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Desculpa, apaixonei-me: Saga Infidelidades
Desculpa, apaixonei-me: Saga Infidelidades
Desculpa, apaixonei-me: Saga Infidelidades
E-book312 páginas7 horas

Desculpa, apaixonei-me: Saga Infidelidades

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Sobre este e-book

Desculpa, apaixonei-me, é o quinto livro da Saga infidelidades, romances contemporâneos com uma forte dose de erótica, ação e aventuras.

E quando um dia estás disposta a deixar de chorar, ele volta…

Isso pensou Barby desgostada, enquanto tentava salvar a vida de um soldado, que se esvaia em sangue nos braços.

Desde criança, soube que Carlos era o homem da sua vida.

Os seus primeiros sonhos doces, as suas primeiras canções de amor, os seus inocentes beijos para o ar. Todos os seus sorrisos nasciam e morriam por e para ele… mas isso não podia continuar assim.

Carlos, órfão de pais, apenas conhece o abandono, a solidão e a injustiça. Não sabe o que é o amor, e muito menos se há que demonstrá-lo.

Ele, é o combatente mais imperturbável, distante e raivoso de toda a brigada SWAT. Ela, é médica sem fronteiras, num campo de refugiados.

Ele é puro sentimentos, ela apenas sabe disfrutar.

Ambos lutarão contra o destino, porque o passado, passado é, e ali deve continuar.

Carlos é um lobo solitário que não merece o seu amor.

Marc é o novo homem dos seus sonhos.

Carlos é escuro e irritável, Marc é carinhoso e alegre.

Marc apaixona com o sorriso, Carlos desconhece a felicidade.

O passado e o futuro encontrar-se-ão numa luta de segredos e ardentes paixões, que batalharão por ser libertadas.

O escuro passado de Carlos lutará contra o carinho de Marc, e apenas ela terá a última palavra.

Será que o amor chama duas vezes?

Uma história de romance contemporâneo e ficção militar, que nos abrirá os olhos e os corações, a uma realidade á qual não podemos virar as costas.

Livro 1: Depois de ti (Susana, Óscar e Nico)

Livro 2: É por ti (Susana e Nico)

Livro 3: Protetor do teu coração (Matías e Azul)

Livro 4: Jogo de Paixões (Lucas e Carmen)

Livro 5: Desculpa. Apaixonei-me (Carlos e Barby)

Livro 6: Atada a um sentimento (Matías e Azul)

Série Stonebridge

Livro 1: Tesouro Oculto

Que fazer quando os segredos devem continuar ocultos, mas o amor não deixa de tos lembrar?

Livro 2: Os dias que nos faltam

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento1 de mar. de 2020
ISBN9781071532928
Desculpa, apaixonei-me: Saga Infidelidades

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    Desculpa, apaixonei-me - Diana Scott

    Prólogo      3

    O passado volta sempre     9

    Chove sem sol      15

    Dois anos depois    33

    Uma missão, simplesmente   43

    Já não te conheço    79

    Voltamos ao mesmo    87

    Sem ti      95

    Verdade ou mentira    107

    Não podes     119

    O perigo     125

    Os prisioneiros     139

    Momentos de escuridão     145

    Um dia escuro     175

    E a escuridão cobriu-nos   189

    Declaração de direitos    197

    Simplesmente louco    213

    Salva-me     221

    Vamo-nos     235

    Madrid, território de conquista    253

    Ao ataque, meu guerreiro   259

    Perdida nas tuas promessas   281

    Vida ou morte     289

    Desculpa, apaixonei-me   303

    Epílogo      317

    Prólogo

    As bocas acariciavam-se incessantemente. Os seus beijos famintos gritavam um beijo desesperado...

    — Preciso de ti...

    Barby fechou os olhos, o contato dos seus corpos era a única linguagem entre eles.

    Carlos tocava-a com loucura intensa. Ela não pensava, apenas sentia. Ele queimava o seu discernimento com cada carícia. Envolvia-a numa paixão doce, primitiva, e até hoje, desconhecida no seu corpo de mulher.

    As mãos inexperientes e docemente trémulas rodearam timidamente o largo pescoço do seu forte combatente. O corpo aprendiz esfregava-se satisfeito contra umas musculosas pernas, tensas pela necessidade.

