegou na barriga.

    Por que a pressa?

    Tenho que cuidar do meu irmãozinho. Meu pai viajou a negócios de novo. Me liga depois das oito! Ela correu, toda encolhida, pelo chão de brita da beira do lago. Pegou sua mochila e amarrou sua toalha felpuda azul em torno dos ombros aos calafrios.

    Ei, espera aí! Callie mergulhou um pé na água. Não vou ficar aqui sozinha!

    Foi mal, Cal. Jeicy passou a toalha por seus longos cabelos castanhos. Te vejo mais tarde. Preciso entrar em forma para a temporada de trilhas mesmo, ou Sara vai me espancar. O vento terminaria de secá-la. Ela puxou o jeans por cima do maiô, fazendo uma careta porque as calças trancavam nas pernas molhadas. Com um puxão enfiou sua t-shirt por sobre a cabeça e puxou o cabelo para trás em um rabo de cavalo. Tchau!"

    Tchau, Callie respondeu, já quase na beira.

    Jeicy disparou numa corrida forte, depois reduziu para um ritmo mais confortável. Sara Yadle, sua melhor amiga depois de Callie, até conseguia correr mais rápido do que Jeicy, mas Jeicy a superava na resistência em todas as situações. Ela se permitiu um leve sorriso, olhando para a esquerda antes de atravessar a rua.

    Não havia nenhum carro estacionado na frente da estreita agência de correios feita em tijolos. Estava muito tarde. Jeicy deu uma olhada no pulso antes de lembrar que perdera seu relógio. Ela apertou o passo, de novo preocupada em não chegar a tempo para cuidar do irmão. Deviam ser mais de quatro e meia para os correios já estarem fechados.

    Ela subiu correndo a rampa de brita até sua casa de vários andares em tijolos vermelhos, saltando para a varanda. A porta bateu atrás dela quando ela entrou.

    No andar de cima, algo caiu fazendo um grande barulho. Nada bom. Seth! ela gritou, é melhor você não estar no meu quarto!

    Ela subiu as escadas junto à entrada e parou. Seu irmão mais velho, Seth, estava parado com uma mão casualmente encostada no marco da porta do quarto dela. A outra estava escondida atrás das costas. Ele olhou para ela, longos cílios pretos emoldurando grandes olhos castanhos.

    O que você tem aí? Jeicy perguntou.

    Hein? Ele olhou por sobre o ombro. Ah, nada.

    Seth... ela usou seu tom mais ameaçador.

    "Ei, calma, hermanita. Eu só estava procurando um dos meus CDs. Tá vendo?"

    Ela piscou para enxergar melhor a capa. Este não é seu, Seth. Ela largou suas roupas de banho numa tentativa de pegar o CD de volta. E eu sei onde você pegou! Você não tem permissão para mexer naquela gaveta!

    Ele fez cara feia Ei, pára de gritar, A mãe vai te escutar. Eu não mexi em gaveta nenhuma. Tava embaixo do seu livro de Biologia na mesa.

    Já te dissse para não entrar no meu quarto!

    Não, Jeicy, ele a corrigiu. Seth ainda pronunciava seu nome como ‘Hah-SI,’ mesmo quando todo mundo dizia ‘JC’ (Jeii si), as iniciais de seu nome. Você disse que eu não podia pegar nenhum CD seu no seu quarto. Eu não peguei. Este aqui é meu.

    Jeicy sentiu uma irritação crescente. "Eu disse para não entrar no meu quarto. Você é um baita de um ARROGANTE—"

    Ei, crianças!

    A voz de sua mãe reverberou escada acima e ela veio segurando o corrimão para dar uma olhada neles. Vocês estão berrando um com o outro?

    "Não, Mamá, Seth disse com a voz tranquila, voltando seus olhos castanhos para Jeicy. Estamos de boa."

    A mãe os observou, esperando.

    Me devolve o meu CD, Seth, Jeicy disse entre dentes, estendendo a mão. "Ahorita."

    Vá brincar com suas bonecas, Jeicy, ele disse, e voltou lentamente para o quarto dele, fechando a porta.

    Jeicy? A Sra. Rivera falou. "César está lá embaixo jogando video game. Obrigada por cuidar dele, querida. .

    Sem problemas, Jeicy respondeu, escondendo sua exasperação. Ela foi para seu quarto, tomando cuidado para não bater a porta, então se apressou em checar sua gaveta. Seu diário ficava logo em cima, junto com a rosa e os corações desenhados à mão por Kevin que ela ganhara dele no ano passado. E debaixo dele, intocado, estava o CD de Tim McGraw. Seus olhos se arregalaram surpresos, e ela fechou a gaveta.

