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Sobre os Ombros de Gigantes (Um mistério de Jake Abraham)
Sobre os Ombros de Gigantes (Um mistério de Jake Abraham)
Sobre os Ombros de Gigantes (Um mistério de Jake Abraham)
E-book325 páginas5 horas

Sobre os Ombros de Gigantes (Um mistério de Jake Abraham)

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Sobre este e-book

Uma garota desaparecida. Um assassino cruel. Um detetive particular novato.

O detetive particular de Chicago, Jake Abraham, conseguiu seu primeiro cliente - um desonrado ex-capitão de polícia cuja filha desapareceu.

Quando a menina aparece morta, Jake é atraído para um mundo perigoso de crime organizado, corrupção policial, infidelidade e assassinato em série.

Com uma cidade aterrorizada nas mãos de um assassino brutal que está sempre um passo à frente da polícia, Jake terá que arriscar tudo para levar o criminoso à justiça.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de jun. de 2020
ISBN9781071546840
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    Sobre os Ombros de Gigantes (Um mistério de Jake Abraham) - Jim Cliff

    Sobre Ombros de Gigantes

    Jim Cliff

    Copyright 2011 Jim Cliff

    ––––––––

    Se eu vi mais longe, foi por estar sobre os ombros de gigantes.

    Isaac Newton, 1676

    ––––––––

    Para meus pais, em seu 50º aniversário de casamento:

    Se eu vi mais longe, foi por estar em seus ombros.

    Capítulo 1

    A ligação veio no domingo.

    Atendi no terceiro toque e disse, pela primeira vez, — Abraham & Associados, Jake Abraham falando.

    — Olá, — disse uma voz rouca no outro lado da linha. Ele ficou em silêncio após algumas palavras. — Meu nome é Gregory Patterson e tenho um assunto para discutir com você.

    Na verdade, nunca havia falado com um cliente antes. Me perguntei se havia algo especial que deveria dizer. Resolvi ser simples — Por favor, continue.

    — Talvez possamos nos encontrar pessoalmente e conversar. — Ele parecia muito nervoso.

    — Claro, você pode vir ao meu escritório ou...

    — Você conhece um bar chamado Flanagan’s na Larrabee Street? — ele me interrompeu.

    — Sim, conheço, — eu disse. Na verdade, não conhecia, mas seria mais fácil procurar na lista telefônica do que ouvir suas explicações.

    — Certo, me encontre lá em uma hora. — Ele hesitou. — Você sabe quem eu sou?

    Garanti que sim e ele desligou. A pergunta era um pouco redundante. Você teria que morar em um buraco bem fundo para nunca ter ouvido falar de Gregory Patterson - um ano antes ele estava em todos os jornais. Capitão Gregory Patterson do Departamento de Polícia de Chicago, 15º distrito. No final de 2004, quando a bola caía na Times Square, ele foi preso sob acusações de extorsão e levado a julgamento junto com três membros do alto escalão da máfia irlandesa. Foi acusado de alertá-los sobre batidas policiais, adulteração de evidências e, a acusação principal, revelar a localização de uma testemunha federal. Uma testemunha que morreu junto com três agentes do FBI quando o esconderijo onde estavam foi alvo de uma explosão. A evidência que tinham era circunstancial, apoiada por depoimentos de mafiosos condenados e, finalmente, o júri descobriu que havia uma dúvida razoável, levando a sua absolvição. Claro, era tarde demais, pois ele já havia sido julgado e considerado culpado pela mídia. A maioria das pessoas supunha que era culpado e teve sorte. Alguns ficaram com raiva do júri e acharam que foi lhe dado um tratamento especial por ser policial. Devo admitir que pensei que ele provavelmente era culpado, mas acredito no sistema e pelo que havia lido não achei que tivessem evidências suficientes para uma condenação, além de qualquer dúvida razoável. Naturalmente, sua carreira terminou, sua vida pessoal virou de ponta cabeça e foi exposta pela imprensa. Continuaram falando sobre sua juventude em Bridgeport, sua amizade de infância com o futuro mafioso Jimmy Moran, seu problema com o álcool, sua citação por uso excessivo de força. Foi brutal.

