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Dossiê de pesquisa de Rasga coração
Dossiê de pesquisa de Rasga coração
Dossiê de pesquisa de Rasga coração
E-book343 páginas3 horas

Dossiê de pesquisa de Rasga coração

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Sobre este e-book

Para que pudesse apresentar tamanho panorama histórico em sua obra-prima, a peça Rasga coração, Oduvaldo Vianna Filho pesquisou durante mais de um ano na Biblioteca Nacional. Com ajuda da jornalista Maria Célia Teixeira, registrou manchetes, anúncios, músicas, paródias e piadas, nomes de remédios, provérbios, gírias e expressões e rascunhos de falas de seus personagens. Todo esse rico material foi compilado no Dossiê de pesquisa de Rasga coração, que dá ao leitor a oportunidade de vasculhar os bastidores de criação do dramaturgo e ver de perto o Brasil a partir da década de 1910.

Apesar de subsídio de pesquisa para Rasga coração, este dossiê é tão rico que permite leitura independente.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de set. de 2020
ISBN9786587243085
Dossiê de pesquisa de Rasga coração

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    Dossiê de pesquisa de Rasga coração - Oduvaldo Vianna Filho

    Capa

    Rosto

    Apresentação

    Maria Sílvia Betti

    Nota editorial

    Dicionário de gírias

    Música brasileira

    Rio década de 1930

    Rio antigo

    Nomes

    Piadas

    Gírias e expressões

    História e política

    Febre amarela

    Juventude

    Falas

    Notas

    Sobre o autor

    Sobre a organizadora

    Créditos

    Editora

    Landmarks

    Cover

    Title Page

    Table of Contents

    Rear Notes

    Copyright Page

    Colophon

    Apresentação

    Maria Sílvia Betti

    Escrever Rasga coração demandou a Vianna etapas de trabalho diferentes das envolvidas em todas suas obras anteriores. A peça colocava em foco o militante anônimo do PCB, seu cotidiano e seus ideais políticos, mas o fazia de forma inseparável de uma grande síntese da vida histórica do país. A concepção dramatúrgica demandava o acompanhamento de três sucessivas gerações de uma mesma família, e tinha como balizas históricas o declínio da velha República, de um lado, e o período da articulação da contracultura e das manifestações hippies no Brasil, do outro. Tratava-se de um imenso painel em que as questões históricas e políticas não eram mero pano de fundo para a ação dramática, pois faziam contraponto épico a ela, e construíam processos paralelos de espaço e de tempo. Dar materialidade dramatúrgica e cênica a um recorte temático de tão grande envergadura requeria pesquisa extensa e minuciosa de caráter documental, sociológico, linguístico e musicológico. Para realizá-la, Vianna contou com a colaboração de Maria Célia Teixeira, jornalista a quem já havia recorrido na época em que trabalhara na TV Tupi do Rio de Janeiro.

    O percurso de pesquisa, iniciado em 1971, estendeu-se por cerca de dois anos de trabalho conjunto, e resultou num riquíssimo levantamento histórico-documental registrado em um dossiê de 154 páginas datilografadas em espaço um em folhas de tamanho ofício. O material nele compilado provém das anotações feitas a partir de fontes primárias e bibliográficas consultadas nos acervos da Biblioteca Nacional e da Discoteca Pública do Rio de Janeiro, e foi organizado em onze capítulos ou seções, apresentando um espectro impressionantemente amplo e detalhado de observação. Interessavam a Vianna os registros miúdos da história cotidiana veiculada nos jornais e revistas, nos anúncios de bondes, nos reclames de rádio, nas charges e nas ilustrações de época. Interessavam-no as transformações que foram se evidenciando por meio das grandes reformas urbanas, das ocorrências ligadas aos movimentos de luta sindical e partidária, dos estilos de vestimentas e cabelos, dos hábitos de consumo, dos gêneros musicais e dos sucessos do cinema e do rádio.

    Um dos focos de particular destaque na pesquisa realizada diz respeito às características expressivas e léxicas da língua falada nas primeiras décadas do século XX, que resultou num dicionário de gírias com um total de 527 palavras, 460 expressões e 95 provérbios.