    Ela ouvia Seth rindo no quarto dele. Ele devia estar ao telefone com a mais nova namorada. Jeicy se esgueirou para fora do quarto e bateu na porta. Ele a abriu e ficou ali parado, as costas meio viradas para ela enquanto o pé brincava com o batente da porta.

    É. Te vejo em dez minutos. Tchau. Ele desligou o telefone sem fio e a fitou incomodado. Quê?

    Jeicy sentiu que bufava diante do tratamento dele. Eu só queria pedir desculpas, ela murmurou, olhando fixamente a porta enquanto um dedo pegava a sujeira das dobradiças.

    Esquece. Ele lhe alcançou o telefone. Põe no gancho para mim. Vou sair. Sem mais lhe dirigir o olhar ele desceu aos saltos as escadas.

    Jeicy o seguiu sorrateiramente, seus olhos ardendo um pouco. Seth tinha três anos e meio a mais do que ela, e eles costumavam se dar bem. Ela ouviu o ronco do motor de seu Jeep e o barulho das rodas se movendo sobre a brita enquanto ele saía de ré da rampa de estacionamento. Era isso para uma agradável noite.

    Capítulo 2

    A mãe de Jeicy entrou na cozinha logo após às oito e lhe deu uma beijoca. Abrindo a despensa, ela pendurou o casaco e a bolsa no gancho.  Como foi tudo?

    Jeicy deu de ombros em resposta. Encostada no bar ela apoiava o queixo com a mão.

    A mãe olhou para ela. Onde está o César?

    Ela apontou para a ajanela de baía atrás de sua mãe. Pulando no trampolim.

    Vocês jantaram?

    Sim. Um cara ligou, mas não consegui entender o que ele dizia. Acho que ele estava falando holandês. Não parecia satisfeito. O pai está na Holanda?

    "Acho que não, querida. Eu acho que ele está revisando uma contabilidade na Suíça."

    A mãe dela  nunca sabia. Os planos de viagem do pai dela mudavam tanto que ele quase nunca deixava as coordenadas com sua família.

    Em algum canto da sala de estar, um mix de jazz soava. Meu celular! Jeicy murmurou. Ela pulou da banqueta, revirando as almofadas do sofa e pegou seu flip-fone. Ela não reconheceu o número. Alô?

    Jeicy? Ei, sou eu. O barulho ao fundo quase abafou totalmente a voz de Callie.

    Onde você está? Você não ía dar uma festa na sua casa? Jeicy apertou o telefone contra o ouvido.

    A Amanda quis vit para o shopping. Pede prá sua mãe te trazer que a gente te leva para casa depois. Seu pijama e escova de dentes estão lá em casa desde a semana passada.

    Bom, então tá. Vou pedir para ela.

    ***

    Assim que Jeicy entrou pelas portas duplas da praça de alimentação, a mistura de aromas de cookies doces de chocolate e massa de pão fresco pairavam no ar.

    Chegou! Sara, uma menininha de cabelos loiros e sardas por toda a pele pálida a agarrou pelo braço.

    Jeicy se deixou arrastar para dentro. Ela deu uma olhada na pizza na mesa delas e puxou uma cadeira. O que vocês andaram fazendo até agora? Ela pegou uma fatia, levantando-a bem para soltar os pastosos fios de mussarela.

    Nada de mais, Callie disse. Amanda queria ver os anéis de noivado, então fomos na Sears.

    Anéis de noivado, Amanda? Jeicy ergueu uma sobrançelha, olhando para a linda ruiva. É algo que você quer nos contar?

    Espera, Sara deu uma risadinha, os olhos cor de amêndoa brilhando. Nós não te contamos a melhor parte.

    Amanda jogou o longo cabelo crespo para o lado e olhou para Sara. Não foi assim tão divertido.

    Callie também riu, ajustando os óculos sobre o nariz. Amanda abriu a saída de emergência e disparou o alarme. Os seguranças nos detiveram por quinze minutos.

    Jeicy riu. Nossa meu, pena que eu perdi essa.

    Amanda pegou o pó compacto de dentro de sua bolsa rosa. Ficou se olhando focada no reflexo de sua franja. Não é nada de mais.

    Ei. Callie acenou para Amanda. Conta prá ela o que me contou sobre A Mão. Até a Jeicy talvez goste de saber.

