O desejo de esquecer: Gonçalo M. Tavares e a epopeia
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O desejo de esquecer - Evelyn Blaut Fernandes
Sumário
1 | Uma viagem
2| Índia revisitada
3| A sabedoria
4| O esquecimento
5 | O desejo de esquecer
6 | Pós-escrito: dois itinerários
Referências bibliográficas
Origem dos textos
Agradecimentos
Texto de orelha
Sobre a autora
Quem pode ser do mundo tão quieto,
Ou quem terá tão livre o pensamento,
Quem tão experimentado e tão discreto,
Tão fora, enfim, de humano entendimento
Que, ou com público efeito, ou com secreto,
Lhe não revolva e espante o sentimento,
Deixando-lhe o juízo quase incerto,
ver e notar do mundo o desconcerto?
luís de camões
1 | Uma viagem
De qualquer maneira, Bloom, em pleno ar, lembrou-se
do mar.
(VI,¹ V, 18)
Tell me about a complicated man. Esta frase parece uma solução bem-sucedida de Emily Wilson ao traduzir para o inglês o primeiro verso da Odisseia² que resultou, na edição brasileira, traduzida por Frederico Lourenço, no verso: Fala-me, Musa, do homem astuto que tanto vagueou
. Recupero a argumentação de Caetano Galindo para o emprego do termo complicated como tradução do epíteto πολύτροπος (polítropos), porque a tradução de Wilson tem [] um lastro etimológico
.³ Além disso, esta frase aparentemente simples aproxima Ulisses da realidade contemporânea e, neste aspecto, embora a complicated man seja o herói homérico, poderia facilmente referir-se ao nosso herói
(VI, I, 10 ss.) que vive a realidade complicada do século xxi, de tal modo que Uma viagem à Índia apresenta condições de ser lida como uma old story for our modern times.⁴
Contudo, importam menos os paralelismos que se podem traçar com a Odisseia, Ulysses, ou mesmo Leaves of grass,⁵ do que as escolhas que determinam o intenso diálogo desta ambiciosa obra de Gonçalo M. Tavares com o seu tempo. A autoria dos poemas em versos hexâmetros compostos entre os séculos VIII a.C. e VII a.C., a especulação em torno da existência do aedo, a lenda que afirma ser cego e analfabeto o criador dos dois poemas seminais da literatura – nenhuma destas questões é tratada, pelo menos não diretamente, em Uma viagem à Índia. Nem o fato de Bloom ser um leitor (VI, VIII, 79) e, portanto, distante do tempo em que o canto não era transmitido pelo texto escrito. Aliás, podem ser apenas aparentes as referências às grandes epopeias, presentes no título do livro, na estrutura narrativa, no nome do protagonista.
Retirado do Ulysses, de James Joyce, Bloom é duplamente personagem de ficção. Este nome de uma herança literária moderna também aparece em A perna esquerda de Paris,⁶ interligando Uma viagem à Índia à série Bloom Books. Além disso, o próprio nome desvia-o da portugalidade. No entanto, se a identidade histórica é recusada, não se pode negar que Bloom pertence ao corpus cultural do português em peregrinação. Como sujeito em fuga, ele é produto de uma forma épica em constante desconcerto com o mundo contemporâneo marcado pelas consequências que o progresso tecnológico do século xx viabilizou através da industrialização e da reificação do homem: A vida é agora habitada por máquinas (sem cheiro) / e certas marcas de indústrias potentes ganham, a cada dia, / o nome que os grandes conquistadores perderam
(VI, I, 75).
As presenças deste nome em deslocamento na cultura ocidental também podem ser mapeadas na obra de Gonçalo M. Tavares. Na Biblioteca,⁷ Bloom
é um verbete que ironicamente sobrepõe o crítico norte-americano Harold Bloom e Leopold Bloom, protagonista de Ulysses. Depois, o nome reaparece nos verbetes destinados a James Joyce e a Enrique Vila-Matas. Num movimento que revisita o fazer literário destes dois autores, além de ironizar o teórico do cânone ocidental, Gonçalo M. Tavares (re)cria uma canônica personagem através de múltiplas associações. Ulysses não só empresta o nome da sua personagem, como traz implícita a alusão fundacional da Odisseia, que atua, de algum modo, como a pedra angular destas três obras – a de Camões, a de James Joyce e a de Gonçalo M. Tavares.