    A pesquisa privilegiou também o levantamento dos primeiros registros sonoros do início do século, a compilação de pregões dos vendedores ambulantes do Rio de Janeiro, o gradual desaparecimento do mundo da boêmia, das modinhas e serenatas, o inventário ano a ano dos sucessos carnavalescos de 1929 a 1939, a relação de compositores, letristas e conjuntos vocais, os grandes sucessos radiofônicos da década de 1930, os blocos carnavalescos, as canções e orquestras.

    O papel da música na pesquisa realizada foi determinante para a função épica que ela veio a exercer dentro da peça. Não casualmente, foi no percurso musical do levantamento realizado por Vianna e Maria Célia que se daria a descoberta da valsa que viria a dar título ao trabalho: Rasga o coração, de Catulo da Paixão Cearerense e Anacleto de Medeiros.

    Também fundamentais foram as observações tomadas aos registros jornalísticos da vida nacional: anotações relativas à epidemia de febre amarela que se alastrava pelo Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século, compilações de piadas envolvendo figuras-chave da vida política nacional, e registros das transformações impostas à feição urbana do Rio de Janeiro do início do século aos anos 1930.

    Nada escapou à atenção documental de Vianna: anúncios, classificados, listas de preços, remédios, artigos de toucador e higiene, roupas e vestuário, cigarros, cabarés, restaurantes, cinemas, filmes, seriados, escalação de seleções de futebol e lista de trabalhos curiosos.

    O foco na história não oficial e na luta anônima dos militantes da esquerda serviu a ele como a espinha dorsal para o registro da história política do país em seu sentido mais amplo e dentro da conjuntura imposta pelo regime autoritário e pelo cerceamento da liberdade de expressão. A partir do material levantado, Rasga coração traz à cena a memória histórica de momentos cruciais das lutas, dos impasses e das transformações que foram se sucendendo na configuração do Estado em sua relação com as classes trabalhadoras. Assim, de forma inédita a peça evoca a campanha de saneamento do Rio de Janeiro em 1902, durante a presidência de Rodrigues Alves, a Revolta da Vacina, por ocasião do surto de febre amarela em 1904 e da campanha de Oswaldo Cruz, o levante do forte de Copacabana em 1922, a Revolução de 1930, o movimento dos tenentes, sua radicalização e esvaziamento em 1934, a industrialização do país, as leis trabalhistas sob Getúlio Vargas e a Campanha pela Petrobras.

    A consulta à hemeroteca da Biblioteca Nacional permitiu que Vianna e Maria Célia estendessem a pesquisa para além dos jornais de maior circulação e cobrissem também jornais e periódicos de esquerda, abrindo assim um escopo de levantamento inédito dentro do campo da dramaturgia.

    Extremamente desafiador, dentro do recorte temático que interessava a Vianna, foi realizar o levantamento de trabalhos que lhe dessem elementos para a figuração dramatúrgica da contracultura e do ideário hippie, norteadores comportamentais dos jovens dos primeiros anos da década de 1970. Tratava-se de um campo de convívio e expressão que lhe era pouco familiar, e do qual não havia, ainda, acervos ou registros de pesquisa constituídos. Dois livros foram fundamentais para essa finalidade e lhe deram subsídios importantes para a figuração dramatúrgica das personagens Luca e Milena: O despertar dos mágicos. Introdução ao realismo fantástico, de Louis Pauwels e Jacques Bergier, e A contracultura, de Theodore Roszak, obras emblemáticas do chamado pensamento contracultural dos anos 1960 em seus contextos de origem. As anotações compiladas no Dossiê de pesquisa evidenciam uma leitura particularmente detalhista e atenta do primeiro e a seleção de trechos extensos do segundo, que reverberam intensamente na cena em que ocorre a discussão entre Manguari Pistolão e Luca, no segundo ato da peça.

    O segmento final do Dossiê de pesquisa, e talvez o mais instigante para o estudo dos bastidores da criação da peça, é justamente o menos organizado no que diz respeito ao material documental ou bibliográfico reunido. A parte inicial, composta por uma relação de nomes e perfis de personagens não incluídas no texto final, é intercalada a anotações sobre o pensamento de Lutero e a reforma protestante, por um breve apontamento tomado a Hegel, e pelo levantamento de provérbios já mencionado. Um longo trecho com falas esboçadas e não integralmente utilizadas de personagens centrais, como Manguari e Luca, alinha-se a falas de personagens não incluídas no texto final e a excertos anotados (embora sem remissão a fontes) de trabalhos de filósofos e teóricos.

