Atlas de urodinâmica: Práticas clínicas de consultório para urologistas e ginecologistas
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Sobre este e-book
O estudo urodinâmico evoluiu significativamente, desde a sua origem conceitual no início do século XX. No Atlas de Urodinâmica, os autores Marcelo Thiel e Edson Soares reuniram os mais importantes pilares da Urologia nas áreas de disfunções miccionais, Urologia feminina e Uroneurologia.
Com o objetivo de tornar acessível a compreensão do exame urodinâmico, evidenciando seu aproveitamento clínico ampliado ao seu uso pleno e extensivo de casos, demonstram os pontos gerais de aprendizado relacionados com a utilização da urodinâmica na disfunção do trato urinário inferior.
Este livro representa uma revisão abrangente do valor da urodinâmica e da disfunção do trato urinário inferior, ambas como um auxílio diagnóstico e um guia terapêutico.
O que você verá no livro:
•Fundamentos de Urodinâmica;
•Casos complexos;
•Aplicações práticas de Urodinâmica.
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Pré-visualização do livro
Atlas de urodinâmica - Marcelo Thiel
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Diagramação
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Gerentes de relacionamento
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Assistentes comerciais
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Coordenador de varejo e marketing
Sandro Costa
Coordenadora administrativa
Cintia Vasconcelos
Produção gráfica
Pedro Henrique Soares e Thamires Cardoso
Conversão ePub
Cumbuca Studio
Thiel, Marcelo & Soares, Edson.
Atlas de urodinâmica - Práticas clínicas de consultório para urologistas e ginecologistas / Marcelo Thiel & Edson Soares – Rio de Janeiro: DOC Content, 2015. 1ª edição - 464 p.
ISBN 978-85-62608-85-8
1. Atlas de urodinâmica - Práticas clínicas de consultório para urologistas e ginecologistas. I. Thiel, Marcelo. II. Soares, Edson.
CDD-616.6
Reservados todos os direitos. É proibida a reprodução ou duplicação deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa do autor. Direitos reservados ao autor.
Autores
Marcelo Thiel
Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)-1997. Residência Médica em Cirurgia Geral e Urologia pela UFPR-2001. Mestrado em Cirurgia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)-2003. Doutorado em Cirurgia Geral pela Unicamp-2006. Pós-Doutorado em Urologia pela Unifesp-2012. Estágio na Fundació Puigvert
, Barcelona , Espanha-2006. Estágio em Uroginecologia na Università degli Studi di Catagnia
, Catânia, Itália-2006. Estágio em Cirurgia Reconstrutiva Feminina na Universidade de Vanderbilt, Nashville, Tennessee, Estados Unidos-2009. Responsável pela fundação e coordenação do Serviço de Urologia do Hospital Estadual de Sumaré (HES)/Unicamp (2001 a 2008). Estágio em Cirurgia Reconstrutiva do Assoalho Pélvico e Medicina Pélvica Feminina, Naples, Florida-2011. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (TiSBU). Membro da Confederação Americana de Urologia (CAU). Membro da International Continence Society (ICS). Membro da American Urological Association (AUA). Membro da International Urogynecology Association (IUGA). Membro da International Academy of Pelvic Surgery (IAPS). Urologista da Clínica Uroclin de Campinas. Urologista da Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste e da Santa Casa Hospital Santa Bárbara. Professor de Integração Clínica do Primeiro Ano da Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic.
Edson Soares
Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pernambuco (UFPE)-2002 - Residência Médica em Cirurgia Geral -2006- e Urologia pelo Hospital Municipal Dr. Mário Gatti – Campinas-SP - 2009 - Mestrado em Ciências Médicas - Área de Concentração em Urologia Geriátrica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)-2010 - Estágio em Urologia Pediátrica, Hospital Darcy Vargas, São Paulo-Capital-2008 - Estágio em Urologia/Urodinâmica/Cirurgia Robótica - Hospital San Carlos, Universidad Complutense, Madrid, Espanha-2008 - Professor da Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic, Campinas-SP - Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (TiSBU) - Membro da American Urological Association (AUA) – Membro da International Urogynecological Association (IUGA) – Coordenador da Residência em Urologia do Complexo Hospitalar Prefeito Edivaldo Orsi (Ouro Verde), Campinas-SP - Diretor Técnico da Santa Casa de Santa Bárbara D’Oeste-SP - Coordenador do Serviço de Cirurgia do Hospital da Santa Casa de Santa Bárbara D’Oeste-SP - Coordenador do Centro de Especialidades Médicas, Secretaria Municipal de Saúde de Santa Bárbara D’Oeste-SP - Urologista da Clínica Uroclin de Campinas, São Paulo
COLABORADORES
André Costa Matos
Médico Urologista, Doutorando pela FMUSP, Urologista do Hospital São Rafael, Salvador/BA.
Antônio Antunes Rodrigues Júnior
Médico Urologista, Médico Assistente Urologista do Hospital Estadual de Américo Brasiliense, Médico Assistente da Divisão de Urologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo (USP), Doutor em Cirurgia pelo Departamento de Anatomia e Cirurgia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), Pós-doutorado pela University of South Florida.
