Dossiê de pesquisa de Rasga coração
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Apesar de subsídio de pesquisa para Rasga coração, este dossiê é tão rico que permite leitura independente.
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Dossiê de pesquisa de Rasga coração - Oduvaldo Vianna Filho
Capa
Rosto
Apresentação
Maria Sílvia Betti
Nota editorial
Dicionário de gírias
Música brasileira
Rio década de 1930
Rio antigo
Nomes
Piadas
Gírias e expressões
História e política
Febre amarela
Juventude
Falas
Notas
Sobre o autor
Sobre a organizadora
Créditos
Editora
Landmarks
Cover
Title Page
Table of Contents
Rear Notes
Copyright Page
Colophon
Apresentação
Maria Sílvia Betti
Escrever Rasga coração demandou a Vianna etapas de trabalho diferentes das envolvidas em todas suas obras anteriores. A peça colocava em foco o militante anônimo do PCB, seu cotidiano e seus ideais políticos, mas o fazia de forma inseparável de uma grande síntese da vida histórica do país. A concepção dramatúrgica demandava o acompanhamento de três sucessivas gerações de uma mesma família, e tinha como balizas históricas o declínio da velha República, de um lado, e o período da articulação da contracultura e das manifestações hippies no Brasil, do outro. Tratava-se de um imenso painel em que as questões históricas e políticas não eram mero pano de fundo para a ação dramática, pois faziam contraponto épico a ela, e construíam processos paralelos de espaço e de tempo. Dar materialidade dramatúrgica e cênica a um recorte temático de tão grande envergadura requeria pesquisa extensa e minuciosa de caráter documental, sociológico, linguístico e musicológico. Para realizá-la, Vianna contou com a colaboração de Maria Célia Teixeira, jornalista a quem já havia recorrido na época em que trabalhara na TV Tupi do Rio de Janeiro.
O percurso de pesquisa, iniciado em 1971, estendeu-se por cerca de dois anos de trabalho conjunto, e resultou num riquíssimo levantamento histórico-documental registrado em um dossiê de 154 páginas datilografadas em espaço um em folhas de tamanho ofício. O material nele compilado provém das anotações feitas a partir de fontes primárias e bibliográficas consultadas nos acervos da Biblioteca Nacional e da Discoteca Pública do Rio de Janeiro, e foi organizado em onze capítulos ou seções, apresentando um espectro impressionantemente amplo e detalhado de observação. Interessavam a Vianna os registros miúdos da história cotidiana veiculada nos jornais e revistas, nos anúncios de bondes, nos reclames de rádio, nas charges e nas ilustrações de época. Interessavam-no as transformações que foram se evidenciando por meio das grandes reformas urbanas, das ocorrências ligadas aos movimentos de luta sindical e partidária, dos estilos de vestimentas e cabelos, dos hábitos de consumo, dos gêneros musicais e dos sucessos do cinema e do rádio.
Um dos focos de particular destaque na pesquisa realizada diz respeito às características expressivas e léxicas da língua falada nas primeiras décadas do século XX, que resultou num dicionário de gírias com um total de 527 palavras, 460 expressões e 95 provérbios.
A pesquisa privilegiou também o levantamento dos primeiros registros sonoros do início do século, a compilação de pregões dos vendedores ambulantes do Rio de Janeiro, o gradual desaparecimento do mundo da boêmia, das modinhas e serenatas, o inventário ano a ano dos sucessos carnavalescos de 1929 a 1939, a relação de compositores, letristas e conjuntos vocais, os grandes sucessos radiofônicos da década de 1930, os blocos carnavalescos, as canções e orquestras.
O papel da música na pesquisa realizada foi determinante para a função épica que ela veio a exercer dentro da peça. Não casualmente, foi no percurso musical do levantamento realizado por Vianna e Maria Célia que se daria a descoberta da valsa que viria a dar título ao trabalho: Rasga o coração
, de Catulo da Paixão Cearerense e Anacleto de Medeiros.
