A formação social da personalidade do professor: um enfoque vigotskiano
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A formação social da personalidade do professor - Lígia Márcia Martins
capítulo um
A personalidade do professor em questão
Em pesquisas atuais, encontra-se uma referência crescente à importância da subjetividade do professor, tendo em vista o papel de sua expressão tanto no que se refere à sua formação quanto ao seu exercício profissional.
Afirmam-se novos pressupostos para a formação de professores fundados na promoção dos meios para o desenvolvimento do pensamento autônomo e no incentivo às estratégias de autoformação, nos quais grande ênfase é concedida ao desenvolvimento pessoal. As características pessoais, as vivências profissionais, as histórias de vida, a construção da identidade etc. com maior frequência tornam-se objetos da investigação educacional, que aponta a impropriedade de se estudar o ensino sem se levar em conta a subjetividade do professor.
Também compartilho dessa importância, e, exatamente por essa razão, considero premente a análise das expressões da personalidade do professor naquilo que realiza. Não obstante esse reconhecimento, entendo também imprescindível que se reconheça o empobrecimento, no capitalismo, do universo físico-material e humano que sustenta a construção da subjetividade da maioria das pessoas.
Assim sendo, para que possamos de fato conceber a personalidade do professor como uma das referências no trabalho pedagógico, considerando-a acréscimo de valor para ele, não podemos perder de vista a fetichização da personalidade, tão bem entalhada pela ideologia do capital. Para tanto, é premente a devolução
aos indivíduos de sua própria personalidade, ou seja, de sua essencialidade práxica. Nesse sentido, urge que se traga para as discussões sobre a subjetividade humana questionamentos acerca de suas reais possibilidades de desenvolvimento e de objetivação, uma vez que, como bem assinala Marx,
Até o presente os homens fizeram falsas representações sobre si mesmos, sobre o que são ou deveriam ser. Organizaram suas relações em função de representações que faziam de Deus, do homem normal etc. Os produtos de sua cabeça acabaram por se impor à sua própria cabeça. Eles, os criadores, renderam-se às suas próprias criações. Libertemo-los, pois, das quimeras, das ideias, dos dogmas, dos seres imaginários, sob o jugo dos quais definham. Revoltemo-nos contra este predomínio dos pensamentos. Ensinemos os homens a substituir estas fantasias por pensamentos que correspondam à essência dos homens [1987, p. 17].
1. A personalidade do professor e o destaque a ela conferido
No Brasil, Antônio Nóvoa tem sido uma das principais referências contemporâneas na disseminação de ideias que afirmam intercondicionabilidade entre a personalidade do professor e o trabalho docente. Esse autor (1997, p. 15-31) apresenta uma reflexão sistematizada sobre a formação profissional, especialmente sobre a formação de professores, cujos princípios orientadores se assentam na ênfase concedida à experiência profissional e à história de vida, entendendo que a formação profissional representa um processo de reflexão por meio de uma dinâmica de compreensão-retrospectiva
. Ou seja, pensar a formação do professor significa promover condições para que ele mesmo reflita sobre o modo pelo qual se forma. Nesse sentido, enfatiza a dimensão individual do processo de formação atribuindo grande importância à participação do sujeito nesse processo. A formação deve, acima de tudo, estimular estratégias de autoformação, o que quer dizer promover o processo de aprender a aprender
. Ao se estimular nos professores as estratégias de autoformação, pressupõe-se um processo de generalização pelo qual essa premissa se estende também para os educandos.
Nesta perspectiva, a experiência pessoal, a história de vida, torna-se central, pois se entende que fundamentar a educação no sujeito que aprende é condição básica para a construção de uma nova cultura sobre o ato educativo. Esta cultura caracteriza-se por levar em conta não apenas as aquisições acadêmicas, mas também, e especialmente, a maneira como se constitui a própria vida tanto dos professores quanto dos alunos.
Nessa direção, Nóvoa afirma:
A maneira como cada um de nós ensina está diretamente dependente daquilo que somos como pessoa quando exercemos o ensino […] Eis-nos de novo face à pessoa e ao profissional, ao ser e ao ensinar. Aqui estamos. Nós e a profissão. E as opções que cada um de nós tem de fazer como professor, as quais cruzam a nossa maneira de ser com a nossa maneira de ensinar e desvendam na nossa maneira de ensinar a nossa maneira de ser. É impossível separar o eu profissional do eu pessoal [1992, p. 17].
Verifica-se, nessa orientação, uma forte emergência de estratégias de personalização e individualização educacionais que sugerem a formação do professor centrada na atividade cotidiana da sala de aula, na sua maneira de ser professor, centrada, portanto, em sua experiência própria. O saber da experiência adquire grande importância, ocupando um espaço outrora concedido à formação teórica, metodológica e técnica.
O trabalho centrado na pessoa do professor e na sua experiência é particularmente relevante nos períodos de crise e de mudanças, pois uma das fontes mais importantes de stress é o sentimento de que não se dominam as situações e os contextos de intervenção profissional [NÓVOA, 1997, p. 26].
Para que as crises e as mudanças possam ser enfrentadas pelo professor, afirma-se a formação de professores reflexivos
, que assumam a responsabilidade de seu próprio desenvolvimento profissional a ser promovido em unidade com seu desenvolvimento pessoal.
A reflexão apresenta-se como um novo objetivo para a formação de professores ou como o mais importante atributo a caracterizar o professor, pois se tem nela o instrumento fundamental do desenvolvimento do pensamento e da ação. O objeto dessa reflexão é a própria prática, tendo em vista que ela representa a realização efetiva das estratégias e dos procedimentos formativos (GARCIA, 1997, p. 59-65).
Concedendo grande ênfase ao papel da reflexão na formação e nas práticas docentes, esse autor chama-nos a atenção para os riscos de uma utilização indiscriminada desse conceito, propondo, com base em Zeichner e Liston (1987 apud GARCIA, 1997, p. 63), uma distinção entre três níveis diferentes de reflexão, ou seja, entre reflexão técnica, prática e crítica.
O primeiro nível corresponde à análise das ações explícitas
, dos procedimentos adotados e que são passíveis de observação direta e indireta. O segundo nível inclui a reflexão sobre o conhecimento prático
, isto é, o conhecimento daquilo que já foi realizado e sobre aquilo que se pretende realizar. O terceiro nível, das considerações éticas, implica a análise política da própria prática, afirmando a necessidade do desenvolvimento da consciência crítica nos professores, pela qual possam analisar suas possibilidades de ação e as restrições de natureza social, cultural e ideológica do sistema