Alexandre Fornari
Médico Urologista,, Menbro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (TiSBU), Mestre em Ciências Médicas pela Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (FFFCMPA), Coordenador do ambulatório de disfunções miccionais da Santa Casa de Porto Alegre.
Alessandro Correa Prudente dos Santos
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (TiSBU), Aluno de Doutorado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Coordenador do Serviço de Transplante Renal de Rondônia, Professor Assistente da Universidade Federal de Rondônia.
Adauto José Cologna
Médico Urologista, Professor Assistente Doutor do Departamento de Cirurgia da Disciplina de Urologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP.
Alfredo Feliz Canalini
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia.
Cristiano Mendes Gomes
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (TiSBU), Doutor em Urologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Urologista do Setor de Disfunções Miccionais - Divisão de Urologia do HCFMUSP, Fellow in Urology - University of Pennsylvania, Philadelphia, USA.
Carlos Henrique Suzuki Bellucci
Médico Urologista, Urologista responsável pelo setor de disfunção miccional da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD/SC).
Christopher Chapple
Médico Urologista, Cirurgião Urológico consultor do Hospital Royal Hallamshire,-Reino Unido, Palestrante honorário sênior de Urologia da Universidade de Sheffield-Reino Unido, Professor Visitante de Urologia da Universidade Sheffield Hallam-Reino Unido, Chefe do Escritório de Relações internacionais da Associação Européia de Urologia.
Cássio Luís Zanettini Riccetto
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia-TiSBU, Professor Livre Docente em Urologia e Coordenador do Ambulatório de Urologia Feminina do Hospital de Clínicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Carlos Arturo Levi D’Ancona
Médico Urologista, Professor Titular e Chefe da Disciplina de Urologia da Unicamp.
Carlos Alberto Ricetto Sacomani
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia-TiSBU, Doutor em Urologia pela FMUSP, Médico Assistente do Depto. de Cirurgia Pélvica - Hospital A. C. Camargo.
Carlos Alberto Bezerra
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia-TiSBU, Professor Livre Docente de Urologia da Faculdade de Medicina do ABC.
Claudia Pignatti Frederice Teixeira
Fisioterapeuta pela PUC-Campinas, Especialista em Saúde da Mulher-Centro de Atenção Integrada à Saúde da Mulher (CAISM-Unicamp) e Mestre em Ciências Biomédicas/Faculdade de Ciências Médicas (FCM-Unicamp).
Danilo Souza Lima da Costa Cruz
Médico Urologista, Mestre em Ciências da Cirurgia – Unicamp, Médico assistente da Disciplina de Urologia – Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Daniel Carlos Uliano Moser da Silva
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia-TiSBU, Médico Assistente da Disciplina de Urologia da Unicamp, Grupo de UroneUrologia e Tansplantes Renais, Mestre em Ciências da Cirurgia pela Unicamp, Editor Associados da Revista Urovirt.
Edilson Benedito de Castro
Médico Ginecologista, Mestre em Cirurgia pela Unicamp, Ginecologista do Setor de Disfunções do Assoalho Pélvico do Departamento de Tocoginecologia da Unicamp/SP.
Eduardo de Paula Miranda
Médico Residente de Urologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Eduardo Zanchet
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia-TiSBU, Urologista do Departamento de Trauma do Hospital do Trabalhador – Curitiba, Urologista do Serviço de Urologia do Hospital da Cruz Vermelha –Curitiba/PR.
Fábio Baracat
Médico Urologista, Professor Assistente da Divisão de Urologia do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), Grupo de Disfunções Miccionais e Urologia feminina. Doutor em Urologia pelo HCFMUSP.
Fabiane Ferreira Couto
Enfermeira formada na Universidade Federal de Pernambuco, Mestrado em Enfermagem pela Escola Superior de Enfermagem da Universidade de São Paulo.
Fábio Thadeu Ferreira
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia-TiSBU, Coordenador setor de UroneUrologia e do serviço ambulatorial de Urologia do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti – Campinas, Doutorando em Ciências da Cirurgia - Urologia pela Universidade Estadual de Campinas/Unicamp, Professor da Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic-Campinas/SP
Fabrícia Maia
Médica urologista formada em 2012 pelo Hospital Municipal Dr. Mário Gatti – Campinas/SP.
Fernando Cesar Sala
Médico Urologista do Hospital Amaral Carvalho - Jaú-SP, Chefe do setor de uroneUrologia do Hospital Amaral Carvalho – Jaú/SP.
Fernando Goulart Fernandes Dias
Médico Urologista, Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Urologia (TiSBU), Mestrando da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)-SP.
Gustavo Notari de Moraes
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia-TiSBU, Professor Auxiliar Docente de Urologia da Universidade de Taubaté (Unitau)-SP.
Jorge Antonio Pastro Noronha
Médico Urologista, Mestre e Doutor em Medicina e Ciências da Saúde – PUCRS, Professor da Faculdade de Medicina- (FAMED)/PUC-RS, Chefe do Serviço de Urologia do Hospital São Lucas da PUCRS, Responsável técnico do Setor de Litotripsia e de Urodinâmica e Disfunções miccionais do Hospital São Lucas –PUCRS.
José Carlos Cezar Truzzi
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia-TiSBU, Doutor em Urologia pela Escola Paulista de Medicina – Unifesp, Chefe do Setor de Urologia – Fleury Medicina e Saúde.
