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Pesquisas, reflexões e experiências: desafios e perspectivas na Educação apresentadas no V SPPGI
Pesquisas, reflexões e experiências: desafios e perspectivas na Educação apresentadas no V SPPGI
Pesquisas, reflexões e experiências: desafios e perspectivas na Educação apresentadas no V SPPGI
E-book307 páginas3 horas

Pesquisas, reflexões e experiências: desafios e perspectivas na Educação apresentadas no V SPPGI

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Sobre este e-book

Este livro é fruto da seleção de trabalhos submetidos ao V Seminário de Pesquisa, Pós graduação e Inovação da Regional Catalão – UFG, realizado nos dias 20 e 21 de novembro de 2017 na Universidade Federal de Goiás, Regional Catalão.
Os três primeiros capítulos tratam da temática Currículo, o Capítulo 1 das autoras Ana Lúcia da Silva e Izabella Peracini Bento discorre sobre a Educação de Jovens e Adultos, que é uma modalidade de ensino que possui características singulares por atender alunos que trazem consigo uma marca de exclusão e fracasso escolar por não terem completado, em idade própria, a Educação Básica.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento19 de mar. de 2019
ISBN9788546216338
Pesquisas, reflexões e experiências: desafios e perspectivas na Educação apresentadas no V SPPGI

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    Pesquisas, reflexões e experiências - Wender Faleiro

    final

    APRESENTAÇÃO

    Este livro é fruto da seleção de trabalhos submetidos ao V Seminário de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação da Regional Catalão – UFG, realizado nos dias 20 e 21 de novembro de 2017 na Universidade Federal de Goiás, Regional Catalão.

    Os três primeiros capítulos tratam da temática Currículo, o Capítulo 1 das autoras Ana Lúcia da Silva e Izabella Peracini Bento discorre sobre a Educação de Jovens e Adultos, que é uma modalidade de ensino que possui características singulares por atender alunos que trazem consigo uma marca de exclusão e fracasso escolar por não terem completado, em idade própria, a Educação Básica. O Capítulo é intitulado Trajetórias do Currículo de Geografia: avanços e retrocessos na Educação de Jovens e Adultos da Rede Estadual de Ensino de Catalão (GO) traz um breve resgate histórico desta modalidade de ensino no Brasil e discute a importância e contribuição da Geografia para a formação do aluno enquanto cidadão, através de análise do currículo praticado na segunda etapa do Ensino Fundamental (EJA) na Rede Estadual de Ensino de Catalão (GO) e da importância da atuação docente no processo de ensino-aprendizagem.

    Renata José de Melo e Simara Maria Tavares Nunes apresentam no Capítulo 2 a Dimensão Ambiental nos Currículos de formação de professores de Química do estado de Santa Catarina, uma pesquisa documental realizada em Cursos de Licenciatura em Química de Instituições de Ensino Superior públicas da região sul, nas Universidades Federais e Institutos Federais (IF) do estado de Santa Catarina. A pesquisa analisou como está organizada a Dimensão Ambiental nos PPC das referidas instituições e analisa a presença de subsídios de Dimensão Ambiental na formação inicial de professores de Química. A coleta de dados foi realizada no ano de 2016 através de uma abordagem qualitativa. A pesquisa realizou-se com quatro universidades e três Institutos Federais. De posse dos dados verificou-se de que forma cada instituição aplicava a lei (PNEA) Política Nacional de Educação Ambiental em seus cursos.

    No Capítulo 3, Ana Lúcia da Silva e Izabella Peracini Bento voltam para discutir o Ensino de África a partir da lei nº 10.639/2003 e o papel da Geografia. O capítulo foi elaborado como conclusão da disciplina África e Africanidades, oferecida pelo Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão tendo como objetivo analisar o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, a partir da promulgação da Lei nº 10.639/2003, tornando-o tema obrigatório no currículo escolar brasileiro, exigindo adequações em todas as áreas do conhecimento, inclusive no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Para atender às necessidades da pesquisa foi realizada análise do livro didático de Geografia do 9º ano (Coleção Expedições Geográficas) do ensino fundamental, bem como do currículo bimestralizado utilizado nas escolas estaduais de Goiás. Um dos recursos utilizados pelos professores nas aulas de Geografia para o ensino de África é o livro didático, que muitas vezes não contempla o currículo escolar e exige adaptações constantes. Daí a importância da formação continuada e valorização da carreira docente.