    Do caráter em bruto do material relativo às falas, infere-se que ele provavelmente resultou da reunião de várias elaborações experimentais. Estas parecem ter servido a Vianna como uma espécie de laboratório de fragmentos utilizáveis para a criação das personagens e a configuração da matéria histórica e comportamental. Em alguns casos, os fragmentos sugerem associações com figuras históricas das lutas políticas da esquerda no país, como é o caso de Barata Moço / Menino / Barata Velho, que evocam a figura do militante Agildo Barata, participante de destaque na chamada Intentona Comunista de 1935.

    Ao mesmo tempo, os nomes Barata Moço e Barata Velho, não utilizados, associam-se claramente às personagens Camargo Moço e Camargo Velho, que acabaram sendo preferidos por Vianna.

    Chamam particular atenção, nesse segmento final do Dossiê, a extensão de algumas falas não aproveitadas de personagens do núcleo central, como Manguari Pistolão e Luca, e do núcleo histórico, como Castro Cott e Lorde Bundinha. Vianna parece ter dado voz a essas personagens, nesse patamar experimental, para além daquilo que ele próprio desejaria na versão final do texto. Isso parece ter sido decisivo para que ele ouvisse essas personagens em seu fluxo particular de expressão e em sua linha de raciocínio e empreendesse os recortes necessários. A leitura dessas falas, cotejada à leitura da forma que viriam a ganhar, é fundamental para que o leitor se dê conta da extraordinária complexidade compositiva demandada pela peça.

    Vianna preocupa-se em estabelecer para si parâmetros que viriam a auxiliá-lo no delineamento de determinadas personagens e situações à luz da matéria histórica que tinha em mãos. É o que ocorre no pequeno texto intitulado Como fazer para distinguir 666 de Castro Cott, ou nas anotações intituladas Castro Cott atualizado, Bundinha com medo e Lorde Bundinha morre.

    São dignos de nota, ainda, a abrangência e o detalhamento com que os apontamentos de Vianna registram cifras, valores salariais de diferentes períodos e preços de mercadorias, trabalhando concretamente, como pilar central de seu mecanismo de criação, a partir das condições materiais de subsistência da classe trabalhadora.

    Nenhuma outra peça da dramaturgia brasileira, até o momento em que nos encontramos, envolveu tantas camadas de matéria histórica tão densamente constituídas e dramaturgicamente representadas como Rasga coração o faz em seu monumental painel épico da vida nacional no século XX. O Dossiê de pesquisa aqui apresentado é fundamental para que essas camadas sejam percorridas, no ato da leitura e da encenação, com a devida consciência de sua importância reveladora.

    Nota editorial

    Por se tratar de anotações não concluídas, coletadas sem o objetivo de divulgação, o Dossiê de pesquisa possui partes que poderiam trazer dificuldades de compreensão ao leitor atual. Visando sanar tais dificuldades, a presente edição incluiu notas que ora completam informações não fornecidas pelo autor e sua parceira de pesquisa, Maria Célia Teixeira, ora explicitam a origem do conteúdo. Todas as inserções foram indicadas ao longo do livro a fim de diferenciá-las do texto original, mantendo assim seu caráter fragmentário. Além das notas, o Dicionário de gírias, a lista Gírias e expressões e os provérbios foram organizados por ordem alfabética, e a ortografia atualizada.