João Luiz Amaro
Médico Urologista, Professor Titular do Departamento de Urologia da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista-Unesp / Botucatu-SP.
Júlio Resplande de Araújo Filho
Médico Urologista, Mestre em Urologia-Universidade Federal de São Paulo (Unifesp – SP), Doutor em Urologia – Unifesp – SP, Ex-fellow – Departament of Urology – UCSF – San Francisco/USA, Setor de Urologia Feminina e Uro-NeUrologia.
João Antonio Pereira Correia
Médico Urologista do Departamento de UroneUrologia/Uroginecologia - Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, Mestre pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Professor Assistente – Faculdade de Medicina – Universidade Estácio de Sá – CRER – Goiânia/GO.
Jorge Duarte Ribeiro
Urologista do Serviço de Urologia do Hospital da Cruz Vermelha – Curitiba/PR.
Juliane de Fátima Agostini Tiecher
Médica Urologista, Pós-graduação em Cirurgia Urológica Minimamente Invasiva, Mestranda em Ciências da Cirurgia pela Unicamp.
Leandro de Oliveira Chiarelli
Médico Urologista da Uroclin, de Campinas, Professor da Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic-Campinas/SP, Coordenador do Serviço de Urologia do Complexo Hospitalar Prefeito Valdo Orsi e Coordenador do Serviço de Urologia do Hospital Santa Bárbara d’Oeste-SP.
Luis Augusto Seabra Rios
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (TiSBU), Chefe do Serviço de Urologia do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) – SP, Doutor em Urologia (Unifesp).
Luís Gustavo Morato de Toledo
Médico Urologista, Professor Assistente da Faculdade de Ciências Médicas da Santa casa de São paulo, Doutor pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP). Responsável pelo Setor de Disfunção Miccional e Cirurgia Vaginal da Santa Casa de São Paulo e Hospital Ipiranga.
Luiz Carlos Maciel
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (TiSBU), Doutor em Ciências da Cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas-FCM-Unicamp, Professor Auxiliar Docente de Urologia da Universidade de Taubaté (UNITAU)/SP.
Marcos Paulo Freire
Médico Urologista, Professor da Disciplina de Urologia da Universidade Anhembi Morumbi, Assistente doutor da disciplina de Urologia da Escola Paulista de Medicina – Unifesp, médico urologista do setor de Distúrbios da Micção Fleury Medicina e Saúde.
Mônica Orsi Gameiro
Fisioterapeuta do Serviço de Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp), Doutora em Ginecologia e Obstetrícia pela Faculdade de Medicina – Unesp/SP-Botucatu/SP.
Mário Henrique Tavares Martins
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (TiSBU), Coordenador do Serviço de Urologia do Hospital Primavera - Aracaju /SE.
Miriam Dambros
Médica Urologista, Mestrado e Doutorado pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Doutorado pela Universidade de Maastricht, Livre docente em Urologia - Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic-Campinas/SP.
Marcelo Ferreira Cassini
Médico Urologista, Médico Assistente da Divisão de Urologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) - Universidade de São Paulo (USP), Urologista responsável pelo Serviço de Disfunções Miccionais Neurogênicas do Centro de Reabilitação do Hospital das Clínicas da FMRP/USP.
Márcio Augusto Averbeck
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (TiSBU), Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), EAU Clinical Fellowship - Neurourology Unit, Innsbruck/Áustria, Membro do Comitê de Promoção da NeuroUrologia da Sociedade Internacional de Continência (ICS).
Ocivaldo Menezes
Médico urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (TiSBU), Formado em 2012 pelo Hospital Municipal Dr. Mário Gatti – Campinas/SP.
Paulo Cesar Rodrigues Palma
Médico Urologista, Prof. Titular de Urologia Unicamp, Presidente da Associação Brasileira do Assoalho Pélvico (ABAP). Professor Titular de Urologia da Unicamp. Presidente da Associação Lusófona Urologia (ALU), Membro da Academia da Confederação Americana de Urologia (CAU).
Rodolfo Borges dos Reis
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (TiSBU), Professor Assistente Doutor do Departamento de Cirurgia da Disciplina de Urologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP, Fellow of Urology pela Columbia University.
Raissa Miranda Santos
Médica residente do Serviço de Radiologia Próton do Centro Médico de Campinas/SP.
Roger R. Dmochowiski
Médico Urologista, Prof. do Departamento de Urologia da Universidade de Vanderbilt. Diretor da seção e supervisor da Especialização de Medicina Pélvica Feminina e Reconstrutiva do Departamento de Cirurgia Urológica, Vanderbilt University Medical Center Nashville, Tennessee/USA. Diretor-associado em Qualidade e Segurança do Sistema de Saúde Vanderbilt, Chefe-associado de equipe e diretor-médico do Controle de Risco do Hospital da Universidade de Vanderbilt.
Rodrigo R. Seben
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (TiSBU), Ex-Residente do Serviço de Urologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)/RS.
Rosane do Rocio Cordeiro Thiel
Psicóloga do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Mestrado e Doutorado na área de Pesquisa Experimental, Universidade de Campinas (Unicamp), Especialização em Sexualidade Humana pela Universidade de São Paulo (USP).