Também fundamentais foram as observações tomadas aos registros jornalísticos da vida nacional: anotações relativas à epidemia de febre amarela que se alastrava pelo Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século, compilações de piadas envolvendo figuras-chave da vida política nacional, e registros das transformações impostas à feição urbana do Rio de Janeiro do início do século aos anos 1930.
Nada escapou à atenção documental de Vianna: anúncios, classificados, listas de preços, remédios, artigos de toucador e higiene, roupas e vestuário, cigarros, cabarés, restaurantes, cinemas, filmes, seriados, escalação de seleções de futebol e lista de trabalhos curiosos.
O foco na história não oficial e na luta anônima dos militantes da esquerda serviu a ele como a espinha dorsal para o registro da história política do país em seu sentido mais amplo e dentro da conjuntura imposta pelo regime autoritário e pelo cerceamento da liberdade de expressão. A partir do material levantado, Rasga coração traz à cena a memória histórica de momentos cruciais das lutas, dos impasses e das transformações que foram se sucendendo na configuração do Estado em sua relação com as classes trabalhadoras. Assim, de forma inédita a peça evoca a campanha de saneamento do Rio de Janeiro em 1902, durante a presidência de Rodrigues Alves, a Revolta da Vacina, por ocasião do surto de febre amarela em 1904 e da campanha de Oswaldo Cruz, o levante do forte de Copacabana em 1922, a Revolução de 1930, o movimento dos tenentes, sua radicalização e esvaziamento em 1934, a industrialização do país, as leis trabalhistas sob Getúlio Vargas e a Campanha pela Petrobras.
A consulta à hemeroteca da Biblioteca Nacional permitiu que Vianna e Maria Célia estendessem a pesquisa para além dos jornais de maior circulação e cobrissem também jornais e periódicos de esquerda, abrindo assim um escopo de levantamento inédito dentro do campo da dramaturgia.
Extremamente desafiador, dentro do recorte temático que interessava a Vianna, foi realizar o levantamento de trabalhos que lhe dessem elementos para a figuração dramatúrgica da contracultura e do ideário hippie, norteadores comportamentais dos jovens dos primeiros anos da década de 1970. Tratava-se de um campo de convívio e expressão que lhe era pouco familiar, e do qual não havia, ainda, acervos ou registros de pesquisa constituídos. Dois livros foram fundamentais para essa finalidade e lhe deram subsídios importantes para a figuração dramatúrgica das personagens Luca e Milena: O despertar dos mágicos. Introdução ao realismo fantástico, de Louis Pauwels e Jacques Bergier, e A contracultura, de Theodore Roszak, obras emblemáticas do chamado pensamento contracultural dos anos 1960 em seus contextos de origem. As anotações compiladas no Dossiê de pesquisa evidenciam uma leitura particularmente detalhista e atenta do primeiro e a seleção de trechos extensos do segundo, que reverberam intensamente na cena em que ocorre a discussão entre Manguari Pistolão e Luca, no segundo ato da peça.
O segmento final do Dossiê de pesquisa, e talvez o mais instigante para o estudo dos bastidores da criação da peça, é justamente o menos organizado no que diz respeito ao material documental ou bibliográfico reunido. A parte inicial, composta por uma relação de nomes e perfis de personagens não incluídas no texto final, é intercalada a anotações sobre o pensamento de Lutero e a reforma protestante, por um breve apontamento tomado a Hegel, e pelo levantamento de provérbios já mencionado. Um longo trecho com falas esboçadas e não integralmente utilizadas de personagens centrais, como Manguari e Luca, alinha-se a falas de personagens não incluídas no texto final e a excertos anotados (embora sem remissão a fontes) de trabalhos de filósofos e teóricos.