    Dicionário de gírias

    1930 | 1940

    a

    Abacaxi: coisa difícil, abarbado

    Abadessa: cafetina

    Abafar: furtar

    Abanos: orelhas

    Abarbado: atrapalhado

    Abarracar: esconder-se

    Abonado: com dinheiro

    Abotoar: agredir

    Acender: atirar-se resoluto

    Aceso: corajoso, possesso

    Achavascado: de forma tosca

    Açougue: alcoice

    Afinfar: bater, espancar

    Água: coisa fácil

    Alapado: escondido

    Alcides: tímido, medroso

    Alegre: relógio de parede

    Alfinete: faca

    Algum: dinheiro

    Alicerce: o pé

    Almofadinha: elegante, afetado, grã-fino

    Ancu: alerta

    Andorinha: vendedor clandestino de vestidos e chapéus

    Apitar: aparecer, surgir

    Apito: condição, ofício

    Apre!: exclamação de surpresa, irritação

    Aprumar: enfrentar

    Aquele: a pessoa com quem se fala, fulano

    Aranin: moça bonita

    Arapuca: sedução, embuste, armadilha, ardil

    Arara: calouro, inexperiente

    Ararismo: ação do calouro, inexperie

    Arataca: bengala, cacete, arma de ataque, agressão

    Arranha-céu: prédio alto, moderno

    Arrastado: baile de estrondo

    Arrebiques: enfeites, exageros: atitude pundonorosa

    Arrebita: o mesmo que arrebiques

    Arrepiado: corajoso, cínico

    Arrocho: baile, auge da festa ou luta

    Arromba: grande, bom, animado

    Arrumar: atirar algo à distância

    Assustado: baile, dança

    Atamancado: grosseiro

    Atentar: apoquentar, atochar, espancar

    Atracar: galantear uma mulher

    Avança: comer desabridamente, ladroagem

    Azedo: antipático

    Azeitar: namorar

    Azeite: namoro

    Azeite!: exclamação não dando importância

    Azeiteiro: namorador, conquistador

    Azougue: esperto, expedito

    Azular: fugir

    b

    Babado: apaixonado

    Babanin: mulher bonita

    Bacamarte: esperto, hábil

    Bacan, bacano: homem rico

    Bachicha: estrangeiros

    Bacurau: tipo feio

    Baeta: fulano, de boa qualidade

    Bagageiro: atrasado

    Bagagem: último lugar

    Bagalhoça: dinheiro em quantidade

    Baia: quarto

    Baiaco: mulher feia

    Baiquara: caipira

    Baita: bom, apreciável, bonito

    Baitaca: de boa qualidade

    Bajoujo: bajulação, baboso, apaixonado

    Balandrau: casaca, sobretudo

    Bambacuar: dançar

    Bambo: apaixonado, indeciso, atrapalhado

    Bambochata: patuscada, orgia, extravagâncias

    Bambúrrio, banana: palerma, moleirão

    Bamburrista: fortuna inesperada, acaso, sorte no jogo

    Bangalô: bungalow, casa

    Banho: tombo

    Banzê: contenda, discussão

    Banzeiro: triste

    Baque: felicidade

    Barata: automóvel pequeno

    Barbante: de má qualidade, ordinário

    Barraca: guarda-chuva

    Barregã: concubina

    Barregueiro: amante, concubinato

    Barriga: embuste, logro

    Batata: asneira, parvoíce

    Batuta: sujeito bacana

    Babau: perdeu-se, adeus, foi-se

    Bazulanque: guisado de fígado e de bofe

    Bebestíveis: bebidas alcóolicas

    Bebido: embriagado

    Beco: dificuldade, entalação

    Befá: cantoria, musicata

    Beiço: mentira, prosápia, desprezo

    Belchior: roupavelheiro, adelo

    Beldroega: fulano, tipo

    Belisário: moeda de cinquenta réis, nome do ministro que a fez circular

    Bestar: dizer tolices

    Biaba: sova, surra

    Bicanca: nariz grande

    Bicho: indivíduo, tipo valente, importante

    Bico: pequenos negócios

    Bicota: beijo

    Bilontra: vadio bem trajado (1910)

    Biltre: sujeito que se mete onde não é chamado

    Biombo: roupa

    Biraia: mulher chula

    Birguela: viola

    Biriba: provinciano

    Bisca: tipo matreiro, de má fama, malvada

    Boamba: moamba

    Bodega: coisa que não presta, casa de bebida

    Boi: meretriz

    Boiar: errar, dançar mal

    Bolostroca: coisa malfeita

    Bomba: fôlego

    Bomborda: bunda

    Borboleta: meretriz de luxo

    Bordejar: ladear, flanquear

    Bordelengo, bordeleiro: frequentador de bordéis (1910)