    E agora ele queria falar comigo. Gregory Patterson queria se encontrar comigo, como investigador particular profissional. Entrei em pânico, pensando se realmente estava bem vestido, o que era idiotice, já que um cliente poderia aparecer a qualquer momento. No momento, eu estava com uma calça casual, camisa azul de botão e jaqueta de camurça. Parecia um pouco com Don Johnson em Nash Bridges. Verifiquei o endereço do Flanagan’s na lista telefônica e decidi que tinha tempo para ir para casa e trocar de roupa.

    No meu apartamento em Halsted, vesti um terno de verão cinza claro e uma gravata com pequenas tartarugas estampadas. Olhei no espelho para verificar se minhas armas não estavam aparecendo e saí.

    Quando entrei no Flanagan’s, vi Patterson sentado no bar. Me lembrei dele de milhares de artigos de jornal e ele não havia mudado muito em um ano. Tinha cerca de cinquenta anos, havia perdido peso e pude ver em seu rosto que não havia muita motivação para continuar vivendo. No caminho para o bar, me perguntava sobre o que ele queria falar comigo. Queria me contratar para limpar seu nome de uma vez por todas? Para descobrir quem o havia incriminado?

    — Olá, sou Jake Abraham. — Disse quando me aproximei. — Nos falamos mais cedo.

    Patterson terminou sua bebida e pediu outra. Um whisky duplo com gelo. Pedi uma Coca-Cola, sem gelo. Nunca beba na frente de um cliente. Se tivesse tempo para criar uma lista de regras, com certeza essa seria uma delas. Nossas bebidas chegaram e nos mudamos para uma mesa no fundo do bar. Patterson falou primeiro.

    — Gostaria de te contratar, — ele disse, — para encontrar a minha filha.

    Capítulo 2

    Peguei um bloco de notas e um lápis, e isso pareceu encorajá-lo a falar.

    — Recentemente, Susan iniciou seu segundo ano na UIC (Universidade de Illinois em Chicago). — Ele tirou uma foto de sua carteira e me entregou. Ela era muito atraente. Tinha longos cabelos escuros, olhos inocentes e lábios parecidos com Liv Tyler.

    — Há quanto tempo ela está desaparecida? — disse.

    — Ela deveria ter me encontrado ontem à noite. Quando não apareceu, liguei para sua colega de quarto, que disse que não a via desde sexta-feira à noite.

    — Onde ela foi na sexta à noite? — esperava que estivesse fazendo as perguntas certas.

    — Ela foi a um bar ou a uma boate. Você deve perguntar para Denise. É a colega de quarto de Susan. Vou te dar o endereço.

    — Bem, ela não está desaparecida por muito tempo. Já pensou que talvez ela tenha se encontrado com alguém e esqueceu que deveria encontrá-lo ontem à noite? Você sabe como são os estudantes universitários. — Me perguntei se ele havia pensado nisso.

    — Ela não esqueceu. — Ele respirou fundo. — Ontem foi meu aniversário de cinquenta anos, Sr. Abraham. Susan planejou uma grande festa surpresa na minha casa. Quando cheguei em casa às seis, todos os convidados estavam esperando na rua. Ela deveria ter chegado às cinco para deixar todos entrarem e terminar de arrumar as coisas. Eles estavam todos envergonhados e me disseram o que estavam fazendo lá. Disse para que não se preocupassem, que ela provavelmente estava presa no trânsito e que deveríamos esperar por ela antes de iniciarmos a festa. Nós esperamos. Ela não apareceu. Estava planejando isso há mais de um mês. Ela não esqueceu.

    — Me desculpe, — disse. — E a polícia? Esse não é um caso para eles resolverem?

    — Você disse no telefone que sabe quem eu sou, Sr. Abraham. Não tenho mais amigos no Departamento de Polícia. Eles me expulsaram de maneira eficaz. Vou registrar um boletim de ocorrência, mas não confio neles para acharem Susan, muito menos em me manter informado sobre o progresso do caso. Antes de entrar em contato com você, liguei para alguns detetives particulares que conhecia. Os educados simplesmente desligaram o telefone quando souberam que era eu.