Do caráter em bruto do material relativo às falas, infere-se que ele provavelmente resultou da reunião de várias elaborações experimentais. Estas parecem ter servido a Vianna como uma espécie de laboratório
de fragmentos utilizáveis para a criação das personagens e a configuração da matéria histórica e comportamental. Em alguns casos, os fragmentos sugerem associações com figuras históricas das lutas políticas da esquerda no país, como é o caso de Barata Moço / Menino / Barata Velho, que evocam a figura do militante Agildo Barata, participante de destaque na chamada Intentona Comunista de 1935.
Ao mesmo tempo, os nomes Barata Moço e Barata Velho, não utilizados, associam-se claramente às personagens Camargo Moço e Camargo Velho, que acabaram sendo preferidos por Vianna.
Chamam particular atenção, nesse segmento final do Dossiê, a extensão de algumas falas não aproveitadas de personagens do núcleo central, como Manguari Pistolão e Luca, e do núcleo histórico, como Castro Cott e Lorde Bundinha. Vianna parece ter dado voz
a essas personagens, nesse patamar experimental, para além daquilo que ele próprio desejaria na versão final do texto. Isso parece ter sido decisivo para que ele ouvisse
essas personagens em seu fluxo particular de expressão e em sua linha de raciocínio e empreendesse os recortes necessários. A leitura dessas falas, cotejada à leitura da forma que viriam a ganhar, é fundamental para que o leitor se dê conta da extraordinária complexidade compositiva demandada pela peça.
Vianna preocupa-se em estabelecer para si parâmetros que viriam a auxiliá-lo no delineamento de determinadas personagens e situações à luz da matéria histórica que tinha em mãos. É o que ocorre no pequeno texto intitulado Como fazer para distinguir 666 de Castro Cott
, ou nas anotações intituladas Castro Cott atualizado
, Bundinha com medo
e Lorde Bundinha morre
.
São dignos de nota, ainda, a abrangência e o detalhamento com que os apontamentos de Vianna registram cifras, valores salariais de diferentes períodos e preços de mercadorias, trabalhando concretamente, como pilar central de seu mecanismo de criação, a partir das condições materiais de subsistência da classe trabalhadora.
Nenhuma outra peça da dramaturgia brasileira, até o momento em que nos encontramos, envolveu tantas camadas de matéria histórica tão densamente constituídas e dramaturgicamente representadas como Rasga coração o faz em seu monumental painel épico da vida nacional no século XX. O Dossiê de pesquisa aqui apresentado é fundamental para que essas camadas sejam percorridas, no ato da leitura e da encenação, com a devida consciência de sua importância reveladora.
Nota editorial
Por se tratar de anotações não concluídas, coletadas sem o objetivo de divulgação, o Dossiê de pesquisa possui partes que poderiam trazer dificuldades de compreensão ao leitor atual. Visando sanar tais dificuldades, a presente edição incluiu notas que ora completam informações não fornecidas pelo autor e sua parceira de pesquisa, Maria Célia Teixeira, ora explicitam a origem do conteúdo. Todas as inserções foram indicadas ao longo do livro a fim de diferenciá-las do texto original, mantendo assim seu caráter fragmentário. Além das notas, o Dicionário de gírias
, a lista Gírias e expressões
e os provérbios foram organizados por ordem alfabética, e a ortografia atualizada.
