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Polir Chinelo
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E-book100 páginas25 minutos

Polir Chinelo

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Sobre este e-book

A nova safra de poemas em prosa abriga porção razoável de poemas amorosos, com os quais, visivelmente, se deita e deleita o autor. Mas nem só de Eros vive o poemista em prosa, assegura Iná Camargo Costa: "O leitor que também se dispuser a polir este chinelo sem medo dos acidentes (que ocorrerão com toda a certeza), vai tropeçar numa miniepopeia destes tempos desgovernados e destemperados, sempre resistindo à sugestão, ao convite ao suicídio desta inóspita paisagem. Conquistará o direito de também bufarinhar insignificâncias sem pedir perdão para o pleonasmo. E, se atinar com a trama, também se boquiabrirá diante dos nós das hipocrisias que persistem. A grande literatura sempre foi o depoimento rebelde sobre o seu tempo".
IdiomaPortuguês
Editorae-galáxia
Data de lançamento15 de dez. de 2022
ISBN9788584743322
Polir Chinelo

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    Polir Chinelo - Airton Paschoa

    Lé com cré

    E vão ficando pra trás, feito peças que em lugar algum se encaixam, mas como que mais belas sobrando em plena solidão selvagem. Ó lés, ó crés, que será de vós? Ó lé com cré, que será de minha voz? Traquitana, bricabraque, abracadabra... Junto tudo e — bufarinho.

    Alegria de rei

    Ao Matisse

    Também sigo fazendo colagens, com tesoura e corta e cola e fervorando o vitral nosso de cada dia, o lume me lambendo os pés da laje frios, as pernas frias debaixo da manta, o tronco frio debaixo dos braços, a cabeça sobre as tripas fria, quente, dormente, derramada a vista do vazio (com ou sem cruz ou crase).

    Fuga

    A gente podia se aquecer, sei quanto custa o canto, se esquecer um pouco, nem que levasse uma vida, aveludar a voz, desenrolá-la mágica feito tapete, sim, sim, os órgãos repicando, e nem sei se órgão repica, devia, quentes que são, até catedrais estufando, antes tão encorujadinhas, e se entendendo e estendendo e entretecendo o que chamam fuga.

    Garoa

    É bom recordar você, recordá-la até mesmo se desfazendo, se diluindo em cordas, em que tento me agarrar, exigindo descer cada vez mais fundo, mal se deixando apanhar no gesto, no riso, no olhar baixo de arcadas negras, subindo sabe deus pra que céu esquecido de onde de vez em quando você cai milagrosa que nem a extinta garoa da cidade e me topo então empatado, tapado, tapume, e caio de cama congestionado, quando faço à força de febre declarações mil que você não entende, nem eu, e rimos, quer dizer, você ri, eu morro de tossir em seus braços, expectoro, estertoro, todo torto, tão colado de seu colo, o coração na boca batendo, eu também tenho medo, mas abro a porta e bato as botas, com o vento encanado e a visão.

    abate

    a carne fresca

    a pele arrepiada

    os poros em flor

    de franga

    estremunho

    nervos em frangalho

    no ralo do mundo

    sumindo vai

    pisado

    repisado

    corrente e recorrente

    arrastado

    arrostado

    um quase grito agudo

    um quase cardíaco ataque

    um quase a-você

    Mochila

    Triste, triste, a adultice, te vejo

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