    — Entendi. Certo, preciso dessa foto e do endereço de Susan, e mais alguns detalhes. Cobro 250 dólares por dia mais despesas, e vou precisar de cinco dias adiantado como garantia.

    — Então, você vai aceitar o caso?

    — Sim. — disse, — aceito o caso. — Antes de sair, recebi um cheque e mais algumas informações de Patterson, como o nome completo de Susan, data de nascimento, número de seguro social e o nome da livraria onde ela trabalhava meio período. Isso é praticamente tudo o que a maioria dos pais sabem sobre os filhos, vou descobrir mais coisas falando com seus amigos.

    Decidi começar imediatamente, mesmo que só pudesse descontar meu cheque na manhã seguinte. Como ela está desaparecida a menos de 48 horas, não haveria muito o que fazer, então fui conversar com a colega de quarto de Susan, Denise Everett.

    O apartamento de Susan e Denise era em Greek Town, na West Van Buren. Toquei a campainha do seu apartamento no terceiro andar e uma voz respondeu.

    — Quem é?

    — Meu nome é Jake Abraham, sou um detetive particular. — Sorri para mim mesmo. — Estou trabalhando para o pai de Susan e gostaria de lhe fazer algumas perguntas.

    — Pode entrar.

    A porta destravou e eu a abri. Quando cheguei no topo das escadas, Denise estava me esperando na porta. Ela era mais alta que eu e usava jeans e um moletom cinza folgado com o logotipo da University of Illinois. Quando falou, foi com um sotaque sulista.

    — Entre, — ela disse, — quer beber alguma coisa? Café? Suco?

    — Obrigado, não quero nada. Só quero te fazer algumas perguntas sobre Susan. Você sabe onde ela foi na sexta à noite?

    — Sim, ela disse que estava indo para o Dutch’s. É um bar em North Side. Mas não sei quanto tempo ela ficaria por lá.

    — Ela foi sozinha? Ela ia encontrar amigos lá, seu namorado?

    Denise riu alto. — Me desculpe, — ela disse, quando se recuperou, — Susan não tem namorado. Ela é lésbica. Dutch’s é um bar gay.

    — O pai dela sabe disso?

    — Que ela é lésbica? Claro. Ele não se importa com isso, — ela disse. Me perguntava porque ele não havia mencionado isso.

    — Certo, então, ela tem namorada? — perguntei, mudando de ritmo habilmente.

    — Não, não no momento. Pelo que eu sei, ela não ia se encontrar com ninguém, só foi lá para se divertir.

    — Você tem alguma ideia de onde ela pode ter ido? Você acha que ela teria perdido o aniversário do pai sem nenhum motivo?

    — Ela tem um bom relacionamento com o pai, sabe? Hoje em dia, eles são bem próximos. Fiquei surpresa quando ele me ligou e disse que ela não estava lá.

    — Me conte um pouco mais sobre ela. Ela tem algum amigo íntimo, outros parentes que tenha mencionado, ex-namoradas que talvez tenha ido visitar? — estava ficando sem coisas para perguntar antes da velha favorita Você consegue pensar em alguém que possa querer machucar Susan?

    — Não sei, ela não tem muitos amigos. Acho que talvez eu seja a mais próxima dela. Ela é uma pessoa quieta. Normalmente, fica na dela. Acho que apenas prefere a própria companhia. Quanto às ex-namoradas, só falou sobre uma, seu nome é Abby alguma coisa.

    — Você consegue pensar em alguém que possa querer machucar Susan?

    — Não, como eu disse, ela não tem muitos amigos, mas também não tem inimigos.

    — Ok, obrigado pela ajuda. Você se importa se eu der uma olhada no quarto de Susan antes de ir?

    — Se você acha que vai ajudar. Espero que ela esteja bem.

    Denise me mostrou o quarto de Susan e eu lhe entreguei um dos meus cartões de visita, com instruções para me ligar se lembrasse de alguma coisa que poderia ser útil. Ela me deixou sozinho.