    Barby procurava um pouco de alívio frente a uma tão grande necessidade. Ele, controlava desesperadamente, a fúria selvagem de uma paixão que já não podia esperar. Não queria esperar.

    Carlos pensou que ia morrer. A jovem arranhava a sua larga espalda, de uma forma tão natural e selvagem, que esteve a ponto de rugir de satisfação. Ele era um homem imparável e insaciável, ela, uma explosão de desejos expressados.

    Ambos se amavam sem rodeios nem inibições. A fantasia convertida numa incrível realidade. A sua primeira vez, e um tudo permitido.

    — Sim, meu Deus. Desejo-te tanto —. Carlos empurrou-a sobre a cama do seu pequeno apartamento de Madrid.

    Barby voava sobre uma nuvem de algodão doce, enquanto Carlos percorria o delicado corpo com os seus lábios.

    As sólidas mãos do soldado desabotoavam desesperadamente uma camisa que voou até ao outro extremo do quarto.

    — Tens que ser minha. Aqui e agora.

    Os seus olhos cinzentos faiscavam cinzas ardentes e os seus braços tensionavam-se descontroladamente ante a necessidade.

    — És tão bonita. Poderias ter o melhor homem de todos. Devia prender-me a mim próprio. Devia pensar no melhor para ti, mas não posso, simplesmente não posso.

    Carlos deitou-se na cama, e puxou o delicado corpo até si, até acariciá-la totalmente no seu ardor.

    Deslizou as mãos, mirando-a com reverência e a jovem pensou que morreria num turbilhão de sensações. Ele percorria-a sem decoro e ela sentia que o seu corpo suplicava pelo contacto daquele homem. A pele gelava-se-lhe e queimava-se-lhe ao mesmo tempo. Um mundo de sensações que as palavras não sabem descrever.

    Todo o seu ser feminino estremecia com o simples tato do seu duro combatente. Roçar o belo do seu peitoral nu representava o elixir do seu ardor de mulher.

    — Meu amor, tremes... — Carlos acariciava-a com reverência.

    — Quero fazer tudo. Quero ser o que procuras...

    Carlos explodiu de emoção. Desejava-o, e algo mais. Isso era demasiado para um homem sedento de um amor impossível.

    — Sempre foste. Sempre serás o que procuro. És a minha maior alegria e a mais irremediável das minhas penas. Juro que tentei, mas estás cravada onde a razão não responde.

    Ele beijou-a como se não houvesse amanhã, e ela pensou que o universo cheirasse a rosas.

    Carlos cobriu-a por completo, e pela primeira vez ela teve consciência do enorme corpo que a pressionava contra o colchão. Os seus beijos faziam-na perder o sentido, e encontrar o coração.

    Barby acariciava suavemente a sua pétrea mandíbula e ele sorriu como nunca tinha sorrido antes. Os seus olhares encontraram-se e acariciaram-se enquanto o tempo pareceu parar. Ela era dele, e ele dela.

    Carlos sussurrava na comissura dos seus lábios carnosos.

    — Desejo-te como nunca desejei nada. Quero-te aqui e agora. Necessito-te mais do respirar, mas se não tens a certeza, eu entenderei. Respeitarei a tua decisão, não importa o que decidas, amar-te-ei além de qualquer dúvida.

    — Além...? — Barby sorriu, enquanto pensava que morreria de amor por esse homem.

    — Hoje e mais além. Penso amar-te nesta vida e na próxima.

    A jovem apertou o seu corpo contra ele, totalmente firme na sua decisão. Tinha a certeza do seu amor há anos.

    — Não quero esperar. Não posso esperar.

    Barby colocou as suas mãos nos seus fortes ombros, apertando com força, mas ele não se queixou. Envolveu-o com as suas pernas, enredou-se ao seu corpo e deixou-se levar.

    Ele deslizou a sua língua sobre o carnoso lábio inferior, enquanto a mordia suavemente. Estava disposto a que ela disfrutasse de carícia, ainda que ele morresse a tentar.

    — Tens tanta paixão dentro — a sua voz estava rouca —. És o meu manancial. Enlouqueces-me e acalmas-me ao mesmo tempo. És um refúgio que pensei jamais encontrar.