Rocio Zavala
Médica Urologista do Departamento de Assoalho Pélvico e Urodinâmica - Hospital Nacional Dos de Mayo, Lima/Perú.
Sérgio Bisogni
Médico Urologista, Coordenador dos Serviços de Urologia e Residência Médica em Urologia do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, Doutorado em Ciências Médicas-Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Professor da Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic – Campinas/SP, Membro NDE da Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic.
Valter Muller
Médico Urologista, Chefe do Departamento de UroneUrologia/Uroginecologia - Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, Mestre pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Werner Schaefer
Professor Associado de Medicina da Universidade de Pittsburg/Estados Unidos. Professor de Urologia honoris causa.
Waltamir Horn Hülse
Médico urologista da Uromed – Clínica do Aparelho Gênito-Urinário e Urologista/Ultrassonografista/Urodinamicista da Clinus – Ultrassonografia-Florianópolis/SC.
Walter da Silva Jr
Médico Urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (TiSBU), Docente da Disciplina de Urologia da Unicamp/SP.
W. Stuart Reynalds
Professor Assistente de Cirurgia Urológica da Vanderbilt University, Nashville, Tennessee/USA. Especialização em Medicina Pélvica Feminina e Cirurgia Reconstrutiva.
Agradecimentos
A todos os colaboradores, que prontamente responderam os casos clínicos e que aguardaram o tempo necessário para a publicação desse livro;
Ao professor Dr. Philip E.V. Van Kerrebroeck, que intermediou o contato com o staff da ICS;
Ao professor Dr. Roger Dmochowiski, que permitiu a tradução do artigo Office Urodynamics e que escreveu o prefácio desse livro;
Ao professor Dr. Jerry Blaivas, que permitiu a reprodução dos gráficos de seu livro no capítulo Entendimento do traçado urodinâmico – a sua obra, Atlas of Urodinamycs, foi uma referência importante para nosso livro;
Ao professor Dr. Christopher Chapple, que colaborou com o caso clínico e com os artigos do Comitê da ICS – a sua obra, Urodynamics made easy, também foi uma referência importante para nosso livro;
Ao professor Dr. Werner Schaefer, que nos auxiliou em alguns comentários editoriais e permitiu a tradução de seu artigo Avaliação da contratilidade do detrusor;
Ao professor Dr. Paulo César Rodrigues Palma, que auxiliou na elaboração do índice, sugeriu o melhor colaborador para cada tópico e forneceu modelos de casos clínicos;
À Paulette Goldweber, da John Wiley & Sons Inc., que forneceu todas as orientações para a publicação dos artigos da ICS em Português;
Ao staff da International Continence Society (ICS): Marcus Drake, Jenny Ellis e Tracy Griffin, que orientaram no processo de autorização da publicação em Português dos artigos do Comitê de Padronização da Terminologia e das Boas Práticas de Urodinâmica;
À Dra. Rocio Zavala, que colaborou com a tradução de alguns artigos de referência;
À Amanda Tschernev, colaboradora da empresa Laborie, que solicitou a permissão do emprego dos gráficos obtidos com a máquina Delphis IP®, para essa mesma empresa;
À empresa Laborie, que consentiu o uso dos gráficos de urodinâmica;
Ao staff da DOC Content: Renato Gregório, Bruno Aires, Guilherme Sargentelli, Marconde Miranda, Karina Maganhini, Mariana Moreira, Carla Dawidman, Renan Peixoto e demais integrantes da equipe, por acreditarem no projeto desse livro;
Ao amigo Dante Daniel Testa, webdesigner que participou da criação da capa desse livro e nos gráficos do capítulo Entendimento do traçado urodinâmico;
À Sociedade Brasileira de Urologia, que forneceu os contatos dos colaboradores.
Dedicatória
Eu tenho mais de 80 anos e fui para a Segunda Guerra Mundial. Achei que tinha passado por tudo na vida, mas fazer esse exame mostrou que não
. Nunca mais esqueci essa frase, desde aquele estudo urodinâmico. Pensei: Os pacientes merecem que isso seja bem feito.
Marcelo Thiel
Aos médicos residentes, que nos inspiraram a iniciar essa obra…
Ao gérmen da inquietude, que não nos deixou desistir dela…
Edson Soares
Prefácio
This book represents a comprehensive review of the value of urodynamics and lower urinary tract dysfunction, both as a diagnostic aid and therapeutic guide. The Table of Contents demonstrates a panoramic view of urologic disease and role of urodynamics within these specific diseases. The experience of the editors is further amplified with the ample and extensive use of cases which demonstrate the over-arching teaching points related to the use of urodynamics in lower urinary tract dysfunction.
Conditions and functional disorders in both genders are considered with storage as well as outlet phenomenon being aggregated into pertinent topics for analysis purposes.
In this age of reconsideration of all types of medical intervention, a guide such as this is critical to define the role of a sometimes overused and much underappreciated technology-that being urodynamics. It is key to remember that symptoms are just that. Objectification, which involves the use of urodynamics in appropriately selected cases is critical to understand the underlying dysfunctions that have caused the patient’s symptoms and that are resulting in the functional disorder the patient presents with. This is a timely text and one that is of value to urologists, urogynecologists, and incontinence nurses throughout the world who struggle with functional lower urinary tract disorders.
