Os 7 Portais de Jaspe: uma pergunta, um encontro, um caminho
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Os 7 Portais de Jaspe - Joao Carlos Rocha
Uma pergunta, um encontro, um caminho
Copyright © 2014 João Carlos Rocha
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida, por qualquer meio ou propósito, eletrônica ou mecanicamente, inclusive fotocópia, gravação ou por qualquer forma ou sistema de armazenamento e recuperação, sem a permissão, por escrito, do editor.
Revisão de Texto: Ricardo Estevão
Capa e Diagramação: Everton Santos
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
www.7portais.com
Facebook.com/7portais
JOÃO CARLOS ROCHA
OS 7 PORTAIS DE JASPE
Uma pergunta, um encontro, um caminho.
1ª edição
São Paulo
2014
A vida de cada um de nós é como o texto de um livro que leva o nosso nome e do qual devemos ser o personagem principal, sua figura preeminente, se não quisermos nos ver rebaixados a segundo plano e ainda a menos que isso, por termos desempenhando nele um papel de pouca significação.
Raumsol
Agradeço a Deus, à minha mãe Dona Zenilda; minhas irmãs Bete, Maria do Rosário, Jane e Silvia; minha tia Terezinha, meu primo Anderley; à Almelice, companheira da minha vida, incentivadora incondicional para que este livro viesse à luz; aos meus filhos Melina, André e Marcela; aos genros Gabriel e Everton; e ao meu neto Lucas, na ordem em que surgiram em minha vida.
Em memória de meu pai, meu irmão Geraldo, meu tio Agissé e minha sogra Dona Lona, na ordem em que partiram.
Prefácio
O livro narra a trajetória de Jaspe, um dos tantos bilhões de seres que habitam a Terra, buscando decifrar o enigma da Esfinge.
É uma obra de ficção, embora a semelhança com a vida de muitos de nós não seja mera coincidência.
De um lado, é um conto; de outro, um convite à reflexão, uma vez que ao final de cada capítulo são apresentadas algumas questões para que o leitor possa fazer um paralelo com sua própria vida e, assim, se achar interessante, brincar com a reconstrução da sua história.
Não existe a pretensão de dar respostas, dicas, nem tampouco ferramentas. Também não é um livro de autoajuda. Quiçá estimule o autoconhecimento dos que se identificarem com a leitura.
É isso. Você está convidado a acompanhar Jaspe em sua viagem, descobrindo e saboreando ao lado dele as fascinantes revelações que cada portal oferece!
O autor.
11 de setembro de 2011, 08h
Após duas semanas de viagem com sua esposa, comemorando seus 25 anos de casados, o consultor Jaspe chega ao seu escritório e cumprimenta sua assessora:
– Bom dia, Monise! Como está?
– Tudo bem, obrigada. E como foi a sua viagem? – indagou a jovem, com olhar de genuíno interesse.
– Foi ótima, Monise. Você sabe, fomos para um dos locais mais românticos do planeta, nos desligamos de tudo. Safira, como sempre, muito criativa, dinâmica e divertida, guarda a beleza da menina que comecei a namorar faz tanto tempo, agora temperada com os valores da alma que ela graciosamente cultivou ao longo da vida... Estou muito feliz! E por aqui, temos novidades?
– Sim, Jaspe, temos muitas novidades. O Sr. Artur Duarte, presidente daquela multinacional do petróleo, deixou um convite para a festa de celebração da duplicação do faturamento da filial brasileira, conquistada no prazo de três anos. Reforçou que sua presença é imprescindível nesse evento. Segundo ele, por ter sido você o maestro
que o ajudou a montar a orquestra, criar o roteiro e identificar os melhores músicos para que essa façanha fosse conseguida.
– Que exagero, Monise - retrucou Jaspe, esboçando aquele sorriso característico que transforma a fisionomia, colocando à mostra a manifestação da vaidade quando se tenta disfarçá-la. - Artur é um homem visionário e realizador. Meu trabalho foi apenas instigá-lo para colocar em prática o que ele já sabia para mobilizar sua equipe. Que bom que os resultados foram tão expressivos! Pode confirmar minha presença. Ligarei para agradecer pessoalmente o convite... O que mais temos por aqui?
– Está tudo preparado para o lançamento do seu livro. Como sei que você vai querer responder pessoalmente a todas as mensagens recebidas, montei uma lista com os nomes das pessoas que confirmaram presença. Muitos dos que não poderão comparecer, manifestaram-se justificando a ausência. Com palavras de felicitação, enfatizaram a importância do seu livro como fonte de inspiração para aqueles que buscam autoconhecimento e protagonismo para suas vidas. Acho que você vai precisar de outra quinzena de férias só para ler tantas mensagens! - brincou a jovem.
– Ah, Monise, que interessante! Você acompanhou de perto a gestação e o nascimento desse livro. Sabe que, por várias vezes, eu pensei em desistir por julgar que seria algo pequeno demais, que em nada contribuiria para quem quer que fosse... Aí, fico pensando: quantas vezes deixamos de fazer algo por pensar que é pequeno e acabamos é por não fazer nada, não é mesmo? Parece que esquecemos que tudo começa pequeno, tudo começa com um
: uma longa caminhada, com um passo; uma cidade, com uma casa; uma revolução, com uma pessoa; uma vida com um segundo... Me parece também que esquecer isso é uma forma de exterminar o futuro, deixando de iniciar algo pelo simples fato de considerar que é pequeno demais. Por que será que isso acontece?
Refeito de sua rápida viagem filosófica, solicitou a Monise que continuasse promovendo sua reintegração ao trabalho.