    Carlos moveu o seu rosto pelos seus firmes e cheios seios enquanto os acariciava com as suas mãos calejadas.

    — Quero que disfrutes de cada carícia. Quero fazer-te sentir o maior dos prazeres. Necessito que me desejes em cada momento que esteja dentro de ti.

    Barby escutava as suas doces promessas enquanto o seu corpo, com vida própria, se elevava para o receber.

    — Desejo-te tanto que dói...

    Carlos aproximou-se e pressionou insistentemente, até conseguir deslizar-se suavemente na sua doce humidade.

    A jovem gemia com cada pressão, e ele soube eu essa era a sua canção preferida.

    Desejos e sonhos uniam-se num pequeno quarto escuro de Madrid.

    Duas almas nascidas para estarem juntas, disfrutaram ao descobrir que o mundo apenas girava por causa deles.

    Barby, num ataque de ferocidade feminina, mordeu o seu ombro e ele perdeu o controlo. Ela levantou as coxas para pedir silenciosamente o que o seu corpo gritava desesperadamente, e Carlos fechou os olhos, rendendo-se à mais doce das experiências.

    A alma feminina rendia-se ao captor do seu coração, mas o seu corpo tremia, procurando desesperado o que era incapaz de encontrar. Carlos compreendeu a sua necessidade, e agarrando as suas coxas com força, foi a resposta á sua necessidade. Enterrou o seu corpo com gloriosas investidas, dignas de um conquistador.

    — Boneca.... Minha boneca...

    Barby sentia um milhão de sensações. Alegria, amor, ardor e prazer encontravam-se num mesmo corpo, numa mesma união.

    Carlos passou as mãos debaixo das coxas para aproximá-la ainda mais, mas era impossível. Ele fundia-se no mais profundo do seu corpo e ela entrava no mais profundo do seu coração. Ali, onde ninguém jamais havia chegado.

    O suave amante desapareceu, para se transformar no homem desesperado por possui-la e marcá-la ali onde ninguém fosse capaz. Ela tão jovem, ele tão experiente...

    — Nunca te arrependas, não me mudes, jamais me esqueças.

    A voz rouca de homem excitado transformou-se numa súplica de apaixonado e o seu coração mendigo, implorou por um amor eterno.

    Barby sentiu como o seu corpo se rendia a cada toque do seu combatente. O calor da sua respiração queimava-a, e a sua inocência matava-o.

    Ambos se fundiram no desejo. Os seus corpos transformavam-se em um e a paixão consumia-os descontroladamente.

    Barby sentia o seu coração a bater rapidamente. O seu corpo explodiu em suaves contrações, levando-a a um mundo de cor, e Carlos, rendidamente apaixonado, acompanhou-a.

    — Doutora! Barby, acorda. Temos novos refugiados e há uma senhora grávida que não está bem.

    A jovem esfregou os olhos, tentando acordar, enquanto a sua respiração voltava ao normal.

    — Sim, padre, estou pronta em poucos minutos. Lavo-me e vou com vocês.

    — OK, esperamos por ti na enfermaria.

    A mulher assentiu, enquanto o sacerdote se retirava da sua tenda de campanha. Sentou-se na cama de viagem e apertou a cabeça fortemente com as mãos.

    "Preciso que saias da minha vida... por favor, desaparece dos meus sonhos e do meu coração.

    O passado volta sempre

    — Mano, desculpa, mudança de planos. Os meus pais têm um jantar de beneficência e tenho que cuidar da miúda.

    Fernando, nos seus dezoito anos dos mais efervescentes, estava tão desconsolado que o seu melhor amigo Carlos não quis juntar mais apoquentação à sua já profunda pena.

    — Não passa nada, as raparigas vão compreender — respondeu pouco convencido, enquanto o amigo não deixava de bufar como tubos oxidados.

    O jovem, totalmente frustrado, dava pontapés no brinquedo do pequeno King, que não deixava de ladrar atrás do seu dono, tentando resgatar o seu querido urso de peluche.

    — Já chega, King! — O cão parou em seco, mas não sem antes salvaguardar com desconfiança o pequeno urso de felpo entre as suas patas.

    — Podes sair com a tua namorada. Não és obrigado a ficar — a dura frustração dominava-o — de certeza que te dará uma boa despedida...