    Nos capítulos 4 e 5 mudamos o enfoque para o corpo humano. Leandro Kenner Rodrigues de Carvalho e Altina Abadia da Silva trazem no Capítulo 4 o diálogo entre as pedagogias críticas e pós-críticas no sentido de ajudar a pensar as relações de Corpo e Gênero presentes no contexto escolar, mais especificamente nos conteúdos da cultura corporal na disciplina de Educação Física. Eles fizeram um levantamento de trabalhos publicados na Biblioteca Digital de Teses e dissertações, que trouxessem uma discussão próxima da temática. Perceberam ao longo do trabalho que são muitas as contribuições para se considerar uma educação e uma formação de qualidade quando se pensa no reflexo da pedagogia histórico-crítica e das pedagogias pós-críticas no contexto da Educação Física escolar, quando se trata de pensar no campo de uma formação humana, não excludente, e que considera a diversidade, a expressão, o movimento como forma de saber e conhecimento elaborado pela humanidade.

    Os jogos didáticos são uma das alternativas para os professores abordarem o conteúdo de suas aulas de uma forma atrativa e diferente, além de ser uma ferramenta complementar de ensino, tornando o processo de ensino e aprendizagem mais prazeroso. Sendo assim, o Capítulo 5, intitulado Emprego de jogo pedagógico na abordagem sobre as doenças sexualmente transmissíveis, objetivou trabalhar as principais DSTs utilizando como estratégia um jogo didático de cartas, com foco principalmente na prevenção desta. O jogo utilizado foi um jogo de cartas (Baralho das DSTs), contendo 72 cartas envolvendo doze DSTs, elaborado pelo professor e realizado com alunos do Ensino Médio de uma escola pública de Anápolis-GO. Foi possível observar a intensa participação e empenho dos alunos no jogo, além de demonstrarem interesse em conhecer mais sobre as DSTs. Os resultados apontaram ainda a importância de envolver os alunos em jogos didáticos em sala de aula tendo em vista que o ensino e aprendizagem se tornam mais prazerosos e eficazes.

    No Capítulo 6 continuamos com a temática de jogos com o trabalho de Karla Melissa dos Santos Leandro e Marcos Napoleão Rabelo, intitulado Jogos estratégicos aplicados à aprendizagem da Matemática na África cujo objetivo foi apresentar uma abordagem pedagógica, relacionando o uso de jogos estratégicos no processo de aprendizado matemático, aplicado no contexto do continente Africano.

    Quase finalizando o livro temos três capítulos que trazem a Inclusão para a discussão. No Capítulo 7, Práticas pedagógicas e o desenvolvimento da criança com deficiência intelectual na Educação Infantil, as autoras

    Cláudia Maria Ferreira Campos e Maria Marta Lopes Flores ressaltam que um dos desafios enfrentados por professores da Educação Infantil é fazer as mediações necessárias para que os alunos com deficiência intelectual tenham uma participação mais ativa e avancem no seu desenvolvimento. Elas usam a perspectiva histórico-cultural como a base teórica e metodológica, para analisar as práticas pedagógicas desenvolvidas no cotidiano da Educação Infantil com crianças deficiente intelectual. Os procedimentos utilizados foram a observação de quatro crianças com deficiência intelectual em três CMEIs. As análises dos dados apontaram que alguns professores devem rever suas ações pedagógicas, fazer uma mediação mais eficiente durante a execução das atividades, no sentido de que elas possam se tornar mais significativas para o desenvolvimento dos alunos com deficiência intelectual, fazendo-se necessário que passem por um curso de formação continuada, assim como a necessidade de se ter uma equipe de apoio à inclusão melhor estruturada.