Nesta cartografia, Uma viagem à Índia segue um modo de composição a partir de narrativas breves que formam ficções desdobradas numa montagem díspar de anotações, circunstâncias e situações arranjadas em falsas histórias falsas. Através do recurso da anotação filosófica e/ou aforística do fragmento, alguns trechos breves podem sugerir, por vezes, que cada estrofe funciona de modo autônomo, como poemas inteiros, e não apenas como parte de um longo texto. O seu autor realiza uma articulação arqueológica do pensamento quando escreve comentários críticos e imaginários numa mistura informe de ficção e ensaio, tal qual a escrita de Ludwig Wittgenstein.
Os Lusíadas constituem matriz associada ao tema da viagem bem como a uma espécie de remake de alguns episódios da errância de Bloom, à estrutura, à divisão em dez cantos, cada um com o mesmo número de estrofes que a epopeia camoniana, embora as oitavas em decassílabos tenham sido substituídas por versos livres e de extensão variada que negam contemporaneamente a pureza dos gêneros. Do romance à parábola, passando pelo ensaio,⁸ mesmo quando escreve em forma de ficção pequenos fragmentos imaginativos que lembram as Investigações Filosóficas⁹ de Wittgenstein, o seu hibridismo é o seu reino e o seu reino é o reino do Entre
, onde o autor pode consolidar esta questão proposta por Musil: um homem que busca a verdade torna-se sábio; um homem que pretende dar rédea solta à subjectividade torna-se, talvez, escritor; e que fará um homem que busca algo que se situa entre essas duas hipóteses?
.¹⁰ A escolha pelo ensaio sinaliza a escolha por um gênero sem gênero
, se pensarmos num autor que explora as fronteiras (também) entre os gêneros literários, compondo uma espécie de investigação ficcional acerca do lugar do escritor contemporâneo, que se dedica a observar a vida nas suas esferas mais íntimas:
Encontro-me num compartimento
fechado.
O mundo visto daqui é uma obra de engenharia
feita pelo alfabeto
(VI, X, 146)
Curiosamente, os textos de Movimentos de pensamento,¹¹ outro livro de Wittgenstein, pertencem ao diário que o filósofo manteve nos períodos de 1930-32 e 1936-37, quando costumava anotar pensamentos, reflexões pessoais e ideias sobre história e cultura em inúmeros manuscritos (ou fichas, como Roland Barthes) que funcionam, por vezes, como uma ferramenta de compreensão filosófica. De modo análogo, pode-se ler Uma viagem à Índia como um procedimento em torno do fragmento que se anuncia como uma investigação entre a ficção e o ensaio, entre a complexidade das suas dinâmicas históricas e a pluralidade dos seus modos de pensar sobre o mundo.
De maneira similar ao da dança, o ensaio é uma utopia
, escreve João Barrento retomando um capítulo do Primeiro Livro d’O homem sem qualidades: [u]m ensaio é aquela configuração única e imutável que a vida interior de um homem assume num pensamento decisivo
.¹² Por trás de todas as ações de Bloom, o movimento é o grande tema impensado
.¹³ O ensaio ficcional, como um pensamento em composição, é um dos métodos de escrita num processo de experiência intelectual. Gonçalo M. Tavares faz do ensaio um ato em si, um movimento que se repete muitas vezes, uma série de passos incorporados ao corpo da escrita, ao provocar questões acerca do lugar da literatura no mundo contemporâneo. Este também é o papel do ensaio entendido numa variação, como método e modelo literário, procedimento de reflexão crítica, experimento intelectual, ação e repetição, experiência do corpo capaz de se mover e cometer desvios na história. Como proposição de escrita e como busca, o seu trabalho ficcional é movido pelo pensamento: [v]ê pois como pensar é acto potente / e os seus efeitos – as ideias – são matéria resistente
(VI, I, 40).
Dividido em fragmentos numerados e distribuídos nas páginas como se reproduzissem a forma do verso livre, ao mesmo tempo em que seguem o movimento contínuo de um poema longo, Uma viagem à Índia narra a trajetória de um homem entre as circunstâncias da vida cotidiana e os obstáculos que o século xxi tem a oferecer. Neste ponto de vista, questões inerentes a qualquer épico comparecem ao texto contemporâneo, embora alguns temas desta epopeia sejam mais facilmente encontrados em filmes como Mon Oncle¹⁴ do que n’Os Lusíadas. A odisseia deste Bloom, que tem mais de Stephen Dedalus do que de Leopold Bloom, começa pela Europa desorientada
¹⁵ do início deste século que, mal começou, continua permanentemente assombrado pelo século XX. Todo o seu complexo cotidiano é acompanhado, como no filme de Jacques Tati, pela oposição satírica entre a paleta rústica da vila idílica e o cenário sonoro urbano futurista:
Quase sufocado pela presença de tanta
coisa contemporânea,
Bloom, controlando-se, desviou a sua energia
para os problemas fundamentais e urgentes da cultura.