    Faltavam apenas dois dias. Carlos e ele entrariam dali a dois dias na academia militar para receber o seu treino como futuros membros de infantaria. Só reaveriam a vida civil, e saboreariam as magnificências do sexo oposto vários meses depois.

    — Somos amigos para o bom e para o mau — a sua postura era contundente e decidida. Como a tudo a que Carlos se referia.

    Eram amigos. Irmãos de alma. Não havia discussão.

    No primeiro dia do instituto forjaram uma amizade mais além dos laços sanguíneos. Nunca se separavam. Dois mosqueteiros deste século, mas com um único detalhe, o um por todos e todos por um limitava-se em quantidade, dois.

    Fernando recostou-se no puf do seu quarto totalmente devastado. As suas aspirações sexuais para essa noite naufragavam no mais profundo dos fracassos.

    — Bolas! Não pode ser. Poderia ser que a Adriana e eu nos metêssemos numa cama quentinha. Tê-la-ia a ela e o seu grande par de mamas a me afogar até ficar sem respiração — Fernando soluçou em cima da cama—. Pais! Não podem obrigar-me a ser uma maldita ama...Não é justo!... Essas mamas são duas enormes toranjas!

    — Para ser exato, são duas melancias... — replicou o seu companheiro, com muita seriedade.

    Fernando choramingava desesperançado, e Carlos não podia fazer mais, senão consentir compreendendo a desolação do seu amigo. Afinal, ele também tinha dezoito anos, e as suas hormonas fermentavam com a mesma intensidade que as do seu camarada.

    — Para não falar, que tem um cu capaz de ressuscitar um morto —. Carlos murmurou baixinho, e Fernando lançou um gemido ainda mais doloroso, se é que isso ainda era possível.

    A porta abriu-se com precaução. A pequena de dez anos assomou a sua cabecinha com medo de escutar as lamentações do seu querido irmão.

    — Fer...estás bem? — Soou preocupada.

    — Sim, boneca. Está perfeitamente bem —. Carlos sempre lhe chamava assim, porque dizia que era tão bonita como a Barbie bela adormecida.

    A miúda adorava-o, pelo que não lhe foi difícil sorrir-lhe docemente.

    — Fernando está...como posso explicar-te, algo do género, bom, ele está... — não encontrava as palavras adequadas.

    — Frustrado, pequena... sinto-me derrotado, abatido, boicotado, feito pó.

    — Ah —. A miúda não percebia nada.

    Carlos olhava para ela de cima, e sorriu-lhe com cumplicidade, e ela simplesmente se perdeu nesses bonitos olhos cinzentos.

    Era uma miúda, mas não era parva. Sonhava com princesas de grandes vestidos cor de rosa, esperando o seu príncipe encantado, e o seu era moreno e com profundos olhos cobalto.

    — Pequenota, esta noite temos que ser tuas amas —. A miúda franziu os lábios, desgostada. Não gostava que o seu irmão a tratasse como um bebé, à frente de Carlos, mas ele ignorou-a e continuou com o seu plano.

    — Gostarias de ir comigo, Carlos e umas amigas ao cinema? Podemos jantar pizza e depois te traremos a casa para descansares enquanto nós ficamos com elas na sala a fazer...

    — Fernando! — Carlos gritou-lhe enquanto tapava os ouvidos da pequena com ambas as mãos.

    — O puzzle da avó — disse, piscando um olho ao seu amigo —. Que pensavas que ia dizer?

    Os amigos olharam entre si e riram ás gargalhadas. A tensão sexual não resolvida estava a enlouquecê-los.

    A miúda escapou das mãos de Carlos completamente chateada. Era pequena, mas sabia perfeitamente que ver Carlos, o seu querido e amado Carlos na companhia dessas tontas, com grandes mamas e cus dançarinos, não era algo que lhe agradasse minimamente.

    Queria os dois apenas para ela, e não desejava partilhá-los com essas tontas, que o único que sabiam era encurtar a saia e escrever parvoíces no telemóvel.

    — Não! Não quero ir com elas.

    Carlos agachou-se, para estar à sua altura e tocou-lhe na bochecha, com os seus grandes e magros dedos.

    — Não lhe ligues. O teu irmão está um pouco parvo. Pedimos pizza e vemos uma comédia. Gostas do plano, boneca? — Ele sorriu-lhe carinhosamente.