Dicionário de gírias
1930 | 1940
a
Abacaxi: coisa difícil, abarbado
Abadessa: cafetina
Abafar: furtar
Abanos: orelhas
Abarbado: atrapalhado
Abarracar: esconder-se
Abonado: com dinheiro
Abotoar: agredir
Acender: atirar-se resoluto
Aceso: corajoso, possesso
Achavascado: de forma tosca
Açougue: alcoice
Afinfar: bater, espancar
Água: coisa fácil
Alapado: escondido
Alcides: tímido, medroso
Alegre: relógio de parede
Alfinete: faca
Algum: dinheiro
Alicerce: o pé
Almofadinha: elegante, afetado, grã-fino
Ancu: alerta
Andorinha: vendedor clandestino de vestidos e chapéus
Apitar: aparecer, surgir
Apito: condição, ofício
Apre!: exclamação de surpresa, irritação
Aprumar: enfrentar
Aquele: a pessoa com quem se fala, fulano
Aranin: moça bonita
Arapuca: sedução, embuste, armadilha, ardil
Arara: calouro, inexperiente
Ararismo: ação do calouro, inexperie
Arataca: bengala, cacete, arma de ataque, agressão
Arranha-céu: prédio alto, moderno
Arrastado: baile de estrondo
Arrebiques: enfeites, exageros: atitude pundonorosa
Arrebita: o mesmo que arrebiques
Arrepiado: corajoso, cínico
Arrocho: baile, auge da festa ou luta
Arromba: grande, bom, animado
Arrumar: atirar algo à distância
Assustado: baile, dança
Atamancado: grosseiro
Atentar: apoquentar, atochar, espancar
Atracar: galantear uma mulher
Avança: comer desabridamente, ladroagem
Azedo: antipático
Azeitar: namorar
Azeite: namoro
Azeite!: exclamação não dando importância
Azeiteiro: namorador, conquistador
Azougue: esperto, expedito
Azular: fugir
b
Babado: apaixonado
Babanin: mulher bonita
Bacamarte: esperto, hábil
Bacan, bacano: homem rico
Bachicha: estrangeiros
Bacurau: tipo feio
Baeta: fulano, de boa qualidade
Bagageiro: atrasado
Bagagem: último lugar
Bagalhoça: dinheiro em quantidade
Baia: quarto
Baiaco: mulher feia
Baiquara: caipira
Baita: bom, apreciável, bonito
Baitaca: de boa qualidade
Bajoujo: bajulação, baboso, apaixonado
Balandrau: casaca, sobretudo
Bambacuar: dançar
Bambo: apaixonado, indeciso, atrapalhado
Bambochata: patuscada, orgia, extravagâncias
Bambúrrio, banana: palerma, moleirão
Bamburrista: fortuna inesperada, acaso, sorte no jogo
Bangalô: bungalow, casa
Banho: tombo
Banzê: contenda, discussão
Banzeiro: triste
Baque: felicidade
Barata: automóvel pequeno
Barbante: de má qualidade, ordinário
Barraca: guarda-chuva
Barregã: concubina
Barregueiro: amante, concubinato
Barriga: embuste, logro
Batata: asneira, parvoíce
Batuta: sujeito bacana
Babau: perdeu-se, adeus, foi-se
Bazulanque: guisado de fígado e de bofe
Bebestíveis: bebidas alcóolicas
Bebido: embriagado
Beco: dificuldade, entalação
Befá: cantoria, musicata
Beiço: mentira, prosápia, desprezo
Belchior: roupavelheiro, adelo
Beldroega: fulano, tipo
Belisário: moeda de cinquenta réis, nome do ministro que a fez circular
Bestar: dizer tolices
Biaba: sova, surra
Bicanca: nariz grande
Bicho: indivíduo, tipo valente, importante
Bico: pequenos negócios
Bicota: beijo
Bilontra: vadio bem trajado (1910)
Biltre: sujeito que se mete onde não é chamado
Biombo: roupa
Biraia: mulher chula
Birguela: viola
Biriba: provinciano
Bisca: tipo matreiro, de má fama, malvada
Boamba: moamba
Bodega: coisa que não presta, casa de bebida
Boi: meretriz
Boiar: errar, dançar mal
Bolostroca: coisa malfeita