    O quarto estava completamente bagunçado. No começo, pensei que talvez alguém tivesse invadido, procurando por alguma coisa, mas imaginei que Denise provavelmente teria mencionado isso. Acho que ela apenas era bagunceira. Comecei a vasculhar algumas pilhas de bagunça no chão, mas parecia que eram feitas de várias peças de roupas, então fui para a mesa.

    Na verdade, não conseguia ver a superfície da mesa, pois estava coberta por papéis. Haviam envelopes vazios, anotações das aulas, cartas do seu pai, um talão de cheques, velhos recibos de pagamentos e mais alguns documentos da universidade. Abaixo da bagunça havia uma agenda de endereços antiga e um diário, ainda em sua embalagem plástica. Olhei na agenda de endereços. A maioria dos nomes estavam riscados, mas um nome me chamou a atenção. Abby Dexter, provavelmente a ex-namorada, o endereço era em Oak Park. Haviam mais algumas informações, mas guardei o livro no bolso ao invés de copiar o que estava escrito. Sempre poderia devolver depois. O talão de cheques mostrou que se recentemente ela pagou por quartos de hotel, carros de aluguel ou passagens áreas, então não havia pago com cheque. Vi nas suas anotações que estava frequentando algumas aulas de Psicologia. Gostaria de saber se ela tinha aula com algum dos meus professores antigos. Levei mais alguns minutos para localizar seu horário de aulas. Reconheci vários nomes dos professores, mas um trouxe de volta lembranças mais fortes. Meu antigo professor em Psicologia Anormal, Dr. Aronson. Realmente é um mundo pequeno.

    Um laptop estava na beira da mesa, o fluxo de papéis invadindo seu espaço, ameaçando derrubá-lo no chão. Levantei a tampa e liguei, esperando que Susan não fosse a favor de proteção por senha.

    Olhei seus e-mails, seus favoritos e seu histórico da internet, mas estava vazio. Sem evidências que ela havia contatado alguém sobre fazer uma excursão, agendado alguma viagem ou hospedagem. Sem e-mails ameaçadores, pedidos de dinheiro ou ultimatos. Anotei o nome Anjali Sharma, com quem parecia trocar e-mails sobre as aulas de Psicologia. Não encontrei sinais de que Susan tivesse sucumbido às tentações do Facebook ou MySpace.

    Como os recursos online se esgotaram, resolvi me focar nos arquivos do computador e procurar na pasta Meus Documentos. Para ser honesto, os arquivos não estavam organizados em subpastas, ou seja, tive que vasculhar diversos arquivos do Word relacionados à universidade antes que o nome de um arquivo me chamasse a atenção. Diário.

    No fim das contas, o diário de Susan era o único arquivo protegido por senha - o equivalente no século XXI àqueles diários com cadeado, os favoritos dos adolescentes. Tentei senha, abby, susan e sua data de nascimento, mas não tive sorte, então voltei para os e-mails. Escondido nos Itens Excluídos, que aparentava nunca ter sido esvaziado, estava um e-mail de uma livraria online. Quando Susan havia se registrado, haviam enviado a confirmação de seu usuário e senha. A maioria das pessoas só consegue lembrar algumas senhas, então costumam usar a mesma para tudo e, com certeza, quando digitei folderol na tela de senha, tive acesso aos seus pensamentos mais profundos.

    O diário não era um documento pequeno. Susan havia digitado algo entre um parágrafo e três páginas por dia nos últimos 18 meses. Comecei pelo último registro, com a data de quinta-feira. Meia hora depois, fechei o arquivo e a tampa do laptop, enfurecido com o estilo de escrita de Susan. Ela não parecia saber o que separa uma anedota de algo que realmente aconteceu, nem tinha o cuidado de destacar itens que podiam ser úteis para minha investigação. Um copo de café foi descrito em detalhes ao longo de uma página inteira, como se fosse um livro de Michener, incluindo uma profunda análise sobre se a marca do adoçante artificial disponível, tinha mais ou menos sabor residual do que estava acostumada. Por outro lado, o registro da sexta-feira 7, uma semana antes dela desaparecer, era simples

    Vi W. de novo, hoje. Tentei não corar. Falhei. Acho que ela não percebeu.