    — Sim, mas chamo-me Barby, não boneca —. A pequena desejava crescer o mais rápido possível, para que ele deixasse de vê-la como uma simples criança de bochechas rosadas.

    — Eu sei, mas tu és a minha boneca. Tens um cabelo loiro como o sol, e um sorriso que nem o próprio Da Vinci seria capaz de pintar. És mais bonita que qualquer Barbie que vendam nas lojas e por isso serás sempre a minha boneca.

    A rapariga dedicou-lhe o mais radiante dos sorrisos e Carlos desarmou-se. Essa pequena era a sua debilidade. A família de Fernando era família que ele nunca teve, e ela era a materialização do carinho sincero. Habituado a deambular de um lado para o outro sem rumo, completamente sozinho, a família Torres representava tudo o que ele desejava.

    Carlos só conhecia amargura e solidão aprendida nos frios quartos das casas de acolhimento.

    Nunca teve uma casa, nem uma família. Nunca teve a fidelidade de um irmão, nem o beijo carinhoso de uma mãe, ou o sábio conselho de um pai, até que os conheceu a eles.

    Os Torres, desde o primeiro dia que ele entrou pela porta, que o acolheram como mais um membro. Nunca o discriminaram pelas suas origens escuras.

    Filho de uma jovem cigana despreocupada, e por um pai que nem a própria mãe soube reconhecer, cresceu sozinho e sem amor.

    O casal Torres era tudo o que um jovem desejaria ter. Carinhosos por natureza, davam tudo pelos seus dois filhos, e agora também por ele. Desde que entrou em sua casa, os pais de Fernando decidiram adotá-lo pelas únicas leis obrigatórias. As do coração.

    Marta, a matriarca, era incapaz de ficar chateada por mais de dez minutos. O seu esposo, o adorado e valente Coronel Torres, famoso no mundo militar pelas suas proezas frente ao inimigo, demonstrava ser um tipo que, pela sua rudeza e frieza, fosse capaz de congelar as chamas do inferno, mas a sua família e o próprio Carlos sabiam que tudo se resumia numa palavra: fachada.

    Quantas vezes o Coronel os tinha salvado a ele e a Fernando de um castigo iminente?

    O Coronel acolheu-o debaixo das suas asas, e guiou-o como se fosse um filho. Graças aos seus contínuos conselhos e fortes contactos, Carlos conseguiu realizar as provas para entrar na academia militar.

    Os seus recursos económicos eram escassos, para não dizer nulos, mas conseguiu uma bolsa completa na academia das forças armadas. O Coronel jurava que ele a tinha obtido pelo seu extraordinário valor, mas ele sabia perfeitamente que esse homem estava sempre na escuridão, a zelar pelo seu bem-estar, e Carlos não lhe podia estar mais agradecido.

    Sorriu ao olhar à sua volta e aperceber-se, que o seu azar desde que nasceu, mudou no dia que os conheceu.

    — Vamos, boneca. Dá um forte abraço ao teu irmão, e diz-lhe o quanto o amas.

    A jovem olhou para ele, surpreendida.

    —  Fer, porquê que estás triste? Vais-te embora, mas vais voltar a ver-me — a miúda correu para os braços do seu irmão —. Não te preocupes. Estarei em casa quando voltares. Amo-te, Fer, és o melhor irmão do mundo.

    —  Eu também te amo, baixinha —. O seu irmão rendeu-se às carícias de tão terna pessoa.

    —  Não vais sentir a minha falta?

    Carlos agachou-se para estar à altura dela, e a criança abraçou-o fortemente pelo pescoço, falando com rotundidade.

    —  Esperar-te-ei em casa. Esperar-te-ei sempre.

    Carlos deu-lhe um sonoro beijo na bochecha, sem compreender o quão forte seria, para ambos, essa promessa.

    Chove sem sol

    Os anos passaram, e a distância entre eles foi aumentando. Cada ano novo no calendário, Carlos aumentava a distância emocional e física.

    Ele e Fernando eram inseparáveis. Ambos entraram no corpo de forças especiais do exército, e até pertenciam ao mesmo corpo de brigada.