    Borduna: surra

    Boulevar: boulevard, rua

    Brazurura: valente

    Broma: bronca, alarma, escândalo

    Bronze: dinheiro

    Bruaca: prostituta

    Bruega: bebedeira, chuva passageira, garoa, desordem

    Bruzundanga: pessoa sem valor

    Bufar: exasperar-se, protestar

    Buzarate: fátuo, fanfarrão

    c

    Cabrocha: mulata

    Cabuloso: antipático, enguiçador, que não dá sorte

    Cabungo: tipo desclassificado

    Cacete: pessoa inoportuna

    Cachamorrada: pancada com a cachamorra, cacetada, cacete

    Cachorro: bunda de mulher

    Cafarnaum: depósito de coisas velhas, lugar de

    tumulto (1910)

    Cafundó: longínquo

    Caganinfância: coisa insignificante, homem de

    pequena estatura

    Caiar: pintar o rosto

    Calamocar: bater na cabeça

    Calçadeira: golpear com o pé

    Calomelanos: qualquer droga, remédios

    Calunga: figura, boneco

    Cambachilras: negaças de capoeira antes da briga

    Candongas: feitiços, sorte, pretextos, amores

    Canfinfa: infelicidade

    Canivado: embriagado

    Canjerê: sessão de feitiçaria com dança

    Canudo: situação difícil

    Capadócio: imbecil, parlapatão, fanfarrão, de maneiras acanalhadas

    Caraminguás: dinheiro

    Carapicu: meia passagem nos bondes, tipo sem valia

    Carcamano: mascate

    Caroço: baile de estrondo

    Carranca: pessoa apegada ao passado

    Casaca: afilhado, protegido

    Casquilharia: tafularia, trajes ou enfeitos de casquilho

    Casquilho: elegante, vestido com afetação

    Casquinha: sujeito que se aproveita da situação

    Castigo: ofício, trabalho, dever

    Cataplasma: moleirão, vagaroso, palerma

    Catatau: caralho, castigo, pancada, falatório, discussão

    Catedrático: chope duplo

    Caticó, caga baixinho: sujeito pequeno

    Católico: que não se embriaga, limpo, asseado

    Catraia: meretriz

    Caturrita: homem baixo

    Cavanha: cavanhaque

    Caxinguelê: feio, velhaco, astuto

    Caxiranguengues: faca velha e imprestável, coisas velhas

    Chalaça: chocarrices

    Chanfalho: espada velha, instrumento deteriorado, desafinado

    Chanfana: guisado de fígado

    Chatô: château, casa, lar, ninho, aposento, morada

    Chavasco: bronco, grosseria, truanice

    Chererém: garoa (1910)

    Chichisbéu: o que galanteia senhoras inoportunamente (1910)

    Chinfrim, chinfrinada, chinfrineira, chinfrinar: insignificante, reles, ridicularizar, mexer