Este livro representa uma revisão abrangente do valor da urodinâmica e da disfunção do trato urinário inferior, ambas como um auxílio diagnóstico e um guia terapêutico. O sumário dessa obra mostra uma vista panorâmica da doença urológica e o papel da urodinâmica nestas doenças específicas. A experiência dos autores é bastante ampliada com o uso pleno e extensivo de casos que demonstram os pontos de aprendizado gerais relacionados com a utilização da urodinâmica na disfunção do trato urinário inferior.
Condições e distúrbios funcionais em ambos os sexos são considerados nos fenômenos de armazenamento e esvaziamento vesical, agregando ainda temas pertinentes para fins de análise.
Nesta época de reconsideração de todos os tipos de intervenção médica, um guia como este é fundamental para definir o papel dessa tecnologia, às vezes subvalorizada em demasia, que é a urodinâmica. É fundamental lembrar que os sintomas são apenas isso. Objetificação, que envolve o uso de urodinâmica em casos apropriadamente selecionados, é fundamental para compreender as disfunções subjacentes que causaram os sintomas do paciente e que são resultantes da desordem funcional apresentada. Este é um texto útil e de valor para urologistas e outros profissionais que trabalham com disfunções miccionais e incontinência urinária em todo o mundo.
Roger R. Dmochowiski
Médico Urologista, Prof. do Departamento de Urologia da Universidade de Vanderbilt. Diretor da seção e supervisor da Especialização de Medicina Pélvica Feminina e Reconstrutiva do Departamento de Cirurgia Urológica, Vanderbilt University Medical Center Nashville, Tennessee/USA. Diretor-associado em Qualidade e Segurança do Sistema de Saúde Vanderbilt, Chefe-associado de equipe e diretor-médico do Controle de Risco do Hospital da Universidade de Vanderbilt.
Abreviações
AGN ou AG
Abrams-Griffiths number (Número de Abrams-Griffiths)
ALPP
Abdominal leak point pressure
AMS
Atrofia de músculos e sistemas
AP
Assoalho pélvico
APB
Aumento prostático benigno
AUA
American Urological Association
AVC
Acidente vascular cerebral
BCI
Bladder contractility index (índice de contratilidade vesical)
BH
Bexiga hiperativa
BHE
Barreira hemato-encefálica
BOOI
Bladder outlet obstruction index (índice de obstrução de esvaziamento)
BOR
Relação de esvaziamento da bexiga
BVE
Bladder voiding efficiency (porcentagem de esvaziamento vesical)
CC
Capacidade cistométrica
CID
Contração involuntária
CIL
Cateterismo intermitente limpo
cm H2O
Centímetro de água
cm H2O/ml
Centímetro de água por mililitro
cm³
Centímetro cúbico
DAMPF
Detrusor-ajusted mean purr factor
DCV
Distância colo veromontanum
DECO
Detrusor coefficient (coeficiente de contração do detrusor)
DESD
Dissinergia vésico-esfincteriana
DLPP
Detrusor leak point pressure
DHIC
Detrusor hyperactivity with impaired contractility
DOLPP
Detrusor overactivity leak point pressure
DP
Doença de Parkinson
DRC
Doença renal crônica
DST
Doença sexualmente transmissível
DTUI
Disfunção do trato urinário inferior
EAP
Exercícios do assoalho pélvico
EDR
Toque retal
EFP
Estudo fluxo-pressão
EM
Esclerose múltipla
EMG
Eletromiografia
EPV
Espessura da parede vesical
EUD
Estudo urodinâmico
EV
Endovenoso
FDA
Food and Drug Administration
HAS
Hipertensão arterial sistêmica
HBP
Hiperplasia prostática benigna
HD
Hipótese diagnóstica
HDI
Hiperatividade do detrusor idiopática
HpD
Hipoatividade do detrusor
HPV
Vírus do Papiloma Humano
Hz
Hertz
ICIQ-SF
International Consultation on Incontinence Questionnaire – Short Form
ICS
International Continence Society
IMC
Índice de massa corporal
IRA
Insuficiência renal aguda
IRC
Insuficiência renal crônica
ISD
Insuficiência esfincteriana
ITU
Infecção do trato urinário
IU
Incontinência urinária
IUE
Incontinência urinária de esforço
IUM
Incontinência urinária mista
IUU
Incontinência urinária de urgência
Kg
Quilograma
KHz
Quilohertz
KPa
Quilopascal
l
Litro
LinPURR
Linear passive urethral resistence relation
LPP
Leak point pressure
LUTS
Lower urinary tract symptoms
MAP
Músculos do assoalho pélvico
mg
Miligramas
min/cm
Minuto por centímetro
ml
Mililitro
ml/cm H2O
Mililitro por centímetros de água
ml/Kg
Mililitro por quilograma
ml/min
Mililitro por minuto
ml/s
Mililitro por segundo
mm
Milímetro
mm/s
Milímetro por segundo
MMII
Membros inferiores
MUCP
Pressão de fechamento uretral máxima
mW/m²
MicroWatts por metro quadrado
N
Contração normal
ng/dl
Nanogramas por decilitro
NMS
Neuromodulação sacral
OBI
Obstruction index (índice de obstrução)
OCO