    Tá bom. Amanda deu um suspiro e se reclinou, fechando o pó compacto. Seus olhos verdes brilharam. Vocês sabem do colar da princesa Dai que foi roubado há dois dias? Bem, A Mão é um dos suspeitos.

    Jeicy ergueu uma sobrançelha. E isso é importante porque...?

    Amanda bufou e bateu na mesa. Te disse! Ela não entende! Não podia ter sido ele, Jeicy. Este cara atirou em dois seguranças. Não é o estilo dele. Sem falar que o colar valia mais ou menos um milhão de dólares. Ele geralmente busca grana fácil—anéis de mil dólares e pulseiras, este tipo de coisa.

    É. Jeicy se levantou. O que mais nós estávamos planejando fazer esta noite?

    Sara deu um gole de seu refrigerante, uma mexa de seu cabelo castanho claro lhe caindo entre os olhos. Está tendo uma liquidação de roupas na Charlotte Russe.

    Maravilha. Jeicy se espichou para pegar sua bolsa. Onde estava? Ela se inclinou e examinou o chão de ladrilhos vermelho e brancos coberto por guardanapos e batatas fritas.

    Perdeu o quê? Sara perguntou, olhando para ela por debaixo da mesa.

    Jeicy se ergueu na cadeira e sacudiu a cabeça. Minha bolsa. Devo ter deixado no carro da minha mãe. Bem, vamos aos vestidos.

    ***

    Olhar vitrines sem dinheiro foi ficando enjoativo. Elas ficaram por ali e saíram do shopping quando as grades das lojas foram sendo fechadas. Somente depois de se livrarem de uns admiradores que perambulavam por ali as garotas escapuliram por uma saída lateral.

    Por que a gente nunca conseguer pegar uns carinhas bonitinhos que vêm nos paquerar? Amanda suspirou e olhou seu relógio. A saída que elas haviam tomado ficava numa alameda, e ela chegou mais para a frente para ver que horas eram.

    Fica aqui dentro! Sara disse, puxando-a pelo braço de volta para um canto escuro. Aqueles garotos doidos podem ainda estar atrás de nós. Ela sentou no cordão da calçada do lado de Jeicy e puxou Amanda para junto delas.

    Se você não tivesse sorrido para ele, Amanda, eles não teriam começado a nos seguir, Jeicy disse.

    Não resisiti! Amanda disse. Ele sorriu para mim! O que eu podia fazer, ignorá-lo?

    O portão atrás delas trancou automaticamente.

    Callie se empinou. Hora, Amanda?

    Amanda jogou o cabelo por sobre o ombro e pegou uma bituca de cigarro. Nove e meia da última vez que vi. Onde está a sua mãe?

    A mãe está só um pouquinho atrasada. Meia hora é o comum dela. Vamos esperar mais uns dez minutos.

    Amanda começou a escrever na calçada com o toco de cigarro.

    Que nojo, Callie disse. Além disso a minha mãe deve ter tido um trabalhão fazendo meu irmão dormir.

    Carros íam esvaziando o estacionamento às pencas até que Jeicy conseguisse contar quantos havia em um dos lados. Não estou curtindo ficar aqui fora assim.

    Callie ergueu uma sobrançelha, o movimento quase imperceptível por detrás de seus óculos. Mas o que é isso? Jeicy tá com medo?

    É só que eu não gosto de ficar na rua no escuro.

    Ainda está bem iluminado. Callie apontou para os postes que iluminavam o estacionamento. E ainda vai levar um tempo até tudo ficar deserto. Enquanto ela dizia isso, dois dos restantes cinco carros ligaram o motor e arrancaram, seus faróis banhando as meninas na rampa de saída. Ela se virou para Sara. Você trouxe seu telefone?

    Sara sacudiu a cabeça. Na luz tênue do sinal de saída suas sardas se sobressaíam à pele pálida. Foi mal. Acabou a bateria na sua casa e deixei o carregador na minha casa.

    Não se preocupa. Aposto que minha mãe chega em dez minutinhos. Callie olhou para Jeicy. E o seu telefone?

    Jeicy também sacudiu a cabeça. Na minha bolsa. No carro da mãe. Pensei que você ía ganhar um telefone de aniversário?

    O rosto de Callie se tornou em um sorriso patético. Eu vou. Minha mãe já me deu o vale. Nós vamos buscar amanhã.

    Eu também vou ganhar um, Amanda disse. Tivemos de mudar meu número depois de nos mudarmos para cá porque tinha um garoto me assediando.