    Olhando datas anteriores, encontrei mais referências enigmáticas sobre W., toda sexta-feira em maio e junho, mas nada em julho e agosto. O retorno recente de W. teve algo a ver com o desaparecimento de Susan? Se W. era quem Susan estava encontrando no Dutch’s, talvez devesse falar com ela. Tudo o que tinha que fazer agora era descobrir as outras letras do seu nome. Enviei o diário para meu e-mail do escritório para que pudesse ler quando tivesse tempo, mas sabendo como novas pistas podiam surgir, duvidei que algum dia voltasse a lê-lo.

    Na cesta lixo, entre algumas tentativas falhas de uma redação e uma grande quantidade de embalagens de doces, encontrei um recibo de cartão de crédito de uma compra da semana anterior. Coloquei no bolso.

    Na saída, vi Denise espiando pela entrada da pequena cozinha, provavelmente se perguntando o que eu estava fazendo por mais de uma hora.

    — Terminou? — ela disse, alegremente.

    — Acho que sim. Mas tenho mais uma coisa para lhe perguntar. — Ela assentiu. — Você conhece alguém que Susan chame de W?

    Ela pensou por alguns segundos. — Não. Definitivamente não.

    — E Anjali Sharma?

    — Anjali? Sim, encontrei com ela algumas vezes. Ela e Susan têm aulas juntas. Garota indiana.

    — Nativo americano? — perguntei.

    — Não, Indiana. Da Índia.

    Agradeci novamente e saí. Como eu já estava em Greek Town, parei no The Parthenon para alguns dolmades e flaming saganaki. A próxima parada seria o Dutch’s, para descobrir se alguém viu Susan lá na sexta-feira à noite.

    Capítulo 3

    No caminho para o Dutch’s, passei por dois homens musculosos em camisetas apertadas, de mãos dadas. Percebi que talvez não me encaixasse naquele lugar.

    Não precisava ter me preocupado. Ninguém prestou muita atenção em mim. Além disso, teria que me esforçar para parecer tão fora de lugar quanto o bartender. Ele era um homem corpulento, de meia-idade, com cabelos grisalhos, bolsas debaixo dos olhos e usava o uniforme universal dos bartenders, camisa branca e calça preta.

    Sentei no bar e pedi uma Budweiser. Eles não tinham Molson.

    — Você é o Dutch? — perguntei. Sou famoso por minhas falas inteligentes.

    — Sim, sou eu. Você é policial? — Sabia que não me encaixava naquele lugar.

    — Não, sou investigador particular. Estou procurando por uma garota.

    Ele sorriu. — Você está no lugar errado. Todas as garotas aqui estão procurando por outras garotas. Agora, se você estiver procurando por um homem...

    Ignorei seu comentário e coloquei a foto de Susan que seu pai havia me dado no balcão.

    — Soube que ela esteve aqui na sexta à noite. Imaginei se você a viu.

    Ele não olhou para a foto. — Ficamos muito ocupados aqui, principalmente às sextas-feiras, e algumas das pessoas que vêm aqui, não querem ser notadas, se entende o que quero dizer. Sou muito discreto.

    — Admiro seus princípios, mas você poderia pelo menos dar uma olhada na foto? — Coloquei vinte dólares no balcão do bar ao lado da minha cerveja.

    — Vinte dólares? — Dutch disse, pegando a nota entre o polegar e o indicador, estendendo na sua frente, demonstrando seu desdém. — Você não faz isso há muito tempo, não é, garoto?

    Tentei não demonstrar o quando me incomodava ser chamado de garoto, pois estava tentando fazer com Dutch me ajudasse, então coloquei mais vinte em cima da foto.

    Dutch pegou a foto do balcão e a segurou afastada dos olhos. Depois de alguns segundos, decidiu que seus braços não eram longos o suficiente e pegou um par de óculos de leitura do bolso de sua camisa. Olhou fixamente para a foto enquanto eu dava um gole na cerveja.

    — Sabe, ela estava aqui na sexta à noite.

    — Você tem certeza?

    — Sim, eu me lembro, porque ela estava com uma garota que estava usando uma auréola e lembro de pensar Qual é o problema dessa garota?