Obstruction coefficient (coeficiente de obstrução)
OIV
Obstrução infravesical
OPB
Obstrução prostática benigna
OPCV
Obstrução primária do colo vesical
Pdet
Pressão detrusora
Pdet.close
Pressão de fechamento
Pdetmax
Pressão do detrusor máxima
PdetQmax
Pressão detrusora no fluxo máximo
Pdet.open
Pressão de abertura
PdetQbeg
Pressão de abertura
PdetQend
Pressão de fechamento
PDM
Primeiro desejo miccional
PF
Estudo fluxo-pressão
PIP e PIP1
Projected isovolumetric pressure (contração isovolumétrica do detrusor)
Pmuo
Minimum urethral open pressure (Pressão de abertura uretral mínima)
POP-Q
Pelvic organ prolapse quantification system
PSA
Antígeno prostático específico
PURR
Passive urethral resistence relation
Pves
Pressão vesical
PVR
Resíduo pós-miccional
Qave
Fluxo médio
Qmax
Fluxo máximo
Qmax.p
Fluxo máximo no estudo fluxo-pressão
Qmax.raw
Fluxo máximo bruto
Qol
Qualidade de vida
RPM
Resíduo pós-miccional
RTU
Ressecção transuretral de próstata
s/mm
Segundo por milímetro
SNC
Sistema nervoso central
ST
Contração forte
STUI
Sintomas do trato urinário inferior
TENS
Transcutaneous eletrical neuro stimulation
th
Percentil
TMAP
Treinamento dos músculos do assoalho pélvico
TRM
Trauma raquimedular
TVT
Tension-free vaginal tape
TVT-O
Tension-free vaginal tape obturator
TUI
Trato urinário inferior
UCGM
Uretrocistografia miccional
UF
Urofluxometria
URA
Fator de resistência uretral
US
Ultrassom
USTR
Ultrassom transretal
VLPP
Valsalva leak point pressure
VOID
Fluxo máximo, volume urinado e volume residual na urofluxometria
VOIDp
Fluxo máximo, volume urinado e volume residual no estudo fluxo-pressão
vol
Volume
VR
Valor de referência
Vt
Volume total
VUD
Estudo videourodinâmico
VW
Contração muito fraca
W
Contração fraca
WF
Fator Watts
WFmax
Fator Watts máximo
W/m²
Watts por metro quadrado
Wmax
Maximum detrusor power (força de contração do detrusor)
Zcuf
Zona de controle de velocidade de fluxo
%
Porcentagem
√vol
Raiz quadrada do volume
∆Pdet
Variação da pressão do detrusor
∆V
Variação de volume indefinido
µs
Microssegundos
Sumário
Capítulo 1 - Fundamentos da urodinâmica
1. Consultório ambulatorial de Urodinâmica
2. Protocolos de Urodinâmica
3. Boas práticas para Urodinâmica
4. Padronização de terminologia de disfunções do trato urinário inferior
5. Urofluxometria: como melhor usar
6. Avaliação da contratilidade do detrusor
Capítulo 2 - Incontinência Urinária de Esforço
1. Tratamento com Fisioterapia
2. Indicação de sling retropúbico
3. Indicação de sling transobturatório
4. Falha pós-sling
5. Mini-sling
6. Incontinência urinária de esforço oculta
Capítulo 3 - Obstrução de Esvaziamento Feminina
1. Divertículo da Uretra
2. Estenose de Uretra
3. Obstrução Pós-sling
4. Incontinência urinária de esforço, hiperatividade do detrusor e prolapso vaginal
5. Disfunção de esvaziamento
6. Obstrução primária do colo vesical
Capítulo 4 - Obstrução Masculina
1. Obstrução prostática benigna
Capítulo 5 - Hiperatividade do Detrusor com Hipocontratilidade
1. No paciente com aumento prostático benigno
2. Hiperatividade do detrusor com hipocontratilidade
3. Hiperatividade do detrusor com hipocontratilidade no paciente neurogênico
4. Hiperatividade do detrusor com obstrução prostática benigna
Capítulo 6 - Hiperatividade do Detrusor e Obstrução Prostática Benigna
1. No paciente neurogênico
2. No paciente com diabetes mellitus
Capítulo 7 - Hipocontratilidade do Detrusor
1. Obstrução crônica
2. Dissinergia vésico-esfincteriana
Capítulo 8 - Lesão Medular
1. Acontratilidade do detrusor
Capítulo 9 - Hiperatividade do Detrusor Idiopática
1. Responsiva ao tratamento clínico
2. Refratária ao tratamento clínico
Capítulo 10 - Hiperatividade do Detrusor Neurogênica
1. Hiperatividade do detrusor neurogênica responsiva ao tratamento clínico
2. Hiperatividade do detrusor neurogênica refratária ao tratamento clínico
Capítulo 11 - Síndrome da Bexiga Dolorosa
1. Bexiga dolorosa
Capítulo 12 - Hiperatividade do Detrusor e Incontinência Urinária de Esforço
1. Incontinência Urinária Mista
Capítulo 13 - Casos complexos
1. Hiperatividade do detrusor pós-braquiterapia
2. Disfunção miccional em transplantados
Capítulo 14 - Aplicações práticas da Urodinâmica
1. Como preparar laudo do exame urodinâmico
2. Valores normais do exame urodinâmico
3. Artefatos em urodinâmica
Capítulo 15 - Sintomas que tiram o sono
1. Noctúria: importante sintoma na avaliação prévia do estudo urodinâmico
2. Enurese
Capítulo 16 - Gráficos facilitadores
1. Entendimento do traçado urodinâmico
1
