Laranjeiras: Casa, Claustro e Cataclismo
De Ulisses Dias
()
Sobre este e-book
Relacionado a Laranjeiras
Ebooks relacionados
, amor, Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO trato e a aposta: um casuísmo burlesco-agrestino Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInsulares Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCurar o ressentimento: O mal da amargura individual, coletiva e política Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMágoa Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA inadequação do espelho: a imagem dos excessos 2020 antítese 2021 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVidas Devastadas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPandemia em Crônicas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPanóptico Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLírios no Quintal Assombrado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA montanha: luz e escuridão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA vida incerta Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA morte manda lembrança Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPapeis de poesia: Machado & Mais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPalavras de mal-estar: sentimentos de angústia e inquietação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEm torno da imagem e da memória Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCom que sonhos essas camisolas dormem? Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSilogismos da amargura Nota: 4 de 5 estrelas4/5Caderno De Poemas: Diálogos Na Angústia Dos Tempos De Isolamento Nota: 0 de 5 estrelas0 notasJuventude, alegria Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMais do Mesmo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTesão de viver: Sobre alegria, esperança & morte Nota: 4 de 5 estrelas4/5Não é só Covid: MEDICAL / Mental Health Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPodia Ser Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Fratura Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEnsaio Sobre A Solidão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEstudos sobre Suicídio: Psicanálise e saúde mental Nota: 4 de 5 estrelas4/5Órfãos de São Paulo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Morte do Palhaço Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm Abismo Atrai o Outro Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Poesia para você
Desculpe o exagero, mas não sei sentir pouco Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Profeta Nota: 5 de 5 estrelas5/5Bukowski essencial: poesia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Coisas que guardei pra mim Nota: 4 de 5 estrelas4/5meu corpo minha casa Nota: 5 de 5 estrelas5/5o que o sol faz com as flores Nota: 4 de 5 estrelas4/5Se você me entende, por favor me explica Nota: 5 de 5 estrelas5/5Todas as flores que não te enviei Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tudo Nela Brilha E Queima Nota: 4 de 5 estrelas4/5A Odisseia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEu tenho sérios poemas mentais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Os Lusíadas (Anotado): Edição Especial de 450 Anos de Publicação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPra Você Que Sente Demais Nota: 4 de 5 estrelas4/5Todas as dores de que me libertei. E sobrevivi. Nota: 4 de 5 estrelas4/5Sede de me beber inteira: Poemas Nota: 4 de 5 estrelas4/5Sentimento do mundo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasJamais peço desculpas por me derramar Nota: 4 de 5 estrelas4/5Alguma poesia Nota: 4 de 5 estrelas4/5Laços Nota: 5 de 5 estrelas5/5Marília De Dirceu Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPara não desistir do amor Nota: 5 de 5 estrelas5/5Poemas de Álvaro Campos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAristóteles: Poética Nota: 5 de 5 estrelas5/5As palavras voam Nota: 5 de 5 estrelas5/5Poesias para me sentir viva Nota: 4 de 5 estrelas4/5Sonetos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAntologia Poética Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Navio Negreiro Nota: 5 de 5 estrelas5/5Textos Para Serem Lidos Com O Coração Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Categorias relacionadas
Avaliações de Laranjeiras
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Laranjeiras - Ulisses Dias
Apresentação
Imaginação – Imagem – Imaginário
Há mais de um século sabemos a importância da linguagem e do seu potencial de representação para que nos tornemos sujeitos de desejo. Mas será que as palavras são suficientes para traduzir a complexa experiência de ser?
Dissimulamos uma unidade do mundo, certa simetria ou reciprocidade em que partilhamos todos nós as mesmas significações, o mesmo sistema de representações. Mas o real é iminente, e retorna com as imagens que precisamos subtrair da realidade para que seja possível encobrir o contraditório (mas jamais apagar) e ver o mundo de maneira coerente. É o real que impõe limites, e restringe a visão de um sujeito a uma janela na Rua das Laranjeiras; a crise sanitária mundial trazida pelo coronavirus SARS-CoV-2 colocou a humanidade em alerta e a melhor defesa, ainda muito falha, que temos contra ele é o isolamento.
É com essa realidade dura que Ulisses se deparou neste ano de 2020, em que decidiu finalmente escrever um livro de poesias (ou não conseguiu escapar de escrevê-lo?). O primeiro sentimento enumerado nas "Notas explicativas" que inspira estes tempos sombrios é o medo. O sentimento que paralisa ou que move, frente ao qual não podemos fingir e nem dissimular. O medo é medo do real, medo do que não conseguimos representar em imagens, medo do que está para além dos limites até da nossa imaginação; é medo da morte, ou da fragmentação do nosso Eu. Ulisses lança olhar, portanto, para o fato de que somos frágeis frente ao caos do mundo em que vivemos.
O contemporâneo, portanto, é matéria de seus poemas. Contemporâneo porque é mesmo deste tempo de agora; contemporâneo porque lida com o cotidiano, com as partidas, com as pequenas alegrias e o inescapável sentimento de culpa de estar bem mesmo com o crescimento exponencial do número de contaminados e de mortos publicados diariamente nos jornais (Poema 48, de dois de maio). Mas contemporâneo sobretudo porque, como explica Agamben em sua lição inaugural para o curso de Filosofia Teorética ministrada na década passada, mantém fixo o olhar no seu tempo, para nele perceber não as luzes, mas o escuro
.
Há, ao longo do livro, uma exploração das sendas do tempo e do seu avesso; sua estrutura não é em seções ou qualquer outra arbitrariedade literária para inspirar uma significação específica, é em dias. Despindo-se de qualquer imaginação, volta sempre para o real. Lá encontra a podridão humana, a impossibilidade de ser livre e estar isolado em seu claustro, e a irrefreável realidade que chega com as notícias sobre os afetos e sobre a conclusão de que "A necropolítica não se importa com explicações" (Poema 66, de vinte de maio),