    No Capítulo 8, Atuação de professor de apoio à inclusão e de professor regente de referência da classe comum e o ensino colaborativo, as autoras Dulcéria Tartuci, Jóice Macedo Vinhal e Rosana Maria Purcina analisam os modos de atuação do professor de apoio à inclusão, as relações estabelecidas com o professor regente de referência e o professor de sala de recursos multifuncionais e indicadores de ensino colaborativo. A pesquisa foi desenvolvida com a participação de três professoras: regente de referênciada classe comum, de apoio à inclusão e uma professora da sala de recursos multifuncionais de uma escola pública de Catalão-Goiás, por meio da realização de entrevista semiestruturada e observações. Os resultados demonstraram a rotatividade de professores na escola, o direcionamento dos professores para atuarem como professor de apoio à inclusão devido à problemas de saúde e a professora regente, ao ter atuado como apoio desgostou da profissão em razão da posição ocupada na sala de aula. Não foi identificado indícios de ensino colaborativo desde o arranjo físico da sala até a atuação docente, mas um ensino paralelo e a própria logística da escola não possibilita uma organização que promova o trabalho coletivo.

    Formação de professores no contexto da educação inclusiva: análises das publicações brasileiras é o título do Capítulo 9 o qual tem por objetivo mapear trabalhos realizados no âmbito de artigos, dissertações e teses brasileiras que tematizam a formação de professores no contexto da inclusão escolar dos alunos com deficiência na escola comum. O capítulo demonstra uma análise das produções bibliográficas disponíveis – artigos, dissertações e teses – nos Portais SciELO, Capes e BDTD que versam sobre a temática, a partir do cruzamento dos seguintes descritores: Formação de Professores e Educação Especial, Formação de Professores e Inclusão, no período de 2005 a 2016. Identificaram 59 artigos, 32 dissertações e 10 teses no período correspondente a esses 12 anos.

    O Capítulo 10, dos autores Fabiano Elias Nunes e Wender Faleiro, trazem a trajetória das políticas de atendimento à criança e ao adolescente no Brasil, contextualizando o tema por meio de uma breve incursão histórica do surgimento de instituições especializadas na internação de crianças e adolescentes no Brasil. Apresenta uma sucinta análise sobre as convenções internacionais dos direitos da criança e do adolescente e o que se configura como Ato Infracional. Ainda neste capítulo apresentam algumas características que configuram o/a adolescente e as transformações vividas na fase da adolescência, buscando compreender os possíveis fatores de ligação com o ato infracional.

    E para finalizar temos o Capítulo 11, intitulado Interdisciplinaridade na Educação: olhares para as Ciências da Natureza e Matemática dos autores Renato Pereira de Moraes e Wender Faleiro, no qual apresentam uma introdução sobre a fragmentação do ensino, além de discussões sobre a origem e histórico da interdisciplinaridade, bem como a legislação e documentos oficiais elaborados pelo Ministério da Educação: LDBEN, PCN, PCNEM, DCNEM, OCNEM que tratam sobre o tema, e finalizam focando a interdisciplinaridade nas Ciências da Natureza e Matemática.

    Dedicamos esse livro a todos os professores e professoras que lutam pela Educação e Dignidade do povo brasileiro, e esperamos que nossas vivências e olhares os ajudem na construção de uma educação libertadora e transformadora.

    Boa leitura!

    Os organizadores

    Capítulo 1:

    Trajetórias do currículo de Geografia: avanços e retrocessos na Educação de Jovens e Adultos da Rede Estadual de Ensino de Catalão (GO)

    Ana Lúcia da Silva¹

    Izabella Peracini Bento²

    Para compreender a trajetória de construção do currículo de Geografia da Educação de Jovens e Adultos (EJA) se faz necessário um resgate histórico referente a esta modalidade de ensino no decorrer do contexto educacional brasileiro que, em diferentes momentos, foi alvo de ações públicas e comunitárias destinadas a amenizar problemas quanto aos baixos índices de escolarização da população brasileira.

    Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, na Seção V, Art. 37 de 1996, a EJA será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio em idade própria. Assim, esta modalidade visa atender cidadãos que possuem um histórico de fracasso escolar que, muitas vezes, está associado à inserção prematura no mercado de trabalho. As políticas de currículo devem reconhecer e atender tais especificidades.

    As dificuldades e desafios encontrados no processo de ensino-aprendizagem de Geografia na EJA são inúmeras. O público atendido por esta modalidade é bastante heterogêneo, tanto em faixa etária quanto em aspectos culturais, sociais e econômicos. Diante disto, as ações pedagógicas devem apresentar características próprias para suprir as expectativas dos discentes sendo necessário que os professores que atuam neste segmento tenham formação e capacitação específicas.