Bomba: fôlego
Bomborda: bunda
Borboleta: meretriz de luxo
Bordejar: ladear, flanquear
Bordelengo, bordeleiro: frequentador de bordéis (1910)
Borduna: surra
Boulevar: boulevard, rua
Brazurura: valente
Broma: bronca, alarma, escândalo
Bronze: dinheiro
Bruaca: prostituta
Bruega: bebedeira, chuva passageira, garoa, desordem
Bruzundanga: pessoa sem valor
Bufar: exasperar-se, protestar
Buzarate: fátuo, fanfarrão
c
Cabrocha: mulata
Cabuloso: antipático, enguiçador, que não dá sorte
Cabungo: tipo desclassificado
Cacete: pessoa inoportuna
Cachamorrada: pancada com a cachamorra, cacetada, cacete
Cachorro: bunda de mulher
Cafarnaum: depósito de coisas velhas, lugar de
tumulto (1910)
Cafundó: longínquo
Caganinfância: coisa insignificante, homem de
pequena estatura
Caiar: pintar o rosto
Calamocar: bater na cabeça
Calçadeira: golpear com o pé
Calomelanos: qualquer droga, remédios
Calunga: figura, boneco
Cambachilras: negaças de capoeira antes da briga
Candongas: feitiços, sorte, pretextos, amores
Canfinfa: infelicidade
Canivado: embriagado
Canjerê: sessão de feitiçaria com dança
Canudo: situação difícil
Capadócio: imbecil, parlapatão, fanfarrão, de maneiras acanalhadas
Caraminguás: dinheiro
Carapicu: meia passagem nos bondes, tipo sem valia
Carcamano: mascate
Caroço: baile de estrondo
Carranca: pessoa apegada ao passado
Casaca: afilhado, protegido
Casquilharia: tafularia, trajes ou enfeitos de casquilho
Casquilho: elegante, vestido com afetação
Casquinha: sujeito que se aproveita da situação
Castigo: ofício, trabalho, dever
Cataplasma: moleirão, vagaroso, palerma
Catatau: caralho, castigo, pancada, falatório, discussão
Catedrático: chope duplo
Caticó, caga baixinho: sujeito pequeno
Católico: que não se embriaga, limpo, asseado
Catraia: meretriz
Caturrita: homem baixo
Cavanha: cavanhaque
Caxinguelê: feio, velhaco, astuto
Caxiranguengues: faca velha e imprestável, coisas velhas
Chalaça: chocarrices
Chanfalho: espada velha, instrumento deteriorado, desafinado
Chanfana: guisado de fígado
Chatô: château, casa, lar, ninho, aposento, morada
Chavasco: bronco, grosseria, truanice
Chererém: garoa (1910)
Chichisbéu: o que galanteia senhoras inoportunamente (1910)
Chinfrim, chinfrinada, chinfrineira, chinfrinar: insignificante, reles, ridicularizar, mexer
Chiquismo, chic: elegância, elegante
Chocar: namorar
Chuchar: receber, mamar
Chumbação: paixão, amor constante
Chupeta: boceta
Chuva: embriaguez
Circuncisfláustico: pretencioso, dado à transcendência, triste
Cobre: dinheiro
Cocote: prostituta de gala, atrizes de teatro de revista
Coió: namorador
Colosso: formidável, muito bom, o melhor
Cômicas: prostitutas
Comilância: patifaria, ladroagem
Compasso: as pernas
Cornimboque: ponta de chifre do boi que serve de caixa de tabaco
Coscuvilhar: fazer mexericos
Cotuba: bacana, bom
Coxamblância: subterfúgio, contemporização, delícia, qualquer coisa
Cralhampana: almanjarra, trambolho
Crescer: atirar-se resoluto
Crespo: atrevido, valente, exaltado
Cuerereca: desempenado, habilidoso
Cujo: fulano, tipo
Cumbuca: violão
d
Degas: a pessoa que fala
Dengo: carinho
Derrengues: meneios
Derreter-se: ficar apaixonado
Desassisado: sem siso, sem juízo
Descocar-se: descaro, atrevimento, disparate