    Jeicy não sabia o que dizer, então ficou calada. Ninguém mais falou nada. Amanda soltou um longo suspiro e retomou a brincadeira com a bituca de cigarro.

    Dez minutos se passaram. As luzes da praça de alimentação foram desligadas, mergulhando o ponto onde elas estavam na escuridão. Somente os sinais de saída vermelhos e as luzes neon ainda brilhavam no shopping center.

    Amanda bateu com o pé no chão quando o último carro foi embora, após ligar os faróis. Lá se foi. Agora somos só nós. Ninguém sequer ofereceu uma carona.

    Isso é porque a gente tá se escondendo nas sombras e ninguém nos vê, Jeicy falou, lutando contra a vontade de começar a roer as unhas. Será que a gente vai até uma parada de ônibus?

    Callie puxou uma mecha de seu cabelo castanho claro, enrolando-a no dedo indicador. O último ônibus passou uma hora atrás. Se minha mãe não chegar em mais dez minutos, podemos achar algum segurança do shopping e pedir para ele ligar.

    A insegurança de Jeicy aumentou. Eu não vi nenhum deles hoje de noite, ela murmurou. Eles costumam circular de carro bastante. Ela levantou e olhou em volta, esperando ver a imagem do carro branco com as luzes piscantes amarelas.

    Callie se apoiou na outra perna de novo. Tem razão, Jeicy, tem algo errado nessa parada. Vamos descobrir—

    Estou ouvindo um carro, Sara interrompeu. Garanto que é sua mãe.

    Jeicy sacudiu a cabeça ao ouvir Muio grande. Parece um—

    A voz de Amanda a cortou. Ei, olha só! ela assoviou, apontando.

    O motor barulhento entrou no estacionamento, revelando uma van preta com os faróis desligados. Ela deu uma ré até a loja da Sears, a poucos metros de onde elas estavam. As fracas luzes do shopping reluziam no párabrisa. O motor desligou e ficou silencioso. Três homens mascarados, vestidos de preto, saíram rapidamente e se dirigiram à porta da ´saída de emergência’.

    Callie franziu o cenho. O que eles estão fazendo?

    Amanda segurou a respiração. Esta é a saída do departamento da joalheria. A mesma que eu abri, lembra? Eles vão assaltar a loja!

    Jeicy se levantou, o medo aquecendo seu corpo.

    É isso, Callie disse, a voz entrecortada. Temos que chamar alguém e dar o fora daqui. Onde fica o orelhão mais próximo?

    Sara apontou. Ali.

    O coração de Jeicy disparou. O orelhão ficava muito perto da entrada da loja. Nós nunca vamos chegar lá sem sermos vistas, ela pensou.

    O ruído elétrico de cisalhamento lhes rasgou os ouvidos, seguido de um lampêjo brilhante. As luzes da rua e o brilho das luzes vermelhas se apagaram na quadra inteira. De repente a escuridão as engolfava. 

    Como isso aconteceu? Jeicy sussurrou. Ela mal enxergava as amigas ao lado dela.

    A voz de Amanda rompeu o silêncio. Alguém desligou o transformador desta quadra. Tá rolando uma conspiração.

    Shh! Callie sacudiu a mão para ela ficar quieta. Um dos homens ligou uma lantern e iluminou a loja. Eles não notaram a gente. Aquela porta vai disparar um alarme. A polícia vai chegar logo.

    Os olhos de Jeicy estavam se adaptando ao escuro e ela ficou plantada no mesmo lugar, olhando fixamente os movimentos giratórios da lanterna distante. Um dos homens mirou a lantern na porta enquanto outro se deitou de costas num tipo de maca, esticando a mão para alcançar um tipo de botão. O terceiro apontava um aparelho de laser através da fenda entre a porta e a parede.

    A porta abriu num estalo. Os homens olharam em volta antes de entrarem na loja.

    Eles arrombaram a porta! Sara sussurrou.

    O coração de Jeicy batia tão forte que ela não conseguia ouvir os próprios pensamentos. Ela sentia uma vontade insana de gritar com toda sua força. Graças a Deus, à falta de luz e à sombra da alameda elas se mantinham escondidas. Ela se esforçou para ficar focada. Pensa. Qual é a melhor coisa a fazer?

    Eu tenho um plano, Callie disse, mordiscando o lábio. Alguém precisa se esgueirar até o orelhão e ligar para o 991. O resto fica dando cobertura.

    Eu ligo, Jeicy falou.

    Vou ficar de olho na loja, Amanda disse. Garantir que ninguém saia. Ela se virou e se escondeu

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