    A partir de leituras, discussões e reflexões acerca da prática docente, a presente pesquisa, que se encontra em andamento, busca analisar as diferentes propostas curriculares bem como o processo histórico de formação da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no contexto brasileiro e goiano, para assim apontar avanços e retrocessos que foram constituídos nos últimos vinte anos. É importante destacar que a atuação pedagógica nesses programas deve colaborar na busca de justiça social, evitando que os sujeitos vivenciem mais uma experiência de fracasso e exclusão escolar.

    Para atender aos objetivos da pesquisa estão sendo utilizados os seguintes procedimentos metodológicos: pesquisa teórica relacionada ao ensino de Geografia, ao currículo e ao trabalho docente na Educação de Jovens e Adultos, pesquisa documental com coleta de dados em órgãos públicos (Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esporte e Coordenação Regional de Educação, Cultura e Esporte de Catalão) e pesquisa de campo com aplicação de questionários e entrevistas semiestruturadas com os seis professores de Geografia que atuam nas quatro unidades escolares de Catalão que oferecem a modalidade EJA na segunda etapa do ensino fundamental.

    Sendo assim, a pesquisa justifica-se pela necessidade de compreender os desafios da adequação do currículo de Geografia na Educação de Jovens e Adultos. A leitura geográfica deve estimular os discentes a pensar sobre a relação sociedade natureza. Os conteúdos trabalhados e as metodologias de ensino precisam estar relacionados ao cotidiano dos estudantes para que se tornem significativos e, neste sentido, contribuírem na formação de cidadãos críticos, conscientes e participativos diante da realidade.

    Os docentes que atuam na EJA, reconhecem a carência de materiais didáticos específicos para atender às necessidades deste público plural e multifacetado. O uso do livro didático que poderia ser um instrumento no processo de ensino e aprendizagem nem sempre está adequado às exigências do currículo.

    Ressalta-se ainda que ensinar Geografia na modalidade EJA é um desafio, uma vez que a mesma tem por objetivo contribuir no curto prazo para formação crítica dos discentes, que muitas vezes são levados a desacreditar na escola como uma instituição emancipadora. Os alunos retornam ao ambiente escolar desmotivados e muitas vezes alienados a apenas qualificar-se para atender as necessidades do mercado de trabalho. E cabe à Geografia, como dito anteriormente, a função de despertar nestes cidadãos a reflexão crítica perante a realidade vivenciada.

    Resgate histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil

    Uma pesquisa que busca analisar, entender e compreender o processo de construção e evolução do currículo de Geografia no âmbito federal e estadual, especificamente na Educação de Jovens e Adultos deve relacionar o cotidiano da sociedade com os agentes transformadores do espaço, uma vez que na elaboração de um currículo, os aspectos que ocorrem no meio interferem diretamente nos ideais que resultam nas políticas de ensino.

    É preciso ter cautela nas observações, descrições e análises geográficas, evitando colocar em evidência somente a empiria. Para compreender os processos, as transformações e modificações no espaço atual é preciso buscar as historicidades, embora Geografia e História encontram-se num movimento dialético, no qual a Geografia analisa e compreende o espaço, e a História, o tempo (Santos, 2008).

    Mesmo constituindo-se saberes separados, estas ciências andam juntas. A Geografia pesquisa o espaço construído, reconstruído e/ou transformado pelo trabalho das sociedades humanas, vivendo diferentes tempos, considerando o espaço como resultado do movimento de uma sociedade nas relações que estabelecem com a natureza. Ela permite aos indivíduos compreender o espaço geográfico e ampliar a sua visão de mundo. O Espaço é o objeto de estudo da Geografia e compreender tudo que está inserido no espaço é seu papel, bem como as relações sociais e ambientais, por isso a relação homem-meio. A relação tempo-espaço é a materialidade central da dialética socioespacial.

    Levando em consideração a estreita relação entre Geografia e História é que se retoma a esta para discorrer sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil, uma modalidade de ensino marcada por ações governamentais e também por ações coletivas voltadas as práticas educativas.