Desembestar: fugir, correr, falar sem parar, fazer besteirasseguidas
Deslizar: dançar
Destabocado, destabacado: sem papas na língua
Detraquê: meio louco
Donaire: elegância, compostura
Donato: morador de casa que vai ser assaltada
Dondoca, descoco: moça bonita e rica
Doutor: urinol
Dragão: comprador de objetos roubados
e
Embolar: brigar
Embrulho: ardil, trapaça, enganar
Encafifar: encabular
Encartolado: rico
Encomenda: feitiço, mandinga
Enfeitar-se: simular coragem
Enfiado: corrido, desmoralizado
Engabelar: enganar
Engasgar: dar-se por vencido
Engrossa: bajulador
Ensornar: demorar, remanchar, retardar
Entupigaitado: confuso, sem saída
Esbórnia: farra, bebedeira
Escabeche: disfarces, ornatos para encobrir defeitos
Escanifrado: muito magro, escanzelado, esgrouviado
Escanzurrado: cansado, sovado, estafado
Escova: maçador
Escovado: esperto
Esfulinhar: limpar do pó e das teias de aranha
Esparrame: agitação, rixa
Esquipático: esquisito, singular, extravagante
Estrafegar: estraçalhar
Estralada: confusão, briga, cólera, grande ruído, gritaria (1910)
Estrepe, estrupício: estrago, figura sem atrativo
Estroina: farrista, gastador, extravagante
f
Fandanguassu: grande baile, fandango grande
Faneca: magro
Fanicar: andar em busca de pequenos lucros
Fanico: migalha, fragmento, pequenos lucros
Farofa: prosápia, jactância
Farruma: estardalhaço
Fatia: mulher bonita
Fazenda: mulher bonita
Fezinha: jogar
Figuração: ginga, meneios, passos
Fisiolostria: aparência, fita
Flauteação, flautear: vadiar
Forreta: avaro
Forrobodó: festa animada, briga
Frajola: folgado, elegante, despreocupado, rico
Frandulagem: súcia de maltrapilhos, farraparia
Fricote: sestro, manha, dengue, luxo
Fritada: trapalhada, confusão
Fubeca: bordoada
Fulostreca: mulher sem préstimo, pessoa sem préstimo
Fundão: sítio afastado
Fungagá: cantoria, mau cheiro de banheiros públicos, orquestra desafinada
Futurista: sujeito extravagante, cheio de novidades
Fuzarca: farra
Fuzileiro: cigarro de marca inferior
Fuzuê: confusão, briga
g
Gabiroba: pau, surra, sova
Gabiru: rato enorme, conquistador
Gafanhoto: o fraque
Gaita: dinheiro
Gaivota: casaco, paletó
Gamela: boca
Gameleira: pau, cacete
Ganimedes: veado
Garabulha: confusão, embrulhada
Garafunhos: esgar, momices
Garage: bunda
Garapa: bom arranjo
Gaspar: caralho
Gasparinho: fração de bilhete de loteria
Gaudério: folgança, pândego, malandrim, vadio
Gazopas: embuste, mentira
Gentes!: expressão de admiração, espanto
Geringonça: calão, gíria, engenhoca
Giribita: aguardente
Girimum: murcho, cabisbaixo
Gomalina: almofadinha, grã-fino, metido a besta, sabujo
Gorda: pândega
Gramar: namorar
Grazinar: falar alto e muito
Gregotins: esgar, momices
Grelação: namorar
Grimpa: cabeça
Guarabu: cacete grosso, velho de guerra, adestrado
Guil: o que não conhece a cidade, recém-chegado
h
Holofote: bunda
i
Influído: jovial, divertido
Infunicar: desfigurar, mascarar
Irra!: expressão de raiva
It: elegância, toque
j
Jarreta: pessoa que se veste mal ou à antiga
Jiga-joga: vaivém, gangorra, qualquer coisa
Jurujuba: camaradinha
Jururu: triste, desanimado, murcho
l
Labrego: bronco, boçal
Lambari: coió
Lambido: embriagado
Lapônio: pateta, idiota (1910)
Lasqueiro: bunda
Laxinzinho: bondoso
Lombeira: cansaço
Lobrego: soturno, triste, escuro,