Será esta zona particularmente industrializada?
(VI, II, 9)
Navegando entre a contemporaneidade e a mitologia literária do Ocidente, entre a revisitação da paródia joyciana e a apropriação do épico através de uma série de textos do nosso imaginário de leitores, esta obra de Gonçalo M. Tavares revela-se paradigmática à medida que trata de uma viagem declaradamente ficcional e que, portanto, celebra o pensamento numa narrativa que desconstrói o cânone da viagem, reinventando o conceito e a forma de epopeia. Neste sentido, não é objetivo deste trabalho discutir se o livro publicado em 2010 é ou não um poema épico. Até Os Lusíadas já foram alvo de uma investigação persecutória como essa. Como Jorge de Sena,¹⁶ que tratou "de observar, estruturalmente, o que Camões fez", pretendo examinar Uma viagem à Índia a partir das suas semelhanças estruturais e tentar compreendê-la no contraste explícito que a prolonga em relação à epopeia camoniana. O título e a estrutura não ocultam alusões evidentes, fazendo da revisitação a lugares que nunca são os mesmos um vasto palimpsesto.
Desde a proposição do poema camoniano,¹⁷ fica estabelecida a relação de esquecimento que este confronto com o passado pretende anunciar. Em Uma viagem à Índia, as nove primeiras estâncias do primeiro canto começam por evocar fatos grandiosos do passado e a questionar se o nosso século é apto a oferecer matéria épica, de acordo com as normas clássicas, que seja capaz de construir uma epopeia ou que justifique que algo possa se chamar épico. Apesar de a ação desempenhar-se num determinado tempo e espaço, a construção do nosso herói
desobedece aos preceitos da epopeia que, desde a Poética de Aristóteles, inclui a teorização mais antiga sobre o gênero. A alteração da predominante figura heroica refere-se, neste caso, ao deslocamento de uma personagem que agencia a própria dimensão fictícia da literatura, revisitando sensivelmente a matéria épica e tornando-a antiépica. Retomando e desconstruindo a noção de epopeia, só por ironia Bloom pode ser designado o nosso herói
.
Mais do que mera referência, talvez Bloom seja uma transferência do Odisseu no Ulysses de James Joyce que protagoniza a epopeia portuguesa do século XXI ao mesmo tempo em que estabelece um tenso diálogo com a epopeia camoniana. De modo análogo, não se pretende esgotar as possibilidades de comparação entre Bloom e Ulisses, Molly e Penélope, Stephen e Telêmaco, ou a relação entre o capítulo do cemitério e a descida aos infernos, a visita a um pub e o encontro com os lestrigões canibais, o episódio do bordel com a ilha de Circe, a ilha dos Amores e a casa nos arredores de Paris.
Através do movimento circular do itinerário de Bloom, Uma viagem à Índia também leva a efeito um movimento dos contemporâneos aos antigos. Distanciadas pelo tempo, estas obras mantêm na pauta do dia os temas da viagem, da guerra e do amor, agora apropriados e atualizados através de aproximações e afastamentos. Assim como Camões, Gonçalo M. Tavares olha constantemente para o seu tempo e para a antiguidade, colocando o seu complicated man em paralelo com um herói português, grego, irlandês ou americano. Sem negar a concepção bakhtiniana da paródia como um recurso estilístico que recupera o discurso com o qual dialoga, Linda Hutcheon¹⁸ sugere que a ficção ocidental contemporânea funda o seu lugar na difusa tradição cultural que a cerca, fazendo com que a incorporação do velho ao novo seja um processo de desconstrução e reconstrução por meio de recursos estilísticos como a ironia e a inversão. Através de uma aparente paródia, Gonçalo M. Tavares glosa o épico camoniano ao mesmo tempo em que desconstrói a épica no interior da própria épica. Curiosamente, o Não falaremos
treze vezes repetido nessas nove estâncias encontra eco em Não se encontrará
, Não se fará menção
, Não haverá referência
com que Ernest Hemingway adverte os seus leitores no prefácio de Paris é uma festa. Porém, na estância seguinte, o narrador avisa:
Falaremos da hostilidade que Bloom,
o nosso herói,
revelou em relação ao passado,
levantando-se e partindo de Lisboa
numa viagem à Índia, em que procurou