    Acredita-se que a primeira prática educativa voltada aos jovens e adultos nessa terra recém descoberta pelos europeus foi realizada pelos padres jesuítas, por volta de 1549 com o intuito primeiro de catequisar os povos nativos dando-lhes a oportunidade de viverem civilizadamente. Romão e Gadotti (2007) evidencia as intenções educacionais dos jesuítas afirmando

    Somente após quase meio século da descoberta do Brasil é que se iniciou a atividade educativa no país, com a chegada dos Jesuítas em 1549, voltada, fundamentalmente, para a aculturação da população ameríndia, por intermédio do Ratio Studiorium que se baseava nos estudos clássicos. Ao ministrarem aos índios, já adultos, as primeiras noções da religião católica bem como da cultura ocidental, como afirmava Fernando Azevedo (1971, p. 515), pode-se dizer que aí começava a educação de adultos no país. (Romão e Gadotti, 2007, p. 63)

    A primeira constituição brasileira criada em 1824 por Dom Pedro I, após a independência, marca a educação pois garante instrução primária e gratuita a todos os cidadãos que, neste contexto, eram homens brancos e livres. Avançando para a segunda Constituição, já no Brasil República em 1891 (pós Abolição da Escravidão), nota-se que os avanços obtidos na primeira constituição são negados pela segunda e ainda proíbe o voto aos analfabetos e, consequentemente, aos recém-libertos.

    Podemos apontar neste período que o adulto analfabeto é responsabilizado por esta situação na qual se atribui ao sujeito uma responsabilidade social por sua condição de marginalizado, destituindo assim a obrigação do Estado de contribuir na elaboração de políticas públicas para amenizar a situação de analfabetismo em que se encontrava uma grande parcela da população.

    Até então na história da Educação de Jovens e Adultos não se viu nenhum avanço tão significativo quanto a criação do Plano Nacional de Educação (PNE), elaborado a partir da Constituição de 1934, durante a Era Vargas (1930 a 1945), em que fica assegurado no Art. 149 o direito de todos a educação a nível nacional. Salientando Haddad e Di Pierro (2000) concluem que

    Nos aspectos educacionais, a nova Constituição propôs um Plano Nacional de Educação, fixado, coordenado e fiscalizado pelo governo federal, determinando de maneira clara as esferas de competência da União, dos estados e municípios em matéria educacional: vinculou constitucionalmente uma receita para a manutenção e o desenvolvimento do ensino; reafirmou o direito de todos e o dever do Estado para com a educação; estabeleceu uma série de medidas que vieram confirmar este movimento de entregar e cobrar do setor público a responsabilidade pela manutenção e pelo desenvolvimento da educação. (Haddad e Di Pierro, 2000, p. 3)

    Marcada por grandes transformações e iniciativas voltadas ao Ensino de Jovens e Adultos (EJA), a década de 1940 registra a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), atrelada aos interesses capitalistas de grupos econômicos que viam a necessidade de uma educação profissional voltada ao desenvolvimento industrial do país. O elevado índice de analfabetismo registrado nesta década era um entrave ao desenvolvimento econômico daí a necessidade de políticas públicas voltadas a solucionar tal problemática. Ainda na década de 1940 é regulamentado o Fundo Nacional de Ensino Primário (1942) que tinha como objetivo garantir recursos permanentes ao então ensino primário e a criação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), responsável pelo incentivo e realização de estudos na área da educação, o Serviço de Educação de Adultos e a Campanha de Educação de Adultos, ambos em 1947. Conforme apontam Haddad e Di Pierro (2000)

    Os esforços empreendidos durante as décadas de 1940 e 1950 fizeram cair os índices de analfabetismo das pessoas acima de cinco anos de idade para 46,7% no ano de 1960. Os níveis de escolarização da população brasileira permaneciam, no entanto, em patamares reduzidos quando comparadas à média dos países do primeiro mundo e mesmo de vários dos vizinhos latino-americanos. (Haddad e Di Pierro, 2000, p. 111)

    Ao final da década de 1950 o então presidente da República do Brasil Juscelino Kubitscheck convocou educadores de todo o país a participarem do II Congresso Nacional de Educação de Adultos, no Rio de Janeiro. Em seu discurso Kubitscheck destaca que os alunos adultos que procuram o ensino noturno após um dia inteiro de trabalho buscam superar dificuldades e conquistar através dos estudos uma vida melhor.

    Vale ressaltar que neste momento tão fecundo para a Educação de Jovens e Adultos uma personalidade

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