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Poemas inconstantes
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E-book118 páginas24 minutos

Poemas inconstantes

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Sobre este e-book

A vida pela ótica poética de uma multiplicidade de eus, fora de rótulos, de um ser-em-devir, cheio de vontades, divergências, afetos; um ser que busca e rebusca o amor, com suas dobras de pensamento, suas distâncias e escolhas dentro da geografia de um tempo-espaço visto como potência de beleza e caos. Siomara Spinola é uma poeta múltipla, transbordante, feita de trilhas fugidias e palavras que compartilham acalento, perda e liberdade. Como a própria autora afirma: “Por que ser uma, por que ter de ser ou não ser se o ser e o não-ser são criaturas inconstantes que coabitam em mim num caos sem começo nem fim?”. Imanentes e inconstantes, seus poemas refletem essa personalidade de “loba solitária desgarrada da matilha, livre, selvagem, bicho arisco em ronda vigilante, espreitando territórios, cautelosa, nômade por natureza, estranha incógnita”. Seus versos são de uma grande verdade íntima, trazem uma sensação de sopro e a possibilidade de usar a poesia como um eco na multidão.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento31 de mar. de 2022
ISBN9788556621498
Poemas inconstantes
Autor

Siomara Spinola

Siomara Spinola é jornalista, editora, escritora e filósofa. Nascida em São Paulo, capital, é autora dos livros História: Rio de Janeiro, Geografia: Rio de Janeiro (Ática) e Filosofia: leituras, conceitos e interação (LeYa). Já participou da antologia de textos premiados – Prêmio UFF de Literatura 2013 (Editora da UFF) e da coletânea de poemas Damas entre verdes (Senhoras Obscenas).

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    Poemas inconstantes - Siomara Spinola

    Apresentação

    O devir... campo de multiplicidade, de desdobramento das diferenças, em que as forças se expandem, se desdobram, se multiplicam. Multiplicação de si no acontecimento, no encontro.

    Os textos que compõem esta coletânea, frutos do caos, do acaso, da inconstância e da multiplicidade que me habitam, refletem as forças em devir que atravessam meu corpo, em movimento contínuo.

    Estes poemas, escritos ao longo de mais de duas décadas, só agora rompem o casulo para se mostrarem publicamente, abandonam o abrigo seguro da hibernação para se lançarem, corajosos, aos ventos primaveris.

    É chegada a primavera e os tímidos botões desabrocham em flores petulantes.

    Primavera de 2018

    Anacrônica

    Prefiro ser anacrônica

    a viver o tempo dos outros,

    o tempo que não é meu.

    Prefiro ir contra o tempo,

    produzir um tempo próprio,

    o próprio tempo.

    Prefiro remar contra a maré

    a me deixar

    arrastar pela correnteza.

    Prefiro a leveza

    de flutuar

    acima do bem e do mal.

    Prefiro a liberdade

    de transitar

    entre o certo e o errado,

    sem contrato assinado,

    sem destino final.

    Melhor ser ovelha negra

    do que aderir à multidão.

    Prefiro a solidão.

    Antes ser estrangeira,

    forasteira.

    Melhor se desgarrar do rebanho

    do que ser vulgarmente popular.

    Melhor se isolar, se calar

    do que compactuar

    com o senso comum.

    Prefiro a invisibilidade,

    quem sabe, o esquecimento.

    Melhor a honestidade,

    o discernimento,

    do que a falta de coragem

    de nadar

    contra a corrente.

    Melhor pensar fora do tempo,

    além do presente,

    sem manuais de instrução,

    sem relógio preso ao pulso

    para controlar o impulso

    da emoção.

    Prefiro o obsoletismo legítimo

    à falsa atualidade.

    Prefiro a vagarosidade, a lentidão

    o momento íntimo.

    Prefiro não me conformar a aceitar

    que as coisas são como são

    [e que tudo vem ao seu tempo].

    Prefiro burlar o tempo, zombar

    se for preciso, blefar.

    Prefiro dizer não.

    Prefiro o silêncio ao zumbizar.

    Prefiro seguir a vida em passos lentos.

    Prefiro contar o tempo devagar.

    Prefiro contrariar.

    Transbordante

    Quem sou eu

    a não ser

    uma multiplicidade de eus

    todos eles errantes?

    Por que ser uma,

    por que ter

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