    Chiquismo, chic: elegância, elegante

    Chocar: namorar

    Chuchar: receber, mamar

    Chumbação: paixão, amor constante

    Chupeta: boceta

    Chuva: embriaguez

    Circuncisfláustico: pretencioso, dado à transcendência, triste

    Cobre: dinheiro

    Cocote: prostituta de gala, atrizes de teatro de revista

    Coió: namorador

    Colosso: formidável, muito bom, o melhor

    Cômicas: prostitutas

    Comilância: patifaria, ladroagem

    Compasso: as pernas

    Cornimboque: ponta de chifre do boi que serve de caixa de tabaco

    Coscuvilhar: fazer mexericos

    Cotuba: bacana, bom

    Coxamblância: subterfúgio, contemporização, delícia, qualquer coisa

    Cralhampana: almanjarra, trambolho

    Crescer: atirar-se resoluto

    Crespo: atrevido, valente, exaltado

    Cuerereca: desempenado, habilidoso

    Cujo: fulano, tipo

    Cumbuca: violão

    d

    Degas: a pessoa que fala

    Dengo: carinho

    Derrengues: meneios

    Derreter-se: ficar apaixonado

    Desassisado: sem siso, sem juízo

    Descocar-se: descaro, atrevimento, disparate

    Desembestar: fugir, correr, falar sem parar, fazer besteirasseguidas

    Deslizar: dançar

    Destabocado, destabacado: sem papas na língua

    Detraquê: meio louco

    Donaire: elegância, compostura

    Donato: morador de casa que vai ser assaltada

    Dondoca, descoco: moça bonita e rica

    Doutor: urinol

    Dragão: comprador de objetos roubados

    e

    Embolar: brigar

    Embrulho: ardil, trapaça, enganar

    Encafifar: encabular

    Encartolado: rico

    Encomenda: feitiço, mandinga

    Enfeitar-se: simular coragem

    Enfiado: corrido, desmoralizado

    Engabelar: enganar

    Engasgar: dar-se por vencido

    Engrossa: bajulador

    Ensornar: demorar, remanchar, retardar

    Entupigaitado: confuso, sem saída

    Esbórnia: farra, bebedeira

    Escabeche: disfarces, ornatos para encobrir defeitos

    Escanifrado: muito magro, escanzelado, esgrouviado

    Escanzurrado: cansado, sovado, estafado

    Escova: maçador

    Escovado: esperto

    Esfulinhar: limpar do pó e das teias de aranha

    Esparrame: agitação, rixa

    Esquipático: esquisito, singular, extravagante

    Estrafegar: estraçalhar

    Estralada: confusão, briga, cólera, grande ruído, gritaria (1910)

    Estrepe, estrupício: estrago, figura sem atrativo

    Estroina: farrista, gastador, extravagante

    f

    Fandanguassu: grande baile, fandango grande

    Faneca: magro

    Fanicar: andar em busca de pequenos lucros

    Fanico: migalha, fragmento, pequenos lucros

    Farofa: prosápia, jactância

    Farruma: estardalhaço

    Fatia: mulher bonita

    Fazenda: mulher bonita

    Fezinha: jogar

    Figuração: ginga, meneios, passos

    Fisiolostria: aparência, fita

    Flauteação, flautear: vadiar

    Forreta: avaro

    Forrobodó: festa animada, briga

    Frajola: folgado, elegante, despreocupado, rico

    Frandulagem: súcia de maltrapilhos, farraparia

    Fricote: sestro, manha, dengue, luxo

    Fritada: trapalhada, confusão

    Fubeca: bordoada

    Fulostreca: mulher sem préstimo, pessoa sem préstimo

    Fundão: sítio afastado

    Fungagá: cantoria, mau cheiro de banheiros públicos, orquestra desafinada

    Futurista: sujeito extravagante, cheio de novidades

    Fuzarca: farra

    Fuzileiro: cigarro de marca inferior

    Fuzuê: confusão, briga

    g

    Gabiroba: pau, surra, sova

    Gabiru: rato enorme, conquistador

    Gafanhoto: o fraque

    Gaita: dinheiro

    Gaivota: casaco, paletó

    Gamela: boca

    Gameleira: pau, cacete

    Ganimedes: veado

    Garabulha: confusão, embrulhada

    Garafunhos: esgar, momices

    Garage: bunda

    Garapa: bom arranjo

    Gaspar: caralho

    Gasparinho: fração de bilhete de loteria

    Gaudério: folgança, pândego, malandrim, vadio

    Gazopas: embuste, mentira

    Gentes!: expressão de admiração, espanto

    Geringonça: calão, gíria, engenhoca

    Giribita: aguardente

    Girimum: murcho, cabisbaixo

    Gomalina: almofadinha, grã-fino, metido a besta, sabujo

    Gorda: pândega

    Gramar: namorar

    Grazinar: falar alto e muito

    Gregotins: esgar, momices

    Grelação: namorar

    Grimpa: cabeça

    Guarabu: cacete grosso, velho de guerra, adestrado

    Guil: o que não conhece a cidade, recém-chegado

    h

    Holofote: bunda

    i

    Influído: jovial, divertido

    Infunicar: desfigurar, mascarar

    Irra!: expressão de raiva

    It: elegância, toque

    j

    Jarreta: pessoa que se veste mal ou à antiga

    Jiga-joga: vaivém, gangorra, qualquer coisa

    Jurujuba: camaradinha

    Jururu: triste, desanimado, murcho

    l

    Labrego: bronco, boçal

    Lambari: coió

    Lambido: embriagado

    Lapônio: pateta, idiota (1910)

    Lasqueiro: bunda

    Laxinzinho: bondoso

    Lombeira: cansaço

    Lobrego: soturno, triste, escuro,

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