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O ópio em ressonância
O ópio em ressonância
O ópio em ressonância
E-book113 páginas41 minutos

O ópio em ressonância

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Sobre este e-book

Quanto tempo dura o amor? Quais são as suas inúmeras e, muitas vezes, terríveis faces? Em "O ópio em ressonância" os lados mais sombrios e eróticos do amor são explorados. Através de uma série de poemas ébrios, acompanhamos desde a feitura do ópio na China às desventuras poliamorosas da personagem Glória.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento14 de jun. de 2021
ISBN9786556749082
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    O ópio em ressonância - MORAES JÚNIOR

    Emília

    A metafísica

    de ser mulher

    1

    Não temas a tua língua,

    Se tu achas que eu sou liberdade,

    Tenho-te a falar que sou treva.

    Olhai-me novamente: o que vês?

    Tu não enxergas porque és um trovador bêbado.

    Seria eu a água para teus lábios,

    porém, tu preferes o vinho, o gozo.

    Não bebas mais desta água.

    E vou deslizar os dedos nas pias vazias,

    Acalme-te nos leitos vazios da mente.

    Esqueces que não pisarás no chão de terra?

    Entenda que em teus pés não carregas o pó.

    E a altivez da tua voz será mais ouvida.

    Escapa-te desta orla de bebidas.

    Não haverá nauta para ti

    E serás mais atento agora?

    2

    Ama-te pelo sangue que corre dentro de ti

    E eu jamais terei orgulho do teu sangue;

    não haverá esplendor da tua carne

    Ávida fissura aberta no peito;

    Não existe o hoje, não haverá o amanhã.

    Ninguém irá costurar os trapos do passado.

    Onde estão as parcas?

    Embora eu te pareça mulher, não sou.

    Sou a intensidade do ar.

    Demasiado efeito vulcânico.

    Plenitude natural.

    3

    Se achas que no vinho encontrarás prazer: errôneo

    Se refazes para ti um burburinho de festa, cala-te.

    Se refazes para ti uma parábola da tua vida.

    Quem és tu sem o vinho?

    És a face de Dionísio bêbado a degolar ninfetas?

    Não é meu ofício descrever tuas indiscrições.

    Nenhuma sedução da magia

    Enrola teu braço no pescoço e diz:

    Quem és tu sem mim?

    Não sejas tolo, homem,

    nem tu que bebeste das festas celestes

    herdarás o silêncio de deus.

    Toma do cálice do vinho morno,

    antes macerado pelos pés,

    agora amaciado por suaves mãos de donzelas.

    Tu jamais, serás amavio: pois teu amor é o tinto.

    4

    Rede de inimizades,

    bordéis que ele nunca visitou.

    Faria dele um deus que largou seu poder?

    Não há por onde correr.

    E naquele encantado bordel:

    mulheres dançam,

    cachorros cagam para fora.

    Homens aproveitam do estado.

    Mas, o mais provado era o homem.

    E na larga escala por encontrar uma taça,

    o homem faz turbilhões de antiprazeres.

    Ele não tem gozo fácil.

    E elas têm?

    5

    A boca do homem cheira a rum.

    A gim.

    Qual é a medida do amor?

    Não existe uma dose.

    E tua boca está perdida.

    Cadê a tua vergonha?

    Não adianta cobri-la, ela está ali debaixo do pano.

    Movimento ardente que não existe reverso.

    Ele é um covarde que mija nas pernas o rum. O gim.

    E teu dente cariado abrirá profundamente.

    Dor.

    Sangue.

    Mas mesmo assim a compreensão será a bebida.

    Jogando ao zodíaco, não haverá outra fragmentação.

    Procura-te no espaço-zodíaco: a morte

    O teu rosto está perfurado por lanças e açoites.

    Cindida à qualquer coisa: a tua carne

    Pacto ainda não feito;

    riqueza sem destinação.

    Não existe a presença da Estrutura.

    O ar de alegria se foi.

    6

    A seiva da terra está amarga,

    outrora tão doce que virava formigas e abelhas.

    Desde então amarga; tão que nenhum bicho se aproxima.

    É seiva venenosa.

    Do suplício do suicida.

    Tu queres?

    Há de vir dias sem glórias

    Tremores nas mãos

    Tudo por causa da seiva.

    Não há uma história melhor.

    A seiva é o desamor.

    Da terra a seiva é do álcool,

    que viaja dentro do fígado.

    É o meu suplício para a seiva.

    Não há nitidez – o fazedor do veneno.

    Não existe suplício.

    É raro o singular elixir que se torna doce;

    É o acompanhante da seiva amarga.

    Jamais vou te ver

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