– Veja isso, Jaspe! Esse documento foi trazido pessoalmente pelo representante da Comissão Nacional da Verdade, criada pela Presidência da República para investigar violações de direitos humanos ocorridos durante a ditadura. Pelo que entendi, é uma confirmação das notícias que você já recebeu informalmente, pouco antes de suas férias, elucidando de vez aquele fato que tanta tristeza lhe causou.
– Sim, Monise, você tem razão. É óbvio que essa revelação não muda o passado, mas posso olhá-lo com orgulho, em vez da vergonha e da tristeza que durante tantos anos me acompanharam. E esse outro envelope em sua mão, o que é?
– É o convite para um encontro organizado pela Embaixada dos Estados Unidos, em São Paulo. O objetivo é reunir relatos de vítimas e testemunhas do atentado de 11 de setembro de 2001. Passaram-se mais de dez anos, mas ainda se busca explicação para o que houve e inspiração para evitar tragédias dessa natureza.
– Puxa vida! Quanto tempo já! E pensar que um fato circunstancial, que em outro contexto não teria a menor importância, foi o responsável por salvar minha vida naquele dia. Sabe que isso sempre me inquietou: como é essa relação entre o rotineiro e o transcendente? Como pode, por exemplo, a queda de um documento no poço de um elevador mudar toda uma vida? Como saber a real importância de um fato quando este aparenta ser tão comum?... Ufa!
Deixando passar alguns segundos para que seu chefe se recuperasse do torpor que aparentemente se apoderara dele, Monise continuou:
– Mudando de assunto, sua filha Ágata ligou minutos antes de sua chegada. Estava muito entusiasmada, contando que ficou pronta a edição da filmagem do casamento dela. Quer marcar um encontro da família para todos verem e reviverem o momento.
– Verdade, Monise. Foi um dos momentos mais felizes de minha vida. Bem, vamos esperar meu filho Ônix voltar de viagem... A primeira viagem dele ao exterior, e uma viagem de negócios! Assim que ele chegar, organizo uma noite de queijos e vinhos, talvez na casa de Jade, minha filha caçula, que mora no interior. Já ligo para elas e combinamos tudo. Por falar em minha filha, – prosseguiu, levando de repente o dedo indicador à testa no gesto típico de quem se lembrou de algo – você acredita que esqueci, no último hotel onde me hospedei antes da viagem com minha esposa, a saboneteira que ganhei de Ágata? Claro que é só uma saboneteira, mas foi presente de minha filha, o valor afetivo é grande...
Neste momento, Monise o interrompeu:
– Fique tranquilo, Jaspe! Sua saboneteira, o carregador de baterias do smartphone e a calça social já estão aqui. O hotel entrou em contato conosco e pedi que nos enviassem pelo correio.
– Maravilha! Muito grato. Eu só havia dado falta da saboneteira. Essa desatenção me mata – comentou, ligeiramente ruborizado de vergonha, enquanto sua assessora se segurava para não cair na risada por mais essa trapalhada do colega.
Passado o pequeno desconforto, que acabou por desviá-los da conversa sobre a sua agenda, Jaspe convidou-a para uma chegada até a máquina de café. No caminho, Monise comentou:
– Ah! Ontem nos ligou o coordenador daquele programa de treinamento para líderes do terceiro setor que você ministra como parte do seu trabalho social. Ele não quis deixar recado, disse que tentará contato novamente.
– Genial! Se não retornar, ligo para ele. Bem, com isso, você me deu um bom panorama dos desafios para os próximos dias. Assim, podemos passar para as atividades de rotina. Confesso que, depois de duas semanas distante, preciso de uma ajuda para aterrissar – e sorriu, brincando com as palavras.
– Perfeito! – concordou a funcionária. - Sua agenda de clientes de coaching está atualizada. Você tem: quarta e sábado, as reuniões semanais da Fundação; sexta-feira, o encontro mensal dos consultores; e as sessões de Pilates de terça e quinta-feira estão confirmadas. É isso!
– Está bem, Monise. De certa forma, estava sentindo falta desse movimento. Entretanto, lembro-me que tinha algo previsto para esta manhã e que ainda não comentamos...
– Sim, é verdade. Dentro de alguns minutos, chega o táxi que o levará até a emissora de TV, para sua entrevista sobre a espiritualidade nas organizações.
Com isso, a moça completou a atualização da vida do seu gerente, com um semblante que deixava dúvida se expressava admiração ou desconfiança: Quantos compromissos para um homem só! Será que ele dará conta de tudo isso?!
.
Jaspe, percebendo o sorriso maroto da sua colega e preferindo pensar que era de admiração, dirigiu-se até a sua mesa. Ligou para as suas filhas e deu uma olhada geral para assimilar tudo o que Monise havia-lhe falado. A seguir, desceu as escadas, foi até a calçada e tomou o táxi.
Apenas alguns minutos após o início do percurso, foram surpreendidos por um grande congestionamento. Pelo rádio do carro, logo ficaram sabendo que havia acontecido uma interdição da via para a passagem de uma carga especial, e a previsão era de uma hora de interdição. Jaspe ficou tranquilo, pois sempre saía com bastante antecedência para seus compromissos, afinal, a essa altura da vida, ele sabia que imprevistos sempre acontecem, apesar de terem esse nome.
Educadamente, Jaspe pediu ao motorista que desligasse o som. Queria aproveitar o intervalo de tempo que o destino acabara de lhe oferecer para completar sua preparação interna para a entrevista.
Logo, entregou-se aos seus pensamentos, que começaram a pular em sua mente como fazem as crianças na hora do recreio escolar, cada um tentando gritar mais alto que o outro no meio do