    — Uma auréola? — Estava começando a me tornar um especialista em fazer perguntas difíceis.

    — Sim, era algum tipo de arame com glitter ou algo assim. Ela o dobrou para que um aro estivesse a alguns centímetros acima da cabeça. Sabe, como uma auréola. Por que isso? Quero dizer, que tipo de pessoa se arruma para sair, coloca um aro na cabeça e pensa Sim, isso parece bom, vou sair desse jeito. Sabe, tínhamos uma banda aqui há algumas semanas e o vocalista usava óculos de natação no palco. Óculos de natação. No palco. Quero dizer, já é ruim usar óculos escuros em ambientes fechados, mas óculos de natação? Por que isso?

    Dutch estava ficando animado demais, então o assegurei que não sabia o porquê disso e lutei contra o desejo de chamar sua atenção para um cara de salto alto e boá azul no fundo do bar. Mudei para assuntos menos controversos.

    — Você já tinha visto alguma dessas garotas aqui antes?

    — Não, elas não são clientes regulares. Acho que já vi a garota da auréola antes, mas não tenho certeza.

    Agradeci Dutch e ele foi servir o homem de boá. Guardei a foto no meu bolso e tomei outro gole da Budweiser.

    — Olá, posso te pagar uma bebida? — disse uma voz atrás de mim.

    Me virei na minha banqueta para ver um homem loiro e bronzeado sorrindo para mim. Sorri de volta.

    — Não obrigado, já tenho uma. — Contemplei com muito cuidado a ética de flertar com um homem para conseguir informações. Eventualmente, disse, — Você vem sempre aqui?

    Ele riu. Era uma cantada brega, mas queria uma resposta.

    — Frequentemente. Mas nunca te vi aqui antes.

    — Não, essa é a minha primeira vez.

    — Bem, seja bem-vindo ao Dutch’s. Meu nome é Frank.

    — Jake. Na verdade, estou aqui mais por negócios do que por prazer. Estou procurando por alguém. Uma garota.

    — Você está no lugar err...

    — Eu sei, eu sei. — Mostrei a foto para Frank. Ele balançou a cabeça.

    — Nunca a vi antes. Qual é a história?

    — Ela está desaparecida. Estou ajudando o pai dela. Você já viu uma garota aqui usando uma auréola?

    — Sim, Jaleesa estava aqui na semana passada dançando com uma garota que tinha uma auréola. — Ele gritou para um grupo de garotas do outro lado do bar, — Jaleesa, querida, venha aqui.

    Jaleesa se aproximou. Ela se movia como um gato, sem pressa, mas com precisão, e pronta para atacar a qualquer momento.

    — Oi, Frankie, o que foi?

    — Você se lembra daquela garota com quem estava dançando no fim de semana passado, aquela com uma auréola?

    — Sim, Angel?

    — Angel? — disse. — Esse é o nome verdadeiro dela?

    — Pelo que sei. — Ela disse. Pelo jeito que falava, suspeitei que talvez estivesse fumando alguma coisa. — Quem é esse cara, Frankie? Por que ele está perguntando sobre a Angel?

    — Está tudo bem Jaleesa, ele é um amigo. Só quer perguntar algumas coisas para ela.

    Sorri para Frank. Ele estava fazendo um ótimo trabalho interrogando a minha testemunha para mim, então deixei que continuasse. Considerei piscar para ele, mas decidi não fazer isso.

    — Bem, eu a conheci naquela noite. Não a vejo desde então, e não conversamos muito, se é que você me entende. Nick nos apresentou.

    — Nick? — perguntei.

    — Ele é um dos seguranças aqui, — Frank disse, olhando em volta. — Não consigo vê-lo no momento, mas ele com certeza estará aqui esta noite.

    Esperei enquanto Frank foi procurar pelo segurança. Estava com calor e prestes a tirar minha jaqueta quando lembrei das minhas armas. Os seguranças provavelmente não gostariam de um homem em seu bar com um coldre no ombro. Em vez disso, tomei um gole da minha cerveja e esperei.

    Frank reapareceu, seguido por um homem enorme, que imaginei ser Nick.

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