    Quando estavam de licença, a sua mãe cozinhava encantada, as comidas preferidas dos seus rapazes, e o coronel presumia orgulhoso dos seus rapazes, mas Barby não deixava de senti-lo cada vez mais distante.

    Ele disfrutava de uma vida familiar alegre. Contava as suas experiências e riam-se das inúmeras parvoíces que se tinham passado. Era mais um membro dos Torres, e alegrava-se por isso, até ao delicado momento em que ela entrava no mesmo quarto.

    Barby podia jurar que ele ficava tenso quando a via se aproximar, tinha quase a certeza que ele estava incomodado em ter que a ver. Esquivava-a de todas as maneiras. Odiava falar-lhe, olhar para ela e até estar num almoço ou jantar familiar, se ela estivesse presente. Um simples bom dia na cozinha era capaz de enturvar o ambiente com um ar tenso e demasiado difícil de respirar.

    Barby estava na solidão do seu quarto, tentando explicar algo que nem o próprio Einstein, com o seu maravilhoso cérebro, seria capaz de aclarar.

    Era, desde há pouco tempo, estudante de Medicina, já não era a criancinha que corava com qualquer carícia. Muitas folhas de vários Outonos tinham caído, mas o seu coração endiabrado resistia-se a mudar.

    Lembrou-se de uma conversa com a sua mãe, uns meses antes. Naquele dia, a jovem juntou todo o valor que conseguiu e perguntou-lhe, nervosa.

    — Mãe, porquê que achas que o Carlos está sempre chateado comigo? Parece incomodado, e indiferente a tudo o que eu conto.

    — Indiferente? — A sua mãe continuou a dobrar as camisas do seu pai —. Porquê que pensas isso?

    — Mãe! Não digas não reparaste. Apenas me dirige a palavra. Se me vê perto, afasta-se como se cheirasse mal. Uma vez até cheirei as minhas axilas dissimuladamente — a sua mãe fez uma careta de nojo, e ela sorriu, divertida —. Até pensei que me tinha esquecido do desodorizante.

    — Querida, por favor... — a mãe sorriu divertida, do que a jovem tinha dito.

    — Estou a dizer-te a verdade. Se me sento no mesmo sofá que ele, levanta-se como se um caranguejo o tivesse beliscado.

    A mãe ria com a ingenuidade da filha. Barby era a representação do disparate na sua máxima expressão, mas só tinha dezanove anos. Ainda devia aprender muito sobre os homens, e as suas parvoíces tímidas.

    Ela era mãe, e como todas as mães, nada escapava ao seu olhar de lince. Não era muito difícil saber o que se estava a passar, e como boa mãe, ter-se-ia encantado de intervir, se não fosse por um delicado detalhe, que o seu marido a havia obrigado a jurar.

    Eles são donos dos seus destinos, e não te deves intrometer. O coronel também tinha visto a evidência que tinham em frente, e não deixava de advertir ao seu espírito de mãe inquieta, que se abstivera de se intrometer.

    «Mas, como fazê-lo quando és mãe e os amas tanto?» Pensou irritada. «Quem, melhor que uma mãe, sabe o que sentem! Enfim... Se deixassem as mães ter mais poder, dominaríamos o mundo. Mães ao poder!» A mulher sorriu, pensando na genialidade da sua ideia.

    — Coração, não acho que as coisas sejam assim como tu dizes. Carlos sempre gostou muito de ti. Eu acho, que simplesmente deixaste de ser uma criança, e ele não sabe muito bem como te tratar. Às vezes, os homens têm dificuldade em se expressar...com clareza.

    — Clareza? — A jovem abriu os olhos — Não, mãe, ele não tem problemas com isso. Lembras-te do dia da minha formatura, há exatamente, quanto tempo, seis meses? O pobre Diego quase que se mijava nas calças.

    A sua mãe riu-se divertida, mas Barby foi para o quarto muito chateada, enquanto gritava.

    — Defende-lo sempre! Parece que ele é teu filho e eu uma visita —. Disse, furiosa.

    Fechou a porta do quarto, deitou-se sobre a cama e sacudiu a cabeça, tentando perceber algo do que se estava a passar.

    Sempre era assim. Carlos escapando e ela desejando.

    «Pobre Diego», recordou chateada, enquanto revivia o dito dia da

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