Fundamentos da urodinâmica
1. Consultório ambulatorial de Urodinâmica
2. Protocolos de urodinâmica
3. Boas práticas para urodinâmica
4. Padronização de terminologia de disfunções do trato urinário inferior
5. Urofluxometria: como melhor usar
6. Avaliação da contratilidade do detrusor
Stuart Reynolds e Roger R. Dmoschowski
Tradução | Leandro de Oliveira Chiarelli e Raissa Miranda Santos
Oestudo urodinâmico evoluiu significativamente, desde a sua origem conceitual no início do século vinte. O primeiro aparelho urodinâmico, o cistômetro, foi desenvolvido em 1927 por Rose com o objetivo de obter a pressão intravesical durante a fase de enchimento e esvaziamento da bexiga. Em seguida, desenvolveu-se o urofluxômetro, utilizado para medir o fluxo urinário, introduzido na prática clínica por Drake em 1948. No ano de 1956, von Garrelts aperfeiçoou a versão inicial, desenvolvendo um urofluxômetro eletrônico. Através dele, a medida do fluxo urinário era obtida em tempo real graças ao cálculo do aumento do peso da urina coletada em um recipiente. Em 1955, Franksson e Peterson foram os primeiros a ingressar no campo da Neurourologia, usando a eletromiografia (EMG) para registrar a atividade muscular no momento da micção. A visualização do trato urinário inferior durante a micção iniciou-se com a cinerradioscopia, em 1954, por Hinman e Miller. A integração desse método de imagem com o estudo fluxo-pressão e, posteriormente, com o perfil pressórico uretral, foi preconizada por Miller. Por fim, em 1970, em Londres, Turner-Warwick e Whiteside aperfeiçoaram esse conceito.
Esse período de desenvolvimento conceitual foi sucedido por uma fase de comercialização, durante a qual ocorreu aperfeiçoamento e produção em série dos equipamentos urodinâmicos, tornando-os acessíveis para grande parte dos urologistas. As indicações, aplicações e disponibilidade da urodinâmica evoluíram progressivamente, mas os conceitos básicos permanecem quase os mesmos do período inicial de seu desenvolvimento.
A urodinâmica é um termo genérico utilizado para designar uma série de técnicas que têm o objetivo de quantificar e qualificar a atividade do trato urinário inferior durante duas fases distintas da micção: a etapa de enchimento e armazenamento e a de esvaziamento vesical. Conceitualmente, o enchimento e armazenamento normais e eficientes da bexiga requerem cinco componentes: 1) complacência vesical (distensibilidade); 2) estabilidade vesical; 3) competência da junção uretero-vesical (ausência de refluxo ureteral); 4) mecanismo de continência competente durante o repouso e durante manobras de aumento da pressão intra-abdominal; e 5) sensibilidade vesical apropriada. O esvaziamento vesical requer: 1) uma contração adequada e coordenada do músculo liso; 2) um sinergismo entre o esfíncter liso e estriado; e 3) ausência de obstrução. Qualquer anormalidade no enchimento, armazenamento ou esvaziamento resulta de problemas relacionados a um desses fatores. O estudo urodinâmico (EUD) pode auxiliar na classificação e quantificação desses problemas. A urodinâmica é a combinação de medidas não invasivas, como a urofluxometria inicial, e técnicas invasivas, como a cistometria de enchimento. Com a evolução da informática, ocorreu grande desenvolvimento no campo urodinâmico. A fabricação de máquinas menores, compactas e mais baratas permitiu um maior acesso dos urologistas aos equipamentos específicos para a área, inclusive à videourodinâmica (VUD). Esta ampla discussão revisa os conceitos fundamentais envolvendo técnica, aplicação e interpretação dos exames urodinâmicos, bem como a aplicação destes na prática urológica. Alguns desses questionamentos são baseados na experiência e outros na prática do autor.
INDICAÇÕES
O EUD é uma ferramenta para a avaliação objetiva da função do trato urinário inferior e permite a obtenção de informações sobre a fisiologia que serão usadas no diagnóstico e conduta de condições não esclarecidas. Sabe-se que os relatos dos pacientes a respeito de seus sintomas do trato urinário inferior (STUI) têm pouca correlação com os achados objetivos da urodinâmica. Isso não diminui a importância do EUD: ressalta a baixa especificidade desse exame em relação à queixa dos STUI referida pelos pacientes. Apesar disso, são esses sintomas que trazem os pacientes ao consultório, e o desejo de elucidar a fisiopatologia envolvida neles, com intuito de orientar uma conduta mais apropriada, é uma das forças que impulsionam a utilização da urodinâmica.
O fato de o EUD não ser considerado um substituto para uma anamnese detalhada e outras medidas não invasivas como exame clínico, diário miccional, teste do absorvente (pad test) e etc. faz com que se discuta continuamente a aplicação apropriada desse exame. Muitos urologistas concordam que o EUD é indicado para pacientes nos quais o diagnóstico não pode ser firmado com segurança apesar do uso de testes menos invasivos, e em casos nos quais uma condição não diagnosticada ou mesmo um diagnóstico incorreto acarretaria prejuízo importante ao paciente. Além disso, é conduta de praxe realizar EUD em todos os pacientes que irão submeter-se a procedimentos de alto custo, de caráter irreversível ou com morbidade potencial associada, ou em pacientes submetidos a procedimentos invasivos com falha terapêutica ou que ocasionaram novos sintomas. Nessas circunstâncias, o EUD pode confirmar ou auxiliar no diagnóstico, além de caracterizar e quantificar os sintomas antes de submeter o pacientes a intervensões invasivas.
Quando se opta pelo uso do EUD em pacientes sem indicação absoluta, é importante considerar a relação custo-benefício, a inconveniência e morbidade do exame. As taxas de complicações do EUD, embora pequenas, foram relatadas com frequência por volta de 19%. As complicações descritas incluem infecção do trato urinário (ITU), urosepse, trauma uretral devido ao cateterismo e retenção urinária. Devido a todos esses fatores, incluindo os econômicos, muitos médicos e pacientes optam por terapias empíricas para o tratamento das disfunções miccionais, protelando a aplicação do EUD. Alguns autores argumentam que se a terapia empírica é efetiva, o custo e a morbidade do exame podem ser evitados, e em caso de falha terapêutica, o EUD pode ser aplicado. Outros autores argumentam que a utilização inicial do EUD auxilia na acurácia do diagnóstico e orienta uma terapia apropriada, evitando os custos de múltiplos tratamentos empíricos e poupando o paciente de sofrimento adicional. Em alguns casos, a decisão de iniciar ou não com EUD depende do grau de conforto do médico e do próprio paciente em relação à certeza do diagnóstico presumido e da ansiedade ou dos potenciais efeitos colaterais causados pelo tratamento empírico.
Outra possível indicação do EUD inclui seu papel na extratificação do risco e prognóstico para certas patologias, permitindo uma previsão da resposta a determinado tratamento e facilitando, desse modo, o aconselhamento pré-intervenção. O EUD pode ainda identificar razões para a falha terapêutica ou confirmar efeitos de tratamentos específicos, orientando a conduta nas disfunções miccionais complexas.
ABORDAGEM INICIAL
A avaliação primária dos pacientes com STUI inclui história e exame físico detalhados, além de uma variedade de testes objetivos não invasivos, como teste do absorvente
, diário miccional, medida do resíduo pós-micional, dentre outros. Depois da avaliação inicial, a hipótese diagnóstica é formulada e examina-se a necessidade de exames mais invasivos. Nos casos em que o EUD é selecionado como parte da avaliação, a hipótese deve ser confirmada ou recusada com a conclusão do exame. O estudo urodinâmico não substitui os outros componentes da avaliação inicial.
O EUD e a videourodinâmica (VUD) são realizados, na maioria das vezes, por clínicos, enfermeiros treinados ou técnicos sob supervisão médica. Idealmente, o traçado urodinâmico deve ser interpretado durante o exame, especialmente se o médico não é experiente. O EUD deve ser analisado em conjunto com as informações referidas pelo paciente, história clínica, exame físico e resultados de exames anteriores. Os eventos ocorridos devem ser marcados precisamente no traçado do exame no momento em que ocorreram, garantindo a acurácia em uma interpretação futura.
O objetivo primário, durante a realização do EUD, é reproduzir os sintomas do paciente. Nas situações em que o examinador não atingiu esse propósito, o resultado do teste pode não ter valor. Nesses casos, recomenda-se repetir o estudo, reavaliar o diagnóstico ou readequar o ambiente do estudo para obter um exame mais acurado. O EUD é realizado sob condições artificiais. Um ambiente hospitalar, pouco familiar, pode inibir ou desinibir a função do trato urinário inferior. Os pacientes são orientados a relatar suas sensações e urinar em ambiente aberto sem o conforto e privacidade de suas casas. Além disso, os pacientes realizam o exame com cateteres uretrais e retais conectados a tubos e monitores, o que promove desconforto adicional. A cistometria é realizada enchendo a bexiga com volumes suprafisiológicos, usando soluções não fisiológicas, situações com potencial de desencadear ou inibir contrações involuntárias do detrusor (CID). A cateterização da uretra pode ser dolorosa ou causar lesões. Assim, essas condições podem suprimir o reflexo miccional. Este capítulo ressalta a importância da seleção apropriada do paciente, o rigor da técnica, a interpretação meticulosa dos dados e um entendimento das condições que podem interferir nos resultados dos testes.
EQUIPAMENTO
Há uma diversidade considerável de aparelhos disponíveis para urodinâmica, compatíveis ou não com vídeo. Muitas empresas oferecem equipamento urodinâmico com diferentes complexidades, variando em custo, tamanho, portabilidade e compatibilidade com modalidade de imagens (unidade fixa de radioscopia, unidades portáteis de arco em C
e de ultrassom etc.). Um exemplo de aparelho de urodinâmica acoplado ao arco em C
é